30 de junho de 2011

Vai sacudir, vai abalar...

O Bodo vai regressar este ano à normalidade, pelos vistos. Não porque a Câmara tenha tido um assomo de consciência, mas porque a manta de retalhos está a ficar demasiado curta, e então passamos já da fase em que nos embrulhamos nela até tropeçar para esta, em que esticamos e...ela nunca chega.
A mim não me faz grande impressão que só haja dois palcos em vez de três (como tão bem explicou o senhor presidente aos microfones da rádio). Até poderia haver só um, sim. Continua a impressionar-me mais que tenhamos gasto tanto dinheiro em anos anteriores, numa espécie de competição bacoca com a Expofacic. Que não deu em nada, como se vê.
Porém, parece-me que enfiar todo o Bodo no Largo do Arnado vai ser mais ou menos com querer colocar o Rossio na Rua da Betesga (o Alfredo Faustino usava sempre esta imagem e eu continuo a achar o máximo). Não percebo porque não pode o palco voltar para o Largo da Biblioteca. Já compreendo que se poupe o Estádio e nos poupem a nós, do Estádio (a propósito, isto vai dar outro post...).
Com isto hão-de ganhar os meninos que frequentam a APEPI. Já estou a imaginar as tardes non-stop, nos dias de quinta, sexta e segunda!
E ganha o povo, claro, que voltará a cantar com o Toni Carreira de borla.

Já agora

Programa do Governo, pág. 49

Ordenamento do Território
- Promover um território inteligente, actualizando as políticas de urbanismo e ordenamento do território;
- Promover um território facilitador da mobilidade social, actualizando os regimes de arrendamento e de reabilitação urbana;
- Promover um território competitivo, através de políticas para a maior competitividade e o maior bem-estar;
- Promover a justiça e a competitividade associadas ao território.


Vá lá que não é um território charneira. E mais uma vez, curioso para ver no que isto dá... aqui e por aí.

29 de junho de 2011

Quero ver isto em prática no "meu" Pombal...

Programa de Governo, página 9:

O Governo compromete-se também a “despartidarizar” o aparelho do Estado e a promover o mérito no acesso aos cargos. Neste âmbito, o Governo preparará nova legislação que estabeleça um sistema independente de recrutamento e selecção.

26 de junho de 2011

A torrar na sertã de Pombal

Foram executadas obras junto ao castelo de Pombal, onde foram aplicados muito betão e muita chapa de aço. Tudo planeado para deixar a “pegada” dos autores durante muitos anos…


Poderia e deveria ter-se efectuado obras com madeira tratada e outros materiais naturais de baixo custo, de forma a fazer-se poupança dos recursos dos contribuintes, a respeitar-se a história e a harmonização arquitectónica e a dotar-se o local de uma infra-estrutura funcional.


Do conjunto das edificações, inúteis e anacrónicas, podemos destacar o bar, em cujo interior a temperatura de Verão sobe perto ou acima dos 70 graus centígrados, devido ao calor irradiado pela chapa metálica da cobertura. Só o investimento em ar condicionado e energia permite a utilização do local.


A sertã de Pombal está ao lume em frente ao castelo…

24 de junho de 2011

Desperdício? Não, é de borla!

Conta quem por lá passou, que na velha URSS a maior parte das torneiras perdiam água. Porquê? Porque a água era de borla, mas a reparação das torneiras era por conta dos utentes.


Na Gesteira, freguesia de Abiúl, uma fuga de água da rede pública mantém-se há anos. Uma morada prejudicada pela fuga reclama, reclama, mas nada feito.


Um estudo da Deco aponta a CMP como uma das que mais água desperdiça, perto de 50%. Porquê? Porque para a câmara a é de borla. Estragar muita ou pouca tanto faz. A que o consumidor paga chega para tudo e ainda dá lucro. Logo, deixa andar...

22 de junho de 2011

Barco que se afunda

No Barco (em Pombal) existe uma Urbanização, no lado direito do antigo IC8, atento o sentido Pombal/Ansião, ainda sem edificações mas já ajardinada com silvas abundantes, cerradas e altas e com despejos de destroços de edificações.


