31 de janeiro de 2025

A “Junta

 A “Junta” voltou a reunir, ontem. Do que falaram? De ninharias, de queixas de comadres, e de banalidades. Ah! E aprovaram uns subsídios - muitos…



Não há nada mais aborrecido que ver gente comum, absolutamente comum, sem nenhuma ideia pessoal, sem nenhum talento e sem nenhuma faculdade especial a cumprir rotineiramente uma tarefa naturalmente exigente, sem brio e sem espírito.

Por conseguinte, é difícil trasladar aquilo para palavras. Como é difícil perceber o que vão para ali fazer certas criaturas. Há coisas sobre as quais não só não se pode falar com inteligência, mas é até falta de inteligência falar sobre elas. Seria melhor acabar com aquilo, apagar a luz ou não dar a ver aquele espectáculo fastidioso – nada mostrar.

As circunstâncias não fazem o indivíduo, apenas o revelam no seu esplendor. Por comparação, o que melhor ali surgiu foram as três intervenções do público.

29 de janeiro de 2025

Chega aposta forte em Pombal

Gabriel Mithá Ribeiro, militante e deputado do Chega, eleito pelo círculo eleitoral de Leiria, será o cabeça de lista do partido à Câmara Municipal de Pombal, nas eleições autárquicas deste ano. A decisão ainda não foi divulgada pelo partido, mas o próprio já deu conhecimento da sua candidatura a algumas forças vivas do concelho.



A escolha desta figura nacional, sem laços à terra, mostra que o partido aposta forte em Pombal e que não possui uma figura local capaz de fazer um bom resultado.

É um desafio para o próprio, e uma ameaça para as outras candidaturas.   

24 de janeiro de 2025

É o progresso, estúpido!




Um corte com o passado marcou o arranque desta semana numa das ruas mais movimentadas de Pombal. Não, não foi só um corte com o passado. Quando as máquinas entraram pela antiga propriedade da família Vieira, encostada à unidade de saúde do São Francisco, arrasaram com uma parte importante do património arquitectónico da terra. Para os vizinhos, foi uma dor de alma. Talvez não tão grande como aquela que terão quando começar a erguer-se o edifício multifamiliar constituído por 43 (!) fogos, um condomínio fechado. Por ora, quem passa na rua Carlos Alberto Mota Pinto apenas pode admirar o lixo. 
A propriedade é grande. Quando olhamos para a floresta à procura da árvore (que é como quem diz para as imagens do Google), há (havia) um pulmão verde naquele nº 120, contrastando com o betão que cresce e se multiplica. 
Quando nos abeiramos da futura obra, só há máquinas e entulho. Aguardamos a todo o momento que lá seja colocado o respectivo aviso, para que toda a gente saiba aquilo que a Câmara decidiu, a escassos dias do Natal passado: um despacho que o vereador Pedro Navega assinou, em nome do presidente Pimpão, em consonância com o parecer de outro arquitecto, o chefe da Divisão de Obras Particulares, Júlio Freitas. Como Pombal é uma terra pequena e isto anda sempre tudo ligado, o promotor do empreendimento é também um velho conhecido dos meandros autárquicos: o engenheiro Sérgio Leal, ao leme da empresa B30 - Construção Civil e Obras Públicas, Lda. 
Ora, se há coisa de que Pombal precisa é de prédios. De prédios novos, de preferência deitando abaixo casas antigas. 
Nos anos 90 esta cidade tinha uma Associação de Defesa do Património (Cultural), que nestas alturas bem falta nos faz. Mas o progresso não se compadece com lérias, tão pouco com saudosistas. 
Esta é a era das smart cities, da dinâmica do território, e de quem tiver as unhas mais compridas para tocar guitarra. Avancemos, sem pudor. 

23 de janeiro de 2025

Crónica de uma reunião meio encoberta

A “Junta” reuniu na passada quinta-feira. Mas nem o presidente nem gabinete da propaganda divulgaram a dita. Perdemos há muito o interesse pelas reuniões da  “Junta”, mas a ausência de propaganda acicatou a curiosidade…



Na dita reunião, não transmitida, o Pedro fez aprovar um empréstimo bancário no montante de 9 854 000 €  - o dobro da dívida bancária de longo prazo herdada dos seus antecessores. O Pedro justificou o avultado empréstimo com a necessidade de realizar investimentos, nomeadamente nas descabidas promessas eleitorais (por exemplo, nos parques verdes nas freguesias). Mas percebe-se que se destina a dar asas ao seu despesismo, em ano de eleições.

