31 de janeiro de 2018

A importância e a estratégia do CIMU (Explore) Sicó


Os investimentos anunciados para os Poios, na Redinha, valorizam ou estragam a serra? (CIMU/Explore Sicó e Ponte no Vale do Poio)

Percebendo pela “linha editorial do blog” e pelo facto da construção do edifício do CIMU Sicó ter sido suspensa, pelo alarmismo criado à volta da intenção de construção de uma ponte (que ainda pouco ou nada se sabe sobre a mesma), e conhecendo os interlocutores, torna-se evidente que a questão aqui apresentada encerra em si uma forte carga negativa sobre o tema.
A minha presença no debate tem exatamente a ver com esse facto, e por considerar importante realçar e recordar, os prós dos investimentos na Serra de Sicó, procurando refutar um certo alarmismo, ou perspetivas de “copo meio vazio” que encontram terreno fértil sempre que se intervém em zonas ambientalmente sensíveis.
1.       Relativamente ao “CIMU Sicó”
Para que seja possível organizarmos ideias e para que o debate seja claro considero que a discussão deve ser colocada em 2 níveis distintos. Por um lado, a temática do edifício e a sua arquitetura, por outro lado a estratégia de promoção, desenvolvimento e proteção da Serra de Sicó.
1º Nível: O Edifício
Uma coisa é o edifício do CIMU Sicó, a sua localização, o seu programa funcional, o seu aspeto e volumetria, ou seja, um nível de discussão relacionado com a sua arquitetura.
Sobre a localização, importa relembrar que esta foi inicialmente escolhida para este local, uma vez que onde está a ser construído existia um grande desaterro ilegal que constituía uma “ferida” na paisagem. Para além disso existiam também todas as razões naturais na implantação deste tipo de infraestrutura, uma localização próxima dos vales dos poios, próximo das grandes vias de comunicação, etc. etc.
Relativamente ao programa funcional, para além dos espaços expositivos existem também um conjunto de valências que irão servir para a potenciação do território para além do edifício, um espaço de loja, um auditório, gabinetes para investigação, refeitório, zonas de dormidas e balneários.
Tanto na localização, como no programa, e até mesmo sobre a arquitetura do edifício saliento que houve à época da conceção do projeto um consenso alargado entre os vários parceiros do mesmo.
Não me parecendo que alguma destas premissas iniciais estejam em causa, e com a frontalidade que impera, importa referir aqui também as razões pelas quais a obra teve de ser interrompida. Identificaram-se no decurso da obra alguns pontos a rever no projeto, sendo que a maior parte deles esta relacionada com o facto deste ter já alguns anos. Elenco então de uma forma muito breve os principais pontos a rever.
- Necessidade de ajustamentos interiores – Prever a possibilidade de autonomização da zona de dormidas e gabinetes, da zona de exposição, bem como a adaptação de alguns espaços a novas ferramentas expositivas que, entretanto, surgiram.
Necessidade de ajustamento dos projetos de especialidades (elétrica, AVAC, etc) fruto da evolução tecnológica.
E por fim o ponto que gera mais preocupação à população, a altura acima do solo do 1º volume (o mais próximo da estrada). Apesar de parecer não coincidir com o projetado, realço que essa impressão é gerada pelo facto de a obra não estar terminada e faltar fazer a reposição de terras no local. A orientação neste ponto é a de se respeitar o projeto original. 
(consulta do projeto original - https://www.cm-pombal.pt/obras-e-projetos/cimu-sico-centro-de-interpretacao-e-museu-da-serra-de-sico/)
Face ao exposto parece-me francamente redutor concluir por aqui se o edifício em si vai valorizar ou “estragar” a Serra do Sicó.
Considero que, da mesma forma que uma escola nova por si só não valoriza/melhora a educação das crianças, apenas cria condições para que isso aconteça, o mesmo acontece neste caso, apesar de o edifício não valorizar por si a serra, parece-me evidente que virá criar condições para que isso possa acontecer.
2º Nível – A estratégia
Debate diferente e muito mais importante, é a estratégia de intervenção no território que este investimento irá potenciar, e aí há muitíssima mais matéria a discutir, uma vez que a Serra do Sicó tem como todos conhecemos um enorme potencial por promover, explorar e preservar.
Neste nível mais do que um edifício, estamos a debater um plano estratégico, que parte do Centro Interpretativo e da forma como será feita a sua gestão, mas que terá de ter uma intervenção em todo o território de Sicó.
Se repararem a alteração do nome significa em si mesmo essa abordagem. Passar de CIMU Sicó (Centro interpretativo e Museu) para Explore Sicó (Intenção de exploração de um território) significa que o enfoque da revisão agora em curso é reforçar a importância da intervenção no território de Sicó. E isso poderá ser visível ao nível de:
Programação de atividades – Tanto as públicas, como as promovidas pelos diferentes parceiros do território, numa estratégia de divulgação articulada.
Aproveitar a importância crescente dos desportos e do Turismo de Natureza dando-lhes melhores condições - desportos de montanha, pedestrianismo, orientação (geocaching), birdwatching, escalada, rapel, espeleologia, BTT, etc.
Inclusão da Sicó nas várias redes nacionais e internacionais da área (Bike Hotel, Centro de BTT, natura.pt, etc.)
Promoção de parcerias – envolver os diferentes atores do território (associações, clubes, privados, restaurantes, alojamento local, empresas de turismo de natureza, etc.)
Criação de um Conselho de Comunidade – A gestão deste edifício terá, para além dos recursos humanos alocados, um conselho de comunidade que represente a população nas opções a tomar.
Recursos humanos – Afetar a este território técnicos que terão como função/desígnio, pensar e “Puxar” especificamente por este território.
Proporcionar uma maior atenção à conservação da biodiversidade e Geodiversidade de Sicó.
Efeito no mundo cientifico, gerando melhores condições para que os especialistas investiguem o nosso território, incentivando a obtenção do conhecimento cientifico e cultural (elaboração de parcerias com universidades, com a fundação do Coa, com investigadores como Helena Moura, Thierry Aubry, Lúcio Cunha, GPS, etc.)

