27 de março de 2017

Ilídio em marcha lenta


Os autarcas do concelho de Pombal, liderados pelo Presidente da Junta de Freguesia de Vermoil, Ilídio da Mota, tomaram a iniciativa de realizar uma marcha lenta no IC2, entre as Meirinhas e a Redinha, como forma de reivindicar melhoramentos nessa via.

É verdade que considero justa a reivindicação. Em Novembro de 2009, aqui no Farpas, manifestei publicamente o meu apreço pelo facto do Eng. Narciso Mota ter estabelecido como prioridade essa luta junto do Governo. Na altura (conforme lembrou Edgar J. Domingues), os laranjinhas acusavam o  então Governo de José Sócrates de “não ter sabido definir prioridades em termos de execução de obras mais prementes em termos de segurança rodoviária”. O próprio Ilídio da Mota questionou no Farpas (em 2009 ainda podia) a inércia das entidades públicas.

Em Fevereiro de 2014, em pleno governo do PSD/CDS, a questão do IC2 voltou a ter destaque neste blogue pela circunstância do deputado Pedro Pimpão, que era membro do grupo de trabalho da Segurança Rodoviária na Assembleia da República (não sei se ainda é), ter defendido a requalificação urgente da via. Esse parecia ser o momento certo para os autarcas pombalenses tomarem uma atitude firme. Não é todos os dias que se tem um primeiro-ministro tão amigo e um deputado tão bem posicionado. Pergunto: onde estava o ilustre presidente da Junta de Vermoil nessa altura? A dar largas à sua verve no facebook ou a tomar acções concretas junto do Governo e da Infraestruturas de Portugal? 

Os cortes de estradas, as marchas lentas, os boicotes eleitorais são iniciativas que se justificam quando praticadas por cidadãos que estão longe do círculo do poder, cuja voz dificilmente chega aos ouvidos de quem manda. Já não se entendem quando promovidas pelos autarcas de um dos concelhos mais laranjas do país, com deputados eleitos, depois de anos a privar com as mais altas instâncias governativas. Esta iniciativa apenas serviu para mostrar que os nossos eleitos gerem o concelho a duas velocidades: em marcha lenta, quando o país é governado pelos seus correligionários, e em marcha atrás, quando o inimigo político está no poder. 

3 comentários:

  1. Boa tarde a todos. Caro Adérito conheço o Ilídio e acredito que a grande motivação dele é simplesmente defender a sua população. Não vejo nada de politico nisto, tanto é que ele está em final de mandato e penso até que vai fazer umas "férias" da politica activa. Quando aos outros políticos da nossa praça os microfones das TVS foram tipo bóia de salvação de um Mandato para esquecer. É no mínimo estranho só nos seus últimos meses de mandato o Príncipe estar a lembrar-se do povo. Desde marchas-lentas...Discursos bem articulados para as TVs e Beijinhos nas Velhinhas...Vale tudo para não perder o Trono. É que isto depois dos 47 ter de começar a trabalhar como o comum dos mortais deve ser duro para a realeza ( trabalha-se muito...ganha-se mal e não há almoços grátis nem mordomias)

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  2. Quando me disseram que iam fazer isto, disse logo que deviam envolver a Câmara de Leiria. Em relação à Câmara de Soure e à de Condeixa não sei se era tão evidente, mas trazer a Câmara de Leiria dava uma dimensão nacional e suprapartidária que seria importante, ao fim de tantos anos de hesitação por cálculos pessoais de políticos regionais e locais.
    Ao não fazê-lo, o PSD-Pombal revelou que isto será para consumo interno, para contentar as populações sem resolver o problema, para marcar distância em relação à falta de acção de Narciso Mota.

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  3. "Touché" qb... ;)

    Por norma, estarei sempre do lado das justas reivindicações/manifestações, o que neste caso, obviamente, entendo que se justifica, contudo nunca se poderão esquecer todos os seus contornos e complexidades.
    Desde logo, a importância da apresentação e submissão a discussão pública de qualquer projecto de intervenção do IC2 (facto que o actual executivo Camarário, bem como os seus antecessores, não poderão ser exemplos a seguir pelas Infraestruturas de Portugal) por forma a acautelarem-se os vários e reais interesses de proprietários / confinantes / comerciantes do IC2 obviamente com primazia para a segurança rodoviária.
    Acresce que, na minha modesta opinião, a reivindicação em questão, peca notoriamente por tardia, principalmente na perspectiva estratégico/política no panorama nacional, porquanto, ao não ter sido prévia, ou pelo menos, contemporânea, à construção da Rotunda no Alto Cabaço, em que resultou, serem apenas os contribuintes pombalenses a suportarem tais custos, e, bem sabendo de ante-mão o executivo camarário da existência de muitos outros problemas no mesmo troço de tal estrada. Ora, logo, daí eventualmente resulta que em termos de inscrição de tais verbas necessários no PIDDAC para uma intervenção de monta, ao serem agora reclamadas desta forma, próximo de umas eleições autárquicas, são reveladores de uma notória inexistência de estratégia eficaz para reclamar melhores condições de infraestruturas e de qualidade de vida das populações para o território pombalense, pois claramente, demonstram é apenas estar dependentes da agenda estratégica partidária-eleitoralista, o que é sempre de se repugnar. E, atenção que, embora possa ter o mesmo efeito negativo a nível de reclamação junto do actual Governo, semelhante ao aquando do anterior líder do Executivo Camarário aquando tratou de forma repugnante à data o Primeiro-Ministro (sendo capa de jornais nacionais), o que muito sinceramente, espero que não, para bem do nosso território, e anseio que, cumprindo-se com todos os procedimentos legais, e, estando acautelados os verdadeiros interesses das populações, venha a ser uma realidade a intervenção no IC2, nos moldes que esperemos ainda por ver o projecto em questão, o qual até penso que na presente data seja totalmente desconhecido das populações. Pairando no ar o que em concreto reclamam? Apenas mais segurança rodoviária? É que aí estarão todos de acordo. Mas é por tudo isto, que quiçá não tenha ocorrido uma forte adesão por parte dos populares, e ter-se assistido maioritariamente à circulação de veículos de pertença das autarquias assim como dos respectivos partidos políticos no poder local e alguns dos seus mais fiéis correlegionários, o que é revelador qb. Bem haja.

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