A crise, a
verdadeira crise, aquela que trás sofrimento e desgraça está, finalmente,
instalada e sem data de retirada. Os gemidos chegam-nos de todo o lado, menos
de Pombal. Por aqui reina a calmaria: tudo continua sossegado, adormecido ou
anestesiado. O poder vive sossegado como nunca e, sabendo que o tempo lhe corre
a feição, aguarda, tranquilo, a sucessão. A oposição ergueu a bandeira branca e
foi fazer a guerra para outros terrenos (aqueles onde se ganham eleições sem
eleitores). Os media não têm notícias nem as procuram porque têm medo de acordar
alguém que pode ficar indisposto. O povo? O povo resignado sofre calado ou,
como sempre fez, foge para melhores paragens. Coitado do Povo, Pá!
Gastámos (comemos)o que tínhamos e o que pedimos emprestado. Agora não temos para comer e muito menos para pagar.
ResponderEliminarVivemos tempos de promessas de vida fácil e de ilusão. Agora temos de enfrentar a realidade da vida dura.
Boa noite caríssimo Adelino,
ResponderEliminarEfectivamente, falo por mim, na minha relação com os media locais, costumo ficar sentada sem fazer nada (ou melhor, a "passar tempo" com os elementos do departamento informativo, com os quais lido quase diariamente) porque não há trabalho jornalístico nem procura de informação!
E tudo isto talvez por medo de acordar alguém, principalmente porque o primeiro serviço noticioso é logo às 7h30.
Algum do povo, face ao aumento do preço dos combustíveis e em virtude de na última semana se verificar alguma precipitação, tem tendência a fugir para as paragens do Pombus, quer para o usar como meio de transporte, quer para se abrigar.
Dr. José Gomes Fernandes,
Se há pessoas com ilusão da vida fácil, também as há que trabalham diariamente em prol do desenvolvimento, do associativismo, da produtividade, do crescimento, da comunidade.
É importante valorizar o trabalho, e não cumprir apenas mínimos.
A dita (vida) dura está sempre presente, pelo menos para alguns. Hoje, talvez volte a afectar uma maioria.
Saudações,
Ana
Caro Fernandes,
ResponderEliminarVou escrever agora, porque amanhã é 25 de Abril e não quero aborrecer-me. Já tivemos essa conversa. E não, o retrato não é assim tão linear como o pintas. Oxalá fosse. Na verdade, a mim custa-me ver o povo resignado e conformado, como diz o Malho. Custa-me, por os que são afectados pela desgraça são as vítimas de sempre: o mexilhão. Quando era muito nova e comecei a trabalhar (aos 18 anos, oficialmente, e muito antes, oficiosamente), Portugal mergulhou numa espécie de sonho europeu, cujas portas foram escancaradas pelo todo-poderoso Cavaco. Foi quando o país se convenceu de que éramos todos ricos, poderíamos andar de jipe, receber fundos comunitários para passear, ter uma vivenda, mais um apartamento para férias e viagens. Como os outros povos, dos outros países, afinal.
Pessoalmente, nunca tive nada disso, mas tenho pena. Trabalhei desde sempre. Muito.
Mas sabes, JGF, as empresas estão a reduzir quadros e salários. A fechar as portas. A entrar em insolvência. A função pública está a cortar os dedos, depois de ficar com os anéis, com cujo ouro fundido há-de fazer tesouros para uma classe que emergiu, entretanto: os administradores. Os gestores. Os directores gerais.
Os trabalhadores - que não têm culpa dos jipes, das vivendas e das viagens - ficam todos os dias sem parte do salário ou sem trabalho, sem sustento. São esses ecos que o Adelino Malho ouve.
Quanto ao resto (Ana Carolina), eu até compreendo o papel dos "departamentos informativos". Os últimos que tentaram ser jornalistas por cá deram-se mal na vida. E depois, olhando para o quadro geral, também não se pode levar a coisa a sério.
Paula,
ResponderEliminarObviamente, conheces um tempo que eu não conheci, mas é com os dias de hoje e com os recursos de hoje que temos de trabalhar.
Não é fácil, mas também não é o medo deste ou daquele que nos pode mover.
Ser jornalista, hoje e sempre, não é fácil. Tal como lidar com a informação.
Mas tudo o que é feito, seja na informação ou em qualquer outra área, deve ser tido como algo sério. A leviandade é uma característica dos fracos.
Pois deve, Carolina. Pois devia. Mas não é de recursos que se trata.
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