Relativamente a esta estratégia de intervenção no território, para a qual o edifício é apenas uma ferramenta que virá facilitar a sua implementação, julgo ser difícil considerar que a mesma venha estragar a Serra do Sicó.

2.       Relativamente à Ponte no Vale do Poio
Não conheço o processo (é bastante recente portanto), a imagem apresentada no debate é uma ilustração feita pelos “da casa Farpas”, com um propósito de orientar os leitores e os presentes para uma opinião negativa sobre a mesma. Formular esta imagem e esta opinião sem conhecer o verdadeiro projeto, considero ser a manifestação de um mero preconceito e uma tentativa de manipulação da opinião pública. Uma intervenção por ser feita no meio da natureza não tem necessariamente que ser má, há variadíssimos exemplos do contrário (Casa da Cascata, Passadiços do Paiva, a própria capela da senhora da Estrela, etc.), e portanto, até se conhecer o verdadeiro projeto, as suas intenções o seu aspeto e o seu enquadramento, julgo que é completamente prematuro fazer essa discussão. Importa realçar que ao contrário do que terá sido veiculado, tive oportunidade de confirmar no orçamento municipal para 2018 que o valor previsto são 20 000€ (que correspondem normalmente a uma verba para o estudo/projeto) e não os 420 000€ referentes à construção como erradamente aqui foi veiculado.

Em jeito de conclusão e para lançar o debate, tenho a forte convicção de que estes investimentos e os que se seguirão irão valorizar imenso a Serra do Sicó. Afirmo-o na plena certeza de que mais do que infraestruturas, estes investimentos trarão consigo recursos humanos, parcerias com privados, associações locais, construindo sinergias que beneficiarão todos, e que a nós enquanto comunidade nos obrigará a colocar o nosso empenho na valorização e promoção de uma das maiores riquezas do nosso território que é a Serra de Sicó.
Renato Guardado (arquitecto, ex-vereador da CMP)

30 de janeiro de 2018

O debate que faltava


O debate de ontem à noite foi um êxito - do Farpas, que sempre acreditou ser necessário promover a discussão na nossa terra - mas sobretudo de Pombal. Provou-se, uma vez mais mais, que o Café Concerto pode e deve servir para acolher iniciativas como esta. Que em boa hora a Câmara emendou a mão e abriu as portas a uma casa que é pública, mesmo que nem sempre todos os agentes municipais o percebam. 
Aqui fica um agradecimento especial aos oradores convidados: o Renato Guardado, ex-vereador com responsabilidades no CIMU Sicó, e o Hugo Neves, em nome do GPS (Grupo Protecção Sicó). Entretanto ficarão disponíveis em post, aqui no blogue, ambas as intervenções. Também aos habitantes dos Poios e de outras aldeias e concelhos limítrofes, que vieram enriquecer o debate, bem como todos os que gostam da serra, o nosso agradecimento. Quase dez anos depois de criarmos o Farpas, é bom saber que valeu a pena a travessia. Bem hajam!

Os investimentos nos Poios valorizam ou estragam a serra?


26 de janeiro de 2018

Banha da cobra solidária


A Junta de Freguesia de Pombal, em parceria com a Academia Portuguesa de Desenvolvimento Pessoal (seja lá isso o que for) e a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Pombal, promove a palestra solidária “Inspiração para uma vida mágica”, a decorrer no próximo dia 1 de Fevereiro, pelas 21h, no mini-auditório do Teatro-Cine de Pombal. As inscrições têm um custo de cinco euros e as verbas revertem, na íntegra, para a coorporação de bombeiros. 

