31 de dezembro de 2012

Em tempo


Depreendo, portanto, que Narciso Mota e Rodrigues Marques, já que apareceram junto da mais visível demonstração de desagrado com a dita reforma (mal enxertada, diga-se) também cabem nesta descrição. É que se não é isso, parece. Quando o que deveria parecer é que uma reforma (necessária na minha opinião) mas mal construída e justificada, merece ser sempre repudiada.

Sobre a Acta incompleta/editada/seja o que for bem andou a mesa (mal seria) em retirá-la da ordem de trabalhos para posterior votação. O bom senso, que nem sempre impera naquela casa - a lista de exemplos é enorme e tem anos - aqui prevaleceu. Ao menos isso. Mas é cada vez é um menos mais pequeno.

Aproveito para desejar que 2013 seja um ano melhor para todos do que aquilo que se espera. Sem milagres e com muito realismo. Mas com esperança, que é aquilo que muitos, de várias cores, se entretiveram a  tentar matar.

30 de dezembro de 2012

Narciso comunista?


Já sabíamos que Narciso Mota defendia a despesa e o endividamento públicos para fazer funcionar a economia. Já sabíamos que defendia e praticava a oferta de emprego no estado e a atribuição de subsídios e apoios públicos a associações e a empresas. Ao findar o ano de 2012, aquando da manifestação contra a agregação de freguesias, ficámos a saber ainda que Narciso Mota era um feroz opositor ao Governo do PSD e um revolucionário, que organizava manifestações conjuntamente com a esquerda radical, para onde até mobilizava os seus vereadores, e que se manifestava ao som do hino do PCP “avante camaradas” e do hino da “internacional socialista”.
Ora vejam lá as voltas que a vida dá…

29 de dezembro de 2012

E agora... para algo completamente...novo?

A notícia do Jornal de Leiria desta semana vem lembrar-nos que a costela de Entroncamento que domina Pombal está ao mais alto nível.
Sendo assim, o reeleito presidente da Associação Distrital de Atletismo de Leiria (ADAL), o veterano dirigente Aníbal Carvalho, vai tomar posse do cargo habitual pelas 20 horas de hoje, sábado, numa cerimónia agendada para Pombal. Agora pasme-se no local da "cerimónia": o refeitório municipal. Certamente não haveria outro espaço disponível para o evento, a avaliar pela intensa actividade lúdica e cultural da cena pombalense. Ou então a comitiva vai fazer uma corridinha primeiro, ali ao lado, na pista, e entre dois pingos de suor e umas larachas aproveita para dar posse aos novos  corpos gerentes daquela prestigiada instituição.
Mal por mal...antes Pombal, não é assim?


27 de dezembro de 2012

Mais um prego...

Ele há actas da Assembleia Municipal que demoram a aparecer para se colocarem apartes, e agora há uma acta da última Assembleia Municipal para aprovação amanhã, dia 28, que está editada/depurada/censurada/extirpada (deixo à vossa consideração sobre qual a melhor qualificação a aplicar ao caso) de intervenções, para, aparentemente se conseguir justificar uma determinada posição sobre a agregação de freguesias. Não é uma questão de forma ou de conteúdo, embora puxe mais para este lado. É sobretudo de responsabilidade, para ficar por aqui. De quem gere um órgão, de quem é membro e que com isto compactua. E mais um triste espectáculo que, numa altura de diabolização da política, era perfeitamente dispensável. Depois indignem-se com as perguntas que se fazem sobre a necessidade deste e daquele órgão. Com exemplos destes, esperam mesmo que os cidadãos se revejam em quem os representa?

22 de dezembro de 2012

21 de dezembro de 2012

Subsídios (XIV)


Em OUT/12, a CMP deliberou, por unanimidade, apoiar a ADILPOM, com dois subsídios:

- Um para as despesas com o Centro de Negócios, no montante de 44.218 €;

- Outro para despesas com diversas atividades, no montante de 25.050 €.

