30 de setembro de 2012

Zona histórica: crónica de uma morte anunciada


Primeiro foi a ourivesaria Fonseca. Mais de 100 anos dedicados ao negócio, investimentos sucessivos na(s) lojas, nos edifícios, e uma esperança sucessivamente aniquilada de ver a zona antiga de Pombal renascer. Como nas outras cidades à nossa volta, como no resto do país.
Depois foram as lojas que acreditaram num tempo novo, nos programas de regeneração. E então, chegados ao final desta semana, assistimos à machadada final: o único franchising de roupa que restou na cidade, a Naf Naf, logo seguida da sapataria Mónaco, mudaram-se. Uma e outra ocupam agora espaços próximos daquilo que parece ser cada vez mais toda a cidade: a avenida Heróis do Ultramar.
Percorrendo a pé a zona antiga de Pombal que se esconde para lá do Cardal, já é mais fácil identificar as portas abertas, pois que são em muito menor número. Talhos, restaurantes, lojas diversas, tudo se finou na zona histórica. E se os pouco que restam decidirem também fechar portas ninguém lhes pode levar a mal. A sobrevivência está ainda acima dos caprichos. Pelo menos para alguns.
De modo que, quando, por estes dias, a Câmara anunciou a interrupção do trânsito para que prossigam mais umas obras de encher o olho naquela zona, imaginei como tudo poderia ser diferente se em vez de caprichos esta cidade vivesse do rasgo. Por exemplo, se o Arquivo fosse mais vivo que morto, se o Centro Cultural (alguém se lembra porque é que aquilo se chama centro cultural) fosse um espaço com agenda e actividade, se ao invés dos rios de dinheiro enterrados num parque  de estacionamento subterrâneo (cujo aproveitamento está à vista) tivéssemos investido na recuperação de edifícios, incentivando os privados, apoiando-os. Ah, claro que para isso era preciso mais do que despachar obras a concurso. Era também preciso um entendimento com os proprietários. Ou então ver o que se fez à volta, nas cidades e vilas vizinhas, partindo do princípio de que ver não é só olhar.
Quem vier em 2013 não terá a vida facilitada, já o sabemos. Porque não vai lidar apenas com a falta de dinheiro. Vai sobretudo ter de inventar fórmulas para começar de novo, devolvendo à cidade aquilo que lhe falta: vida.


29 de setembro de 2012

Síntese do Debate

Em primeiro lugar, este post serve para sintetizar o que foi discutido naquela participada quarta-feira. Peço desculpas em nome do Blog pelo atraso, mas entendemos que seria mais interessante disponibilizar as duas posições iniciais, a partir das quais se desenrolou o debate durante o resto da noite, em várias intervenções que, na sua generalidade, primaram por ser concisas e bastante objectivas.

Em termos de síntese, pode-se dizer que ninguém concorda com a Reorganização que está a ser discutida: ou é simplesmente inútil ou é simplesmente insuficiente ou, como foi dito, é uma falácia nos seus pressupostos. Dito isto, o debate centrou-se mais na questão, tal como foi (bem) balizada pelo Adérito Araújo e pelo José Gomes Fernandes (para as quais remeto, especialmente quanto aos argumentos), se as freguesias deveriam ou não ser extintas. 

De seguida, constata-se que os alguns dos conceitos são utilizados por quem defende a extinção e por quem é contra a extinção, só variando a interpretação que é dada aos mesmos: proximidade, escala, gestão de meios e a própria questão orçamental (um início para alguns, um mero acessório para outros). Apenas a questão da identidade cultural é uma bandeira assumida dos defensores das freguesias - na acepção de que deve ficar tudo como está.

Mas no geral, ficou a ideia de que esta reforma não servirá para nada, porque vem fora de tempo, sem legitimidade democrática, sem critérios explícitos e sólidos, sendo inadequada às realidades do terreno. Cada caso é um caso e a discussão existente peca por ser politizada e imposta por circunstâncias externas e por não ter em conta as variadas excepções e os condicionalismos que se encontram no terreno, as várias diferenças, rivalidades e aproveitamentos (quando se trouxe ao debate a questão da fronteira entre Carnide e Ilha), necessidades territoriais e, sobretudo, a própria questão de ter eficazes instrumentos de gestão territorial e também com o próprio papel que as Juntas devem assumir face às leis que regem a gestão administrativa do país, com ou sem esta reforma ou "reforma". 