Estou certo que a iniciativa vai ser um sucesso. Primeiro porque os bombeiros merecem; segundo porque o palestrante é o famoso Coach, Master Trainer, Facilitador de Cursos de PNL, Top Trainers e Quantum Mind Training, Pedro Vieira

Como futuras iniciativas, sugiro que a Junta de Pombal promova eventos solidários com o Professor Karamba, a Astróloga Maia, o Vidente de Fátima ou o Bispo Macedo. Não faltam em Pombal instituições merecedoras da nossa solidariedade e sempre se diversificam os vendedores de banha da cobra.

O falso diálogo

*Foto partilhada pelos vereadores Pedro Brilhante e Ana Maria Cabral

A Câmara reuniu com uns quantos dirigentes desportivos para discutir o Pavilhão Multiusos. Com a simulada discussão, a câmara quis atingir dois objectivos (políticos): obter a concordância do grupo (escolhido à medida, de entre os mais colados e adocicados pelo regime) para a - há muito decidida - localização do pavilhão; segundo, aproveitar o “número” para propagandear uma gestão participativa – abrangente, dizem.
É muito discutível, para não dizer desapropriado, que na decisão da localização de um pavilhão participem unicamente dirigentes desportivos; mas é claramente redutor, que na suposta decisão da localização e valências de um Pavilhão Multiusos (para vários usos: desportivos, recreativos, culturais, sociais, etc.) participem, unicamente, dirigentes desportivos.
O estilo autoritário de exercício do poder não envolve ninguém na decisão, nem os dirigentes mais próximos (ministros); e quando simula a participação, usa e compromete, ainda mais, os já comprometidos.

23 de janeiro de 2018

Os investimentos na serra em debate no Farpas


Os debates do Farpas prosseguem em 2018, ano em que completamos 10 anos de vida. O próximo acontece já na segunda-feira, 29 de janeiro, pelas 21 horas, no Café Concerto, e traz à discussão um tema polémico: os investimentos anunciados para os Poios, na Redinha, valorizam ou estragam a serra? Dois oradores convidados vão apontar prós e contras, num debate que só faz sentido com a participação de todos os que se interessam e preocupam com o futuro da serra de Sicó. A anunciada ponte suspensa e o reconvertido Explore Sicó (Centro de Interpretação) estão em cima da mesa. Venham daí discuti-los!

17 de janeiro de 2018

Lobo em pele de turismo...



