"Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és. Saiba eu com que te ocupas e saberei também no que te poderás tornar". J. Goethe
Até há pouco tempo, o almirante Silva Ribeiro era um perfeito desconhecido da generalidade dos pombalenses. Mas eis que, de um momento para o outro, passou a ser figura omnipresente na terra, pela mão do doutor Pimpão. Os mais atentos estranharam o seu repentino interesse pela terra, mas nós percebemos logo ao que vinham…
Ficámos agora a saber que o doutor Pimpão decidiu fazer do almirante a figura das festas da cidade, carregando-o de homenagens: vai dar o seu nome ao largo da Central de Camionagem e, pasme-se, não suficientemente contente com a risível vénia, vai colocar um busto dele no novo largo. Perdoai-lhes Senhor, tanta soberba.
Já sabíamos que o doutor Pimpão é um escravo da emoção e da bajulação, que vê méritos nas tolices que pratica e está sempre disposto a sacrificar tudo pela sua satisfação momentânea, mas o que é demais enjoa. A maior fatalidade do seu caráter é não ter consciência do papel que representa nem das suas falhas. Que da sua cabeça tenha saído esta insensatez, compreende-se - já tudo se pode esperar deste hipocondríaco pela empatia, sempre ávido de glória e falho de tino -; mas do almirante, do mais alto chefe da tropa, esperava-se um pouquinho mais: algum bom senso, alguma reserva e algum sentido do (seu) lugar – da sua circunstância e do respeito pela memória colectiva da terra, que o viu nascer mas que nunca mais soube nada dele nem ele da terra.
Há associações que não acrescentam, só rebaixam.