28 de março de 2013

Nós e os outros



Ontem comemorou-se o dia mundial do teatro. Comemorou? Bem, em Pombal, pelos vistos, não. Já o mesmo não se pode dizer dos nossos vizinhos da Figueira da Foz, que assinalaram a efeméride com o início das suas XXXVI Jornadas de Teatro Amador.

Curioso é notar que foi precisamente o nosso TAP quem inaugurou o evento. E com honras de actuação no Grande Auditório do CAE! De facto, a Figueira não é Pombal. É verdade. A cidade tem uma forte tradição teatral e, pasme-se, até tem um vereador para a cultura. Diz quem ontem se deslocou à Figueira que nem sequer foi preciso esperar pelo séquito autárquico para dar início ao espectáculo. 

Ah, já me esquecia: na Figueira também souberam reconhecer o valor do grande escritor que é o Paulo Moreiras.

Estátua a Kim Jong-Mota


As obras de remodelação do Largo do Cardal estiveram suspensas. Poderia pensar-se que a causa seria a necessidade de avaliar e cuidar dos achados arqueológicos e do terreno. Depois não se verificou a presença dos técnicos do Município que têm conhecimentos sobre arqueologia e verificou-se que os terrenos de terra fértil (preta) passaram a ser misturados com brita.
Então pensei que a suspensão seria motivada pela necessidade de se alterar o projeto elaborado pelo arquiteto do regime a fim de se construir uma estátua de Kim Jong-Mota do tamanho do Colosso de Rodes. Sim, uma estátua colossal, cujos ombros sirvam de poiso a uma passarinha que esvoaça entre o Largo do Cardal e a ETAP e a outros passarinhos que esvoaçam no local. Uma estátua com dignidade, cujos olhos sejam lanternas para iluminarem a entrada dos paços do concelho e estejam vigilantes a indicarem o rumo ao delfim novo timoneiro.
Pouco importa se o caderno de encargos do concurso do projeto de remodelação da cidade elaborado pela empresa do regime previa, como um dos critérios de valoração das propostas, a afetação de um licenciado em determinada área. Sim, pouco importa que, em resultado do estabelecimento daquele critério, uma determinada empresa tenha ganho o concurso e que a EU tenha colocado a possibilidade de aplicar uma multa de €500.000,00 por violação das regras da concorrência. Pouco importa que o querido líder diga que o município tem dinheiro no banco por boa gestão e “atire” com os papéis para cima do seu “crítico” em jeito de vitória e omita que o saldo é a consequência do aumento da comparticipação dos fundos comunitários. Pouco importa a verdade.
O que importa a este povo é a estátua colossal do “querido líder”. Ele merece e o povo apoia e todos vão ficar muito felizes…

21 de março de 2013

Quem vê TV, sofre mais que no WC*

O Rotary Clube de Pombal tem feito um ano interessante em matéria de cidadania e serviço público.  Esta semana  volta a dar a sua contribuição para o debate de temas tão actuais como é o da televisão pública - por estes dias pontuado por mais um acto de pedagogia à la Relvas, como é o caso do despedimento de Nuno Santos: é preciso criar o terror.
Por isso, sexta à noite, um dia antes do comediante Fernando Mendes divertir uma sala esgotada no Teatro-Cine, o pequeno auditório recebe Luís Marques, o administrador da SIC que é natural de Abiul. É ocasião para sabermos tudo sobre pecados públicos...e privados da rádio e da TV.

*canção dos Taxi. Nos idos de 80'

19 de março de 2013

Pisar o risco

Entre a Igreja do Cardal e o estaleiro da obra de remodelação foi pintada, no solo, uma linha longitudinal contínua de cor amarela (provisória) a separar os dois sentidos de trânsito. Porém, alguns “titulares” dos pelouros municipais e alguns funcionários camarários quando conduziam as suas viaturas automóveis no sentido Largo do Cardal / Largo 25 de Abril e pretendiam mudar de direção à esquerda, para o parque das traseiras dos Paços do Concelho, paravam na rua, congestionando o trânsito e “pisando o risco”.
O executivo camarário deu ordens para pintar apenas alguns poucos metros segmento de linha contínua e uma outra linha descontínua paralela para permitir a mudança de direção para a esquerda…
Voltou tudo a ficar semelhante ao tempo anterior ao início da obra, antes do estrangulamento da rua. Também já há alguns anos, foi pintada uma linha descontínua para o mesmo efeito.
Todos são iguais, mas o edil e alguns vereadores e alguns funcionários camarários são mais iguais do que os outros: não podem maçar-se a contornar a “rotunda” do Largo 25 de Abril. Pisar o risco é só para alguns...