Confesso que fiquei perplexo com tais declarações ao Jornal de Leiria por parte de Diogo Mateus, ainda mais depois de termos assistido ao pior ano de sempre no que concerne a área ardida e ao número de vítimas decorrentes dos incêndios. Em termos éticos, e até morais, considero profundamente infelizes tais afirmações. Já enquanto geógrafo, considero que as afirmações em causa são irresponsáveis e contraproducentes tendo em conta que Diogo Mateus é autarca e, teoricamente, conhecedor destas matérias. Responsabilidade e literacia ambiental exige-se...
Mas vamos ao cerne da questão, as matas nacionais. Será que Diogo Mateus sabe, de facto, qual a função primordial das matas nacionais? Se não souber pode sempre questionar um dos funcionários da CMP, daqueles que até são especialistas mas que a opinião só interessa quando, por mera felicidade, coincide com o achismo dos autarcas. Desde quando é que um desastre como o que ocorreu em 2017 pode ser encarado como uma oportunidade no que concerne ao turismo? O que é afinal o turismo para Diogo Mateus? É por estas e por outras que defendo, já há muitos anos, que qualquer autarca deveria obrigatoriamente ter um “crash course” em temas como ordenamento do território ou desenvolvimento territorial, já que a lógica do achismo já fez estragos demais a este nosso país e a esta nossa região.
Quando li a notícia em causa lembrei-me de um episódio, em Outubro de 2004, onde o então autarca de Grândola vinha, no Jornal “Público” com um discurso em tudo semelhante ao de Diogo Mateus. O suposto desenvolvimento turístico era, para ele, mais importante do que a sustentabilidade do litoral alentejano. É a típica conversa da treta por parte do poder público.
Mas façamos um exercício curioso. Primeiro vou destacar algumas afirmações do então autarca de Grândola, depois destaco as de Diogo Mateus e, finalmente, faz-se uma análise conjunta:
1 - O de Grândola afirmava, sobre uma ONGA que pugnava pelo desenvolvimento sustentável do Litoral Alentejano:
“…que surgem sob a auréola de dogmas de entidade defensora do ambiente, sem contestação, mas, na realidade, enquadram a defesa de interesses que, no mínimo, se podem apelidar de imobilistas e impeditivos de um turismo saudável e de qualidade.”
Depois vinha com mais conversa da treta, quando afirmava:
2 – “Como se pode fazer turismo sem investimento, sem definição de regras de bem-estar e planeamento, sem permitir que a movimentação desordenada de fim-de-semana e a construção clandestina poluam, destruam, desarranjem e desfigurem realmente um bem como o litoral alentejano?”
Prosseguia com mais conversa de encher chouriços:
3 – “Quando se está a relançar um projecto equilibrado e sustentado, que vai trazer para todo o litoral alentejano um incremento económico e social, que procurará satisfazer as necessidades dos cidadãos e a melhoria de vida dos naturais e residentes…”
Terminava com mais patetice:
4 – “…têm de ser enquadrados por uma política racional e ambiciosa de investimentos, por arrojo, por uma nova visão dinâmica do bem-estar dos cidadãos.”
Mas vejamos agora algumas das afirmações de Diogo Mateus:
1 – “…funções das matas nacionais devem ser reequacionadas para fins turísticos “com vincada preocupação ambiental”, considerando que os incêndios de Outubro “podem transformar uma situação má numa oportunidade”.
2 – ““Pode ter ali espaços com outras vocações que, inclusivamente, poderiam ajudar a pagar parte daquela recuperação”
3 – “…disse não ver com “maus olhos uma exploração hoteleira cuidada de parte da área ardida”, referindo-se a “projectos que tenham qualidade turística internacional que pudessem, por exemplo, fazer uma boa compatibilização entre a utilização daquele espaço, a fruição florestal que ele tem, mas ao mesmo tempo dar-lhe uma rentabilização e uma oportunidade a investidores privados de também auxiliarem” a sua utilização.”
4 – “…estas situações podem ser “oportunidades de desenvolvimento, de investimento, de criação de postos de trabalho de potenciação das aptidões turísticas, de lazer e ambientais do espaço”.
Depois ainda fala sobre a suposta função exclusiva da mata, omitindo o que não lhe interessa e sacudindo a água do capote, esquecendo que há factos que parece que desconhece, como os serviços ambientais, mas não só. Se calhar nunca teve a oportunidade de andar na mata de VFCI, tal como aconteceu há um par de anos em Abiúl, quando a tripulação do VFCI dos Bombeiros Voluntários de Pombal ficou apeada num incêndio para que sua Exª e outros fossem dar uma volta de camião (se calhar não havia jipes disponíveis...). Só não me lembro se a ideia peregrina foi do presidente da direcção, aquele mesmo que nas redes sociais já me chamou de "anormal" (não está esquecido...). 
Fazendo uma análise cruzada, há várias conclusões a retirar. Primeira, a de que o discurso, ou seja a doutrina ideológica, parola, é a mesma, mesmo que tais afirmações tenham sido feitas por autarcas diferentes e espaçadas por 14 anos. Isto em dois grandes municípios litorais onde a sede da turistificação contra tudo e contra todos é ponto assente.
Depois nota-se a conversa de conveniência, tipo enche chouriços, onde se faz a apologia fofinha do turismo, omitindo que parte importante dos orçamentos municipais depende do IMI, portanto há todo o interesse dos autarcas em autorizar ou pugnar pela construção de hotéis e afins em áreas protegidas, matas nacionais e não só. Betonizar betonizar é o lema da ideologia parola.
Relativamente a Grândola, e há poucos meses, as restrições de construção, que blindavam contra o lóbi da construção e garantiam regras elementares de ordenamento e gestão do território, foram levantadas de forma leviana, o que significa que em poucos anos teremos uma espécie de Allgarve alentejano por ali (preparem-se para ver resmas de prédios e ir a um restaurante e serem quase desprezados porque não falam inglês ou porque são uns tesos). Isto mostra-nos que, relativamente à mata nacional e a Pombal, deveremos desde já pugnar para que daqui a 14 anos não comece a surgir por aqueles lados uma remessa de mamarrachos a coberto de uma pseudo turistificação irresponsável e indesejada.
Resumindo, estas situações são oportunidades para reflorestar (ponto). Para reflorestar é necessário investir e isso significa postos de trabalho, boa parte deles sem prazo de validade. Depois do trabalho bem feito as aptidões turísticas surgirão em pleno, onde as matas nacionais serão, tal como noutros países, notáveis espaços de lazer e com um leque de serviços ambientais importante para a qualidade de vida. E isto sem necessidade de promover, a coberto sob uma pseudo turistificação, uma betonização daquele território ímpar.
Estou certo que a maioria de nós não se vai deixar enrolar por este discurso demagógico, populista e oportunista, muito embora tenhamos um problema crónico, ou seja a memória curta. Urge defender a Mata Nacional dos ataques a que ela tem sido sujeita nos últimos anos. E pelas reacções que tenho visto a estas afirmações não será difícil. Não podemos é baixar a guarda, pois estes autarcas sabem como dar a volta à coisa. Contudo os autarcas também sabem que há aqui uns cidadãos muito activos em prol do património e, imagine-se, até são especialistas em várias matérias. E quando o património está em risco, aí somos capazes de ser uns chatos daqueles que os políticos gostam de ver bem longe... 
Depois do ataque à Mata Nacional a resposta é só uma, reflorestar com cabeça, tronco e membros!
Finalizo com uma sugestão de leitura.