Ou seja, em síntese, ninguém acredita que esta reforma produza algum resultado que se traduza numa mais valia para o território, nomeadamente respondendo às necessidades da população. O que não quer dizer que não haja espaço e interesse em respostas diferentes do quadro actual, apenas que não deverá ser feita com base em processos impostos de cima para baixo e sempre inserida num quadro maior de uma reorganização eficaz: para um mais centrada num menor é melhor, para outros salvaguardando sempre o quadro identitário e cultural existente.

Até à próxima.

28 de setembro de 2012

Reorganização Autárquica


O poder local (autárquico), tal como está consagrado na Constituição da República, é materializado em duas “categorias” de autarquias, municípios (concelhos) e freguesias, podendo a lei criar outras formas de organização territorial autárquica nas grandes áreas urbanas e nas ilhas.
Podemos afirmar que temos, pelo menos, dois níveis de poder autárquico, ao contrário da generalidade dos restantes países europeus, onde apenas existem municípios, lá designados por “comunas”.
Então como surgiu em Portugal esta “anomalia” das freguesias?
Com a cristianização e subsequente fragmentação do império romano, a igreja católica passou a exercer um poder lateral dentro dos estados ou acima dos estados, passando, a nível local, a organizar as diversas comunidades em paróquias, também designadas por freguesias, para tratar do culto, dos cemitérios, dos registos, das festas e, sobretudo, das receitas e do património da igreja (do Vaticano).
As paróquias foram evoluindo ao longo dos séculos, exceto no período de ocupação muçulmana, até ao liberalismo, quando ocorre a criação das freguesias como circunscrição político-administrativa, até à implantação da república, quando ocorre a criação da freguesia civil e a consequente separação da paróquia católica, e até democracia da revolução de Abril, quando as freguesias ganham mais autonomia e poderes.
A criação das freguesias foi, assim, uma forma do estado (da república) estender o seu poder às comunidades locais, sobretudo rurais, e reduzir o tradicional poder da igreja católica.
Apesar da separação formal entre a paróquia, poder religioso, e a freguesia, poder do estado, o forte enraizamento religioso e a lenta evolução cultural fizeram manter nas comunidades rurais, quase até à atualidade, alguma confusão entre a paróquia e a freguesia e uma posição de prevalência da importância social da paróquia sobre a freguesia, até mesmo na criação das novas freguesias.
Foi assim que chegámos a esta anomalia das 2 “categorias” de autarquias ou dos 2 níveis de poder autárquico, fracionado e burocratizado, menos eficiente e mais propício à confusão e aos conflitos ente Juntas e Câmaras.
Consequentemente, entendo que a reforma autárquica ideal deveria extinguir as freguesias e alterar o mapa dos municípios, extinguindo alguns e criando outros em função da área, da população, das infraestruturas e dos recursos económicos, de forma a constituírem instituições melhor estruturadas para a realização das necessidades das populações em função das receitas disponíveis. Seria o ideal, mas não o possível face à Constituição da República.
Embora a democracia seja o regime político mais imperfeito, por nunca estar realizado nem acabado, permite-nos a liberdade e impõe-nos soluções de compromisso. Uma destas soluções de compromisso é a Lei 22/1012 de 30 de maio, que aprovou o regime jurídico da reorganização administrativa territorial autárquica, também designada por LRATA.
Bem sabemos que a lei não é perfeita, como o não é a democracia, mas representa o compromisso possível na atualidade
As necessidades de proximidade das populações e a existência de determinadas identidades sociais locais, que levaram à criação de várias freguesias, estão ultrapassadas nos dias de hoje, quer pela evolução cultural quer pela maior proximidade proporcionada pelas novas vias de comunicação, pelos meios de transporte e pelas telecomunicações. Já ninguém vai a pé ou de carro de bois, por carreiros de cabras ou caminhos de lama, como nas décadas de 50 e de 60, fazer o seu casamento à igreja da paróquia antiga…
