30 de junho de 2023

Pombal, terra de pimpões e bustos

"Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és. Saiba eu com que te ocupas e saberei também no que te poderás tornar". J. Goethe

 Até há pouco tempo, o almirante Silva Ribeiro era um perfeito desconhecido da generalidade dos pombalenses. Mas eis que, de um momento para o outro, passou a ser figura omnipresente na terra, pela mão do doutor Pimpão. Os mais atentos estranharam o seu repentino interesse pela terra, mas nós percebemos logo ao que vinham…



Ficámos agora a saber que o doutor Pimpão decidiu fazer do almirante a figura das festas da cidade, carregando-o de homenagens: vai dar o seu nome ao largo da Central de Camionagem e, pasme-se, não suficientemente contente com a risível vénia, vai colocar um busto dele no novo largo. Perdoai-lhes Senhor, tanta soberba. 

Já sabíamos que o doutor Pimpão é um escravo da emoção e da bajulação, que vê méritos nas tolices que pratica e está sempre disposto a sacrificar tudo pela sua satisfação momentânea, mas o que é demais enjoa. A maior fatalidade do seu caráter é não ter consciência do papel que representa nem das suas falhas. Que da sua cabeça tenha saído esta insensatez, compreende-se - já tudo se pode esperar deste hipocondríaco pela empatia, sempre ávido de glória e falho de tino -; mas do almirante, do mais alto chefe da tropa, esperava-se um pouquinho mais: algum bom senso, alguma reserva e algum sentido do (seu) lugar – da sua circunstância e do respeito pela memória colectiva da terra, que o viu nascer mas que nunca mais soube nada dele nem ele da terra.

Há associações que não acrescentam, só rebaixam.  

29 de junho de 2023

Obras tortas: a saga continua



Há ruas que parecem enguiçadas, assim como há obras encalhadas. E depois há as obras tortas, que em Pombal prevalecem de um executivo para o outro. Desta vez foi a Rua Carlos Alberto da Mota Pinto as mostrar a este executivo que o chão lhe pode fugir debaixo dos pés. 

Depois das malfadadas obras que transformaram o Jardim da Várzea numa praça, os vereadores da oposição já tinham questionado a maioria sobre o trabalho ali (mal) feito, que parecia ter deixado a empreitada inacabada. Apesar das operações de lifting, a estrutura do pavimento terá cedido, perante o retomar do trânsito. Estavam os automobilistas todos contentes com o retomar da normalidade (depois de findas as obras da Estação e ruas adjacentes) quando estes dias foram surpreendidos com novidades.

Como há males que vêm por bem, pelo menos assim a Câmara dá ideia de que anda sempre em obras, que tem projectos, que faz alguma coisa. Quando se acabarem as obras projectadas pelo anterior executivo...aí é que vão ser elas!

28 de junho de 2023

Sai mais uma espetada de subsídios para o pimpão João

O doutor Pimpão mandou reunir a “Junta” no Louriçal. Cumpriu mais uma formalidade, e mais uma etapa do seu roteiro pelas freguesias. Este roteiro não serve para nada, nem para entreter o povo. O que seria do Pedro e destas alminhas sem uns roteiros, uns eventos e umas farras?



O “protagonista” da reunião não foi o pimpão Pedro, como seria espectável; foi o pimpão João. O esperto viu no roubo das máquinas da junta uma oportunidade para sacar mais dinheiro: arrebatou por atacado, e por unanimidade, três dos cinco subsídios atribuídos às juntas: 100.000 € para apoio à aquisição de imóvel para instalação do Parque de Máquinas (já tinha recebido um subsídio para a aquisição de um terreno para instalar o Parque de Máquinas); 35.000 € para a aquisição de uma carrinha; e 6.000 € para a aquisição de ferramentas. Tudo instruído às três pancadas, mas tudo aprovado com grande regularidade e seriedade – o irmão Pedro ausentou-se da sala no momento de arrematar a coisa.

