19 de julho de 2019

E a abstenção, estúpidos?

Que o regime (democrático) está doente poucos o negam; e ninguém o quer tratar. O afastamento das pessoas dos partidos e da participação política confirmam-no, nomeadamente nas eleições .
Há muito que os partidos deixaram de representar a sociedade, as profissões e as pessoas - as suas expectativas e interesses -; transformaram-se num charco onde só sobrevivem os aparelhistas (jotas e caciques) à espera de tachos ou honrarias, um ou outro predador de fraco gosto, e meia-dúzia de pobres de espírito.
O retrato local é deprimente, o do país não é diferente. Os mesmos aboletados do poder e os mesmos rufiões de espírito, cujo traço comum é a superficialidade, o oportunismo e a destreza para tecer as teias de aranha que os nutrem. Falta-nos uma classe política dotada da ousadia própria da consciência, capaz de afirmar ideias, de se ligar às pessoas e à sociedade.
A cegueira é muito rara nos indivíduos, mas nos partidos é regra. As listas de candidatos a deputados da Nação, que os principais partidos nos apresentam, em Leiria, ilustram-no: Cavaleiros(as) da Triste Figura com fome de celebridade ou das sobremesas da vida, que não representam nada nem ninguém; de que não se pode esperar nada, porque é perfeitamente inútil esperar.
Perante isto, em quem votar?
- No camaleão próximo do lusco-fusco mental? Na paraquedista feminista? No vaidoso cobiçoso? No dizedor de graçolas sem coragem para a libertinagem? Na noviça de retórica oca? No ex-jota aparelhista insaciável? No profeta do amor, da vontade e do optimismo vazio? Na aparelhista feminista? Na mensageira da mensagem beata? No controleiro que só serve para dar recados? Na esganiçada requentada sempre envolta em virilidades? No mal menor: no partido que provavelmente menos comprometa as suas condições de vida.


6 comentários:

  1. Amigo Malho.
    Assim tanto azedume leva-nos aonde?

    Por acaso a abstenção será a receita que reformará o sistema político?

    Compreendo e até concordo com alguma forma de estar perniciosa e alguns candidatos que com pouca qualidade para assumir essas funções.

    E nem todos podem ser avocados ao mesmo rol de oportunistas e incapazes, porque alguns até têm muitas capacidades e atitudes que nos honram.

    Agora, apesar da sua descrença na atual classe política, que mais nos resta neste contexto para a regência dos nossos destinos coletivos?

    Uma ditadura? Um líder carismático ao estilo Coreia do Norte?

    Aquela geração que viveu a ditadura e mais motivada por ideais nos anos após 74 já se reformou, os paradigmas sociais alteraram-se, e hoje penso que vivemos num limbo ideológico que já não se identifica com os valores tradicionais mas ao mesmo tempo ainda não encontrou os novos desígnios nem a sua procura suscita as paixões do passado...logo é um período de indefinição que nos deixa a todos inseguros.

    Porém o mundo, mal ou bem, não pára e eu sou daqueles que julgo que todas as gerações têm gente boa e que mais tarde ou mais cedo darão notícia de si.

    Até lá não me parece que a abstenção seja o mais recomendável, porque nada nos diz que a aleatoriedade das votações conduza a melhores soluções governativas.

    Portugal há-de continuar a ser o que sempre foi, um país pequeno, com fracas perspectivas, sem grande desígnios coletivos que congreguem vontades, pelo que continuaremos a progredir mediocremente, ao ritmo do bloco europeu em que existimos, mas sem grandes expectativas ou realizações que nos levem àquele zénite económica que muitos de nós desejávamos.

    Conformemo-nos pois com o que temos porque é a forma de sofrermos menos, embora alguns de nós continuem apostando e porfiando para uma situação mais risonha.

    Um abraço

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  2. Amigo Serra,
    Não se trata de azedume (nenhuma azia); dá-me, até, um certo gozo ver e apontar a manha que os manhosos e os oportunistas metem nisto. Eles esmeram-se a alimentar os Farpas…
    Também não rejeito a Democracia; como dizia o outro, o menos mau dos sistemas.
    E, se vir bem, não apelei à abstenção – antes pelo contrário.
    Abraço

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  3. Amigo Malho.
    O seu título presta-se a várias interpretações. Eu li da forma que expus.
    Concedo que a sua intenção foi outra.
    Mas afinal qual o seu objetivo no post? Só "malhar" nos putativos próximos deputados? Isso para mim é pouco.
    Entre as críticas que todos fazemos senão contribuirmos com algumas sugestões de melhoria estamos a ser exclusivamente "corrosivos"...
    Ora não é essa a minha postura nem acredito que seja a sua,e por isso inferi do seu post que entre outras opções de contestação se poderia utilizar a abstenção e eu opinei exatamente que em democracia essa era sempre a pior opção a abrir caminho a
    que um qualquer ditadorzeco se instale e governe conduzido por qualquer credo divino que, como sabe, tem sempre consequências muito perniciosas para os governados.
    Logo, mais vale um governo democrata fraco do que uma ditadura ditosa...
    Abraço

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  4. Amigo Serra,
    Concedo sempre que a interpretação do leitor é tão legítima como a intenção do autor (pelo menos, até à explicitação da mensagem pelo autor).
    Mas se reparar bem, tanto o título como a frase final indicam que o autor está preocupado com a abstenção, ao ponto de apelar ao voto, e com a degradação do regime de que a abstenção é o sintoma maior.
    Pergunta qual é o objectivo do post; dir-lhe-ei que é o mesmo do Farpas: tornar a vida dos políticos (e equiparados) desconfortável - expor as manhas e os vícios; censurar-lhes comportamentos pouco éticos…
    Sabe: estou completamente convencido que, actualmente, é a forma mais eficaz de defendermos a Democracia.
    Abraço

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  5. Não de dirigindo o post a pessoa determinada, devo dizer que concordo com o respetivo conteúdo pois, apesar de exagerado, é próprio da crítica mordaz tão necessária a evitar abusos na política...

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    Respostas
    1. Ora aí estás, JGF. Apesar de termos entre nós políticos profissionais - perdão, profissionais da política - que abominam a crítica e são profetas do unaninismo, de vez em quando é preciso lembrá-lo: sociedade nenhuma cresce sem esse equilíbrio.

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