Se há legado que Diogo Mateus (e Narciso Mota) nos deixa é um rol enorme de investimentos falhados e obras tortas. Os exemplos maiores são o CIMU-SICÓ e as obras de requalificação urbana. Passado algum tempo, interessa olhar, com alguma atenção, para uma obra emblemática do regime: a requalificação do Largo do Cardal, que ela ilustra bem o estenderete.
O Largo do Cardal é, ou deveria ser, o espaço mais emblemático da cidade, o seu coração e a sua memória. Localizado no centro da cidade, para ali confluem todas as artérias e ali se situam os edifícios e monumentos mais emblemáticos. Deveria ser aquilo que sempre foi (mas deixou de ser): um espaço dinâmico, atractivo e valioso; disputado pelo comércio e serviços, pelas actividades de lazer e de animação cultural. É, actualmente, uma praça sem vida, nomeadamente nos fins-de-semana - ao domingo nem um café/esplanada está aberto.
As obras de requalificação do Largo do Cardal limparam o espaço dos seus elementos característicos e decorativos, desnudaram a praça, procuraram torná-lo mais funcional, mas não acrescentaram nada de atractivo ou recôndito. O resultado está a vista de todos: a praça é um espaço banal, vazio, sem alma e sem vida, onde até sombra falta, que perdeu quase tudo: beleza, atractividade, pessoas. Depois, há ali uma assimetria entre o banal e o antigo que destoa e desapraz.
Bem pode o poder instalado arranjar desculpas para o sucedido. As preferências das pessoas são o verdadeiro teste do algodão. Nada representa maior fealdade que um cadáver nu. A praça está desnudada e morta. Um erro a não cometer nas próximas intervenções na cidade.
O Largo do Cardal é, ou deveria ser, o espaço mais emblemático da cidade, o seu coração e a sua memória. Localizado no centro da cidade, para ali confluem todas as artérias e ali se situam os edifícios e monumentos mais emblemáticos. Deveria ser aquilo que sempre foi (mas deixou de ser): um espaço dinâmico, atractivo e valioso; disputado pelo comércio e serviços, pelas actividades de lazer e de animação cultural. É, actualmente, uma praça sem vida, nomeadamente nos fins-de-semana - ao domingo nem um café/esplanada está aberto.
As obras de requalificação do Largo do Cardal limparam o espaço dos seus elementos característicos e decorativos, desnudaram a praça, procuraram torná-lo mais funcional, mas não acrescentaram nada de atractivo ou recôndito. O resultado está a vista de todos: a praça é um espaço banal, vazio, sem alma e sem vida, onde até sombra falta, que perdeu quase tudo: beleza, atractividade, pessoas. Depois, há ali uma assimetria entre o banal e o antigo que destoa e desapraz.
Bem pode o poder instalado arranjar desculpas para o sucedido. As preferências das pessoas são o verdadeiro teste do algodão. Nada representa maior fealdade que um cadáver nu. A praça está desnudada e morta. Um erro a não cometer nas próximas intervenções na cidade.
Amigo Malho, nestas coisas dos embelezamentos urbanos e intervenções requalificativas corre-se sempre o risco da coisa não resultar a contento de todos.
ResponderEliminarPosso até concordar que poderia ter havido outra leitura e planeamento do espaço que, contudo, teria não estas mas certamente outras fragilidades igualmente susceptiveis de crítica.
Do que me lembro da anterior organização comparando com a atual julgo que está bem melhor agora sem apresentar superlativos arquitetonicos nem "pedras filosofais" da utilização mágica que todos gostaríamos de poder ver e usufruir.
Assim sendo a melhoria do presente deve-se aos autarcas em funções, agora e anteriormente.
"Mandar" tem destes contratempos, ser-se criticado pela realização enquanto que "obedecer" permite-nos usufruir sem mácula. Além de que autarca algum pode algum dia esperar gratidão, os que por lá passaram já sabem que são muito mais sacos de pancada, ou amortecedores sociais onde os munícipes se aliviam das suas desventuras pessoais e coletivas.
Já agora contribua para a solução: A que elementos "característicos" e "decorativos" se refere mesmo que lá faltam, e quais as assimetrias que desaprazem? É que há sempre tempo de ir retificando e melhorando o espaço, hajam ideias válidas que o seu acolhimento será certamente bem recebido.
Sabe bem que o paradigma do convívio social se alterou muito nos últimos anos em virtude da diminuição populacional, crescimento de alternativas equivalentes e profusão dos meios de comunicação eletrónicos que convidam a ficar-se mais por casa.
Se já não há café ao domingo de manhã aberto, coisa que daqui das "berças do Oeste" não me apercebo ( porque nesse dia o Zig-Zag, o café do Adro,a comércio e o mercado está tudo aberto cá no burgo do oeste, excepto a junta que deixou de abrir) lamento e julgo que deveria haver alguma iniciativa da CM ou da JF no sentido incentivar os proprietários a disponibilizá-lo, porque Pombal merece e nenhum de nós gosta de ver a nossa capital sem dinamismo.