Farpas Convidadas: João Paulo Forte (Blogger: http://www.azinheiragate.blogspot.com/)

16 de janeiro de 2018

Impreparada, disse ele

Mesmo sendo assertivas, não são as declarações de Michael António que mais importam. É a resposta de D. Diogo. Atentemos neste ligeiro e elegante puxar do tapete.

13 de janeiro de 2018

Pombal não é Portugal

Rui Rio ganhou a Santana Lopes. Sinal de que há ainda algum bom-senso no PPD. 
Mas custa a acreditar que tanto militante, e tanto político profissional, escolha Santana Lopes para candidato a primeiro-ministro.
Portugal ainda é muito diferente de Pombal. E Pombal continua a ser o que é.

11 de janeiro de 2018

ETAP no banco dos réus



Por estes dias, o Tribunal de Trabalho, em Leira, é palco de um desfile de professores-prestadores de serviços na Escola Tecnológica Artística e Profissional de Pombal. O réu é a Pombal Prof - Sociedade de Educação e Ensino Profissional, Lda, e a acção foi levantada pela ACT - Autoridades para as Condições de Trabalho. São vários os "intervenientes principais", que por estes dias protagonizam as audiências finais. Em breve, haverá desfecho deste caso para contar. 

9 de janeiro de 2018

APFP, um exemplo maior do falso associativismo

Pelo que reza o historial, a Associação do Produtores Florestais de Pombal (APFP) foi congeminada por Diogo Mateus em 2003, quando era presidente da junta, com o propósito de aceder a apoios comunitários para realização de infra-estruturas de índole florestal; mas só iniciou a actividade em 2006, quando Diogo Mateus já era vereador do ambiente.
Os cargos cimeiros dos órgãos sociais da associação foram sistematicamente ocupados por políticos com altos cargos autárquicos ou no PSD local - Diogo Mateus, Carlos Silva, José Grilo, Narciso Mota, João Pimpão e outros – de quem não se conhece qualquer actividade como produtores florestais.
Tudo é de onde vem. Uma associação germinada por um político, numa incubadora política, com fins políticos, estava condenada a servir interesses de políticos. E foi o que aconteceu.
O pântano formou-se desde início, e cresceu no caldo da paz podre do companheirismo político catalisado com o fermento da troca de favores. Mas bastou que alguém atirasse uma pedra para o charco para que o mau cheiro se libertasse.
Na assembleia realizada em DEZ14, que elegeu os corpos sociais, para o triénio 2015-17, José G. Fernandes questionou e pôs em causa a gestão de Carlos Silva. O excerto da acta, ao lado, mostra parte das acusações feitas – a parte que foi possível colocar em acta.
Na assembleia realizada na passada sexta-feira, Carlos Silva foi reeleito para o próximo triénio. As cumplicidades políticas e a troca de favores formam uma união difícil de quebrar. Mas Diogo Mateus, que vê mais além, já saltou fora; talvez já tenha percebido que dali só pode sair esturro.

Os novos produtores florestais


                                                   Imagem: Pombal Jornal

A Associação de Produtores Florestais reuniu em Assembleia Geral na passada sexta-feira, véspera do Dia de Reis. É verdade que não temos tido grandes notícias daquela organização fundada por iniciativa de Diogo Mateus -  naquele tempo em que era presidente da Junta de Freguesia de Pombal e vereador do Ambiente, vice de Narciso Mota - o site está em pousio há vários anos, mas deve ser importante. Tão importante que levou à apresentação de uma lista B para os órgãos sociais. Acabou por sair vencedora a lista A do costume, liderada por Carlos Silva, que preside à direcção desde o início. E foi participada a sessão: 39 votos a favor da lista A, 19 a favor da lista B. Quem a liderava? a ex-vereadora Catarina Silva. Para a Assembleia Geral o PSD de Pombal desavindo com Narciso propunha João Pimpão (que há anos faz parte dos produtores florestais, quer dizer, dos órgãos sociais), e para o Conselho Fiscal o temível José Gomes Fernandes. Sendo assim, fica para uma próxima.

Políticos célebres, cidadãos anónimos


Segundo a nota de imprensa do município, "o Presidente da Câmara Municipal de Pombal plantou hoje [dia 5 de Janeiro] um medronheiro na Estação de Transferência e Ecocentro de Pombal, como forma de assinalar a passagem dos 20 anos da instalação daquele equipamento no concelho." Acto bonito, sim senhor. Além disso, diz também que o gesto "contou com a presença da nova Administradora Executiva da Valoris, Eng.ª Marta Guerreiro". 

