8 de julho de 2025

São canos, senhores. E cheira a fim de regime

 O que aconteceu hoje na freguesia da Redinha deveria entrar para os anais da história: uma ministra (por sinal uma académica, das poucas que ainda estão no Governo) veio nas suas tamanquinhas inaugurar uma rede de esgotos. Estamos em 2025, e tudo nas imagens que a Câmara (e a querida imprensa local) divulga cheira a mofo, ou a fim de regime. A bandeira que cobre uma pedra, os metros de passadeira que parecem ombrear com os de cano enterrado. Talvez tenha faltado o padre cura para benzer a obra, mas estava D. Diogo (regressado à terra), e com isto fica assegurada a solenidade do acto.

Daqui até às autárquicas, o Pedro vai desunhar-se em inaugurações. Por ora, ainda sem Mithá Ribeiro (e o amanuense Manuel Serra) a morder-lhe as canelas, vai fazendo de conta que está tudo como dantes: o PSD a distribuir jogo, o PS a vê-lo passar, como se nestas eleições não se adivinhasse um pequeno cataclismo. Parece-me bem que continuemos num clima festivo. A cidade a condizer, com arrais e foguetes no ar (veja-se a decoração deste Bodo), as ruas esventradas, o povo indignado nas redes sociais, sem a alegria que costumava ter. Por ironia, José Cid há-de vir à festa cantar esses versos. 

Está tudo bem. Tudo bem. 






2 de julho de 2025

Mais um número do Conselheiro Acácio

Na epopeia do irrisório em que se transformou a política pombalense, despontam frequentemente casos e figuras surpreendentes. Por exemplo, o desconhecido Escapa passou rapidamente de figura de escape para conselheiro-mor da oposição e do regime.

A Ordem de Trabalhos da última Assembleia Municipal continha cerca de três de dezenas de pontos, alguns muito relevantes para o concelho, outros simplesmente para formalizar actos administrativos. 

Contudo, o nosso Conselheiro Acácio transformou um assunto puramente formal - Apreciação de Impugnação do Empréstimo Bancário, pelo concorrente do banco selecionado, votada por unanimidade pelo executivo municipal - num número mirabolante que sobressaiu de todo o debate. Fê-lo a partir de uma farfalhice administrativa, inventando desmembramentos, aditando hipóteses, acrescentando a sua antítese, e rebuscando tudo com os seus trocadilhos baralhou o distinto Professor de Direito, ao ponto de quase o enrolar. Estamos claramente perante uma criatura dotada de fino tacto político, capaz de ver uma agulha (política) num palheiro; e, mais, de fazer dela uma jóia; a que acrescenta uma retórica capaz de fazer chorar as pedras da calçada, cheia de locuções repolhudas, refinados trocadilhos e rapapés que baralham e torcem qualquer criatura formatada no raciocínio lógico. 

À valente! Ora vejam… 


1 de julho de 2025

Desenlaces de ajustes de contas da política pombalense…

Quando se zangam as “comadres” sabem-se as verdades - assim reza o povo o povo, e com razão.

O mal estar entre Diogo Mateus e Pedro Brilhante era coisa antiga e profunda, mas tomou novas proporções quando Diogo Mateus retirou os pelouros ao vereador em outubro de 2019. A partir daí assistiu-se a uma refrega empolgante em todas os campos (político, midiático, pessoal e até judicial), amplamente difundida por aqui.


Na esfera judicial, Pedro Brilhante avançou com queixa(s) contra o presidente e o seu chefe de gabinete – João Pimpão - por ele usar a viatura, que lhe estava atribuída para uso oficial, em deslocações particulares, e por descontar as despesas da viatura no fundo de maneio da presidência, à responsabilidade de João Pimpão. Diogo Mateus respondeu da mesma forma: apresentou queixa contra Pedro Brilhante por este ter usado uma viatura da câmara para fins particulares (por exemplo, deslocação a um encontro da JSD em Pedrogão Grande, no dia 7-12-2018,…) – facto(s) que Pedro Brilhante sempre negou.

O processo em que são visados Diogo Mateus e João Pimpão conhecerá a sentença amanhã... Já o que visou Pedro Brilhante terminou - viemos agora a sabê-lo depois de João Pimpão ter recordado o caso na última AM e requerido cópias da decisão - com o MP a propor, depois de apurar os factos, “a aplicação da suspensão provisória do processo ao arguido Pedro Brilhante, por um prazo não inferior a 3 meses, mediante o pagamento à CMP de quantia não inferior a 300 euros”, que o arguido aceitou, e a câmara anuiu.

A leviandade é muito má conselheira.

29 de junho de 2025

“Enforcado” ou “enforcou-se”?

A política sem alinhamento, consistência e consonância na acção é uma brincadeira, que corre sempre mal – mesmo para os engraçados sempre sedentos de um brilharete. A dita “oposição” não percebe isto e nunca vai percebê-lo.