O concelho precisa de muita coisa, mas não pode nem deve desbaratar recursos, sempre escassos, em benfeitorias de fachada que só dissipam meios e geram despesa (re)corrente. Para estas deveriam chegar os abusos que se cometem no acesso indevido aos fundos comunitários, recorrentemente desbaratados sem propósito e sem critério.  O crédito bancário - sempre oneroso – é uma decisão complexa e de último recurso, justificável quando não se dispõe de meios próprios para responder a uma necessidade premente ou a uma oportunidade (rentável), após rigorosa e ponderada avaliação da relação custo-benefício. Esporadicamente, também se justifica/impõe para resolver problemas ou rupturas de tesouraria, como parece ser o caso... A acção política do Pedro é um jorro dissipador de recursos como se não houvesse amanhã, que seria, em grande parte, inócua se lhe retirassem a capacidade de contrair dívida e de fazer despesa extraordinária. Como actualmente isso não parece possível, restará a possibilidade de tirá-lo do poder. Mas parece que amanhã ainda não será a véspera desse dia… 

Convém, no entanto, recordar que o Pedro recebeu a câmara numa situação económico-financeira invejável, fruto de abordagens prudentes, centradas no essencial e no controlo da despesa, geradoras de resultados sempre positivos. Mas bastou comutar para o modo despesista, focado no acessório e no folclórico (festas e diversão), para se passar de explorações positivas para um resultado líquido negativo de 3 600 mil euros, em 2023 - último conhecido.

O Pedro é um bom-rapaz, mas muito impreparado e insensato para este campeonato, porque não distingue o acessório do essencial, confunde despesa com investimento, acção com estratégia, prioridades com desejos. O que o leva a fazer escolas onde não há crianças, e a não as fazer onde as há (crianças); o que o leva a plantar árvores onde as há a mais (somos um dos concelhos com a maior mancha florestal), porque acha que assim se liga à natureza, quando o esforço deveria ser colocado no seu desbaste; o que o leva a fazer parques verdes onde não falta verde - verde do melhor, verde natural -, em vez de cuidar dos pequenos núcleos urbanos das freguesias, etc. etc., etc.

Com o Pedro & C.ª esta terra nunca encontrará seu ideal. Salva-se quem gosta do natural.

18 de janeiro de 2025

O médico Fernando Matos é o candidato do PS à Câmara


 

O PS de Pombal aprovou esta tarde, por unanimidade (e presumível aclamação), a escolha do médico Fernando Matos para candidato à Câmara Municipal de Pombal, nas eleições autárquicas deste ano.

É um nome forte e uma cartada bem jogada, talvez a melhor dos últimos 30 anos. Porque é um nome conhecido e respeitado na praça, porque o efeito surpresa joga sempre a favor nestas coisas.

Fernando Matos viveu na sua bolha da saúde, entre o público e o privado, e chega a esta idade sem qualquer envolvimento político na terra (e fora dela). É sempre estranho quando isso acontece. Mas como vivemos o tempo do sebastianismo - veja-se o caso do Almirante para a presidência da República - pode ter aqui as condições ideais para singrar. Os próximos tempos ditarão até que ponto esta aparição vais ser suficiente para curar o PS, mas tem pelo menos o condão de se fazer respeitar, enquanto candidato, pelo adversário hegemónico que é o PSD. E isso já é bastante. 

Posto isto, abram alas para o senhor doutor. Hoje o PS pode acender os incensos todos, porque este número já ninguém lho tira. 

15 de janeiro de 2025

Coisas de Pimpão, coisas de Rabadão

Consta que o Instituto Politécnico de Leiria (IPL) quer deslocalizar os cursos de formação superior em Desporto para Pombal. Se há coisa de que o país não precisa é de mais escolas superiores. Mas continuamos a ser desgovernados por políticos e dirigentes que não sabem estudar os problemas nem priorizar a acção, uns por desconhecimento, outros por falta de seriedade.