No outro lado do antigo IC8, lado esquerdo, podemos encontrar várias casas, mais ou menos recentes, localizadas junto de silvados e de ruínas de edificações mais antigas.


O Barco afunda-se em silvados…

Andam a brincar aos jornais?

Todos conhecem, com certeza, a anedota do remador português. Aquilo que parece ser uma caricatura da realidade, tem uma triste concretização no nosso O Correio de Pombal. Ao ler a ficha técnica da edição desta semana, reparo que o jornal tem dois directores e ninguém na redacção. É director a mais e redacção a menos! Ainda por cima quando um deles fala de moscas…

21 de junho de 2011

Este parte, aquele parte,...

Depois do Basquetebol, onde o Instituto D. João V chegou a conquistar, na época de 2006/2007, o Campeonato Nacional da I Divisão de Seniores Femininos, o emblema do Louriçal abandona agora a alta roda do Futsal nacional. Num cenário de crise, reforçado pelos cortes no financiamento a que as escolas particulares foram sujeitas, esta notícia acaba por não causar surpresa. Resta saber se haverá potencial económico no concelho para manter inverter a situação. Duvido.

20 de junho de 2011

A AEP já nasceu?

Em 2009, os presidentes das ACSP e da AICP anunciaram a criação (fecundação) de uma nova associação dos empresários de pombal, uma tal AEP.


Passados mais de dois anos a AEP não se vê! Problemas na fecundação: pouca atracção e muita infertilidade!

19 de junho de 2011

Enfim, a pista


Foram tantos anos de espera, que alguns dos benjamins fizeram-se juniores e séniores, enquanto a pista não chegava. Mais ou menos como as crianças que já são jovens e cresceram sem um parque verde em Pombal. Mas ontem, finalmente, foi inaugurada a pista de atletismo no estádio municipal de Pombal, que caminha para um complexo desportivo como esta terra merece.

Não fora a ira do presidente ter tomado conta do momento solene na inauguração (ninguém percebeu com que comunicação social estava zangado nem de que politiquices falava), e tinha sido bonita a festa, pá.

Perto de uma centena de crianças andava por ali, feliz e contente com a pista nova. A partir de agora os meninos do AC Vermoil já não precisam de entrar numa carrinha, duas vezes por semana, e viajar até Leiria, para treinar. A partir de agora, estou certa, a modalidade será muito mais apetecível por cá. Um luxo? Não. Um direito. Que tardava.

Peões e bicicletas a circular junto ao Rio Arunca

Como todos já deverão ter notado, a Câmara Municipal de Pombal está a construir, junto ao rio Arunca, um “corredor” destinado à circulação de peões e de bicicletas. A “obra” talvez esteja concluída na data das próximas festas do bodo, mesmo antes do prazo contratual.

Certamente que os custos serão elevados e que a “obra” terá uma utilização essencialmente lúdica, por não se adequar aos itinerários de uma parte considerável dos cidadãos, entre as suas casas e os seus empregos. Porém, a “obra” talvez possibilite a criação de uma cultura de locomoção e de substituição de parte do transporte automóvel pela bicicleta, com benefícios para a saúde dos “aderentes”, através do exercício físico e da redução do stress das filas de automóveis no trânsito, para o ambiente, através da redução da circulação de viaturas e da poluição, e para a economia, através da poupança de combustíveis. Se assim for, o investimento fica compensado e os novos hábitos poderão justificar a construção de outros “corredores”, com a mesma finalidade, no centro da cidade.

Eu irei aderir e utilizar a “obra” a pedalar numa bicicleta…

José Gomes Fernandes.


18 de junho de 2011

Problemas técnicos

Temos constatado problemas na edição de comentários e, também, de posts. Tal não se deve a qualquer barreira colocada pelos administradores do blog. Verifica-se, essencialmente, quando se usa o browser Explorer. Assim, quem quiser comentar no Farpas deverá utilizar, preferencialmente, o browser Google Chrome (instalação gratuita a partir do site do Google).