15 de março de 2013

Aconteceu...


Sexta-feira o meu irmão foi buscar a minha mãe ao Centro do Dia e levou-a a visitar a sua antiga residência. Sábado de manhã, depois de ter passado mais uma noite na minha casa, veio buscá-la para almoçarem na casa dela e passarem lá a tarde. O meu irmão detetou-lhe alguma prostração e arrastamento de voz, mas almoçou pela própria mão.
Porque a minha mãe tinha uma saúde frágil devido à idade (próxima dos 80 anos) e às sequelas de uma hemorragia cerebral ocorrida em 1990 inspirava alguma preocupação. Ao meio da tarde de Sábado o meu irmão decidiu levá-la à urgência do HDP.
Na triagem, após uma primeira observação, constataram que a minha mãe apresentava um ritmo cardíaco muito baixo (45 bpm). Censuraram o comportamento dos familiares por a transportarem de carro e cadeira de rodas, em vez de a levarem numa ambulância. A minha mãe ficou nas urgências para observação.
No domingo de manhã, o meu irmão ligou-me e pediu-me para me preparar para a receber. Tinham-lhe dado alta, apesar de, na opinião dele, estar muito pior do que quando entrou. Disse-lhe para aguardar até eu chegar ao hospital.
Na urgência pedi para ver a minha mãe e falar com o médico que a estava a seguir. Vi a minha mãe inconsciente - não me reconheceu - e sem fala. Inquiri o médico sobre o estado dela e sobre a alta médica. Disse-me que ela tinha vários problemas que eu já deveria conhecer (AVC, Alzheimer, …) mas que, para além disso, não tinha nada de preocupante. Tinha unicamente uma pequena infeção pulmonar e uma pequena infeção urinária que passava com um antibiótico que lhe tinha prescrito e que dava para os dois pequenos problemas, logo, tinha-lhe dado alta. Disse-lhe que não compreendia a alta porque a minha mãe estava muito pior do que quando entrou, e, em menos de 24 horas, o estado tinha-se agravado fortemente. Reagiu com alguma agressividade e reafirmou que ela tinha alta porque não tinha nada de grave, estava um bocado desorientada mas isso não me deveria surpreender porque, como eu deveria saber, ela tinha Alzheimer. Nisto, entra no gabinete um enfermeiro, intromete-se na conversa, corroborando a tese do médico e defendendo que o melhor para a minha mãe era a alta. Discordei da tese que atribuía a inconsciência da minha mãe a Alzheimer, porque, ainda há pouco tempo, a minha mãe tinha realizado um TAC para diagnosticar demência que não tinha revelado degeneração significativa. Perante a intransigência do médico e do enfermeiro relativamente à alta médica, pedi-lhes que, pelo menos, e porque era Domingo, me concedessem algum tempo (umas horas/um dia) para encontrar uma solução para a minha mãe. Reagiram com inflexibilidade: - a sua mãe tem alta e tem que sair, não vê que temos isto tudo cheio? (Sim, a urgência estava a abarrotar). O enfermeiro, para além da inflexibilidade e agressividade, recorreu à chantagem mais ignóbil. Disse-me e reafirmou que a minha mãe a partir daquele momento não receberia qualquer medicação porque tinha tido alta e perguntou-me se eu estava preparado para assumir a responsabilidade disso. Chocou-me! Disse-lhe que nunca imaginaria ouvir aquilo de um profissional do SNS e preferia não lhe responder. Tenho, infelizmente, recorrido muito ao SNS, nomeadamente com a minha mãe. Os meus amigos sabem bem que tenho/tinha uma excelente imagem do SNS. Este caso abalou-a.
Perante a inflexibilidade daqueles profissionais pedi, na receção, para falar com o Diretor Clinico do Hospital (disseram-me que não estava) ou com alguém que mandasse no hospital. Passados alguns minutos colocaram-me em contato com uma jovem médica que, por acaso, seguia a minha mãe nas consultas externas. Pediu-me desculpa pelo sucedido e disse-me para ir almoçar com calma e voltasse mais tarde, que ela, entretanto, iria reavaliar a situação.
Voltei ao fim da tarde. A jovem médica recebeu-me e disse-me que já tinha reavaliado a situação e que a minha mãe estava com problemas cardiorrespiratórios e uma infeção urinária. Para além disso iria pedir um TAC para perceber se tinha feito AVC.
No Domingo há noite a minha mãe seguiu para Leiria para fazer TAC e regressou segunda-feira ao início da manhã.
Segunda-feira, ao início da tarde, falei com a médica na urgência. Disse-me que o TAC não revelou novas lesões cerebrais mas a minha mãe tinha uma grave infeção pulmonar pelo que iria ficar no SO.
Na terça, quarta e quinta-feira fui vendo a minha mãe, sempre inconsciente, na luta contra a morte. Os diferentes médicos descreveram-me sempre um quadro clínico grave, de prognóstico reservado, com falha de vários órgãos (pulmões, rins, coração).
Ontem, quinta-feira ao fim do dia, uma senhora do hospital ligou-me e, depois de uma breve introdução, disse-me: a senhora Joaquina morreu.
Não sei se ouve erros significativos de avaliação e decisão. Não culpo ninguém pela morte da minha mãe. Sei sim, que não se comunica desta forma com os doentes e os seus familiares.