Nos dias de hoje, as preocupações e as necessidades das populações são essencialmente de carácter cultural, social e económico, sobretudo a nível industrial, com vista à manutenção ou melhoria da qualidade de vida e à criação de riqueza.
O grande aumento recente dos serviços e bens prestados pelo estado, designadamente a nível do ensino, apoio social a idosos, saúde, justiça, saneamento básico, infraestruturas rodoviárias e industriais, etc, trouxeram um grande aumento da despesa pública e passaram a exigir outras estruturas de gestão mais amplas ou mais globais, noutras outras áreas de atuação também mais amplas ou globais, com interdependências funcionais, com programações feitas por quadros técnicos de pessoal especializado e de conhecimentos interdisciplinares e com equipamentos adequados, de forma a poder-se racionalizar os recursos ou receitas e a retirar-se toda a utilidade dos equipamentos de maquinaria ou de edifícios.
Cada freguesia não pode continuar a construir um salão de festas (ou de jogos de cartas) em cada lugar ou um pavilhão, um estádio de futebol e uma zona industrial em cada sede de freguesia, grande ou pequena, como não pode continuar a comprar um conjunto de máquinas que ficam velhas e ultrapassadas sem serem utilizadas nem rentabilizadas.
Todos os membros da população de cada freguesia terão melhores conhecimentos e soluções se discutirem e estudarem as diversas questões conjuntamente com os membros das outras comunidades vizinhas.
O conhecimento da história (das freguesias) permite-nos compreender o presente e programar o futuro.
Portugal está gravemente doente, ligado a uma máquina para ser reanimado (ou não), enquanto os vampiros que nos últimos anos lhe estiveram a sugar o sangue e o deixaram moribundo vão dizendo que eles são os médicos indicados para a cura e que os atuais médicos não têm legitimidade para prestarem os necessários cuidados de saúde nem soluções para a cura. Por muito que os vampiros berrem na rua ou nalgumas instituições que dominam como “forças de bloqueio”, os atuais médicos devem continuar a cuidar do doente. Claro que os vampiros irão continuar de forma radical a protestar contra todas as medidas terapêuticas, dizendo que existem outras soluções de tratamento sem as concretizarem e argumentando com dogmas como se fossem axiomas, para desgastarem e destruírem até poderem voltar ao lugar onde só sabem sugar o sangue.
Argumentam os opositores que a reorganização das freguesias ofende a cultura das populações locais, omitindo que a cultura é evolutiva. As novas gerações acrescentam cada vez mais conhecimentos aos recebidos das anteriores gerações e até alteram os anteriores conhecimentos e valores e criam novas identidades sociais, cada vez mais amplas ou globais. Se assim não fosse, a teoria heliocêntrica de Copérnico ainda seria negada e ainda continuaria a existir a escravatura, como ainda se continua a praticar a excisão, a aplicar a lapidação e a usar a burka noutras “culturas”…
Dizem ainda, os opositores, que o efeito económico da reforma autárquica é nulo ou pouco significativo, por entenderem que a despesa das freguesias só representa 0,4% do valor do orçamento geral do estado. Trata-se de um argumento de má-fé, por negarem a mudança e o progresso e por negarem que só com a soma de muitas e pequenas poupanças se pode conseguir uma substancial redução da despesa pública.
O país está moribundo; vamos tentar reformá-lo para o futuro...

27 de setembro de 2012

O primeiro debate

Uma plateia tão interessada quanto diversa encheu a sala do Hotel Cardal, ontem à noite, para debater a RATA (Reorganização Administrativa Territorial Autárquica), a convite deste vosso blogue. O primeiro debate da série "Um Café e uma Farpa" provou aquilo de que suspeitávamos: renasce em Pombal uma vontade de discutir a terra e as coisas. Foi isso que fizemos, ao longo de hora e meia de um debate vivo, resultado da extraordinária participação de todos. Estamos vivos, afinal!