A ADILPOM revela um enorme dinamismo na recolha de subsídios. Se revelasse o mesmo dinamismo no cumprimento da sua, suposta, missão; Pombal seria um oásis económico.

Subsídios (XIII)


Em OUT/12, a CMP deliberou, por unanimidade, apoiar o Centro Social de Paroquial da Ilha, na realização de arranjos exteriores ao Lar, com um subsídio de 50.836 €.

Muito bem!

18 de dezembro de 2012

Isto aos bocadinhos vai lá

Nos concelhos à volta, quando não há verba para contratar iluminações de Natal (sempre gostava de ver essa poupança traduzida nalguma coisa de verdadeiramente útil...), as Câmaras lançam desafios à comunidade para que a criatividade passe pelas ruas. Mas para que isso aconteça é preciso que o executivo não saiba tudo, não possa tudo, e tenha algum interesse em alegrar a vista e a alma da terra. Ou então, nos casos em que os comerciantes ainda mandam alguma coisa, eles próprios se organizam entre si para trazer algum brilho às cidades já tão ensombradas por estes dias.
Acontece que nem tudo é normal em Pombal ocidental, nem oriental. E por isso, num ano em que é preciso poupar para obras grandiosas como o estádio das Meirinhas (já adjudicado, a propósito...) e para os subsídios (ahhhh, os subsídios!) quase não sobrava um tostão para pendurar uma gambiarra numa árvore. Ou então...isto faz parte de um jogo natalício para aguçar a felicidade das crianças, em que cada dia se vai acendendo uma luzinha: primeiro foi o edifício da Câmara, depois a Pérgola, agora uma palmeira onde chovem pontos de luz. Moral da história: nem toda a Luz desaparece para sempre ;)

16 de dezembro de 2012

PDM de Pombal


Num Jornal de Leiria li, na 1ª página, o anúncio de uma notícia da página 12, onde dizia: “Pombal, proposta de pdm regulariza tudo o que está ilegal”.
O título da 12ª página dizia: proposta votada por unanimidade na câmara, novo pdm de Pombal legaliza tudo.
Analisando depois o texto da notícia da página 12, verificámos que o conteúdo foi retirado de uma entrevista de Adelino Mendes, líder do PS de Pombal.
A 1ª impressão foi a de que afinal o crime compensa, de que a lei não é para cumprir e que quem cumpriu a lei é “anjinho”. Depois lembrei-me da cultura este país, melhor das obras feitas por ordem verbal dos edis, com o “faça”, faça”, e da necessidade de “apagarem” as suas irresponsabilidades.
Finalmente, interroguei-me sobre as razões de Adelino Mendes fazer de porta-voz do executivo camarário do PSD. Depois lembrei-me de que ele, o presidente da Câmara e alguns vereadores do PSD estiveram na organização e na participação da recente manifestação contra o governo PSD. Lembrei-me também do emprego de Adelino Mendes na “Ambipombal, empresa que, no seu início, teve a Câmara Municipal como um dos seus principais clientes”, questão que já aqui abordámos anteriormente…
Que mais pensar sobre promiscuidade ou credibilidade?!

15 de dezembro de 2012

Subsídios (XI)


Em AGO/12, a CMP deliberou, por unanimidade, apoiar o Orfeão de Leiria, na realização do Festival de Musica de Leiria, com um subsídio de 1.500 €.
Muito bem!

14 de dezembro de 2012

Subsídios (X)


Em AGO/12, a CMP deliberou, por unanimidade, apoiar a Sociedade Filarmónica Louriçalence,  na realização do encontro de bandas do concelho, com um subsídio de 3.500 €.
Muito bem!

Subsídios (IX)


Em AGO/12, a CMP deliberou, por unanimidade, apoiar o Corpo Nacional de Escutas – Agrupamento 674 Pombal na participação do seu contingente no XXII ACANAC com um subsídio de 1.000 €.
Muito bem!


