2 de julho de 2019

Quando as emoções falam mais alto

Tenho os meus 2 filhos a estudar no Instituto D. João V., por isso, consigo perceber a ligação afectiva que eles (e nós pais) temos à escola. Aliás, estou em crer que seria assim em qualquer escola em que, porventura, estivessem a estudar. A vida é feita disto: de afectos, de ligações, de emoções; se assim não fosse, provavelmente sofreríamos de um qualquer distúrbio psicopatológico.
Toda esta história do corte de turmas dos colégios com contrato associação tem alguns anos. Politicamente, e enquanto desempenhei funções politicas, apoiei esta decisão. Mantenho a minha posição, não mudei. Não tenho nada contra os colégios, até porque como disse, os meus filhos estudam lá. São entidades privadas que contratualizaram com o Estado um serviço (publico). As regras de contratualização sempre foram claras: seriam para dar resposta publica, onde o Estado estava impossibilitado de conseguir dar. Nunca foram contratos ad eternum. Todos conheciam as regras do jogo.
A questão primordial aqui é uma: demográfica! Não há crianças, e portanto, este fenómeno que assistimos hoje com os colégios com contrato associação, estimo que o veremos dentro de 10 anos na escola pública. Aí provavelmente, estaremos a discutir qual destas (publicas) será para encerrar. Aliás, isso já começou com o encerramento de algumas salas dos jardins de infância e primeiro ciclo nos nossos (novos) centros escolares …
Contudo, não deixo de estar solidária com todos aqueles que directa ou indirectamente serão afectados com esta inevitabilidade. Assim como estaria solidária se em vez de uma escola, fosse uma fábrica que encerrasse as suas portas e deixasse desempregadas dezenas ou centenas de famílias! Assim como fui solidária com muitas das populações por essas aldeias fora (no nosso concelho) que viram as suas escolas primárias encerrarem e as crianças foram para os centros escolares (que todos agora reclamam querer também ter)
A nossa preocupação agora quer enquanto cidadãos quer enquanto Políticos, é perceber se todos os cortes preconizados nestes contratos associação estão efectivamente a ser investidos na escola pública como nos fora prometido! Se há reforço orçamental na escola pública, se o acréscimo de alunos foi acompanhado do respectivo acréscimo do reforço de pessoal por exemplo, ou noutras áreas deficitárias que a escola pública tem vindo a enfrentar!
Sou e continuo a ser defensora do serviço publico, principalmente nas áreas cruciais da vida do cidadão: saúde, educação e segurança social. É uma questão ideológica? Que seja.

4 comentários:

  1. Ora cá está o pragmatismo da vida a manifestar-se, pois quase tudo o que diz é verdade, e o que não é também não é mentira, é o politicamente correto.
    Como sabe sou um bocado irónico e tento sempre ver a vida pelo lado mais engraçado.
    A solidariedade que refere aqui no post faz-me lembrar a mesma que todos temos quando acompanhamos um funeral. Temos pena do defunto mas jamais tornará à vida...
    Também não encontro relação direta com o desvio do investimento nas turmas agora desistidas para o ensino público porque isso,no geral, corresponde mais á diminuição de alunos do que á transferência dos mesmos para o público, logo será uma diminuição bruta nesse investimento.
    Ora o maior problema está na manutenção dos postos de trabalho e, quanto a esses, como refere, têm de enfrentar as realidades da vida.
    Pode-se prolongar o extertor mas não se evita a morte que todos antevêem. .
    Cumprimentos

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    1. Manuel Serra mas o o Ministério da educação justificou estes cortes nos contratos associação, também com a promessa de assim ter mais dinheiro disponível para o público! Daí eu acharque o foco da nossa "luta" deva ser o exigir o cumprimento dessa promessa! Precisamente para que esta opção política nao seja meramente economicista. Eu defendo sim o reforço no sector publico. Não pretendi fazer uma análise fria da situação, porque estou também directamente ligado a este colégio por laços afectivos. Vai ser duro para o meu filho mais novo se o pior se concretizar...mas é da Vida!
      Abraço

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  2. Marlene estou totalmente de acordo contigo, pois até partilho contigo os mesmo princípios ideológicos. Saúde, Educação, Justiça, Segurança, Serviços Básicos, deveriam ser públicos e iguais para todos os cidadãos. No caso da Escola do Louriçal o interesse a que se mantenha aberta é mesmo público, pois os nossos adolescentes têm tanto direito a terem uma escola na sua área de residência como os de Pombal ou da Guia. Não faz sentido uma criança ou adolescente ter de fazer todos os dias 30 Km para ir á Escola. Isso é regredir 30 anos na qualidade de vida. Quando era adolescente foi o que aconteceu, ter de sair de casa ás 6:30 h para ter aulas na Escola Secundária de Pombal ás 8:30 h, pois só havia um autocarro ás 7:00 h e para casa ás 18:30 h. É isto que o BE e a Srª Eng. Célia Cavalheiro pretendem novamente, ao votarem contra a moção apresentada pelo Presidente da Junta do Louriçal ?

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    1. Roque, sabes por acaso a que horas algumas crianças saiam de casa de Almagreira para o Louriçal?
      Sabes a que horas chegam?
      Os meus filhos saiam as 7.37 e chegavam às 18.15.
      Por isso essa coisa do horário de chegada à casa é uma falácia.
      Mais: se chegassem muito cedo tinhas pais arranjar atl porque os horarios de trabalho dos pais seria incompatível com o horario dos filhos; ou então tens as crianças sozinhas em casa.
      Como vês, não é por aí.
      Por outro lado também estou muito preocupada, porque para o ano o meu filho vai para o ensino superior, vai estar a muitos km de casa....que chatice eu não ter uma universidade aqui!

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