30 de julho de 2019

A contas com Deus: o ex-pároco, a Ilha e as dívidas

Em Mateus(18, 16) lemos: “Tu és Pedro e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja”. A Igreja, no sentido bíblico, não é a instituição católica nem os templos. No verdadeiro sentido cristão é uma assembleia de pessoas e estas é que constituem a Igreja de Cristo. 

Todos sabemos que o trabalho social da Igreja é vasto e de valor substancial. Mas são as pessoas os agentes que tornam a sua ação social funcionar, quer por donativos financeiros quer por trabalho voluntário gratuito. 

Ora, este comportamento cristão cria obra que deve ser acompanhada por responsabilidade da utilização dos fundos doados pela população. Assim é o caso do Centro Paroquial e Social da Ilha. Foi uma boa iniciativa!

·         A obra foi financiada na sua grande maioria pela população da Ilha com contributos da Câmara Municipal;
·         O dinheiro era controlado pelo próprio pároco, que punha e dispunha do que entendesse e abusava da solidariedade da população da Ilha sem prestar contas a ninguém;
·         A propriedade, financiada na totalidade pela população e pelo  erário público (impostos) pertence à Fábrica da Igreja, ou seja,  à Santa Sé. É fácil deter imóveis quando o dinheiro não é nosso.

E aqui começa a irresponsabilidade do Pe. António Nogueira, que era o Presidente da instituição (em termos de direito canónico o ‘fabricante’).

·         Não respeitou o projecto, o que tornou inviável o financiamento por parte da Segurança Social (SS);
·         Face ao pensamento ambiciososo do anterior pároco António Nogueira, e para compensar a falta de fundos da SS, foi contraído um empréstimo de centenas de milhares de euros com apoio da direção da altura. Perante o descontrolo, alguns membros demitiram-se.
·         Decidiu os fornecedores de acordo com os seus interesses;
·         Geriu mal e colocou a instituição em estado de insolvência.

E agora?

Se fosse uma empresa privada os accionistas eram chamados à responsabilidade e teriam a obrigação de cobrir os prejuízos para manter a instituição a funcionar. Onde está a Santa Sé, que é a dona, a assumir os erros do presidente nomeado por si?

Se um dos fornecedores que seja, sentindo-se lesado pelos atrasos de pagamentos ou por considerar incobrável a dívida, requerer o processo de insolvência, a instituição acaba e o banco fica com o imóvel. Fecha uma instituição tão importante para a Ilha e para a União de Freguesias da Guia, Ilha e Mata Mourisca, bem como os postos de trabalho do maior empregador da localidade. 

No fundo, é a população da Ilha, que - enganada, e sabe que o foi - continua a colocar as causas à frente da irresponsabilidade do anterior pároco e continua a doar fundos e a fazer hortas comunitárias porque a instituição é importante. 

Em boa hora chegou o Pe. Fernando Carvalho, que com a sua humildade e seriedade colocou em marcha um plano de reestruturação e de devolução de dignidade aos fiéis. 

Mas a culpa, essa, não pode morrer solteira.