Na foto publicada, para além do senhor doutor e da senhora engenheira, podem ver-se mais três cidadãos cujos nomes não são referidos. Não sei porquê mas, ou muito me engano, ou os verdadeiros protagonistas do acto não mereceram o destaque do gabinete de comunicação.

7 de janeiro de 2018

Onde se dá conta dos preparativos para a pendência sobre a corporação florestal

Antes de partir para fim-se-semana, o Príncipe chamou o Pança para lhe passar empreitada premente.
- Pança? Vinde cá, meu servo diligente.
- Que me ordena Vossa Grandeza?
-  Que ponhais em prática empreitada mui valorosa, neste fim-de-semana – afirmou o Príncipe.
- Às suas ordens, Alteza. Só espero que não seja muito volumosa – advertiu o Pança. Como sabeis: agora, tenho, também, que dar atenção ao meu condado, e não me posso descuidar, que nisto de governos tudo está no começar bem.
- Pança; sabeis bem quais são as tuas obrigações como escudeiro…, não me obrigues a relembrar-tas…
- O Senhor meu Amo poderá ficar descansado – bem sei que ficar às ordens de Vossa Alteza é meu dever de escudeiro…
- Temos que entrar na pendência pela corporação florestal, apear o Ferrador e arranjar alguma coisa para ir ocupando a condessa das Cavadas – ordenou o Príncipe.
- O apeanço do Ferrador só peca por tardio; mas achai Vossa Mercê que a corporação florestal é lugar para a condessa das Cavadas? – Perguntou o Pança, surpreendido com os planos do Príncipe.
- Não sei, nem isso importa para a circunstância; porque perguntas, Pança? Sabeis bem que ela teve a pasta das florestas, e parecia gostar daquilo…
- Vossa Mercê sabe muito bem que ela parece gostar de tudo o que lhe dão – se há defeito que não tem, é ser esquisita. Mas se Vossa Mercê a quer presentear com alguma coisa de valor, por que não a mete a presidir à Escola? O doutor meteu aquilo numa rebelião tal, e num emaranhado de processos judiciais, que não tem fim à vista. Como Vossa Mercê sabe, a condessa é uma boneca de génio mole que derrama doçura; talvez acalmasse aquilo…
- Pança; não te metas a dar pareceres a quem não os pede… A conquista da corporação florestal permite apear o velhaco do Ferrador – um vilão de duas faces, que se diz connosco mas está apegado aos nossos inimigos – e ocupar a condessa.
- Mas acha, Vossa Mercê, que a condessa quer aquilo: uma incumbência que só dá trabalho e chatices?
- Enganas-te, Pança; também dá proventos, e não são despiciendos; conheço bem as contas – sou o guarda-livros – e as artimanhas do Ferrador…
- Já não está cá quem falou…Lembrei-me, agora, que também participei numa reunião onde falaram disso, e fizeram ameaças…- recordou o Pança.
- Digo-te mais, Pança: a condessa ficará por lá pouco tempo, porque brevemente substituirá a marquesa Prada, que já deveria ter renunciado, mas continua a engonhar e a criar-me desavenças desnecessárias.
- Percebi, Majestade. Mas dizei-me: com quem posso e devo contar para empreitada tão dificultosa?
- Tens muito por onde recrutar, anda por aí muito vassalo ávido de poder – afirmou o Príncipe.
- Tem razão, Alteza; anda por aí muito vassalo desavindo com as lutas pelo poder - nunca vi o partido tão partido…
- Para quem domina a arte de reinar, nada melhor – lembrou o Príncipe.
- Pois; mas Vossa Mercê dá-me cada empreitada mais dificultosa…. Pensa, Vossa Mercê, que o trabalho de manejar ódios e encadear vinganças, para o mesmo propósito, é rendilhado simples...
- Não é, Pança; mas é campo onde cavalgas sem rédea. 
- Sim, mas dizei-me, Alteza: o Senhor acompanha-me? E com quem posso contar para esta refrega?
- Estou fora dessas brigas… Deixo isso para os vassalos desavindos se guerrilharem. Vieram, também, convidar-me para tomar conta do partido…Rejeitei. Chega-me o poder que já tenho; e gosto de ver, de fora, essas guerrilhas menores.
- Compreendo, Alteza; mas sem o Senhor esta conquista fica mais difícil. Preciso que me arranje cavaleiros valorosos…
- Tens-te a ti, Pança; a condessa, agora liberta de ofícios; o trinca-ferros, sempre disponível por brigas pelo poder; o beato Ilídio, que quer aparecer para não ser esquecido; …
- Fraca tropa, Alteza! A macieza que o beato Ilídio tem a mais, tem o trinca-ferros a menos. Já não falando do mau agouro que o trinca-ferros transporta - quando entra nestas pendências, onde é preciso contar votos, geralmente perdemos…
- A quem o dizes... Mas deixa-te dessas lamúrias, Pança. Bastará aparafusardes a vossa coragem até ao ponto máximo, para que não falhemos.
- Eu dou sempre tudo pelo meu Amo; e tanto me atiro a eles de frente como a rebolar…
- Acredito; mas não te esqueças, Pança, para vencer a malícia, malícia maior tendes que ter – alertou o Príncipe.
- Ficai descansado…Sou escudeiro que aprendeu depressa, com Vossa Mercê, os artifícios da malícia.
- Faze bem esta incumbência, que tenho mais para ti – prometeu o Príncipe.
- Darei tudo…Mas Senhor meu, tende sempre mão em mim…
                                                                                            Miguel Saavedra 