JGF no Farpas

José Gomes Fernandes é, a partir de agora, um membro desta casa. O advogado vem reforçar o Farpas com todo o espírito combativo e inconformista que o caracterizam, na certeza de que sobram em Pombal interesses instalados, que importa - cada vez mais - continuar a farpear.

17 de junho de 2011

Um luxo pré-crise

Muito por culpa do TAP, Pombal tem sabido promover anualmente um excelente festival de teatro. Para além da grande qualidade dos grupos presentes, os baixos preços são uma imagem de marca do evento. Com os anos terríveis que se avizinham, imagino que será difícil voltarmos a ter mesma edição excelentes companhias como a Chapitô, Circolando, Este e Peripécia Teatro (só para citar alguns) com bilhetes a 3 euros!

Entretanto, é aproveitar o que resta. E o que resta é muito bom. Hoje, por exemplo, o TAP vai estar na Casa da Música, na Guia, pelas 21h30, a apresentar o seu “Só o Faraó tem Alma”.

14 de junho de 2011

Tostões ou milhões?

Pelo menos 60 mil euros foi quanto tivemos que pagar pelos caprichos de Narciso Mota ao nomear seis vereadores a tempo inteiro em vez de cinco, mesmo esses um exagero. A resposta habitual (também foi a mesma no caso do Boletim Municipal) é a de que isso são trocos no orçamento da autarquia. Este argumento, muito católico, irrita-me profundamente.


Raul Iturra relembra “A ética protestante e o espírito capitalista” de Max Weber (1905) para explicar porque é que os católicos, por oposição ao protestantes, são propensos a estas atitudes. Surgindo de uma cisão com a Igreja de Roma, acusada de viver no meio do esplendor e da riqueza, o protestantismo baseou a sua ética na pobreza. Aos seguidores de Lutero, não lhes sendo permitido ostentar riqueza, restava-lhes o aforro e o investimento dos seus tesouros no comércio e bens de lucro.


Esta postura contrasta com a dos católicos que sempre gastaram à tripa-forra e, como tal, sempre viveram de empréstimos. Além disso, como o catolicismo manteve o sacramento da confissão privada com concessão de perdão (o protestantismo também, mas pública e sem concessão de perdão), fomentou entre os católicos a desvalorização das leis pois sabiam que isso lhes seria perdoado.


O nosso mal, como sociedade, é o de sistematicamente perdoar este tipo de pecados aos políticos. Se fosse eu quem mandasse, não haveria pai-nossos nem ave-marias que valessem ao nosso presidente por assim desperdiçar o dinheiro que é de todos.

Assim acontece...


Para não variar, compra-se primeiro para ver o que se faz depois. Mas para variar, parece-me um investimento interessante. Primeiro porque é património que merece ser protegido e porque o preço não é uma monstruosidade. Despesa por despesa, há muita mais que merece críticas diárias.

Note-se que, dada a obsessão por placas, gosta-se muito de fazer e depois ver como se ocupa. Mas estando o "mal" feito e já que a própria autarquia não sabe o que fazer, que se lance uma discussão pública. Eu sou daqueles que gostaria de ver uma Casa da Cultura, com espaço para colectividades (as que têm trabalho que se veja) e um espaço para algumas actividades mais pequenas. Sobre a Pousada da Juventude, tenho dúvidas, mas não a descarto. E quem diz isso, diz outras coisas. Como um Museu do Concelho. Logo, nada descarto e deixaria nas mãos dos cidadãos, sempre com respeito por quem, tecnicamente, pode acrescentar. Mas isto são ideias de um cidadão que, louvando a preservação do património, gostava de ver um fim útil para cada investimento que é feito.

12 de junho de 2011

E porque não te demites?

João Paulo Pedrosa, presidente da distrital de Leiria do PS, apressou-se a expressar apoio público a António José Seguro para Secretário-geral do PS. Fê-lo sem conhecer programa ou ideias, simplesmente na ânsia de rapidamente marcar lugar na nova viagem.