26 de julho de 2019

Do que sucedeu ao nosso farpeiro-mor nas festas do reino

Ia mui descansado, o nosso farpeiro-mor, festejo adentro, quando lhe saiu, da casa em ruínas, um fantasma que o interpelou:
- Ó! farpeiro-mor! Aonde is? Que andais aqui fazendo, sozinho, noite adentro, correndo mil perigos?
O farpeiro-mor estremeceu, parou, mirou o fantasma, e não respondeu; quando se preparava para retomar a marcha, o fantasma insistiu:
- Se vindes à procura de diversão, tende dó dos teus pés, cospe na entrada e torna sobre eles. Que fazeis por aqui? Por que vos perdeis no meio de tanto devoto, num arraial sem luz, sem alegria e sem cor? Ide de volta; afastai-vos do incenso, da neurose religiosa, desta devoção sem honra nem glória, que todavia fará notícia! Maldita terra que é administrada por um soberano que pensa que é o Rei Sol, e tem um pároco que se julga Papa.
- Quem sois, fantasma indiscreto, e que de mim requeres? – perguntou o farpeiro-mor.
- Pacientai, valente farpeiro; esta alma penada é fã vossa – recomendou o fantasma.
- Não perco tempo com fantasmas…- retrocou o farpeiro-mor.
- Sois mui desagradecido, farpeiro-mor; mui e boas farpas vos poderei ofertar – afirmou o fantasma; e prosseguiu: neste reino e neste convento, já fui quase tudo; agora sou bobo da corte – faço espírito com os pobres de espírito.
- Que fazeis, aqui, nesta casa em ruínas? - perguntou o farpeiro-mor.
- Refugiu-me aqui para fugir do Convento Assombrado – afirmou o fantasma.
- Assombrado…? - perguntou o farpeiro-mor.
- Pior, farpeiro-mor, muito pior: amaldiçoado por almas danadas. Vós não sabeis metade do que por lá se passa, ou como diz o rifão, só sabe o que se passa no convento quem está lá dentro. Desconfio que foi amaldiçoado pela alma danada do Sebastião José de Carvalho e Melo, que eles tanto veneram, que pela veneração talvez tenha sido absorvida pelo soberano e rapidamente passada ao escudeiro...
- Cala-te! – exclamou o farpeiro-mor – poupai-me à ladainha do bruxedo. Não tendes vivido muito tempo nesse pântano?
- Porque preciso, Farpeiro-mor, tal como vós precisais. Bem-aventurados os que partiram, e já foram muitos, e muitos mais iriam se pudessem; mas como não podem, têm que suportar este inferno, Satanás e Barrabás – afirmou o fantasma, e prosseguiu: Acreditei – acreditámos – que, depois do provinciano desbocado, seriamos governados por um grande homem. Enganei-me. Saiu-nos um cabeça-grande. Há homens que carecem de tudo, conquanto tenham qualquer coisa em excesso; a esses chamo eu aleijados às avessas: têm pouquíssimo de tudo e uma coisa em demasia. O nosso soberano é um cabeça-grande, um dominador, com uma cara malvada e uma alma vã, que nunca descarta as suas baixezas que tem à mistura com as suas grandezas. Neste convento, não se consegue estar uma hora em sossego: ora é cólera ao soberano; ora são as sandices, os agravos ou os maus modos do escudeiro.
- Dizei-me: com tanto reparo, o Pança ainda não aprendeu nada? – perguntou o farpeiro-mor.
- Pior, caro farpeiro-mor; piorou! Não se percebe se por ser duro da cabeça ou por falta de miolo (que para o mal, o tem). O certo é que, tanto procura parecer uma criatura de bem, como, logo a seguir, procura fazer quantas sensaborias pode, sempre pela via mais a desmodo. Tornou-se um espanta gente. Precisava que alguém o obrigasse a comer uma dúzia de sapos, duas de lagartos, e três de cobras.
                                                                                  Miguel Saavedra

25 de julho de 2019

Guia prático para picar o ponto


Vai um falatório por esse facebook fora por causa do nosso Pedro Pimpão ser o campeão das presenças na AR.
São uns invejosos, é o que é, para não falarmos das pessoas mal intencionadas que têm o topete de escrutinar os eleitos, de não se reverem no folclore político, distinguindo o acessório do essencial. Não se aguenta tanta falta de coaching. 
Por isso mesmo repescamos aqui um excerto desse directo divulgado nas redes sociais pela Rádio Cardal, há poucos dias, em que o Pedro explica, de forma singela - e não simplista - como é que isto se faz.

24 de julho de 2019

Olha, eu também estou de Parabéns!

Tendo eu 21 anos de funcionalismo publico (ordenado pago por todos os contribuintes, como muitos gostam de apregoar), dei-me conta que nestes anos todos, tirando as licenças de maternidade e as férias, apenas faltei aos trabalho menos de 30 dias justificados com atestado médico (não tive culpa, foi por doença). É pá, é mesmo motivo de orgulho!!!
Perguntam vocês: mas o que é que eu tenho a ver com isso? Ou o que é que ela quer dizer com isto?
Hoje de manhã não se fala de outra coisa nas redes sociais: a assiduidade do deputado Pedro Pimpão às sessões na Assembleia da República!
Pergunto eu: que feito extraordinário fez ele? Não cumpriu com o seu dever? E vou mais além: a boa prestação politica avalia-se somente pela presença? Nº de intervenções parlamentares, nº de iniciativas legislativas, nº de interpelações ao governo etc etc não contam?
Para finalizar, calculo que todos aqueles que se manifestaram orgulhosos com o deputado Pedro Pimpão, e por uma questão de coerência, deverão estar muito desiludidos com ele enquanto Presidente da Junta, porque aí deverá ser o mais faltoso dos elementos do executivo…