6 de janeiro de 2018

Mostra, mostra, mostra...



Parece ironia o facto de, ao pesquisar no site da Câmara Municipal de Pombal, na parte relativa ao ambiente, a primeira coisa que vi foi mesmo um certificado de qualidade de água. Isto ilustra a dicotomia que é, por um lado, ver ali referenciada a notável “avaliação qualitativa de aspectos relacionados com a gestão, o cumprimento de preceitos legais e ocorrências significativas com impacto na qualidade do serviço que é prestado aos munícipes” e por outro ver o que se tem passado nas nascentes do Rio Ourão e do Rio Anços, locais onde a porcalhice anda bem activa, tal como o Grupo Protecção Sicó nos tem mostrado.Já agora, onde estão as análises da água das nascentes referidas? Eu estou particularmente interessado em ver as análises à água daquelas nascentes, já que gostava de saber se levam um selo de qualidade ou de porcalhice. 
Pelas fotos que já vi não há sequer dúvidas...Não é novidade o facto de os nossos autarcas não darem a necessária atenção a este recurso essencial à nossa existência. É certo que também é um tema que não dá grandes votos e já todos sabemos como funciona a (i)lógica política. Há, portanto, que mudar o paradigma!Não há o conhecimento por parte dos autarcas e isso reflecte-se numa atitude passiva e que constantemente subvaloriza os graves problemas que afectam os nossos recursos hídricos, aquíferos e não só. Daí não ser surpresa constatar o que o autarca Diogo Mateus disse, ao referir ao Jornal Terras de Sicó, que a contaminação que ali tem ocorrido“tende a regularizar-se sem grandes consequências”. Sou céptico quando oiço um não especialista nestas matérias a afirmar que não há grandes consequências associadas à poluição e por aí adiante. São afirmações que atestam a falta de competência de quem deveria gerir com mão de ferro este recurso estratégico que é a água potável.
Desafio Diogo Mateus a dizer qual o real estado dos recursos aquíferos da região de Sicó. Sim, da região de Sicó, já que na Natureza não há limites administrativos e tudo está interligado. Sim, já sei que este autarca não me conseguirá dizer tal coisa, facto que me leva a convidá-lo para uma reflexão urgente. E mesmo que o problema possa eventualmente ser causado fora dos limites deste município, o interesse e a dedicação na resolução da situação deve ser o mesmo dos outros, já que a água é um bem comum e todos bebemos da mesma fonte, mais tarde ou mais cedo.
Não se trata de saber as causas das alegadas descargas, mas sim de não querer saber do problema em si mesmo (ver a big picture), no protelar algo que é fundamental, conhecer os recursos aquíferos e defendê-los de toda e qualquer fonte de poluição, seja esporádica ou regular. Já todos sabemos que quando há alguém poderoso a poluir as coisas demoram a resolver-se, “sabe-se lá porquê”... A ver vamos quem são os responsáveis por estes actos.Já agora, onde estão publicadas as tais análises feitas? Mostra, mostra, mostra!As imagens disponibilizadas nas redes sociais pelo Grupo Protecção Sicó, um dos grandes defensores deste nosso património, deveria envergonhar todos os autarcas desta região. Este caso é apenas mais um entre muitos outros. Sim, sei que a memória é curta, mas para quem,como eu e como o Grupo Protecção Sicó sabemos, isto é infelizmente a regra e não a excepção.Há umas semanas desafiei um executivo a fazer algo, que agora estendo a todos os municípios da região de Sicó. Reúnam-se, rodeiem-se dos especialistas e esbocem uma candidatura a fundos comunitários, deforma a estabelecer um projecto ímpar para o conhecimento e gestão dos recursos aquíferos em meio cársico. Investigação pura e dura, aplicada a este recurso de primordial importância. É algo que ainda não existe,que colmatará uma falha inaceitável numa região com características tão específicas e que servirá como base a algo de tão simples como gerir um dos recursos mais preciosos que podemos ter, a água!Lembrem-se que temos recursos aquíferos mas que não sabemos, de facto,o seu real estado para consumo humano. E não é o facto de, por agora,podermos ir buscar água a outros lados que nos deve descansar, já que,tal como ainda há poucas semanas voltou a acontecer, em Ansião, quando a água falta e não se pode ir buscar a outra captação, então é sinal que devemos estar preocupados, muito preocupados...E se precisarem de uma ajuda, aqui estarei para o que der e vier. Têm também a Universidade de Coimbra aqui ao lado, fica a dica...
Finalizando, utilizo esta figura (acima), que ilustra este comentário, sempre que preciso de abordar esta questão. É uma figura clara e concisa,restando saber se os nossos autarcas conseguem entender o básico... 