Contra a RATA

A Reorganização Administrativa Territorial Autárquica (RATA) que agora se discute, mais do que uma verdadeira RATA, é um conjunto de alterações avulsas que têm na fusão das freguesias a sua bandeira.

Para que fique claro, eu não defendo a imutabilidade dos sistemas político-administrativos. Antes pelo contrário. Considero que os sistemas se devem adaptar à realidade e às exigências de progresso. Mas também defendo que uma RATA, seja ela qual for, só deve ser considerada se forem verificadas três premissas prévias: for provada necessidade da reforma; existirem recursos e tempo para efectivar uma reforma séria e adequada; houver vontade de promover a reforma por via democrática. No momento actual, nenhuma dessas três premissas se verifica.

Não existe nenhum estudo sério, nenhum trabalho científico que apoie as vantagens da fusão das freguesias em Portugal. Sim, porque é só disso que esta RATA fala. Os defensores do sim apontam várias vantagens para a fusão, todas elas assentes em convicções pessoais e não em estudos concretos. Assim, corre-se o risco de entrar numa espiral de tentativa-erro que conduz, inevitavelmente a maus resultados.

Dizem-nos que a fusão permite as freguesias ganharem escala e, consequentemente, massa crítica. É verdade. Mas a pequena escala permite um melhor conhecimento da realidade e pode aumentar a eficácia. Dizem-nos também que na maioria dos países da Europa não existem freguesias. É verdade. Mas a maioria dos países europeus tem municípios mais pequenos que as nossas freguesias. Aliás, dos 27 países da União Europeia só seis (Reino Unido, Dinamarca, Lituânia, Irlanda, Países Baixos, Grécia, por esta ordem) têm uma malha administrativa mais larga que a nossa. Não há, pois, qualquer relação entre racional entre o nível de desenvolvimento de um país e o desenho administrativo territorial.

Não há tempo nem dinheiro para fazer uma reforma administrativa séria. Neste momento o país deveria ter outras prioridades que não esta. Apresentar uma proposta atabalhoada, para ser discutida em tempo “record” apenas para agradar à troika tem um fim previsível: não vai conduzir a lado nenhum. Se a ideia do governo era a de promover uma discussão inócua, conseguiu.

Mas isso não significa que se arrume o assunto na gaveta. É importante que a discussão continue, se aprofunde, potencie estudos sérios e num futuro próximo se possa estar aqui a debater uma RATA diferente. Uma RATA promovida numa base de honestidade intelectual, necessária ao país, feita com as nossas convicções e que possa vir a ser aprovada democraticamente pela nossas instituições.

Tal como está a RATA é desonesta e muito pouco séria. Na conjuntura actual, forçar uma reforma, necessariamente difícil e complexa, motivada por argumentos difusos e pouco fundamentados, é uma asneira.

25 de setembro de 2012

A sociedade civil e os políticos

Os nossos políticos têm medo de ouvir o povo. Medo não, pânico!

Como é público, o Farpas vai promover o seu primeiro debate no Hotel Cardal. O espaço não poderia ter sido mais bem escolhido: é central, confortável e a sua gestão é profissional e muito simpática. A forma como acolheram a iniciativa foi exemplar.

Mas, verdade seja dita, a nossa primeira escolha recaiu sobre o Café-Concerto. Sendo gerido pela Câmara, pensámos nele como apropriado pois, vendo bem as coisas, é um espaço de todos. A resposta que recebemos ao nosso pedido foi: "Considerando que institucionalmente, os espaços municipais só são cedidos a entidades públicas ou privadas com fins públicos, conclui-se que esta actividade não se enquadra neste âmbito e como tal não poderemos agendar esta iniciativa."