Dantes é que era bom

Dantes um dono de colégios vivia abastadamente à custa do contribuinte e podia ostentar a sua soberba com todo o tipo de estravagâncias…, nomeadamente festas&all com os "amigos" e "amigas", regadas com o melhor Dom Pérignon. Por isso, compreende-se a azia de quem fruiu desses momentos.
Agora, a política educativa não é feita para os donos de colégios que se faziam passar por “amigos” de uma certa espécie de “políticos”; e também não é um desvario de esquerdistas que abominam a iniciativa privada; é feita com a racionalidade que advém da seriedade, é uma marca de um partido responsável comprometido com o controlo da despesa pública e com ensino público de qualidade.
Dantes é que era bom. Para os chicos-espertos.


23 de julho de 2019

Oi?

Da série "quando não tens nada para dizer...não digas". Ou "contenta-te com os tachinhos que a Geringonça te arranjou".

Manuel Jordão Gonçalves, em substituição da vereadora Odete Alves (PS), na última reunião de câmara.


A história de um velho Marquês um pouco triste


Alvo dos ódios de Dona Maria I, SJCM foi desapossado dos seus cargos e mordomias e desterrado para Pombal. A simpatia e a deferência das nossas gentes atenuaram-lhe a dor e a revolta.
A praça que ostenta o seu nome, apesar de lá se terem instalado as Finanças, a Loja de Cidadão (porque raio é que é “de” e não “do”) e uns sorumbáticos museus, não fosse as investidas festeiras da Junta de Freguesia, a animação daquela zona seria lastimosamente ausente (a proximidade da casa mortuária não representa uma especial ajuda ao desiderato).
A iniciativa por parte da CMP de conceder à exploração uma esplanada estival é, indubitavelmente, um elemento de vivacidade daquela área. Louvo.
No entanto, não poderei deixar de colocar algumas questões:
A importância e a especificidade do local não poderia justificar uma solução definitiva?
Qual a razão para o facto do concurso deste ano ter sido lançado tão tardiamente (18 de Julho com adjudicação prevista para 26 de Julho)?
A tomada de decisão em relação à adjudicação não poderia considerar outros aspectos (plano de actividades, mérito estético do mobiliário) além do valor pecuniário da proposta?
A MELHORAR. Com certeza.

21 de julho de 2019

Teoria do convencido


Este vídeo poderia ser acompanhado de um filme (O Corpo Fala), ou de uma banda sonora (Eu cá sou bom, dos Xutos e Pontapés).
Mas bastam as simples palavras de Diogo Mateus sobre a eleição do seu ex-vice, António Pires, para a direcção do agrupamento de escolas da Guia. 
O ressabiamento é isto. Para começar. 

19 de julho de 2019

E a abstenção, estúpidos?

Que o regime (democrático) está doente poucos o negam; e ninguém o quer tratar. O afastamento das pessoas dos partidos e da participação política confirmam-no, nomeadamente nas eleições .
Há muito que os partidos deixaram de representar a sociedade, as profissões e as pessoas - as suas expectativas e interesses -; transformaram-se num charco onde só sobrevivem os aparelhistas (jotas e caciques) à espera de tachos ou honrarias, um ou outro predador de fraco gosto, e meia-dúzia de pobres de espírito.
O retrato local é deprimente, o do país não é diferente. Os mesmos aboletados do poder e os mesmos rufiões de espírito, cujo traço comum é a superficialidade, o oportunismo e a destreza para tecer as teias de aranha que os nutrem. Falta-nos uma classe política dotada da ousadia própria da consciência, capaz de afirmar ideias, de se ligar às pessoas e à sociedade.
A cegueira é muito rara nos indivíduos, mas nos partidos é regra. As listas de candidatos a deputados da Nação, que os principais partidos nos apresentam, em Leiria, ilustram-no: Cavaleiros(as) da Triste Figura com fome de celebridade ou das sobremesas da vida, que não representam nada nem ninguém; de que não se pode esperar nada, porque é perfeitamente inútil esperar.
Perante isto, em quem votar?
- No camaleão próximo do lusco-fusco mental? Na paraquedista feminista? No vaidoso cobiçoso? No dizedor de graçolas sem coragem para a libertinagem? Na noviça de retórica oca? No ex-jota aparelhista insaciável? No profeta do amor, da vontade e do optimismo vazio? Na aparelhista feminista? Na mensageira da mensagem beata? No controleiro que só serve para dar recados? Na esganiçada requentada sempre envolta em virilidades? No mal menor: no partido que provavelmente menos comprometa as suas condições de vida.