António José Seguro é um dos políticos mais enfadonho e mais banal que conheço. Jamais ganhará uma eleição fora do PS (nem para a junta de freguesia da Marmeleja). Espero que nunca chegue a Secretário-geral do PS, porque, se chegar, o PS descerá no País ao nível que está em Leria.

10 de junho de 2011

Pimpão e a vereação

Aquando das eleições autárquicas, criticámos, aqui no Farpas, a opção de Narciso Mota em dar posse a um executivo com 6 vereadores a tempo inteiro. Pareceu-nos excessivo. Com a decisão de manter o novel deputado Pedro Pimpão na sua equipa, desta vez sem pelouros, Narciso dá-nos agora razão. Depois admirem-se se houver quem afirme que o executivo camarário tem funcionado como uma “extensão do centro de emprego para políticos desempregados”!

7 de junho de 2011

Competência


Numa altura como esta em que vivemos, é essencial ter em conta a opinião dos nossos mais competentes concidadãos. Amanhã (dia 8 de Junho, quarta-feira), no Teatro-Cine, pelas 21h, Pombal tem a oportunidade de poder assistir à palestra “A Biodiversidade e a Floresta”, proferida pelo biólogo Jorge Paiva que, para além de excelente comunicador, é um dos mais informados portugueses nas questões relacionadas com o ambiente. Parabéns ao Departamento do Pré-Escolar do Agrupamento de Escolas Gualdim Pais pela iniciativa.

6 de junho de 2011

Ah esta terra ainda vai cumprir seu ideal...

PPD/PSD 55,54% 15.300 votos
PS 18,03% 4.967 votos
CDS-PP 11,87% 3.270 votos
B.E. 3,80% 1.046 votos
PCP-PEV 2% 551 votos
PAN 0,99% 274 votos
PCTP/MRPP 0,73% 202 votos
MPT 0,29% 81 votos
MEP 0,27% 74 votos
PTP 0,24% 66 votos
PNR 0,24% 66 votos
PPV 0,24% 66 votos
PPM 0,19% 51 votos
POUS 0,17% 48 votos

EM BRANCO 3,76%1.037 votos
NULOS 1,64%451 votos
Inscritos: 55.451
Votantes: 27.550O que quer dizer que a abstenção é de quase 51 por cento. Logo, mais de metade não quer saber disto para nada.


Os dados podem ser conferidos aqui, no site da CNE. Ora vamos lá, então, à interpretação.
Aqui a derrota do PS é ainda mais humilhante do que a nível nacional. Na verdade, há freguesias em que o CDS-PP já ultrapassou os socialistas. Mas isso também não quer dizer que os democratas-cristãos tenham grande razão para sorrir. Mesmo com uma estrutura montada (o que em 2009 não sucedeu) não representa mais do que 11,87% dos votos.
Em boa verdade, acho que está na altura do engº Rodrigues Marques ver o que é que se passou em freguesias como Abiul, Ilha, Carnide ou Meirinhas, onde desta vez a votação no PSD ficou aquém dos 80%. Alguma coisa está a ficar, engenheiro.
Registo também com particular apreço a votação no PAN (Partido pelos animais e pela natureza): 274 votos no concelho. Vai-se a ver e a velha máxima de que "até um burro com um chapéu ganhava" não está de todo errada. O Poly da minha avó daria um excelente deputado, estou certa. E a Zizi que todos nós estimamos uma belíssima chefe de gabinete. Está tudo doido, não está?
E porque ainda é de pessoas que se trata aqui, atente-se:
1. Pedro Pimpão foi legitimamente eleito. Levado em ombros pela Jota, na sede do partido em Leiria. Estavam lá a ver a cena os companheiros Diogo Mateus e Micael António**. Julguei que não deixasse escapar esta oportunidade para se livrar rapidamente de Narciso Mota, que logo chamaria para a vereação a senhora que se segue, na lista: Elisabete João. Mas pelos vistos o Pimpão tem mais encanto na hora da despedida, e o presidente já fez saber que não abdica do vereador, mesmo sem pelouros. É bonito.
2. Adelino Mendes regressará a Pombal e aos quadros do Instituto D.João V? Ui. Pode ser que assim se dedique mais ao partido, por cá.
3. Não vi Jão Coelho em Leiria na noite da derrota. É certo que ia em nono lugar na lista e que só três deputados foram eleitos. Mas perder ou ganhar tudo é desporto. Desporto.

