A qualidade da democracia de uma determinada sociedade não se afere apenas, por exemplo, pela inexistência de um aparelho estatal (ou outro) que reprima o exercício da liberdade de expressão ou de imprensa.
Com efeito, para que um regime democrático atinja o mínimo exigível de qualidade é também necessário que os respectivos intervenientes políticos sejam sérios e capazes.
Ora, o debate sobre as eleições europeias a que assistimos no programa "Prós e Contras" da RTP 1 foi - se dúvidas, claro, ainda houvesse - elucidativo acerca da qualidade dos nossos políticos e, consequentemente, da democracia Portuguesa.
De facto, foi absolutamente confrangedor assistir a um debate pautado pelo insulto pessoal, pela total ausência de ideias e por uma demagogia que já nem sequer se preocupa em ser coerente na aparência.
Excelencia
ResponderEliminarTive de Vermoil uma notícia particular que me informa da disposição do nosso homem da Redinha aceitar o cargo de administrador da Pombal Viva se a isso for obrigado.
Não sei que andamento teve a questão, e se já há algum convidado para o posto.
No caso porém de a solução se lhe tornar difícil, por outro lado, obriga-se o homem a aceitar o cargo nem que seja por algum tempo. Como lhe disse, está velho e já não pode ter uma grande actividade.
Mas é um elemento do Partido com enorme prestígio no Concelho e enorme experiência no ramo, fez um belíssimo trabalho com o Baile-das-Velhas.
Se fizer esta troca da Redinha para a Pombal Viva ele terá de dar toda a dedicação que puder porque o regime não pode ser incomodado com outra maçada. Ora, para não deixar-mos o João perder-se, bem o podia-mos colocar no lugar do Carlos na Redinha, que por acaso até é a terra dos pais dele. Com o Ribeiro por perto o rapaz fica controlado.
Ter indicado o Rocha para o lugar na Bajouca é matar dois coelhos com a mesma paulada, o homem serviu e bem no Estado Novo mas com aquele cabelo e a malinha a tiracolo não é bem aceite nas organizações masculinas da cidade. No domingo depois da santa missa o Diamantino disse-me que devia ser feito alguma coisa. Vai para o lugar certo. Ele gosta muito de olaria e, o cachorro deixa de sujar tanto os jardins. Veja o que convirá fazer e se eu posso ajudar nalguma coisa.
Ligou-me o Lopes, o homem anda preocupado porque lhe disseram que os Xutos vinham ao Bodo. Disse-lhe que não. O Lopes já vai a algum tempo teve uma destas preocupações com a vinda do Godinho que graças a Deus V.ª Ex.ª não permitiu e em boa hora.
No domingo estive com o Rosa antes de ele partir para Vila-Nueva-Del-Fresno. Pediu-me para informar V.ª Ex.ª que o tal rapaz perturbador é inofensivo. A gritaria é o resultado das dores do pai.
Sobre o José Gomes o homem tem sido visto em Carnide á conversa com o Arlindo. Este Arlindo nunca se adaptou á realidade da sua governação. Como o Eusébio é para manter pela dedicação que tem tido a V.ª Ex.ª deve-se mandar o Gouveia acabar com as conversetas. Será útil.
Creia V.ª Ex.ª na admiração e amizade do discípulo muito atento e obrigado.
Como é que querem que os portugueses se sintam motivados para votar, quando têm a oportunidade de assistir a trocas de acusações de cariz pessoal em deterimento da discussão de aspectos realmente importantes e que devem constituir os debates políticos. O objectivo não é procurar o melhor para o país e valorizar as opiniões próprias com argumentos viáveis, mas sim desvalorizar ao máximo o outro e os seus raciocínios. Ou seja, em vez de convergir no sentido de um interesse comum, continua a dar uma péssima, mas real, imagem da política em portugal.
ResponderEliminarO melhor talvez fosse acabar com essas espécies de debates pois contituem uma verdadeira perda de tempo.