Quem quiser ajuizar o desempenho da dita “oposição” no presente mandato na Assembleia Municipal (no executivo não foi muito diferente) basta ver a última reunião. Ou nem tanto: basta ouvir a despropositada intervenção do dotor Anibal - mas houve mais e do mesmo género.  

Naquele seu estilo professoral, mas sempre inconsequente (politicamente), o dotor Anibal voltou a discorrer longamente sobre coisa de nenhum interesse ou valor - o irrelevante Plano Estratégico do dotor Pimpão, ignorado rapidamente por toda a gente. Mesmo alertado pelo presidente da assembleia, para o uso excessivo do tempo atribuído à sua bandada, insistiu até à náusea na desastrada e desastrosa divagação. 

Na resposta, o dotor Pimpão elogiou-o e colocou-lhe suavemente o laço - não (só) a ele, mas ao partido que supostamente representa. 



26 de junho de 2025

O caso da farmácia de Albergaria e os outros que se seguirão


A última reunião da Assembleia Municipal de Pombal contou com três valiosas intervenções do público, todas com um denominador comum: o rei vai nú e passeia-se pelos corredores do município. Não é que isso nos surpreenda, até pelo tanto que até temos exposto nos últimos anos. Mas é sempre perturbador perceber que os cidadãos se vêem obrigados a recorrer ao espaço da AM como tábua de salvação, qual grito de alerta, depois de goradas as outras tentativas. 

Merece especial atenção o caso levado ao púlpito pelo farmacêutico João Rocha Quaresma. Porque ali foi abanar a consciência (dos que a tiverem) das várias bancadas, chamando à atenção para o que está a acontecer na comunidade: a deslocalização consentida de farmácias, que um dia destes podem deixar a descoberto algumas populações das 17 freguesias. E isso, como bem notou o presidente da Junta de Freguesia de Meirinhas, João Pimpão, é o princípio do fim. 

João Quaresma foi cauteloso nas palavras, sabendo - como admitiu - que a intervenção poderia ser arrolada a um conflito de interesses. Mas, invocando o passado, e o tempo em que o pai (o também farmacêutico António Rocha Quaresma, ex-presidente daquele órgão autárquico) pugnou para que todas as freguesias tivessem a sua farmácia, arriscou exercer o que parece esquecido, tantas vezes: o exercício de cidadania.

Vamos então a factos: O que está a acontecer em Albergaria dos Doze já aconteceu em Almagreira - que depois da deslocalização da farmácia para o Louriçal, ficou apenas com um posto. Quem autoriza? A Câmara, cujo parecer é vinculativo. Só em função disso o Infarmed se pronuncia. Há vários anos que os proprietários (da Farmácia Torres & Correia, em Pombal, também donos da farmácia da Pelariga) tentam esta manobra. Começou no tempo de Diogo Mateus, que o rejeitou, prosseguiu no mandato de Pedro Pimpão, que numa primeira tentativa ainda se agarrou à nega do antecessor, mas que agora se prepara para aprovar a deslocalização da Farmácia de Santa Maria para Pombal. Pimpão vai escudar-se no parecer da Junta de Freguesia (favorável, pois), que por sua vez se muniu de um parecer dos proprietários (o nosso conhecido Rodrigues Marques e família) da outra farmácia local, a Albergariense, garantindo assegurar tudo - a distribuição de medicamentos a todos e até os trabalhadores...

Até agora os eleitos locais poderiam alegar desconhecimento. A partir desta AM, já não podem. A Saúde, que tem servido para alimentar tanto discurso político, passa também por aqui. Aguardemos então as cenas dos próximos capítulos desta caixa de Pandora acabada de abrir. 

25 de junho de 2025

Ana Gonçalves deixa a PMU


Ana Gonçalves, a ex-vereadora da Câmara de Pombal e actual administradora-executiva da empresa municipal PMU, deixou o cargo estes dias. É agora chefe de gabinete de Rui Rocha, ex-presidente da Câmara de Ansião e actual Secretário de Estado da Protecção Civil.  

A saída de Ana Gonçalves abre uma vaga de emprego nas fileiras do PSD. Talvez venha a calhar a Pedro Pimpão, numa altura em que precisa de refazer a lista à Câmara, sem deixar "na mão" uma das suas vereadoras.

A nós, cidadãos, dá-nos mais uma vez a certeza de que, na política, uma mão lava a outra e as duas lavam a cara. 