Para mais informações, podemos sempre sintonizar a Rádio Clube de Pombal, que pelos vistos ganhou a sonorização das festas do Bodo. Uma lição para Rui Benzinho e sua equipa. Não é engenheiro?

**também lá estava Ana Gonçalves. As minhas fontes não a reconheceram, mas vislumbrei-a nas fotos da festa ;)

(...Ainda vai tornar-se um imenso laranjal)

Representatividade e "mentira de Hondt", ou a história circular de umas eleições

Não sendo pacífica a minha opinião (nem nos meus colegas "da casa" eu colho apoios), sou contra este sistema de Círculos Eleitorais. Pelo menos quando alguns são tão pequenos como Portalegre, por exemplo, que elege apenas 2 deputados.

Junte-se a isto as regras do método de Hondt, e verificamos que comparar a percentagem de votos obtidos, com a percentagem de "lugares sentados" na Assembleia da República, é como comparar o "you know what" com a feira de Borba.

Eu que não sou "professor dos números" olho para isto com confusão, e deixo de peceber o significado do termo "representatividade.

Legislativas - Análise por distrito/Círculo

Antes de nos debruçarmos nos resultados do concelho e do distrito, fica aqui um panorama nacional das alterações ontem verificadas, em termos de mandatos (deputados eleitos), na comparação entre estas legislativas e as de 2009.
Nos Círculos de Bragança, Castelo Branco, Évora, Portalegre, Vila Real e Madeira, não houve qualquer alteração.
Nos Círculos de Aveiro, Beja, Açores, Viseu e Guarda, o PSD ganhou 1 deputado ao PS.
Nos Círculos de Leiria e Santarém, o PSD ganhou 2 deputados, 1 ao PS e 1 ao BE.
Em Coimbra, o PSD ganhou 1 deputado ao PS, e o BE perdeu 1 deputado, resultante da diminuição de 1 deputado neste Círculo.
Em Faro (que ganhou 1 deputado), o PSD e a CDU ganharam 1 deputado, e o PS perdeu 1 deputado.
Em Braga, o PSD ganhou 3 deputados - 2 ao PS, e 1 ao BE.
Em Setúbal, o PSD ganhou 2 deputados ao PS, e o CDS ganhou 1 deputado ao BE (interpretação minha).
Em Lisboa, o PSD ganhou 5 deputados ao PS, e o CDS ganhou 2 deputados ao BE.
Já no Porto, o PSD ganhou os mesmos 5 deputados, capitalizando todas as transferências de voto. O PS perdeu 4 deputados, e o BE perdeu 1 deputado.
Atente-se que PSD, CDS e CDU não perdem deputados em nenhum distrito, e verificam ganhos, e que, ao invés, PS e BE não ganham deputados em qualquer distrito, verificando perdas significativas.

Parabéns, senhor deputado!

4 de junho de 2011

Em dia de reflexão, vá a uma exposição!

Exposição fotográfica sobre 21 aquedutos de todo o país. Supostamente, os mais emblemáticos. Lá estão o aqueduto das águas livres, claro, e... o aqueduto do Louriçal.
Momento (mais um) para reflectir sobre a aposta turística que o nosso concelho faz (ou deixa de fazer). E sobre as potencialidades que temos e ainda não estamos a explorar.

3 de junho de 2011

Declaração de voto

Antes da campanha, escrevi que conhecia pessoal mais novo nas listas que seria capaz da regeneração na vida política dos partidos. Hoje, no encerramento, continuo a conhecer. O número é que reduziu. E convencer-me-ia, se precisasse de algum motivo, a não votar no PSD: é tanta alternativa como eu sou esquimó. É pura alternância de poder. E a palavra-chave aqui é poder.