JA
Quanto a políticos, só de ouvi-los, sinto logo avaria na boia de nível cosntante e reflexo gastro-cólico criticamente imperioso, por que será? Quanto a eleições (...) tenho mais que fazer ...; colocar-me-ei por longe, para não sofrer dos salpicos das orelhas sujas no maceiro!
ResponderEliminarAmigo e companheiro anónimo, boa noite.
ResponderEliminarO salpico das orelhas não é no maceiro. Esse serve para levedar o pão. E o pão é para os humanos.
É na pia.
Para o meu enrequecimento antropólogo agradecia-lhe que me desse uma boa razão para se auto-mutilar.
Só os loucos é que o fazem.
Os direitos e os deveres de cidadania são inversamente proporcionais à produção de legislação.
Diga-me, então, por que é que renúncia aos seus direitos de cidadania?
Não votando?
Tendo mais que fazer?
Deixa o seu futuro e o dos seus (?) nas mãos de outrens?
Que raio de País é este que tem cidadãos (?) a pensar desta maneira?
Fico triste. Muito triste, mesmo.
Votar não é um direito, é um dever. Tem que ser um acto consciente e informado. Que legitimidade têm certas pessoas para criticar e culpabilizar os eleitos, quando nem sequer repondem quando são chamados de modo oficial a expressar a sua opinião.
ResponderEliminarÉ um acto que mostra descontentamento? Não. É um acto de cobardia.
JA
Meu caro Daniel,
ResponderEliminarConcordo, mas o formato do programa não propicia o debate sereno, e ponderado, dos assuntos que trata. Pôe-nos todos à bulha, e eles gostam. Aqueles políticos não desempenharam o papel que lhes competia.
De "burro", o Nobre Povo nada tem. E escreve bem.
Não vi o debate, mas não era difícil adivinhar que isso iria acontecer, porque, no fundo, é a continuação dos episódios das anteriores campanhas para as europeias. Os candidatos falam de tudo, menos de política europeia. Aproveitam o espaço mediático para terem tempo de antena para fazer campanha interna, puxam assuntos nada relacionados com a União Europeia.
ResponderEliminarPodia aproveitar-se o momento para discutir o rumo futuro da Europa, o Tratado de Lisboa, as alterações que traz no modo de participação de cada país nos processos de decisão institucional da União, as consequências concretas que traz para Portugal, qual o papel que o país deve ter na Europa, o que quer dela e como pode contribuir para uma Europa solidária e igualitária, como aspiravam os pais fundadores do Tratado de Roma.
Porque Portugal, pode ser pequenino, mas tem uma posição geográfica única na Europa, tem relações históricas e privilegiadas com outros continentes, relativamente a outros países, e deve por isso reflectir para criar a sua estratégia política no espaço europeu, e difundi-la e aplicá-la para que não ande meramente a mercê dos grandes. Mas não, enquanto os candidatos deviam estar a lançar esta discussão, andam às turras com outros assuntos e depois um dia, quando já não estiverem nas cadeiras de Bruxelas, virão com aquele cliché discursivo criticar quem na altura lá estiver, pela situação submissa de Portugal, blá, blá, esquecendo-se que há um legado histórico.
Se muitos feitos e qualidades de Mário Soares são discutíveis, há um mérito que ninguém lhe pode tirar: o de ter sido um político sempre consciente da causa da Europa, que tem contribuído para este debate, e continua a contribuir e a apelar a ele.
Mas se o debate se resumiu a essa troca de insultos, isso também não deixa de ser o reflexo da falta de especialização no jornalismo português, principalmente no televisivo. Em televisão, continua a imperar o papel do “jornalista estrela”, detentor do super-conhecimento, e que conduz debates sobre qualquer assunto, o que contribuir para estes efeitos. Por mais assessores que o jornalista tenha, há assuntos nos quais é preciso especialização, estudo, pura e simplesmente!
E assim, a informação se vai convertendo, cada vez mais, em mera comunicação!
Dina Sebastião