É uma resposta indigna mas reveladora. Para que haja termo de comparação, em Coimbra estou envolvido num movimento em defesa da cultura. No dia 29 deste mês (Sábado) vamos promover um conjunto de iniciativas em vários espaços da cidade: ao ar livre; na Casa da Escrita (gerida pela Câmara); no Museu da Ciência (gerido pela Universidade); na Casa das Caldeiras (gerido pela Universidade); etc. Este movimento nunca se constituiu como associação e não é por isso que a Câmara e Universidade não disponibilizam os espaços. Mas não é preciso sair de Pombal para perceber a intenção da autarquia. Este ano, vários espaços municipais foram cedidos pela Câmara a equipas que estavam a colaborar na iniciativa "Um Dia pela Vida". Que eu saiba, essas equipas não estavam constituídas como associação.

Este processo mostra que a nossa sociedade civil tem mais maturidade democrática que os nossos políticos. Também confirma aquilo que já todos sabíamos: somos governados por um déspota.

A importância do debate

O primeiro debate Farpas é já amanhã e o tema não poderia ser mais apropriado: "A Reorganização Administrativa Territorial Autárquica". 

Como todos sabem, a Assembleia Municipal de Pombal prepara-se para decidir sobre a reestruturação do nosso mapa autárquico sem passar cavaco à população. Apesar do assunto ser de grande relevância, como atesta a interessante troca de ideias tida neste blogue em Fevereiro, os nossos políticos não viram vantagens em promover a sua discussão pública. E depois admiram-se de ser apelidados de déspotas iluminados.

23 de setembro de 2012

Um café e uma farpa

Mais de quatro anos depois de ter visto a luz da internet, este blogue vai agora sair do armário. A partir deste mês de Setembro - e sempre que a actualidade o justificar - o Farpas lança o debate ao vivo e em tempo real. A iniciativa chama-se "Um café e uma farpa" e será um espaço de discussão, com a duração de uma hora e meia (mesmo), sobre um tema actual, lançado por duas personalidades "da casa" ou de fora, com visões contrárias do tema, que dispõem de cinco minutos para apresentar os seus pontos de vista. A partir daí, inicia-se o debate que se pretende vivo e muito participativo entre todos os presentes e moderado por um dos membros do blogue.

Na próxima quarta-feira, dia 26 de Setembro, contamos consigo, caro leitor e comentador, para beber um café e debater connosco o tema proposto: "A Reorganização Administrativa Territorial Autárquica". O encontro está marcado para o Hotel Cardal, a partir das 21h.

21 de setembro de 2012

Chumbo na credibilidade que nunca existiu

O Tribunal de Contas chumbou as contas da Câmara de Pombal referentes aos exercícios de 2009 e 2010 porque houve um desvio de dinheiro, superior a 500 mil euros, por falta de mecanismos de controlo previstos na administração pública, por parte de um funcionário da inteira confiança do presidente da câmara.

As justificações de Narciso Mota são a prova de que nunca existiram e não existem, na câmara, verdadeiros mecanismos de controlo dos dinheiros públicos. Naquela casa as relações pessoais sobrepõem-se, sempre, às boas práticas de gestão. Os vereadores são “by-passados” e aceitam-no calados, mesmo correndo o risco elevado de serem accionados por incumprimento dos deveres do cargo. O quero, posso e mando não justifica tudo, e o calculismo tem limites.

Às 18, no Jardim

Só esta mobilização já constitui, por si, um facto memorável. Até logo ;)

16 de setembro de 2012

Uma lição de vida


Nos jornais, na TV e na internet circulam centenas de imagens que valem por todas as palavras que escrevemos e gritámos por este país fora na tarde de ontem. E é quando olhamos para cada uma delas que percebemos como é que, afinal, somos tão condescendentes com a pandilha.

O protesto de Leiria (fortemente participado por pombalenses), pode ser visto em galerias como esta. Lado a lado, gente de todos os quadrantes políticos saiu à rua para mostrar que está viva.
http://www.facebook.com/media/set/?set=a.505755939453332.129522.115612748467655&type=1
ou esta, do "nosso" Joaquim Dâmaso.
http://share.snacktools.com/AF5A6CCF8D6/pz1j299k