E vale tudo para o manter, inclusivé usar as Novas Oportunidades como bandeira local para a nível nacional se agir ao contrário. Ou defender que uma autarquia deve ser empregadora de referência para nacionalmente defender um programa dito liberal. Ou criticar a claustrofobia dentro do PS (crítica que subscrevo, atenção) mas depois ser-se incapaz de criticar seja que opção do poder autárquico. A responsabilidade e a capacidade mede-se a dois níveis. Não é só por não acreditar que PPC faça melhor, mas por perceber que este PSD é apenas o reverso de uma medalha que é responsável por 37 anos de oportunidades perdidas. E por isso é que defendo, e depois desta campanha, cada vez mais, independentes no poder local e partidos (sem prejuízo de movimentos independentes a nível nacional). É que pelo menos há clarificação e talvez menos clubite. A tal que, seja no PS ou no PSD, ajudou a degradar a política, colocando-a ao nível de combate de claques.

Declaração de interesse: Fui militante da JS entre 1991 e 2006. Fui militante do PS entre 2002 e 2009. Fui candidato pelo PS à Assembleia de Freguesia de Pombal, onde exerço (e exercerei) o mandato para o qual fui eleito,mas agora como independente. Não concebo que a minha filiação anterior me seja apontada como uma "capitis diminutio". Sempre pensei pela minha cabeça e mesmo enquanto militante quando não concordei com algo ou me afastei ou disse-o. Cometi erros como qualquer pessoa que anda na política comete. Terei feito más escolhas, seguramente. Não estou acima de ninguém, nomeadamente de quem está na vida partidária. Mas posso constatar aquilo que acho menos próprio e correcto. E como tal, votar PSD é uma opção completamente fora do baralho para mim. Porque a mudança se baseia em atitudes diferentes das que são habituais. Da mesma maneira, votar PS está fora de questão. Sócrates foi uma das razões para a minha desfiliação. Eu sei que voto em partidos, não num líder, mas para mim quem fez o que fez e como fez não merece a minha confiança.

Para o que está em jogo no dia 5 de Junho exigia-se uma discussão sobre o futuro. Discussão séria sobre a capacidade e sobretudo sobre a responsabilidade de deixarmos de gastar o que não temos e como, de forma realista, podemos aumentar a nossa produtividade. Nada disso foi feito. Da Esquerda à Direita (com algumas pontuais excepções). Desde um discurso alienado das responsabilidades com o habitual chavão da banca (alguém se queixou do crédito tão fácil?) a uma direita que se queria à força toda ser mais social que alguns partidos de esquerda. Se nenhum partido me chega, porque não me mando eu para tentar essa mudança? E quem diz que não o farei? Não faltava mais nada do que ser compelido a um voto num partido quando não há nenhum, sublinho o nenhum, que conseguisse mais do que ser ligeiramente menos mau que outro(s). E foi o "menos mau" que também colocou a Democracia de cócoras. Espero que muitos votem e ao contrário das Presidenciais, não apelo ao voto em branco: cada um sabe de si e saberá fazer a melhor escolha. A minha escolha é dizer que o que há não me chega. Não respondem ao que me preocupa. Ao ter um futuro para mim, e mais importante, para a minha filha.