Subsídios (VIII)


Em AGO/12, a CMP deliberou, por unanimidade, apoiar o Centro Social Recreativo e Cultural de Barbas Novas, na realização de obras na cozinha, com um subsídio de 2.000 €.
Muito bem!

Subsídios (VII)


Em AGO/12, a CMP deliberou, por unanimidade, apoiar a Associação Recreativa e Cultural de Pousadas Vedras, na realização de obras no seu edifício sede, com um subsídio de 3.000 €.
Passo por ali todas as semanas e constato o enorme potencial recreativo e cultural daquele lugar.
Muito bem!

Memória selectiva

Rui Benzinho (Santos), filho varão de Guilherme Santos, publicou ontem através do Facebook um texto curioso:

UM TEMPO


Faz hoje, para os menos atentos, 30 anos que o Partido Socialista conquistou democraticamente a Câmara Municipal de Pombal. Tinha á cabeça um líder…Guilherme Santos.

Permitam-me que diga, afiado o tempo e peneiradas as expectativ

as, que tinha um projecto que marcaria o concelho e a região. Não era um sacerdócio nem uma carreira, hoje prática corrente entre políticos. Era política pura e dura com missão, sem profissão no horizonte, antes a proposta de novos rumos políticos traçados com uma ambição desmedida e uma seriedade sem limites.

Uma manhã, uma curva, uma perda. Perdeu muito a família, perdeu também, permitam-me, o concelho de Pombal e a região.

Depois a história política do concelho foi sendo escrita, a avaliar por cada um, mas nunca conseguindo apagar uma memória e um projecto que continua válido. Branquear passado é difícil, quando os traços propostos continuam indeléveis em muitos homens e mulheres Pombalenses que ainda se revêm nas propostas apresentadas em 1982.

O Partido Social Democrata de Pombal terá sempre esta dificuldade para gerir, esperemos novos contributos que sublimem o passado exposto.

O Partido Socialista de Pombal, ao não evidenciar publicamente, mais uma vez, essa vitória de há 30 anos, projectando futuro, teve um lapso, que apenas entendo como uma falta que não é mais do que empurrar com a barriga para a frente, omitindo um passado que lhe é caro.

Nem todos têm a capacidade de “construir o presente com raízes no passado e olhos no futuro.” Infelizmente…

O texto do actual responsável máximo da Rádio Cardal é uma farpa assinalável, cravada à direita e à esquerda. Homenagem à parte (Guilherme Santos foi um homem muito à frente do seu tempo, que partiu tragicamente a meio do caminho, e disso ninguém tem dúvidas), vale a pena saudar o regresso à intervenção pública, num mês que lhe é caro: foi em Dezembro (mas de 1993) que, ainda muito jovem, ajudou entusiasticamente o PSD a recuperar a Câmara de Pombal. 

13 de dezembro de 2012

Subsídios (VI)


Em AGO/12, a CMP deliberou, por unanimidade, apoiar a Associação Cultural e Recreativa da Guístola, nas despesas com a construção do seu edifício sede, com um subsídio de 25.000 €.
Passo por ali todas as semanas e constato o enorme potencial cultural daquele lugar.
Muito bem!

Subsídios (V)


Em AGO/12, a CMP deliberou, por unanimidade, apoiar o Clube Cicloturismo de Pombal, nas despesas do passeio “14 horas a Pedalar”, com um subsídio de 1500 €.
Muito bem!

PS: agora, compreendo melhor porque é que os pedaladores pedalam tão eufóricos!

Subsídios (IV)


Em AGO/12, a CMP deliberou, por unanimidade, apoiar a Cercipom, nas despesas com lembranças para os conferencistas e outros convidados do encontro de literatura infanto-juvenil, com um subsídio de 450 €.
Muito bem!

Subsídios (III)


Em AGO/12, a CMP deliberou, por unanimidade, apoiar o Centro Social Paroquial da Ilha, nas despesas das férias da “Ilha do Sol 2012”, com um subsídio de 2.500 €.
Muito bem!