Manifestação, festa e agressão


As manifestações dos socialistas e dos outros da esquerda são umas festas, onde aproveitam para proferir uns insultos e destruir umas esplanadas ou agredir uns polícias. São também umas orgias… Para eles, só a esquerda pode estar no governo. O FMI é detestável por emprestar dinheiro que eles próprios pediram: há que morder ou cuspir na mão que dá o pão…
Quando Sócrates tomou posse como 1º ministro, a comunicação social andou 3 anos a falar no “estado de graça” e a defender as mediadas políticas do governo até o levar a novas eleições, enquanto o “estado de desgraça” do país avançava. Quando Passos Coelho tomou posse no governo do país depauperado, a comunicação social começou logo a desancar nos membros do governo. Faz-me lembrar uma administração de uma empresa que a saqueia, que é demitida e que, passado algum tempo, aparece a responsabilizar a nova administração.
Os beneficiários do produto dos impostos, da esquerda e da direita, sabendo das medidas políticas previstas para redução do valor das reformas douradas e de outras sinecuras, como as receitas das fundações, logo trataram de usar o único argumento da única medida governamental que parece impopular, o aumento da TSU, para desancarem no governo. Exemplo desta actuação foi (Matusalém) Mário Soares, o qual apareceu a defender, sem o dizer, as suas reformas douradas, o seu estatuto remunerado de professor universitário convidado, de que nunca vai ou foi dar aulas (professor catedrático 0%), a continuação do uso dos recursos do estado para se fazer transportar e para garantir a sua segurança, a continuação das receitas para as 2 fundações de que ele e esposa são titulares, a partir dos nossos impostos, onde vai depois buscar as mesmas receitas, etc… Claro que ele e outros como ele, de esquerda e de direita, estão muito revoltados “com o aumento da TSU” e exigem a queda do governo.
Este governo apenas peca por falta de coragem em ir muito mais depressa e muito mais longe. Porém, com manifestações assanhadas na rua e, sobretudo, com os membros do Tribunal Constitucional a chumbarem as leis e a defenderem as suas remunerações e privilégios, não sei se há governo PSD que alguma vez possa governar o país. Não sei se a bancarrota pode ser evitada…

12 de setembro de 2012

Mais um prego



Acto: Pub. - Sentença Declaração Insolvência 

Referência: 3178595 
Processo: 1220/12.0TBPBL, 2º Juízo 
Espécie:  Insolvência pessoa coletiva (Requerida) 
Data: 12-09-2012 



Insolvente: Anotando - Sociedade Editora Lda 
        

Por outras palavras, a empresa que é dona (presumo que ainda o seja) d'"o Correio de Pombal" foi decretada insolvente, ou seja, incapaz de cumprir as suas obrigações. 
 
Não quer isto dizer que o Jornal deixe de ser publicado imediatamente ou que não venha um plano de recuperação a ser aprovado, mas parece ser mais um prego no caixão da comunicação social em Pombal, no que concerne à capacidade de informar. Caixão esse que é mais formal que material, pois não é preciso ser-se especialista na arte de informar, mas apenas na arte de ser informado, que a boa vontade (e alguns casos de abnegação) só não chega para garantir um jornal. 
 
Assim se avança para o fim da comunicação social escrita em Pombal. Alguns dirão que mais vale, atendendo ao que existe/existia. Outros, muito mais, lamentarão. O espelho de uma terra também é feito da órgãos de informação que ajudam aos laços de comunidade. Mais uma herança deste 20 anos e de equilíbrios com o poder, projectos que não estão alinhados com as expectativas dos seus destinatários, conjectura geral de crise? Independentemente do diagnóstico e das responsabilidades que se queiram apurar, a triste realidade poderá ser esta. Há quem continue a informar em Pombal e na região (e ainda bem), mas um jornal não é apenas um adereço, é algo que informa com base em factos. E isto quando se faz bem, é bom. Para a comunidade. Para todos.