15 de julho de 2019

É a cultura, estúpido!


Quando entrei no Café Concerto, na última terça-feira, um rol de gente enchia o espaço. Estavam em círculo, como nas reuniões ou grupos de auto-ajuda, enquanto o mastro Paulo Lameiro explicava ao que vinha: a candidatura de Leria a capital europeia da cultura em 2027, a importância dos municípios se envolverem em trabalharem em rede (lá está), num trabalho que deve começar pela base, entre os diversos 'agentes culturais'. E bom, chegamos então ao cerne da questão: aquilo era uma reunião de agentes culturais - como horas antes me avisara o responsável da PMU, sabendo-me parte do Gang da Malha, que ali se reúne precisamente às terças, desde há cinco anos. Não raras vezes, as tricotadeiras são a única clientela do espaço, para mal dos resultados financeiros do CC. 
Espantei-me com o cenário: não conhecia uma boa parte das pessoas que ali estavam, não reconhecia ali a cena cultural dominante. Faltava ali muita gente, a começar pelos rapazes do Ti Milha (o festival que é mesmo uma Ilha), o pessoal da ADAC, e tantos agentes culturais individuais e colectivos que vão fazendo coisas, teimando em dar à terra aquilo que ela nem sempre merece.
A certa altura, o Paulo quis perceber melhor o que somos e quem somos, culturalmente falando. E foi aí que o circulo se abriu, desaguando entre um muro de lamentações e um bailado de graxa à Câmara, que ali estava representada pela vereadora da Cultura, Ana Gonçalves. 
Foi uma cena bizarra, aquela: ranchos e filarmónicas, grupos de música popular e barroca, músicos vários, professores, assalariados e assessores, dirigentes e afins, num espaço público sem público. A maioria não se conhece. 
E no meio da discussão, a lembrança da casa Varela. Aquela que foi comprada para ser berço das artes, em Pombal, que assim se mostrou ao público num Bodo, e que agoniza, sem rei nem roque. Que motivou certa vez uma reunião de outros agentes culturais, ao estilo pretensioso de D. Diogo, com muita parra e pouca uva. Pior: chegou a pedir trabalho a um grupo mais restrito desse naipe, para nada.
De modo que a intenção do Paulo Lameiro é boa (mesmo que Pombal não tenha sido seleccionada para os prelúdios que aconteceram noutros pontos do distrito), mas faria muito mais sentido se esta casa estivesse arrumada: se os nossos agentes culturais (seja lá isso o que for) se conhecessem, pelo menos. Se isto não fosse um saco de gatos em que o rancho inveja o subsídio da banda, em que há filhos e enteados para o poder, em que isso se traduz na importância maior ou menor que cada um assume. Porque nos falta, também na cultura, o de sempre: sociedade civil. Que não fique à espera das migalhas que hão-de ser aprovadas por quem não distingue uma clave de sol de uma roda de bicicleta, uma noite de fados de um projecto musical, um artista de um chico-esperto. 
Para nossa felicidade, temos alguns (bons) exemplos. Mas a maioria não estava ali. Fica-me a dúvida: não foram porque não quiseram ou porque simplesmente não foram convidados? Tenho para mim que isto de ser agente cultural aqui na terra é mais ou menos como a mulher de César, mas de forma mais apurada: mais do que ser, é preciso parecer. 

12 de julho de 2019

Afinal, qual é o verdadeiro amor do Pedro?


Nas últimas autárquicas, o Pedro fez repetidas declarações de amor a Pombal, aos pombalenses, aos amigos, à família, etc.; convenceu-nos (à maioria) que a sua paixão era sincera. Mas quando decidiu ficar por Lisboa a dúvida instalou-se… Ficámos agora a saber que a verdadeira paixão do Pedro – o seu interesse – é Lisboa (o Parlamento) e não Pombal: fez-se designar elegível por Leiria, em lugar seguro (3.º)! As opções do Pedro não são fruto das circunstâncias; são uma forma de vida. 
O Pedro é uma criatura amorosa - um polígamo político que ama todos por si - a quem se tolera uma traiçãozita. Se Rui Rio não o cortar – razões não lhe faltam - o Pedro ficará bem lá por Lisboa, junto da senhora luxuriosa, rica e majestosa, durante mais quatro anos, à espera de melhores dias. Talvez gostasse de ficar por cá, com os seus, mas esta terra não gera oportunidades, nem para rapazes como o Pedro. Ficará sempre com o consolo da amante provinciana para os escapes de fim-de-semana.
O Pedro está feito político: surpreendentemente saiu (parece ter saído) vitorioso deste jogo, jogando em dois tabuleiros, com muita manha e jogo de cintura.
Força Pedro, és um dos nossos, o Farpas está contigo.