Subsídios (II)


Em AGO/12, a CMP deliberou, por unanimidade, apoiar o Centro Social de Almagreira, na realização de arranjos exteriores ao centro, com um subsídio de 50.000 €.
Muito bem!


Subsídios (I)


Em AGO/12, a CMP deliberou, por unanimidade, apoiar a Associação Recreativa e Cultural de Pousadas Vedras, com o fornecimento de materiais, no montante de 1224 €, destinados à construção de um palco para as atividades culturais.
Faz muito bem. Passo por ali todas as semanas e constato o enorme potencial cultural daquele lugar. Já agora: porque é que não apoiam mais o vizinho lugar das Ereiras a concluir o seu salão de festas?

12 de dezembro de 2012

12-12-12

O projecto “One day on eart” convida-nos a filmar parte do nosso dia de hoje e submeter o vídeo para produção de um filme que dê uma perspectiva do que pode ser um dia no nosso planeta. Vamos pôr Pombal no Mundo?

11 de dezembro de 2012

Síntese do debate

Na sexta-feira passada o Hotel Cardal acolheu, simpaticamente, mais um debate da série "Um café e uma farpa". Para a sua gerência, as primeiras palavras de agradecimento.

A nossa proposta consistiu em colocar à discussão do tema “Imprensa de Pombal: morreu ou mataram-na?”. Com o desaparecimento de “O Correio de Pombal”, essa discussão tornou-se pertinente pois, pela primeira vez em 100 anos, Pombal deixou de contar com um jornal de âmbito concelhio.  

As intervenções iniciais (de 5 minutos) ficaram a cargo de Alfredo Faustino, a quem coube defender a tese do “morreu”, e de Paula Sofia Luz,  que assumiu a defesa do “mataram-na”. Percebeu-se imediatamente que o tema proposto, mais do que potenciar conflitos, foi gerador de consensos.  Tanto os defensores da “morte matada” como os da “morte falecida”, para citar o Daniel Abrunheiro, concordaram no essencial. A prova disso foi que, já o debate ia longo, a Sofia – uma jovem aluna de Comunicação Social – iniciou a sua intervenção com “concordo com tudo o que foi dito até agora”. Mas tal não significa que a discussão tivesse sido morna ou desinteressante. Antes pelo contrário. Puseram-se os “nomes aos bois” e debateu-se com profundidade.

Durante  hora e meia de discussão, foi caracterizado o cenário e identificados os protagonistas do enredo. E foram várias as causas apontadas para o infeliz desenlace. Destaco as que me pareceram mais consensuais: a falta de profissionalismo na imprensa local; a pouca disponibilidade das empresas para apoiar financeiramente um projecto jornalístico; uma classe política com sérios problemas em lidar com a crítica; um crescente desinteresse dos cidadãos, especialmente dos mais novos, pelos jornais locais, privilegiando novas formas de acesso à informação. Tudo isto num cenário de um país em forte crise económica e num concelho com pouca massa crítica.

Mas a riqueza do debate não esteve na constatação da tragédia mas sim nos tópicos que convocaram a reflexão. Este período de nojo em que vivemos, para usar as palavras de Carlos Camponez, deve fazer-nos pensar na grande importância que pode ter a imprensa local. O nosso sentimento de pertença à comunidade necessita de um espaço que dê eco às pequenas notícias, às festas populares, aos resultados desportivos, para já não falar nas secções de necrologia, dos aniversários, do cartaz do cinema e das farmácias de serviço.

Precisamos de uma imprensa regional de qualidade, comprometida com as causas sociais da comunidade em que vive e que saiba recuperar as redes locais de identidade. Uma imprensa regional gerida com rigor, que aprenda com a experiência e erros do passado e não se deixe deslumbrar com cintilantes modelos de gestão, muitas vezes desadequados. E, já agora, com jornalistas na redacção.