Coube à fofinha Catarina a defesa do arranjo, que, como se viu, lhe provocou forte comichão. Mas foi persuasiva - convenceu a dita “oposição” a aprovar aquilo. Isto apesar do protocolo entre a “Junta” e a junta do João ainda não ter ido sequer à reunião da junta; isto apesar de os serviços não terem emitido parecer formal (por ter sido tudo muito rápido, disse ela); isto apesar dos valores já estarem desatualizados, falta o montante para as obras, pelo menos mais 50.000 € - avisou o João no pedido) e a carrinha custa mais 5 a 6 mil euros; etc. Na verdade, não era preciso o João avisar o que vem a seguir; toda a gente que acompanha estas coisas sabe que depois virá um pedido para as obras no edifício; outro para as obras no exterior, para uma placa e uma estatueta; outro para aquisição de máquinas; outro para um sistema de proteção anti-roubo; outro para contratação de pessoal; e ainda outros para a manutenção dos equipamentos e a reparação das máquinas… Mas a Catarina adiantou logo que prevê uma despesa de 300.000 € com o Parque de Máquinas da junta do João! E a “oposição”, que diz ela sobre isto? Diz que é tudo muito necessário e urgente, e só está preocupada por não se poder dar o mesmo, já, às outras juntas!

Já aqui critiquei, há muito, este modelo de desperdício/empobrecimento autárquico difundido, por cá, pelo Coveiro-mor do reino, que se pôs a comprar máquinas como se não houvesse amanhã, arruinou a junta e deixou um monte de ferro-velho.

A tolice é contagiosa. Quando cegos conduzem cegos não há nenhuma possibilidade de melhoria.  

23 de junho de 2023

Cancelamento do acesso às transmissões das reuniões do executivo, vergonha ou falta dela?

O doutor Pimpão acabou com divulgação e acesso online à última reunião mensal do executivo na página do município, no YouTube e nas redes sociais, conforme tinha sido instituído – e bem – pelo seu antecessor (Diogo Mateus). Fá-lo por vergonha ou falta dela? Com certeza, pelas duas coisas. O doutor Pimpão tem esta particularidade: encarna (quase) sempre o pior de dois mundos.



Ao contrário do que alguns iludidos julgam, actividade política executiva não é só festas e eventos; é uma actividade que exige competência, dedicação e desempenho (prestação de contas). Por conseguinte, as reuniões do executivo não são um passeio para nenhum presidente de câmara; são um exercício exigente que evidencia os méritos mas expõe os erros e as fragilidades dos intervenientes, mesmo sem dizer palavra. O doutor Pimpão desistiu de evidenciar os seus méritos… Percebe-se. Já se tinha percebido há muito que as reuniõses do executivo se tinham tornado um calvário para o Pedro e para a “Anabela”, um por falar muito e não dizer nada, a outra por ter de se manter horas a fio de beiços cerrados. 

O Pedro é o verdadeiro “Homem sem qualidades” - parafraseado por Musil - que alia uma profunda falta de talento executivo a um entusiasmo pueril, carregado de desejo, e regado com muita farra. Mas já que se meteu nisto tem de se aguentar à bronca. Custa - custa bastante - sentir o assombro do desastre. Mas actualmente só há uma forma de evitar a divulgação de figuras-tristes, é não as fazer. 

Nestas coisas da transparência não se pode andar para trás. Como diz o povo, para trás mija a burra.  

Adenda:

O doutor Pimpão recuou na medida de não disponibilizar as reuniões do executivo online em vídeo; deixou cair a desculpa esfarrapada referente à protecção de dados. Melhor assim…

21 de junho de 2023

Educação – a maior fragilidade do concelho charneira

Saiu recentemente o Ranking das Escolas de 2022. Para quem acredita que é necessário e indispensável fazer muito melhor, os resultados das nossas escolas não poderiam ser mais desanimadores: apesar de ocuparem, ao longo dos anos, posições muito modestas, em 2022 derraparam fortemente.