10 de julho de 2019

Diogo Mateus; balanço a meio


Metade da vida política de Diogo Mateus, como presidente da câmara, esfumou-se. O que mais surpreende nem são os parcos resultados, é o sentimento de inutilidade absoluta. Confrange ver como é que um indivíduo tão empenhado e preparado (tecnicamente) pode ser tão inconsequente e inútil.
Diogo Mateus foi sempre apresentado como o contraponto de Narciso Mota, no estilo, na literacia, nos hábitos de estudo dos dossiês; mas na prática, é a outra face da mesma moeda, o mesmo absolutismo e a mesma exercitação do inútil, com melhor representação, mais encenação e melhor retórica.
Diogo Mateus é poderoso. Daí não viria grande mal se o atributo não fosse um vício, se não gostasse tanto de o ser e de o parecer. Vive a vã glória de ser grande… Sujeita os assujeitados que o servem, e o temem, a fazer aquilo que lhe agrada e não o que os poderia engrandecer. Não é um líder - não vende esperança nem entrega resultados. O que transparece da actividade da câmara é uma lufa-lufa sem rumo e sem sentido, onde se consomem energias e recursos sem critério e sem resultados. Pelo meio, o concelho definha a olhos-vistos; enquanto os executivos, que nada executam, se consomem, meio descrentes, num rodopio estafado de aparições públicas para as mesmas almas conformadas.
A Política é - como alguém a definiu - a arte do possível. Aqui, é sobretudo um jogo, um rito, um hábito, um desserviço à comunidade que se tornou um mero exercício de sobrevivência política.
O que podemos esperar da outra metade da vida política de Diogo Mateus? O mesmo registo, em perda - o mal reforça a acção mal começada. Terminará derreado, desiludido e frustrado com os assujeitados e com a terra.

9 de julho de 2019

O regresso de António Pires

António Pires acaba de ser eleito director do Agrupamento de Escolas da Guia, num processo eleitoral que destronou António Duarte (que nos últimos anos dirigia as escolas do oeste, mas acabou por ser excluído do concurso) e teve a particularidade de reunir dois ex-vereadores da Câmara de Pombal: António Pires e...Fernando Parreira (também excluído).
Há uma certa ironia no destino que reveste esta chegada de António Pires à Guia. 
Antes de ter sido vereador - que mal aqueceu o lugar, saindo em ruptura com o presidente Diogo Mateus, meses depois de eleito - pelo PSD, dirigiu com mestria o extinto Agrupamento Marquês de Pombal. Foi lá que deu nas vistas, que Diogo o foi buscar para a lista, qual grande aposta para a Educação e Cultura. 
Pires - que nas últimas autárquicas apoiou a candidatura de Narciso Mota e foi eleito para a Assembleia Municipal através do movimento independente que a suportou - regressa à ribalta pela porta da Guia. Ora a Guia é nada menos que a terra de Manuel António, o actual presidente da comissão política do PSD - que tudo fez para o afastar de qualquer cargo de direcção escolar. Tantas voltas que a vida dá...

6 de julho de 2019

A JS existe?


O caso do Joel Gomes é paradigmático: como é que alguém que não existe politicamente no seu concelho, na sua terra, pode representar uma juventude partidária a nível distrital, ocupar cargos no mesmo âmbito a nível nacional, e agora ser indicado para ocupar nas listas do PS um lugar de deputado?
Ah, espera...na última AM o Joel fez uma intervenção. De fundo. 

4 de julho de 2019

JSD volta a reclamar

A JSD voltou a criticar o executivo por falta de políticas para a juventude. O executivo tem um vereador (jota) com pelouro da juventude, mas é como se não tivesse. Ou a velha questão: de onde não há não se pode tirar.
Mas triste, triste, é a JSD ver e apontar a falha, e mais ninguém a ver!

3 de julho de 2019

Coisa chocha

Ir à pesca e vir de mãos a abanar; não porque não houvesse peixe, mas por não saber pescá-lo.

Ou o velho problema de não ter rabo para duas cadeiras.