23 de junho de 2025

A oeste, algo de novo: os cavaleiros do apocalipse



As próximas eleições autárquicas vão mostrar, de forma inequívoca, as mudanças estruturais da sociedade portuguesa. Não são apenas as freguesias (de novo muitas, mas agora sem serviços, pois desengane-se quem julga que volta a ter o Centro de Saúde à porta, os correios e a farmácia) em grande número onde haverá apenas um candidato. Não é só por aí que a Democracia vai sofrer um duro golpe de desaparecimento. É também pela qualidade dos candidatos, numa derrocada que começa a notar-se há vários anos.  Agora que o processo está em marcha, que a maioria dos partidos (até o PSD, imagine-se) está em sérias dificuldades para encontrar cidadãos dispostos a dar cara por eles, e pelas terras, começa a levantar-se o drama maior: quem nos vai representar?

 No espaço de poucas horas, durante o dia de ontem, atravessaram-se no meu caminho vários exemplos que explicam a transferência de voto do PS para o Chega, nas últimas eleições legislativas. É sabido que, por aqui, onde o PSD tudo domina, o voto de protesto está há 30 anos associado às listas socialistas. Ou estava. Quando à nossa volta se acumulam antigos candidatos do PS que agora se arvoram defensores do Chega, custa perceber, mas aceitamos. O que já custa a aceitar é que o partido de Mário Soares dê guarida aos que, em funções autárquicas, eleitos com a bandeira do PS, enchem a boca com o respeitinho, difundem as mensagens que os vários grupos de extrema-direita vão multiplicando pelas redes, e até exibem, na pele, tatuada a esfera armilar. Ninguém me contou. Eu vi, no meio de um recinto de festa.

 Aos partidos sempre foi parar tudo, e a sede de fechar listas foi muitas vezes permissiva em relação aos que nem sequer partilhavam valores de liberdade, tolerância e fraternidade. Mas os mínimos de higiene e salubridade da vida pública obrigavam a usar os mecanismos ao dispor, nomeadamente retirando a confiança política a quem não a merece.

 Aqui chegados, resta-nos perceber como vai o eleitorado do PSD comportar-se, face a esta nova realidade que vai semear pelas várias freguesias candidatos inusitados. Um dirigente com responsabilidades locais gabava-se há dias de ter "tudo controlado". Será? O exemplo de Manuel Serra, até há dois meses dirigente social-democrata, antigo presidente da Junta do Oeste (derrotado em 2017 pelo independente Gonçalo Ramos) deixa antever que o paraíso laranja pode ter os dias contados. Renunciou ao mandato na AM, e agora será número dois da lista à Câmara, secundando Gabriel Mithá Ribeiro, o cabeça de lista do CH.

No futuro, das duas uma: ou o PSD ainda vai ter muitas saudades do PS, ou vamos todos nós, aqui no burgo, chegar à conclusão de que são troncos da mesma raiz -  como Ventura, como Passos, como tantos. 

20 de junho de 2025

O socialismo de polichinelo

 A “Junta” reuniu, ontem. Ontem já era tarde para acabar com aquilo, mesmo sabendo que nesta terra não há nada tão mau que não possa ficar pior.



O dotor Pimpão levou à reunião, de final de mandato, a criação de um Conselho Estratégico Municipal, que englobará as ditas forças vivas do concelho (onde é que elas estão?), e reunirá uma vez por ano, para se conhecerem, almoçar ou jantar, e posar para as fotografias, acrescento eu com grande segurança. Está em campanha - o único modo que conhece.

A dita oposição apresentou-se em modo balanço. Não do desempenho da câmara, como deveria ser, mas das suas próprias sandices. De mangas arregaçadas, e a arregaçá-las frequentemente, o franco-atirador de cartuxos sem carga - dotor Simões - atirou-se, como gato a bofes, à temática da Saúde, mais concretamente a falta de médicos de família no concelho, naquele seu estado de irritação forçada em que é preciso falar, falar e falar, só para provar a si mesmo que está com a razão. Nada é mais terrível e perturbador do que ver a ignorância em acção. Pegou no exemplo de Ourém, no seu regulamento de concessão de avultados benefícios aos médicos (suplemento remuneratório, subsídio de habitação e outras benesses) e acusou a câmara, que não tem qualquer responsabilidade nesta matéria, de não fazer o mesmo, de não aliciar/roubar médicos aos outros municípios, como fez Ourém. São estes ditos socialistas que não percebem nem fazem mínimo esforço para perceberem a natureza dos problemas, mas julgam que eles se resolvem atirando dinheiro para cima deles, que andam todos os dias com a defesa do SNS na língua, mas sempre dispostos a darem-lhe facadas com o dinheiro dos contribuintes. Isto para não falar do egoísmo subjacente ao salve-se quem puder. 

Burrice não é fazer más avaliações e avançar com más propostas, burrice é insistir nelas. Bastou ao dotor Pimpão deixar o dotor Simões (e à dotora Odete, que subscreveu a sandice) repetir até à náusea a retórica oca, leviana e aparentemente ingénua para sair dali, por contraste com aquelas fracas figuras, como um executivo lúcido.