PS1: Nunca imaginei escrever este post. Não gosto da temática, do estilo e muito menos do conteúdo. Mas ontem à noite encontrei, por acaso, o tal enfermeiro na urgência. Perguntei-lhe se se recordava do episódio de domingo comigo. Disse-me que sim. Perguntei-lhe então se já tinha feito uma análise crítica ao sucedido. Disse-me que sim, falou, falou, justificou-se, justificou-se, …, com a baixa médica. No final perguntei-lhe se achava que em algum momento tinha errado. Disse-me, na presença do segurança, que não. Cumprimentei-o e vi-me embora ainda mais desalentado. Escrevo isto para mostrar como está a funcionar a urgência do nosso hospital.
PS2: Agradeço, em nome da minha mãe, ao Dr. João (o das barbas) o seguimento que fez da minha mãe nos últimos anos. Talvez não lhe tenha prolongado a vida, mas melhorou-lhe a qualidade de vida. Obrigado.
PS3: A vida nos últimos tempos não me tem corrido nada bem. Agora passei a ser o último da fila. É altura de repensar tudo. E suspender, por uns tempos, a participação ativa neste espaço.

14 de março de 2013

Operação limpeza

A Câmara Municipal vai contratar a empresa igualmente municipal PMU Gest para limpar um conjunto alargado de edifícios públicos. A coisa vai custar-nos qualquer coisa como 285 mil euros. Mas o presidente garante que a adjudicação é um bom negócio, pois que “se não existisse a PMUGEST teríamos de contratar pessoal no quadro da Câmara para o efeito”. Se ele garante, está garantido. 
Ainda bem que existem esses laços familiares municipais que nos ajudam a mobilizar a economia em tempos de crise, poupando uns cobres. Ainda bem que a transparência é amiga da eficácia, salvaguardando que não nos acontece a pouca-vergonha que se vê noutras câmaras, noutras empresas municipais, em que as segundas servem quase só exclusivamente para contratar quem as primeiras não podem, por imperativo legal. Ainda bem que isto é Pombal.

12 de março de 2013

Da série vergonha na cara.


"Cavaco homenageia o homem a quem há 20 anos recusou pensão". Alertam-me para esta notícia. Imediatamente vem-me à cabeça uma palavra: nojo. Toda a podridão e hipocrisia de um dos pais do regime e do próprio regime que levou esta III República à exaustão está patente nesta atitude. Este PR foi aquele que disse, além de outras alarvidades, que era preciso nascer muitas vezes para ser tão honesto quanto ele. Não é. A prova provada é que ao Homem a homenagear lhe bastou nascer uma vez para ser muito mais num dedo do pé do que o PR algum dia será em sucessivas reencarnações. E sim, isto é uma provocação. Não a qualquer património de esquerda ou de direita, já que Salgueiro Maia, o último grande português, mostrou bem o que é dedicação, espírito de sacrifício   e servir e não abusar do lugar que se ocupa. É uma provocação a todos os que não desistem de criar um futuro diferente neste país. Um que nos afaste dos becos sem saída para onde temos sido encaminhados.