9 de dezembro de 2012

Imprensa de Pombal: a morte assistida

O segundo debate do ciclo "Um café e uma Farpa", que decorreu na sexta à noite, no Hotel Cardal, chamou à discussão uma plateia bem diferente daquela que tinha estado presente no primeiro encontro, em Setembro, sobre a Reforma administrativa. Voltou a confirmar-se a ideia de como renasce em Pombal a necessidade de debater ideias e coisas, e foi interessante contar com os contributos de jornalistas que há muito se afastaram do palco mediático. (As fotos estão na nossa página do Facebook).
"Imprensa de Pombal: morreu ou mataram-na" foi o mote para quase duas horas de discussão, na sequência das intervenções dos jornalistas Paula Sofia Luz e Alfredo A. Faustino, que aqui transcrevemos. Um agradecimento especial para o Carlos Camponez, professor de jornalismo na Universidade de Coimbra, que tem dedicado grande atenção às questões da imprensa regional, onde trabalhou, e cujas ideias partilhou no debate promovido por este blogue.
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Obviamente, mataram-na
Paula Sofia Luz


Pombal é tão peculiar que para contar esta história é melhor começarmos pelo fim:
O fim aconteceu oficialmente em Outubro deste ano, quando o último jornal em papel que restava, O Correio de Pombal, saiu pela última vez.
É discutível (em minha opinião) se ainda estava vivo. Faltavam-lhe há muito traços de jornal local, não raras vezes o que a edição continha em matéria noticiosa estava longe de corresponder ao que era a realidade da terra, o quotidiano do concelho. Faltavam-lhe entrevistas, reportagens, notícias de uma maneira geral. 
Em compensação sobravam-lhe anúncios cujo princípio de publicação contraria, em tudo, o que deve ser a linha editorial de um jornal local, aquele que chega às escolas, que devia incutir nos mais novos a ideia generalizada de informar, mas também de formar, pois é essa a dupla  missão da imprensa.
Mas a morte do Correio de Pombal  - e do  Eco (que dirigi durante quase nove anos) e do próprio Voz do Arunca não resulta apenas dos erros de gestão nem da sucessiva desprofissionalização do corpo redactorial, comercial e administrativo. Resulta também de um ADN próprio de Pombal, em que o poder político lida mal, muito mal, com a crítica, o tecido económico desvaloriza a importância dos media, os serviços raramente pagam assinaturas e os leitores, numa larga escala, optam por ler o jornal à mesa do café, sem o comprarem. 
E enquanto assim for, dificilmente algum projecto poderá sobreviver sem ceder a pressões (sejam elas políticas ou económicas), sucumbindo aos cortes da publicidade,  que é a principal fonte de receita  em qualquer jornal.
A este cocktail explosivo junta-se o factor proximidade, valor maior da imprensa regional, mas que é quase sempre um presente envenenado para quem ganha o pão através dos jornais ou das rádios locais.
E aí é o jornalista que faz de equilibrista na corda: se não és por mim, és contra mim. Então a forma mais fácil de acabar com a mensagem é matar o mensageiro. Pombal tem diversas histórias dessas para contar e algumas ainda por contar.
 Tem registo de humilhações públicas, para não falar dos processos em tribunal, que estavam na moda entre 2001 e 2005, sobretudo. E reconheço que talvez seja mais fácil viver de pancadinhas nas costas do que de olhares severos ou climas adversos.
Mas sendo Pombal apenas uma árvore da floresta, é preciso olharmos para o todo nacional: num país em que para abrir uma farmácia o responsável tem de ser farmacêutico, para abrir um infantário tem de ser educador de infância, mas para abrir um jornal qualquer um pode fazê-lo, não seria de esperar que o resultado fosse outro. 
Por tudo isto, quando me perguntam o que aconteceu afinal à imprensa de Pombal, só me ocorre dizer que obviamente, mataram-na.


*Foi jornalista na Rádio Clube de Pombal e n'O Correio de Pombal e dirigiu o jornal O Eco, em Pombal; foi jornalista e editora no jornal Região de Leiria; colaborou com os jornais "i" e Diário de Notícias. É actualmente jornalista freelancer.