Não num país onde se passa a vida a pedir ao Estado para depois se reclamar do mesmo Estado, onde a convivência com o poder é baseada em interesses e subserviência e onde o mérito é treta. Onde se acha normal ter-se um emprego para todo o sempre, mal se sai da universidade e onde empregabilidade e responsabilidade são palavras conotadas com "bota-abaixismo". Não vi, em toda a campanha, ideias - pelo menos das cúpulas - para gastar menos (e não me venham com os menos deputados e ministros que isso é apenas simbólico, no dia em que for) no Estado, evitando duplicação de serviços e fazendo a reorganização administrativa com propostas concretas, uma estratégia clara para o Turismo - como, em que áreas, com que papel do Estado, ou uma estratégia para mudar o paradigma da Formação apostando na reconversão profissional, uma ideia para aferir a empregabilidade dos cursos ou uma proposta clara para a Justiça (como se tornam eficazes as cobranças, por exemplo) ou ainda para as empresas (não carregando tanto sobre empresários, mas penalizando os patrões), colocando o Estado como mero regulador (e interveniente em algumas áreas). Mas seria suposto ver, já que o programa é o da Troika? Claro que deveria. Afinal é o nosso futuro. E o programa indica caminhos, não impõe, em muitos casos, medidas concretas.

Voluntariamente afastei-me de um partido, também por questões ideológicas, mas isso não quer dizer que fique a dar a táctica nas bancadas para sempre. Mas se ficasse, era um direito meu. Em altura de dificuldades, os líderes transcendem-se. Não se transcenderam. E sobretudo não vejo sinal daqueles que querem mudar as coisas serem capazes, de quase sozinhos, o conseguirem fazer. Dia 5 de Junho não é apenas acerca dos partidos, é acerca de todos. Já não há muitas desculpas agora. E depois não haverá. Não defendo a adesão em massa aos partidos, mas desafio todos aqueles que pensam que podem ajudar a fazê-lo. Aos grandes e pequenos partidos. Aos que já são partidos e aos que ainda não são. A escolha é grande.

Dia 5 de Junho não vou escolher nenhum: não me merecem a confiança (a única pessoa que me merece a inteira confiança, infelizmente, está longe de ser eleita - mais um exemplo da forma como os aparelhos vivem desfasados), mas vou votar. Disso não abdico. Votarei é em branco.

Depois de 5 de Junho, o cenário é outro. Não serei eu um salvador, muito pelo contrário, mas se depois desse dia muitos estiverem dispostos a dar um passo em frente de modo a mudar o sistema, ajudando aqueles que lá dentro merecem o reconhecimento, deixará de haver desculpas para que no cenário complicado que é o nosso futuro, haja capacidade para construir verdadeiras alternativas.

2 de junho de 2011

Declaração de voto

A melhor crónica desta campanha foi publicada hoje no Jornal "O Ribatejo" e é da autoria do Daniel Abrunheiro.

Vejam bem
Aos 47 anos, não era para admirar: a minha optometrista demonstrou-me que os meus olhos padecem de hipermetropia e presbiopia. O olho esquerdo acumula estas moléstias com um assinalável véu astigmático. Quer dizer que troquei os óculos de leitura por umas cangalhas de lentes progressivas para o resto da vida. Sou, portanto, hipermétrope, presbita e astigmata. Paciência: a idade e as fadigas deram-me as duvidosas mas indubitáveis prendas do “olho curto”, da ovalação da córnea e da formação de imagens atrás da retina.
Quero porém deixar claramente expresso, sem pretender dar nas vistas, que nada disto me impede de ver com toda a nitidez que Sócrates nunca prestou nem presta, que Passos Coelho não presta nem nunca prestará e que Paulo Portas foi, é e será imprestável. Não há desfoque físico que me impeça de ver tudo isto com a mais cristalina, reverberante, nívea, luminosa e iluminada clareza.
Podem ser turvas as minhas escleróticas, pupilas e córneas; pode o meu humor aquoso ter conhecido dias bem mais solares; pode qualquer das minhas íris nunca mais irisar com olhos de ver; pode o humor vítreo estar estilhaçado como nunca; pode o nervo óptico andar mais nervoso do que vidente; pode o cristalino achar-se, até por melancolia, mais turvo do se calhar merecia; podem a retina e a coróideia ter chegado a este ponto algo torpe da insuficiência de acomodação tão própria dos presbitas. Podem, podem.
O que não podem é impedir-me de continuar a ter os olhos abertos. Eles estarão cansados, tristes e a funcionar mal no mundo das volumetrias luminoplastas. Eles, os olhos, estão. A vista está. Mas a visão, não. Olho com dificuldade, mas vejo perfeitamente.
E o que perfeitamente vejo é que Sócrates nunca prestou nem presta, que Passos Coelho não presta nem nunca prestará e que Paulo Portas foi, é e será imprestável. Dia 5 de Junho, na posse dos meus óculos novos, não terei qualquer dificuldade em ver de onde venho e para onde quero ir. Os meus leitores verão, naturalmente, o que quiserem ver. Porque ver é ser, não é olhar para o lado.
O mais que recomendo é que, em vez de vistas curtas, se lembrem da canção que dá nome a esta crónica. Porque “não há só gaivotas (ou milhafres) em terra / quando um homem se põe a pensar”.