9 de setembro de 2012

O imbróglio da Feteira

A população da Féteira de Carnide acusa Narciso Mota os ter a enganado porque lhes prometeu, em reunião pública, que os limites históricos da freguesia se manteriam e não cumpriu. Em vez disso alinhou com as pretensões do presidente da junta da Ilha que queria e, pelos vistos, conseguiu apropriar-se de uma parte do lugar da Feteira. O presidente da junta de Carnide – vá lá perceber-se porquê – não se opôs.
Indignados e abandonados ao seu destino, a população avançou para os tribunais. Entrepôs processos contra a Câmara Municipal e contra as Juntas de Freguesia de Carnide e da Ilha no Tribunal Administrativo de Leiria para pedir a correção dos limites da Freguesia.
Já sabemos o que nos espera: a CMP vai litigar, como de costume, até ao tribunal constitucional. E nós pagamos.
Não havia necessidade!

8 de setembro de 2012

Apenas para lembrar o que está em jogo


‎"Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a procura da felicidade. 
Que a fim de assegurar esses direitos, governos são instituídos entre os homens, derivando seus justos poderes do consentimento dos governados; que, sempre que qualquer forma de governo se torne destrutiva de tais fins, cabe ao povo o direito de alterá-la ou aboli-la e instituir novo governo, baseando-o em tais princípios e organizando-lhe os poderes pela forma que lhe pareça mais conveniente para realizar-lhe a segurança e a felicidade." 

4 de Julho de 1776


Por vários motivos tendo andado arredado aqui do blog. Mas mesmo sem mais um anúncio de medidas de austeridade (que me abstenho de adjectivar, para já, e sobre o contexto político, quem me conhece sabe que tenho critério de estabelecimento de paternidade que ascendem a 3 décadas, pelo que me recuso a entrar, também para já, em jogos de culpas), sentia que era a altura de voltar a juntar-me aos meus camaradas e companheiros de blog e ilustres comentadores que têm chamado e comentado à colação vários assuntos que fazem jus ao espírito desta casa. E que pelo menos 300.000 € já conseguiram fazer poupar.

Mas essencialmente regresso porque se abre o último ano de um ciclo de 20 anos e começa a ser altura de um balanço e de uma antevisão. Não será missão fácil, mas é obrigatória, porque a exigência que uns alegam que praticam, tem de ser aquela que nós, pombalenses e eleitores, temos de colocar em prática para perceber bem o que foi feito e o que tem de ser feito, ainda que as conclusões sejam divergentes. O respeito por opinião alheia, uma das vítimas desta governação de 20 anos, bem como o insulto fácil ou a cortina de fumo utilizados amiúde para inviabilizar discussões, não nos devem afastar do essencial, que é perceber como se governou e que herança se deixa para o futuro.

Nesse aspecto, a frase que cito, velha de 236 anos, tem todas as pistas para perceber o que queremos e devemos exigir, contextualizando obviamente a questão do abolir ou alterar, entendendo-se por isso o participar, exigir, reivindicar, mudar, tal como muitos fazem neste Concelho. Infelizmente, a minoria. Porque isso não é por em causa a legitimidade de quem governa, é reforçá-la e responsabilizá-la. Porque, mais uma vez, contemporizar com desresponsabilizações constantes ou obras que não se percebem é um dever de cidadania. Que não é nosso (Farpas) monopólio, mas que, por forças que não percebemos (ou percebemos e não queremos crer) cada vez menos têm fóruns próprios para serem manifestadas. 

Haja agora a coragem de exigir mais e melhor que nos últimos anos foi esquecida. Porque é a preparar os anos que aí vêm, tendo em conta os erros e acertos do passado, que se consegue mais e melhor. Não é a aceitar qualquer cozinhado ou posição pré-eleitoral (do poder ou da oposição) participado apenas por meia-dúzia que se pode dizer que se legitima o consentimento dos governados.

6 de setembro de 2012

A solidariedade que aqui mora

A Joana Benzinho é de Pombal e está a fazer um trabalho notável ao leme da associação "Afectos com Letras", que desde 2009 recolhe a partir daqui tanto do que nos sobra, e que na Guiné-Bissau tanto falta. Sem alaridos nem exibicionismos, sediou a ONG no Escoural e trocou os holofotes locais pelos sorrisos dos que quase nada têm. A filha do mítico presidente Guilherme Santos integra o rol dos "pombalenses excelentíssimos" que só é reconhecido lá fora, injustamente.