No ranking referente às notas dos exames nacionais do secundário – o que verdadeiramente interessa -, o Colégio João de Barros ficou na 167.ª posição (4.ª no distrito), desceu 66 posições face a 2021; a Escola Básica e Secundária da Guia ficou na 313.ª posição (11.ª no distrito), desceu 182 posições face a 2021; a Escola Secundária de Pombal ficou na 429.ª posição (17.ª no distrito), desceu 102 posições face a 2021.

Muitos  desvalorizam o Rankings das Escolas porque abominam avaliações e comparações - condições básicas para melhorar. Mas os dados falam por si. E pior: são consequentes... As escolas que pior formam penalizam os estudantes, no acesso aos melhores cursos e no processo formativo. 

Os políticos e os dirigentes educativos locais prometem-nos reiteradamente, a cada começo de um novo ano, um grande compromisso com a Educação e com o sucesso escolar, e, agora, também, com a felicidade na terra; seja com programas de potenciação do sucesso escolar, seja com o EPIS, seja com eventos e seminários sobre educação e parentalidade responsável... Mas uma coisa é certa: a receita não está a funcionar, não se está a trabalhar bem, estamos cada vez piores. 

A verdade é áspera. Porém, negar a realidade é não dar resposta.  


13 de junho de 2023

A marcha dos alinhados




Já lá vão muitos anos desde aquele início da década de 90 em que dois amigos recuperaram uma velha tradição de Pombal, as marchas populares, a cobertos dos "Amigos de Santo António". Penso nisso em cada edição, naquela entrevista que fiz à dupla Carlos Silva e Luís Mota, incansáveis nesta resistência. Os arquivos fotográficos e a memória de muitos pombalenses atestam bem como esta terra já foi tão viva a esse nível, num tempo em que - também aqui - as marchas representavam bairros (principalmente), quase sempre associadas a colectividades. Desse tempo tão rico em massa crítica fica o registo de um Pombal que fervilhava de actividade cultural, em que aqui nasceu até uma revista à portuguesa (Está a ouvir?). Não admira, por isso, que as marchas colorissem os santos populares da vila. 

Quando nos anos 90 esses dois amigos recuperaram a tradição, foi uma festa. E vieram tempos de glória, que trouxeram para a cidade os amantes das marchas de todo o concelho, evidenciando aqueles lugares e freguesias que já tinham essa tradição enraizada. A Câmara, através de um pelouro da Cultura  que então dava cartas, experimentou vários locais: o estádio municipal, a avenida - com as bancadas em frente ao Tribunal - o largo da Biblioteca. Recuperei essas imagens por estes dias, quando vi a (renascida) Marcha de Vermoil (quase marcha da Ranha...) usar de uma letra criada pelo cantor Nel Monteiro, que naquele ano foi padrinho. E porque dei pela falta da marcha de Albergaria dos Doze. Como noutros anos já dera pela falta da Machada, ou da Charneca, ou do Louriçal.  

Já eu tinha virado a página quando ontem à noite a transmissão televisiva das marchas de Lisboa me fez reflectir sobre o que mudou por aqui, sem sairmos do mesmo lugar. A cidade que está refém do turismo, que varreu os moradores dos bairros mais emblemáticos - tema que, aliás, domina a letra da marcha da Bica, a vencedora do concurso deste ano, ironicamente despejada da sua sede - consegue ainda manter de pé as colectividades, que organizam e promovem este produto cultural sempre melhorado. E também há lá lugar para as IPSS. E para as crianças das escolas - como aqui acontecia!

Já estivemos muito à frente do (nosso) tempo, é verdade. Já fomos essa terra. Se ainda formos a tempo de debelar o falso associativismo, talvez à Câmara e juntas caiba de novo o papel que lhes compete: o de apoiar, com meios, e incentivar, ao invés de desfilar. 


12 de junho de 2023

Aposta no Turismo, dizem eles e elas!