A imprensa morreu
Alfredo A. Faustino



Pombal não passa de uma aldeia com pretensões a grande cidade. Com o desenvolvimento verificado nas décadas de 60, 70 e 80, passando de vila a cidade, perdeu as qualidades dos pequenos povoados e não conquistou as dos grandes centros; em contrapartida, não perdeu os vícios das aldeias e acrescentou-lhes os das cidades.
Pombal tem revelado não possuir massa crítica capaz de gerar a mudança, de sustentar projectos ambiciosos, sejam eles culturais, sociais ou empresariais. As associações nascem fruto de meia dúzia de vontades, normalmente com boas ideias; conseguem mesmo fazer “umas coisas”, mas, com o decorrer do tempo, acabam por estiolar, morrer, ou arrastarem-se com alguma, pouca, actividade, mercê de uns quantos carolas.
A imprensa local é também um pouco resultado dessas circunstâncias.
Pode surgir alguém que mostre interesse no lançamento de um jornal. Por norma, alguém com parcos conhecimentos do sector, julgando que lançar e fazer um jornal é o mesmo que comercializar um qualquer outro produto. Com os resultados que temos assistido…
Qualquer um, desde que disponha de dinheiro, pode ser proprietário de uma farmácia. Só que, para que este funcione, necessita de um licenciado em Farmácia. Com a imprensa, infelizmente, tal não tem sucedido. Um fulano regista uma “empresa na hora”, regista um título, contacta uma gráfica e põe um jornal na rua. As notícias vai busca-las à net, aos comunicados das empresas, das câmaras municipais ou dos partidos; pede a um ou outro amigo que lhe escreva uns textos a que chama pomposamente de crónicas (às vezes  num português sofrível), junta uma fotos e os primeiros números estão garantidos.
É este ainda o retrato de alguma imprensa no nosso país.
Faltam projectos com um mínimo de rigor e profissionalismo, feitos por quem perceba da poda, com garantia de um mínimo de independência.
E é aqui que chegamos, quando nos questionamos se a imprensa em Pombal – já que é aqui que vivemos e era aqui que gostaríamos de ter uma imprensa capaz! – “morreu” ou a “mataram”.
Estou dividido quanto a apontar uma causa concreta. Na minha opinião, os jornais de Pombal acabaram pelas duas razões, embora seja forçado a admitir que o último título “morreu por si”, por culpas próprias.
O jornalismo de causas pode prosperar durante um determinado período de tempo; depois, acaba por se desacreditar. Indo a um caso concreto: O Correio de Pombal nasceu do idealismo de alguém do sector, que pretendeu fazer um jornal a sério, empenhado, com uma informação de algum modo independente. Faltou-lhe, à época, o necessário suporte financeiro. Pombal e o seu meio empresarial não o acarinharam na altura devida e o jornal acabou por soçobrar, levando a insolvência ao seu proprietário. Passou por uma nova gerência (deslocalizada em relação a Pombal), manteve-se com altos e baixos perante algum desinteresse do empresariado local. Como do ponto de vista empresarial (o seu proprietário era, de facto, um gestor de empresas!), se tratava de um projecto pouco interessante, acabou por ser vendido a uma que, “da poda”, pouco entendia e que acabou por utilizar o jornal como um projecto pessoal, para conquista do “poder”, empenhando-se fortemente com uma candidatura autárquica. O Correio de Pombal deixava de ser um jornal independente, de informação local/regional, passou a ser “jornal de causas”, mas de “causas políticas”. Estava traçado o destino: a causa por que se batia o jornal, num ambiente político adverso, não augurava nada de bom.
Com o decorrer do tempo, encetou caminhos diversos, com avanços e recuos. Deixou de ser o jornal “do contra”, passou a fazer o jogo dos interesses instalados. A pouco e pouco, deixou mesmo de ser feito por jornalistas. No último ano da sua publicação, só com muito boa vontade se poderá considerar O Correio de Pombal como jornal.
No caso de O Correio de Pombal, não tenho grandes dúvidas, foi o jornal que morreu. Não o mataram, no sentido a que normalmente nós, jornalistas, damos ao verbo (mataram). Isto é: morreu por causas próprias e não por razões terceiras, normalmente tidas como pressões, sejam do poder político ou económico.
Aos possíveis interessados em ressuscitar um jornal em Pombal, permitam-me que lhes deixe um conselho: juntem um grupo de pessoas disposto a perder dinheiro, arranjem pelo menos alguém ligado aos jornais mas com algum traquejo, um ou outro jovem que queira “aprender” a ser jornalista e, pesados todos os contras (que são muitos) avancem com um projecto devidamente estruturado, com os pés assentes no chão. Deixem os idealismos de parte.
Para que não fiquem dúvidas, faço já o meu acto de contrição: não contem comigo, estou a ficar velho e descrente. O tempo dos sonhos foi sendo perdido com o decorrer do tempo. E os tempos que vivemos acabaram com a última réstia de fé que existia em mim! 