Deixem falar o homem!

Narciso Mota disse a uma jornalista da TVI 24h sentir-se “envergonhado, como português e como político, por ter que vir uma troika governar Portugal.” A frase, pelos vistos, causou polémica e é apresentada como sendo a responsável pelo adiamento, para depois das eleições, do programa onde foi proferida.


Uma coisa é certa. O homem tem toda a razão! Todo este período, que culminou no vergonhoso pedido de ajuda externa, tem contribuído para que os portugueses sejam vistos como caloteiros, preguiçosos, vigaristas e desleixados, e Portugal como um país “um degrau acima de lixo”. Não admira que a urgência da mudança seja uma convicção unânime (mesmo entre os eleitores socialistas), caminhando a par com a depressão generalizada resultante da constatação de que Passos é um clone de Sócrates.


Caro Narciso Mota, este domingo é dia de votos. Se, tal como eu, considera importante que algo mude, temos que votar na mudança.

1 de junho de 2011

As barreiras da vergonha - II

Lembram-se deste post? Hoje ía lá tendo um acidente. O que não seria nada de insólito - aquela barreira idiota, espelho da idiotice de quem devia resolver o problema e não o resolve, já assistiu a muitos acidentes. Uma barreira que envolve um buraco, e que ocupa metade da estrada, no coração de uma curva de 90º.
Vão 2 anos. DOIS ANOS! Para tapar a m*rda de um buraco...?

P.S. - Estou disponível para alguma acção mais "drástica", no sentido de chamar a atenção à resolução do caso. Juntemo-nos!

... e tem razão, o camarada!




Carvalho da Silva refere-se (como se pode ler aqui) a esta campanha eleitoral (legislativas 2011) como um "atentado à inteligência dos portugueses". Não poderia estar mais de acordo! O debate patético protagonizado por Sócrates e Passos Coelho é bastante ilustrativo disso mesmo.

Resta-me aqui estender o comentário a outras campanhas. Há muita pobreza de espírito, de competência e de moral a sairem das pouco exigentes bocas de megafone deste país, deste concelho, destas organizações partidárias...

Empate técnico


Os eleitores estão divididos: votar no PS dos sucessivos PECs ou no mais liberal PSD de sempre? Dar a vitória à arrogância de Sócrates ou à inexperiência de Passos? Contrariamente à arrogância, a inexperiência até poderia não ser um defeito, não fosse o homem ser tão permeável às ideias da ala mais radical do PSD e assumir, com toda a naturalidade, a privatização das Águas de Portugal e dos CTT.


A privatização de empresas que prestam um serviço social é imoral e perigosa. É um absurdo pensar que o estado, por má gestão ou incompetência financeira das empresas privadas, possa vir a permitir que o abastecimento de água ou o serviço postal deixem, simplesmente, de operar. E os “comedores de dinheiro” sabem disso! Veja-se o que está a acontecer com a banca. Não podendo falir, os contribuintes pagam (e vão continuar a pagar) todas as asneiras feitas pelos seus gestores.


“Contrariamente à teoria económica e ao mito popular, a privatização é ineficiente”. Quem o diz não sou eu: é Tony Judt no seu brilhante livro “Um tratado sobre os nossos actuais descontentamentos”. Uma excelente leitura para este período pré-eleitoral.