11 de março de 2013

justin bieber e a crise


Dizem que há crise! Pois dizem, mas um cantor chamado Justin Bieber, com cara efeminada, vem a Portugal e as adolescentes saloias já acampam à entrada do pavilhão, onde vão permanecer durante duas semanas a esperar e a fazer juramentos de amor ao seu “grande” ídolo.
Não estamos em tempo de abundância nem de férias escolares, mas os papás saloios suportam os custos e toleram as faltas das filhas saloias às aulas, para elas melhor poderem "aprender" a "cultura" da moda, do esbanjamento e da ociosidade. Toleram e pagam, porque também eles passaram a adolescência e a juventude atrás de quimeras e a adorar “vacas sagradas” e outros ídolos.
Temos de facto uma crise bem profunda…

8 de março de 2013

E é outra vez Dia Internacional da Mulher


Não sei bem qual delas admiro mais: se a minha avó Maria, que pariu 13 filhos sozinha e ainda ajudou a nascer meia Moita do Boi; se a minha avó Leontina, que pariu apenas 10, oito dos quais ao lado da minha mãe, numa esteira, no chão. Que percorria os 20 km que separam Antões de Pombal com um cesto de laranjas à cabeça, para vender nos tempos de fome; se a avó do meu homem (que também foi muito minha, nos anos em que convivemos), que ficou viúva aos 32 anos, com cinco filhos e sem qualquer ajuda; ou a minha mãe, uma muralha à prova de tudo.
Na minha família as mulheres têm tão mau feitio que nunca nenhum homem ousou desafiar-lhes limites, nem pisar o risco. Se o fizesse, tenho a certeza de que acabava partido aos bocados. Sempre ganharam o seu próprio dinheiro, sempre trabalharam muito, em casa e no campo, nas casas dos outros, nas fábricas, nos escritórios, nas escolas, onde houver trabalho e onde for preciso. Nunca os homens ousaram mandá-las calar, porque qualquer um que se aproximou delas percebeu ao que ia.
A minha mãe sabe que eu não concordo nada com a forma como a maioria decidiu assinalar o Dia Internacional da Mulher* e não se rala nada com isso. Logo à noite lá vai ela para um desses jantares, que  dinamizam a economia neste concelho a cada 8 de Março. 
Depois há muitas que eu admiro, à minha volta, e que nunca são evocadas nos poemas nem nas músicas. Luísas de muitas calçadas que nunca desistem. Seria nessas que pensava madre Teresa de Calcutá quando escreveu estas linhas:
Tenhas sempre presente que a pele se enruga, o cabelo branqueia, os dias convertem-se em anos …
Mas o que é importante não muda; a tua força e convicção não têm idade.
O teu espírito é como qualquer teia de aranha. Atrás de cada linha de chegada, há uma de partida.
Atrás de cada conquista, vem um novo desafio.
Enquanto estiveres viva, sente-te viva.
Se sente saudades do que fazias, volta a fazê-lo.
Não vivas de fotografias amarelecidas…
Continua, quando todos esperam que desistas.
Não deixes que enferruje o ferro que existe em ti.
Faz com que em vez de pena, te tenham respeito.
Quando não consigas correr através dos anos, trota.
Quando não consigas trotar, caminha.
Quando não consigas caminhar, usa uma bengala.
Mas nunca te detenhas!
 *em quase cinco anos de Farpas, julgo que é a primeira vez  que me refiro ao Dia. Sei que muitas mulheres aqui vêm, embora muito poucas se mostrem.  Entrem, sem medo. Esta casa também é vossa.

6 de março de 2013

AM repudia RM


Leio, mas não acredito.
Na AM (de Pombal) cada um diz o que quer e quem mais pode mais diz. Rodrigues Marques faz parte dos que dizem tudo o que querem e, às vezes, o que não querem. Neste caso disse, só, o que queria. E o que queria ele? Que o PS barafustasse e criasse o ambiente para que o Diogo Mateus dissesse o que disse.
O PS foi no engodo. O presidente da AM não percebeu, disse e desdisse-se.
Tático, o sacana*! Começou a campanha, e os golpes.

*Sem conotação agressiva, antes pelo contrário.