2 de julho de 2019

Quando as emoções falam mais alto

Tenho os meus 2 filhos a estudar no Instituto D. João V., por isso, consigo perceber a ligação afectiva que eles (e nós pais) temos à escola. Aliás, estou em crer que seria assim em qualquer escola em que, porventura, estivessem a estudar. A vida é feita disto: de afectos, de ligações, de emoções; se assim não fosse, provavelmente sofreríamos de um qualquer distúrbio psicopatológico.
Toda esta história do corte de turmas dos colégios com contrato associação tem alguns anos. Politicamente, e enquanto desempenhei funções politicas, apoiei esta decisão. Mantenho a minha posição, não mudei. Não tenho nada contra os colégios, até porque como disse, os meus filhos estudam lá. São entidades privadas que contratualizaram com o Estado um serviço (publico). As regras de contratualização sempre foram claras: seriam para dar resposta publica, onde o Estado estava impossibilitado de conseguir dar. Nunca foram contratos ad eternum. Todos conheciam as regras do jogo.
A questão primordial aqui é uma: demográfica! Não há crianças, e portanto, este fenómeno que assistimos hoje com os colégios com contrato associação, estimo que o veremos dentro de 10 anos na escola pública. Aí provavelmente, estaremos a discutir qual destas (publicas) será para encerrar. Aliás, isso já começou com o encerramento de algumas salas dos jardins de infância e primeiro ciclo nos nossos (novos) centros escolares …
Contudo, não deixo de estar solidária com todos aqueles que directa ou indirectamente serão afectados com esta inevitabilidade. Assim como estaria solidária se em vez de uma escola, fosse uma fábrica que encerrasse as suas portas e deixasse desempregadas dezenas ou centenas de famílias! Assim como fui solidária com muitas das populações por essas aldeias fora (no nosso concelho) que viram as suas escolas primárias encerrarem e as crianças foram para os centros escolares (que todos agora reclamam querer também ter)
A nossa preocupação agora quer enquanto cidadãos quer enquanto Políticos, é perceber se todos os cortes preconizados nestes contratos associação estão efectivamente a ser investidos na escola pública como nos fora prometido! Se há reforço orçamental na escola pública, se o acréscimo de alunos foi acompanhado do respectivo acréscimo do reforço de pessoal por exemplo, ou noutras áreas deficitárias que a escola pública tem vindo a enfrentar!
Sou e continuo a ser defensora do serviço publico, principalmente nas áreas cruciais da vida do cidadão: saúde, educação e segurança social. É uma questão ideológica? Que seja.

1 de julho de 2019

Socialista mas pouco

Desde que assumiu as funções de Directora Pedagógica (!) do Instituto D. JoãoV, a doutora Patrícia quase não voltou a pôr os pés na Assembleia Municipal. Não sei como é que a democracia local sobreviveu à sua ausência, à sua intervenção (numa bancada que é tudo menos oposição), mas lá se aguentou. 
Até que a doutora Patrícia voltou, na semana passada, com um coro de pais do Louriçal.
O que aconteceu na sexta-feira, 28 de Junho, é grave. Já o fora no passado, quando o Governo socialista teve a coragem de acabar com o regabofe dos colégios privados que, anos a fio, enriqueceram à custa dos contratos de associação - e a bancada do PS, invertebrada, fez coro com o PSD. Mas desta vez foi pior. 
Já aqui postámos o essencial da traição que a bancada socialista representa para o Governo, mas falta analisar, em detalhe, o caso de Patrícia Carvalho. A intervenção fala por si, só que é preciso lembrar aos munícipes que a moça não é apenas uma deputada municipal, eleita numa lista supostamente alternativa ao poder vigente. Ela é também militante, membro da estrutura local, e - pior - integra os órgãos da Federação Distrital do PS. Com aquele registo de quem vai ler a segunda leitura, disse tudo o que precisávamos saber: "temos o mesmo propósito, o mesmo objectivo", para justificar a aliança com o PSD. Junta-se ainda o objectivo pessoal da doutora Patrícia, que tem todo o direito de querer manter o seu posto de trabalho e lutar por ele, mas o dever ético de separar as águas. Diz ela acreditar que "a política deve ser o exercício do bom senso". Nós também. Por isso é que lhe recomendamos que mude de bancada, em memória e respeito pelos muitos que lutaram para a afirmação do PS neste concelho, e que a esta hora darão voltas no túmulo perante aquela intervenção - que é um prego fundo no caixão do PS em Pombal.