7 de dezembro de 2012

Hoje à noite

Pouco importa se os rumores de renascimento são verdadeiros ou falsos. Oxalá sejam verdadeiros, a coberto de boas intenções. Para já, importa discutir isto:


Autárquicas - candidatos


Nas próximas eleições, os eleitores irão desconfiar da grandeza e da facilidade das promessas e das soluções que forem anunciadas pelos candidatos autárquicos. Irão exigir explicações sobre a utilidade das obras e serviços, sobre a possibilidade da sua realização, sobre a garantia da existência de receitas e, sobretudo, sobre os encargos para os contribuintes e consequências sociais, nomeadamente a nível de pagamento de impostos ou do endividamento.
Os candidatos do PSD terão de ser claros e de saber apresentar e explicar projetos austeros e a necessidade de medidas impopulares impostas pela crise económica e social. Em contrapartida, os candidatos da oposição, nomeadamente do PS, não poderão fazer demagogia e aproveitarem-se dos efeitos da crise, que eles próprios criaram e para a qual recusam solução. 
Os eleitores, cada vez mais instruídos, sobretudo os mais jovens, irão exigir que os políticos falem verdade e que as suas condutas preencham níveis éticos elevados. Neste tempo de crise e de dificuldades para o futuro, os candidatos terão de ser transparentes e não poderão esconder-se por detrás do elogio, do pedantismo e da retórica, usando discursos “bonitos e redondos”, para gabarem atos e qualidades próprias ou do eleitorado e para evitarem tomar posição sobre os assuntos polémicos. A charlatanice e ou a cobardia não serão toleradas…

6 de dezembro de 2012

Pobre concelho


Muita gente acha que foram construídas demasiadas estradas. Talvez (tenho dúvidas que o dinheiro que se meteu nas estradas fosse melhor gasto noutro sítio). Mas pior do que construir estradas desnecessárias, é fazê-lo, e, de seguida, rasgá-las para enterrar o saneamento.
É o que se vê, por estes dias, por todo este concelho. Pobre concelho, não sai disto!

4 de dezembro de 2012

GPS na TVi

A brilhante reportagem da TVI (link abaixo) não mostra nada de novo aos mais atentos e interessados pela coisa pública, mas talvez desperte os mais distraídos e faça meditar os mais comprometidos ideologicamente com os méritos da gestão privada de serviços públicos. E tem o mérito de evidenciar claramente uma das formas de roubalheira organizada ao Estado (a nós), a fraude em que se tornou o ensino privado e os métodos modernos de exploração forçada.  

Pobre povo, que tem que carregar e sustentar tanto canalha, acorda! Eles não estão saciados. E agora, que o Estado está nas “lonas” querem que sejas tu a pagar-lhes diretamente. Acorda, por favor!