Já agora a que horas foi tirada a foto? A mim parece-me aí 7 da manhã ainda por cima com clientes a entrar no Nicola? ( também tenho direito a ser um bocadinho provocador, uma farpa, por contágio...)
Um abraço ( na ferida.:)
No passado Domingo fui tomar pequeno almoço ao NICOLA á hora da missa e estava com boa frequência de gente. Existe vida em Pombal ao domingo, mas somente á hora de missa. Depois é o marasmo total. Acho que naquela zona poderia ter ficado o posto de turismo e um pequeno quiosque com uma praceta com sombra, bancos e rede aberta WI-FI. Certamente seria um ponto de encontro para Pombalenses e alguns poucos turistas que por cá passam.
ResponderEliminarAmigo Serra, “introita” bem, mas conclui de forma pouco acertada - as obras (requalificações urbanas) nunca conseguem agradar a todos, mas não agradar à maioria, desqualificar o espaço, torná-lo menos actrativo, é que não convém mesmo nada.
ResponderEliminarSobre os elementos decorativos que lá faltam? Talvez mais cepos de palmeira podres, mais carros e lugares de estacionamento para o hotel, mais canteiros artificiais, mais sombra artificial (toldos), etc. Se começarem por aqui já melhoram a coisa, e sem gastar dinheiro… O resto é mais difícil – exige outro projecto de requalificação. Por isso, recomendei não repetir os erros, nomeadamente no jardim do Cardal.
Depois, há sempre boas desculpas para o desfalecimento/morte; as cidades com vida têm praças centrais com vida (actracticas), e praças centrais actrativas e com vida dão vida às cidades.
Folgo por ver a sua Praça do Rossio, na Guia, está cheia de vida; nem imagina o que o invejo; nós pela "capital" é isto...uma tristeza pegada!
A foto foi tirada sábado, ao meio da tarde. Espero que esta informação lhe seja útil...
Amigo Malho,é sempre um gosto debater algumas ideias consigo, principalmente porque há muito ultrapassámos a fase larvar do debate onde o Conde, a Marquesa e até o Barrabás ( nunca existente) do Malho ficaram nas calendas.
EliminarTenho de aceitar que a sua opinião sobre a qualidade das requalificações do espaço publico é mesmo desencantada, respeito democrático que pratico.
Eu sempre tive por hábito ver a melhor parte dos acontecimentos que, como sabe não existem perfeitos e daí tentar aproveitar o gosto que deles posso retirar em vez do desgosto a propósito do mesmo assunto.
Se reparar é por isso que escrevo neste blogue, onde só leio a parte realmente interventiva e útil. O resto é alguma ironia, mordacidade e sátira que fazem parte da linha editorial que o caracterizam.
Aprendem-se aqui uns neologismos que agradeço esclareça se são deveras intencionais ou "lapsus teclum"? Assim, "introita" é um tempo de um verbo até agora inexistente "introír" derivado de "Intróito". Eu julgo que se diz mesmo é Introduz e não intróita, mas uma língua viva é assim mesmo, recebe contribuições dos seus amantes.
Ainda o termo "actracticas" é um termo espanhol que se traduz por atractiva e atractividade...logo ou este é um texto absolutamente livre ou há que respeitar algumas regras, não pelo uso livre de termos novos porque até Camões o utilizou nos Lusíadas para forçar a rima, mas porque pode induzir os leitores em erro. E isto sem qualquer pretensão. Apenas lhe peço o esclarecimento.
Assim, mesmo sujeito a criticas e desencantos penso que a requalificação em causa tem uma apresentação moderna e um uso agradável e faz bem ao nosso amor próprio de Pombalenses valorizarmos o que temos e vamos conseguindo.
Sobre as boas desculpas é verdade que também as há, mas também sabe que se os responsáveis conhecessem as iniciativas com resultado garantido há muito que as tinham adoptado.
Logo as suas, e de outros, criticas são sempre bem vindas bem como a sua discussão. É assim que se encontram os melhores caminhos da evolução e faço votos que destas discussões se possam aproveitar contribuições para as evoluções eficazes que todos desejamos, quiçá já nas próximas.
Já reparou que até o Roque desta vez nem desafinou nem nada, juntou a sua voz às sugestões que podem vir a resultar dispensando desta vez os "criminosos do costume". Deve estar doente embora neste caso seja uma doença de boas consequências.
Fico à espera de ambos para tomarmos um copo na Guia num dos próximos domingos se quiserem vir ao "Far"-Oeste.
Um abraço a ambos
Amigo Serra,
EliminarÉ sempre bem-vindo a esta casa que aprecia o contraditório (urbano, irónico ou mesmo mordaz).
O “introita” é uma adaptação abusiva do termo “introito” ao qual associava a conotação “inicia”.
Actrativo foi erro; e “actracticas” foi duplo erro – aqui derivado de escrever no telemóvel na hora de almoço -; o correcto é de “atractivo” e “atractivas” - pela escrita anterior.