Há dias, armei-me em turista na própria terra. Foi numa tarde de domingo, fresco
mas com boas abertas, que convidava a saída. Circulavam poucas pessoas pela
cidade; abordei meia dúzia das que supus não me conhecerem, e perguntei-lhes pelo
Posto de Turismo. Desconheciam tal local, e só uma indicou o edifício junto à
Biblioteca, mas alertou-me logo que deveria estar fechado por ser domingo. E talvez
por isso, também, nenhuma me mandou para uma agência de viagens, como sucede frequentemente.
Certo do destino e do propósito, dirigi-me ao Castelo. Dei uma volta, atenciosa, até se
abrir uma porta de um caixote rectangular, modernaço, construído dentro do
castelo, e sair de lá uma moça. Aproximei-me, cumprimentei-a e entrei.
Perguntei-lhe se era ali que funcionava o Posto de Turismo. Disse-me que sim; perguntou-me
se precisava de alguma ajuda. Perguntei-lhe se tinha algum roteiro que me
permitisse visitar, no pouco tempo que tinha, os pontos de maior interesse na
cidade. Disse-me que não; mas tinha uns folhetos com os pontos de maior
interesse na cidade e no concelho. Percebendo que não me despertou qualquer interesse,
perguntou-me se conhecia a história do castelo e a lenda de Al-Pal-Omar;
acrescentou que poderia ver os vídeos. Aceitei. No final,
perguntou-me se tinha gostado, disse-lhe que sim, que dentro da pobreza geral
era a coisinha que se aproveitava. Perguntei-lhe, depois, se muitas pessoas –
turistas – a procuravam; disse-me que não, que aparecem algumas no Verão mas
muito poucas agora. Para rematar a visita perguntei-lhe quantas pessoas tinha
atendido naquele dia. Respondeu-me, com ar desconsolado, “hoje, ainda nenhuma”.
Era meia tarde, três horas. Deve custar-lhe muito a passar os dias, aqui –
observei; reconheceu com um “hoje ainda mais, porque não tenho net nem telefone”. Despedimo-nos simpaticamente.
Para
concluir o roteiro passei pelos “museus”, onde anunciavam exposições
relevantes. Deparei-me com uma pobreza franciscana. Estão abertos, mas estão
fechados. Percebi que não esperam ninguém; abrem as portas quando aparece
alguém. O sossego é tanto que até custa incomodar. Um desperdício de recursos.
Podem masturbar os egos com
discursos bajuladores, e iludir alguns com “notícias” plantadas nos pasquins; mas a realidade, se nada de substantivo fizerem, não muda.
Tenho em mim o gosto pelos castelos, gosto que adquiri com muitas visitas a castelos espalhados pelo país, O destino me trouxe para Pombal e me fez cá ficar.
ResponderEliminarComo seria de prever, o meu pai numa das visitas que me fez à uns anos atrás (não muitos), logo quis ir visitar o castelo, mas para azar dele, aquando da construção do mesmo, não havia cadeiras de rodas, essa modernice que impossibilita as pessoas de transpor obstáculos, como seria de esperar, o meu pai admirou o castelo pelo exterior.
Passado algum tempo, no distante ano de 2014, houve no castelo um concerto de fado, mas eu com toda a minha prepotência, decidi levar a minha família a ver um concerto, sim eu confesso eu levo os meus filhos a ver concertos e a visitar museus, meu filho mais novo ou por preguiça ou por ter somente uns meses não andava. Lá tive eu que levar uma cadeira que transporta esses garotos preguiçosos, para ver o concerto.
Mas para espanto meu, aquando da construção do mesmo, também não havia cadeiras para transportar crianças. Nunca mais lá fui, portanto não sei se houve mais alguma alteração dos acessos para o castelo,se houve alterações, fico-me por aqui, senão, espero que quando fizerem uma requalificação, ou requalifiquem o que foi requalificado, tenham em conta que os tempos mudam e as necessidades também e que as pessoas que têm dificuldade de locomoção, alem do azar de não andarem, não vale a pena os carregarem com a infelicidade de não terem acesso à cultura.
:( Não,não tem acesso.... "Rampas são para todos,escadas para alguns" é uma frase muito difícil de entender.... :(
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