24 de janeiro de 2021

A (in)esperada saída de Diogo




Os órgãos distritais  - e nacionais - do PSD preparam-se para ratificar  o nome de Pedro Pimpão como candidato às eleições autárquicas deste 2021. Tornou-se, afinal, inevitável - mesmo com a pandemia no seu auge. 

Em nome da franqueza que me merecem os leitores do Farpas, admito: sobrevalorizei Diogo Mateus e  menosprezei Pedro Pimpão, neste jogo de cintura política. Acompanho o percurso dos dois desde o princípio, e não julguei que a capacidade estratega do primeiro escorregasse em cascas de banana; Podemos tirar (todos) daqui uma grande lição: nunca é bom contar só com a sua própria esperteza, por mais alicerçada que esteja em conhecimento e capacidade. 

Diogo cometeu vários erros neste trajeto que preparou desde a juventude, e ao longo do qual ultrapassou obstáculos complicados [recuemos a 2001, quando Narciso o deixou de fora das listas, deu a volta por cima e conquistou a Junta de Pombal para o PSD. Conseguiu voltar à Câmara em 2005 e aguentar o cargo de vereador até chegar a sua hora de subir ao poder, em 2013]. Está na Câmara desde 1994. O maior erro talvez tenha sido rodear-se mal. No pressuposto de evitar capacidades maiores à sua volta, acabou sozinho.

Mas há erros que se pagam caros. E se a substituição - por razões que a razão desconhece - da vereadora Ana Gonçalves não teve grandes custos políticos (afinal ela continua ao lado dele, sempre, a votar quando é preciso), já a de Pedro Brilhante foi-lhe fatal. E embora a nível local o PSD tenha feito de conta que as denúncias de utilização de meios públicos para fins privados não importavam - os órgãos nacionais preferem não arriscar. A história autárquica está já bem recheada de casos que redundaram numa substituição do candidato à última hora, por contas com a Justiça. Aconteceu aqui ao lado, em Ourém, há 4 anos. E resultou numa derrota inesperada para o PS.

Percebe-se agora o peito cheio dos mais próximos de Pimpão: com a unanimidade da concelhia (os que iriam votar contra vão fazer o favor de não comparecer ao plenário de militantes, quando ele acontecer), a distrital só tem que aprovar-lhe o nome. 

Perante isto, já era tempo de Diogo dar uma palavra aos súbditos. 

Dirimir a altivez não é fácil, mas é digno. Se é que isso (lhe) importa.

1 comentário:

  1. É o fim de ciclo e provável fim de carreira politica de Diogo Mateus, pois se os processos que tem a decorrer foram até ao final, vai ficar numa posição fragilizada para ir para outros patamares. Só não consigo perceber como um politico tão bem preparado e que nunca fez mais nada na vida atinge tal grau de deslumbramento e comete erros teus primários? Os seus dois mandatos foram medíocres, mas se tem mantido a linha e não feito ondas no seu partido iria facilmente ser reconduzido e acabar a sua carreira de Autarca e então candidatar-se á distrital e ir a Deputado ou mesmo num futuro governo PSD. Assim acaba por sair pela porta pequena. Claro que para ele não se intrometer na vida do PSD local tem algum lugar prometido em algum lado, não acredito que saia assim sem fazer barulho e com uma mão atrás e outra á frente.

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