No passado fim-de-semana (prolongado), resolvi tirar umas horas para repetir o roteiro pelos Espaços Museológicos e pelo Posto de Turismo, como fizera em 2017. Moveu-me a curiosidade pelos efeitos das medidas, dos investimentos e dos múltiplos eventos realizados no muito badalado eixo estratégico do Turismo. Não posso expressar desilusão pelo que encontrei porque, ao contrário dos politiqueiros locais, nunca tive qualquer ilusão sobre esta matéria, mas, mesmo assim, não esperava encontrar a mesma apatia geral. Foi confrangedor ver e sentir aquelas jovens funcionárias, que ali cumprem um verdadeiro “castigo”, despertarem do longo tédio que é aquela (des)ocupação ao verem chegar o que supunham ser um turista. 



A realidade é o que é e não é sensível a estados de espírito ou a boas-vontades. Sejamos realistas: no horizonte das nossas vidas, Pombal não terá turistas em número significativo. Porquê? Porque não possui, nem possuirá, nenhuma atracção natural ou cultural capaz de os atrair. Desta evidente constatação não advém mal nenhum à comunidade, antes pelo contrário.  Mal para a comunidade advém – tem advindo – das erradas opções de investimento. Faz doer qualquer alma minimamente consciente que recursos financeiros escassos sejam desbaratados sem qualquer análise de custo-benefício em elefantes brancos como o CIMÚ-SICÓ, a Quinta de Sant`Ana, a Casa da Guarda Norte, etc., e em espaços mortos e decrépitos como os “museus” do Centro Histórico. 

Ao contrário do que os politiqueiros da terra repetidamente afirmam, o Turismo não deve ser um eixo estratégico de desenvolvimento do concelho, pela simples e forte razão de o Turismo não ser a solução para nenhum País ou comunidade, salvo raríssimas excepções - forte atractividade natural ou cultural -, por ser uma actividade naturalmente ineficiente, logo incapaz de gerar riqueza e rendimento significativo e consistente - o que não significa que não deva ser aproveitado. 

Por conseguinte, o foco deve ser colocado no embelezamento do espaço público, direccionado para a melhoria da qualidade de vida dos residentes, e não tanto para a utópica atracção de turistas. O desastre que o voluntarismo bacoco espalhou pelo concelho está à vista de todos. A Praça Marquês de Pombal e a Zona Histórica comprovam-no na plenitude – nem atractividade nem turistas. Mete dó ver aquele decrépito espaço abandonado e poiso de enfeites de mau-gosto.

9 de junho de 2023

Olha a Pala!

Como já aqui referi, a Pala colocada na Praça do Cardal é uma aberração urbanística que descaracteriza, enfeia e emporcaha a praça, já  de si incaracterística.  

Mas não temos ninguém, com responsabilidade e dois gramas de bom gosto, que olhe para aquilo e tome medidas.


7 de junho de 2023

Pombal já tem Jornadas Académicas

Pombal não tem Academia, nem Ensino Superior, mas já tem Jornadas Académicas! Haja festa! Que o resto arranja-se - dizem eles e elas!



O Pedro prometeu-nos a felicidade na terra, quando ela nem no Céu existe, mas fez da felicidade um assunto ordinário, medíocre até, feito de pompa e vaidade para seu contentamento olímpico. E em pouco tempo, moldou a terra à sua imagem e semelhança: um arraial contínuo de farras e fanfarras.

Na acção política - como em tudo na vida - nada é mais nefasto que os errados incentivos e os maus exemplos. A política do Pedro é só isto: uma comédia e uma comedoria sem fim e sem regra, uma burlesca e infantil ilusão que faz da câmara uma Central de Eventos e da terra um poiso de cigarras.

Para as pessoas normais as farras são momentos de corte e descanso. Para o Pedro & C.ª são um propósito e uma missão, por onde doudejam demasiadas ficções e criaturas que só pensam em dar ao rabo e em fazer gala dos seus atavios, numa volúpia e numa embriaguez que alegra e afoga mágoas. 

Aqui chegados, a esta comédia e a esta comedoria, custa perceber o que surgiu primeiro: a farra ou o bobo (da farra). E como é que se vai sair disto.