Sabe-se que num país pequeno e pobre, como este, com variada e difusa oferta educativa de nível superior, é muito difícil e custoso erguer e consolidar uma nova escola de ensino superior. Nas últimas décadas surgiram pelo país escolas superiores como cogumelos no Outono, sem obedecer a qualquer critério racional de utilidade ou viabilidade. A maioria vegeta pelo país, sem passado que as recomende, sem presente que as justifique e sem futuro algum, sorvendo recursos públicos, sempre escassos, sem retorno palpável.

Apesar de tudo, Leiria é uma honrosa excepção; conseguiu com o esforço e a dedicação de muitos erguer um instituto que oferece alguma formação de reconhecida qualidade e com valor para a região e país. Mas o trabalho não está concluído nem consolidado em várias áreas/cursos. Por conseguinte, fragmentar a escola sem a consolidar, não por razões de necessidade de expansão ou de interesse público, mas por simples motivações e interesses particulares - arranjos políticos – desligados de qualquer política ou resposta educativa é um péssimo serviço que se presta ao IPL, à região e ao país.

Estamos perante um devaneio ignóbil, que desbarata avultados recursos públicos e compromete a consolidação do IPL, na forma de favor político destinado a satisfazer a vã glória do “nice to have”. 

8 de janeiro de 2025

Novos protagonistas, velhos hábitos


 Na última reunião da Assembleia Municipal, o JAS (vulgo João Antunes dos Santos, que se gerou há 9 meses deputado da nação) personificou aquilo que o PSD local tem de pior: aquele prazer sobranceiro de menosprezar os adversários, típico de quem prefere ser forte com os fracos e fraco com os fortes. 

Julgava eu que esse era um método passado. E sendo o nosso deputado um rapaz moderno (mesmo que disfarçado de velho), que acompanha com quem defende a igualdade e outros valores, era de esperar que tivesse outros princípios. Só que não. Num rasgo de pedantismo bacoco, decidiu entrar a pés juntos com a representante do Oeste Independentes, Liliana Oliveira, que pela primeira vez participava numa AM. Seria de esperar, pois, que - até por uma questão de educação - fosse (bem) acolhida pelos seus pares. Mas um jovem deslumbrado é sempre um jovem deslumbrado até crescer. E assim se explica a intervenção de JAS (ensaiada tantas vezes com as mulheres da bancada do PS, e outrora com a do Bloco de Esquerda), com o aval do resto da sua bancada, que acha uma certa piada a este tipo de desconsideração. 

Atente-se que o argumento "político" assentava no facto de Liliana (que preside à Assembleia de Freguesia do Oeste, e já provou várias vezes não ter medo de quem rosna) levar uma intervenção escrita, supostamente feita por outro(s). Está bem de ver que Joãozinho se viu ali ao espelho: quantas vezes foi para a AM com cábulas da concelhia, quantas vezes terá feito cábulas para os outros. Lembramo-nos todos das intervenções de tantos eleitos do PSD (mal lidas, por serem alheias), elogiosas do sexo dos anjos e da plantação de orquídeas na Amazónia. 

É o que temos. E é com isto que vamos ter de lidar no futuro. 

Os jogos de rabo de saia dão gozo próprio, mas fazem estragos

Os códigos de conduta das grandes empresas, nomeadamente das cotadas em Bolsa, prevêem regras apertadas para os relacionamentos entre administradores e subordinados(as).

Na GALP, na semana passada, uma denúncia anónima fez chegar à Comissão Ética e Conduta um relacionamento íntimo e encoberto entre o Presidente do Conselho de Administração – Filipe Silva - e uma directora. A comissão chamou o Administrador para ser ouvido com urgência. A audição ocorreu ontem, com o administrador a assumir o caso e a apresentar a demissão.

As organizações confiáveis, que se preocupam com a ética e o ambiente saudável, cortam pela raiz os vícios de conduta que geram promiscuidades, conflitos de interesses e estragos de vária ordem. As autarquias, onde estes vícios proliferam e medram com facilidade redobrada, deveriam prevenir e tratar estes vícios de forma exemplar. Mas não o farão. O poder é afrodisíaco e o deslumbramento é leviano.