3 de dezembro de 2012

Manif em Pombal


A cidade de Pombal assistiu, na tarde de domingo, a uma manifestação contra o projeto de agregação de freguesias promovida por interesses e motivações espúrias.
É certo e sabido que os portugueses querem reformas apenas quando tragam sacrifícios para os outros. Quando as reformas afetam os nossos interesses e hábitos, somos contra. Contra é a posição mais fácil e a mais comum de quem não sabe nem deixa governar-se. Aliás, sabendo que o celeiro da quinta está vazio e que os campos não são cuidados e não produzem, exigem mesmo assim que o quinteiro lhes dê cereais e não aceitam fazer poupanças nem abandonar os seus hábitos de luxo ou de esbanjamento acima dos recursos disponíveis…
Adelino Mendes, vereador eleito pelo PS e dirigente local do PS, não tendo credibilidade e aceitação entre os militantes do PS e entre as populações, viu a oportunidade de mostrar que estava ativo. Carlos Lopes, outro vereador eleito pelo PS e membro da equipa de Adelino Mendes, auxiliou na atuação. Adelino passa a ir às freguesias falar com os Pesidentes de Junta sobre os protestos.
Quinta-feira, uma presidente de junta fala com o vice-presidente da Câmara a pedir a poio. Sexta-feira, Carlos Lopes reúne com Narciso Mota para recolher apoio. Adelino Mendes, Carlos Lopes e uma presidente de junta vão incentivar e persuadir um presidente de junta da zona oeste a participar e a mobilizar as populações locais para a manifestação. Rodrigues Marques expõe ideias confusas e usa linguagem extremista, como lhe é habitual e regressando ao seu passado de esquerda.
Narciso Mota promete empenhamento e apoio jurídico nas manifestações e nas hipotéticas providências cautelares. O homem que tanto fala de disciplina, de coerência, de lealdade e de integridade para exigir apoio aos seus dislates e desmandos, nunca mostra tais qualidades em relação ao seu partido e aos respetivos dirigentes. Parece que tem medo de que o responsabilizem pela solução deste projeto de agregação, face à possível defesa da existência de alguma freguesia, e preferiu ir a reboque de Adelino Mendes e do PS. Aliás, há poucos dias afirmava a um jornal de Leiria que as soluções do projeto eram aceitáveis. Agora toma posição ostensivamente contrária, como a que vimos na televisão. Na hora da despedida, parece querer deixar um PSD fraco…
Diogo Mateus, que dizia estar a fazer um estudo exaustivo sobre as vantagens da agregação de freguesias no concelho de Pombal e se exibia como o grande estratega de tal agregação, de repetente, rasgou os “papéis” que escreveu e passou a defender o contrário daquilo em que dizia acreditar. Andou pelas freguesias a apoiar a contestação. Aliás, parece ter-se submetido às posições de Narciso Mota, pois adota posições diferentes sobre os vários assuntos em debate, conforme se encontra ou não perante o seu presidente. O objetivo candidatura à presidência da Câmara Municipal exige muito contorcionismo… Que coragem, coerência e credibilidade terá como candidato e como presidente?
Micael António, vereador sem credibilidade social e política, teve a oportunidade de se colar a esta onda de populismo e de irresponsabilidade e de mostrar que era útil: passou a ir às assembleias de freguesia apoiar a contestação.
Grande parte dos presidentes de junta de freguesia nada sabem sobre a génese e a história religiosa das freguesias. Nada sabem sobre as causas da existência anómala de dois “níveis” poder autárquico, freguesias e municípios, em confronto com os outros países europeus, onde apenas existem municípios. Nada sabem e também não se informam para poderem informar os seus fregueses…
Assim estão os políticos locais do PSD e do PS. Mais me preocupam e desiludem os do PSD…
Da minha parte, defendo a agregação de muitas mais freguesias. Depois, a eliminação de todas as freguesia e a transformação em municípios mais pequenos ou maiores, conforme as necessidades, tal como funcionam noutros países…