João Paulo Forte
http://azinheiragate.blogspot.pt/

5 de janeiro de 2018

Pombal, 2018

Pombal, 5 de Janeiro de 2018. Sem filtro.

Será igual a 2017, 2016, 2015, 2014, …E a 2019, 2020, 2021…
Pombal é demasiado previsível - uma ventura, apesar de tudo!
  • A Educação continuará a não servir para a realeza. Não importa, desde que sirva para o povo, e sirva também para encher a boca do poder com não-sei-quê 100%.
  • A economia vai evoluir ao ritmo da demografia e do envelhecimento.
  • O potencial turístico vai evoluindo ao ritmo a que se destrói a natureza, ao invés de a preservarmos.
  • O rio Arunca e a ribeira de Anços continuarão a transportar merda na pouca água que lhes sobra.
  • O Narciso e o Diogo continuarão por cá; a destilarem recalcamentos e ódios de estimação. Precisam (um do outro) disso para existirem. E nós, deles; para nos divertirmos.
  • O Michael continuará, também por cá, à procura de um futuro há muito perdido.
  • Os vereadores continuarão a ser paus-mandados do pavão que está no trono.
  • O JGFernandes continuará suspenso e em suspense – sem saber se volta à liderança do PSD.
  • A Odete Alves sucederá à própria; e manterá um poder que não existe…
  • O Joel Gomes será presidente de uma federação distrital da Juventude Socialista sem nunca ter existido em Pombal. 
  • Na JSD distrital, Pedro Brilhante será o presidente-coxo, pois neste Janeiro completa 30 anos e deixa de poder votar, enquanto jota. O que é que lá está a fazer então?
  • O Pedro sucederá ao Sidónio, cumprindo um ritual sem sal nem pimenta, à maneira do CDS.
  • O BE continuará a incomodar, sem cómodo.
  • A CDU é isso.
  • Em Abiúl, a Sandra vai perceber que não lucrou nada com a troca; nem a terra, que há muito tempo tem o destino traçado, mas não era necessário acelerá-lo.
  • Por terras de Alitém, o Nogueira Matos vai sobrevivendo.
  • Em Almagreira, Humberto Pinto não há-de fazer pior que o antecessor.
  • Em Carnide, haja festa uma vez por ano, que a malta não precisa de muito para se contentar.
  • No Carriço, o fiscal da Câmara tem tudo controlado.
  • No Louriçal, a zona industrial continua com zero empresas instaladas desde a inauguração. Será agora?  E o que acontecerá à IPSS da Moita do Boi, agora que há um Centro Escolar na sede de freguesia? E as festas, dr. Calvete? Isso é para continuar a caminhar para o fiasco popular?
  • Nas Meirinhas, João Pimpão vai liderar a Junta a partir do Largo do Cardal, com a mesma capacidade com que serve de escudo a Diogo Mateus.
  • Na Pelariga, podemos deixar arder, que o Nelson é bombeiro.
  • Em Pombal; o Pedro continuará escravo da política do enfeite, mas envelhecerá novo à espera de um tempo que não chegará a tempo. Pelo meio, tentará controlar o partido que está tão partido, e atenuar as saudades que muitos fregueses têm do mestre-de-obras Escalhorda.
  • A Oeste, nada de novo:  o Manuel Serra vai continuar a pensar que não perdeu a junta e que ainda faz parte da AM. O Gonçalo não gosta de perder nem a feijões e vai desunhar-se para ser bom presidente, o que não é fácil com a marcação cerrada de alguns peões de brega que o CDS por lá tem.
  • Na Redinha, ficamos à espera que Silas seja o bom da fita. A terra bem precisa.
  • Em Vermoil; o Ilídio vai continuar a ser presidente da junta, na prática.
  • Em Vila Cã; ainda não será no próximo ano que a Ana conseguirá erguer o Centro Escolar; entretanto perderá o resto dos garotos. Por outro lado, no último mandato, enfrentará um dilema terrível: emenda ou agrava.
E o Farpas continuará a farpear os interesses instalados, no ano em que comemora uma década por aqui, sem mordaça nem freio.
Adelino Malho
Adérito Araújo
Paula Sofia Luz