14 de junho de 2011

Tostões ou milhões?

Pelo menos 60 mil euros foi quanto tivemos que pagar pelos caprichos de Narciso Mota ao nomear seis vereadores a tempo inteiro em vez de cinco, mesmo esses um exagero. A resposta habitual (também foi a mesma no caso do Boletim Municipal) é a de que isso são trocos no orçamento da autarquia. Este argumento, muito católico, irrita-me profundamente.


Raul Iturra relembra “A ética protestante e o espírito capitalista” de Max Weber (1905) para explicar porque é que os católicos, por oposição ao protestantes, são propensos a estas atitudes. Surgindo de uma cisão com a Igreja de Roma, acusada de viver no meio do esplendor e da riqueza, o protestantismo baseou a sua ética na pobreza. Aos seguidores de Lutero, não lhes sendo permitido ostentar riqueza, restava-lhes o aforro e o investimento dos seus tesouros no comércio e bens de lucro.


Esta postura contrasta com a dos católicos que sempre gastaram à tripa-forra e, como tal, sempre viveram de empréstimos. Além disso, como o catolicismo manteve o sacramento da confissão privada com concessão de perdão (o protestantismo também, mas pública e sem concessão de perdão), fomentou entre os católicos a desvalorização das leis pois sabiam que isso lhes seria perdoado.


O nosso mal, como sociedade, é o de sistematicamente perdoar este tipo de pecados aos políticos. Se fosse eu quem mandasse, não haveria pai-nossos nem ave-marias que valessem ao nosso presidente por assim desperdiçar o dinheiro que é de todos.

7 comentários:

  1. Se ainda fosse só nos salarios dos srs. vereadores estavamos mais ou menos bem. Agora a juntar a esses gastos ainda temos os que são de avença pagos.E se não se tivesse maldissencia ainda se podia (a)juntar os dinheiros nas parcerias das empresas municipais e termino com a subsidiodependencia de "colectividades" como a Obras Sociais da Câmara Municipal...Tudo somado dava para aí uns bons metros de saneamento básico e alcatrão do bom nas estradas (por exemplo da freguesia de Santiago de Litém)das Remessas.

    ResponderEliminar
  2. Não se esqueçam da velha e afamada frase " Não ha almoços gratis..."

    ResponderEliminar
  3. Já sabia que Iturra não era católico agora não sabia que elogiava a ética protestante. Exemplos bons e maus existem em todo o lado, São Francisco de Assis acho que também era católico. Se quiser ser mauzinho também poderia dizer que Lutero tem duas semelhanças com Henrique VIII. Para além do protestantismo ambos tiveram mulheres e filhos. Se compararmos a % de católicos actualmente com em tempos passados se calhar até poderiamos dizer que a razão é inversa, hoje perdoa-se mais os pecados que antigamente. Quanto a Pombal, também sou da opinião que não seriam necessários tantos vereadores a tempo inteiro e o próprio Narciso também o admite, pois a eleição de Pedro Pimpão como deputado não implicou a nomeação de nenhum substituto
    Quanto ao caso de Pombal,

    ResponderEliminar
  4. Caro paulo,

    Raul Iturra não elogia; faz uma análise crítica, científica. Aliás, se o conhece, sabe bem que ele está longe de elogiar as ideias com as quais o pretende associar.

    Quanto às mulheres e aos filhos, sinceramente não vejo qual a relação com o assunto do post nem em que medida está a "ser mauzinho".

    Abraço,
    Adérito

    ResponderEliminar
  5. Eh pah, eu tb tive mulheres e tenho filhos... será uma desonra, Paulo?

    ResponderEliminar
  6. Em todas as organizações é vital fazer planeamentos nas mais diversas áreas, sendo das mais relevantes a área de recursos humanos. É necessário ter em conta, não só o número, mas fundamentalmente a adequação entre as competências da pessoa e as responsabilidades e funções que deverá desempenhar.
    Creio que nesta matéria há muitas lacunas, que são mais notórias e abusivas quando se trata de organismos públicos, que carregam a força e a responsabilidade de representação.

    A título de exemplo:
    Ministros responsáveis por áreas nas quais não apresentam qualquer passado que justifique a escolha e assegure um trabalho imediato com base no conhecimento.
    Deputados sem experiência profissional relevante que ateste a sua competência para participar nas decisões que orientam o nosso país.
    Vereadores a tempo inteiro em número superior ao que as necessidades obrigam.
    Numa outra perspectiva, que também deve ser considerada, Vereadores a tempo inteiro em número inferior ao que as necessidades obrigam.

    Remetendo para o caso que tem sido referido neste espaço, considero as seguintes hipóteses: ou estivemos a pagar a um vereador que afinal não era necessário (pelo menos a tempo inteiro), ou a partir de agora corremos o risco de ver alguns pelouros considerados em segundo plano, devido a sobrecarga dos actuais vereadores. Evidentemente, não se pode descurar uma terceira hipótese: os nossos vereadores, fruto da experiência e do trabalho, ao longo deste ano e meio foram adquirindo competências que os estão a tornar mais produtivos.

    ResponderEliminar

O comentário que vai submeter será moderado (rejeitado ou aceite na integra), tão breve quanto possível, por um dos administradores.
Se o comentário não abordar a temática do post ou o fizer de forma injuriosa ou difamatória não será publicado. Neste caso, aconselhamo-lo a corrigir o conteúdo ou a linguagem.
Bons comentários.