Consta que o Instituto Politécnico de Leiria (IPL) quer deslocalizar os cursos de formação superior em Desporto para Pombal. Se há coisa de que o país não precisa é de mais escolas superiores. Mas continuamos a ser desgovernados por políticos e dirigentes que não sabem estudar os problemas nem priorizar a acção, uns por desconhecimento, outros por falta de seriedade.
Sabe-se que num país pequeno e pobre, como este, com variada e difusa oferta educativa de nível superior, é muito difícil e custoso erguer e consolidar uma nova escola de ensino superior. Nas últimas décadas surgiram pelo país escolas superiores como cogumelos no Outono, sem obedecer a qualquer critério racional de utilidade ou viabilidade. A maioria vegeta pelo país, sem passado que as recomende, sem presente que as justifique e sem futuro algum, sorvendo recursos públicos, sempre escassos, sem retorno palpável.
Apesar de tudo, Leiria é uma honrosa excepção; conseguiu com o esforço e a dedicação de muitos erguer um instituto que oferece alguma formação de reconhecida qualidade e com valor para a região e país. Mas o trabalho não está concluído nem consolidado em várias áreas/cursos. Por conseguinte, fragmentar a escola sem a consolidar, não por razões de necessidade de expansão ou de interesse público, mas por simples motivações e interesses particulares - arranjos políticos – desligados de qualquer política ou resposta educativa é um péssimo serviço que se presta ao IPL, à região e ao país.
Estamos perante um devaneio ignóbil, que desbarata avultados recursos públicos e compromete a consolidação do IPL, na forma de favor político destinado a satisfazer a vã glória do “nice to have”.
Estimado Camarada Adelino Malho,
ResponderEliminarA importância de um polo de ensino superior em Pombal não pode ser subestimada. A juventude do nosso concelho enfrenta desafios significativos, como o gasto com arrendamento de moradias, transporte e alimentação, especialmente para aqueles que estudam em outras capitais de distrito. Ter um politécnico local seria excecional. Por outro lado, sem investimento intelectual, continuaremos a desperdiçar recursos públicos em áreas menos prioritárias. Contudo, sem massa crítica e intelectualidade, as autoridades e lideranças políticas se apropriarão desta fragilidade demográfica, iludindo as populações sensíveis que têm medo de enfrentar esse mesmo poder instituído: desonesto e abusivo. O ensino superior empodera, formata o ser, desenvolve competências de raciocínio, oratória e discernimento, inclusive de astucia política. Devemos lutar por bolsas de estudo e cursos livres gratuitos, garantindo igualdade de oportunidades. Estudos alarmantes mostram que muitos jovens estão desorientados, sem atividades ou oportunidades de inclusão, os conhecidos «nem-nem», que não estudam nem trabalham, lógico que por fragilidades económicas, sociais e psicológicas não concluem os estudos.
Além disso, adultos desempregados necessitam de formações inovadoras e, aos 40 e 50 anos, são desafiados a mudar de carreiras, caso contrário não sobrevivem. Conheço muitos que se formaram em cursos técnicos de formação superior, em licenciaturas e mestrados pelo próprio instituto e hoje são profissionais extremamente competentes. A educação é o único caminho para combater a pobreza. Com o polo de ensino superior, poderemos produzir e oferecer conhecimentos, aproveitando a infraestrutura viária e ferroviária. O desporto oferece saídas profissionais e promove a saúde e o bem-estar. Em Pombal, figuras como Mestre Bimba e o Professor Vítor, como tantos outros junto com as famílias dos jovens, têm inspirado a juventude. A inclusão de um polo de ensino superior com foco no desporto fortaleceria essa tradição e promoveria um ciclo positivo de progresso e inclusão.É óbvio que em tempos de eleições o Presidente da Autarquia de Leiria está preocupado, já que perder e dividir polos com Pombal forçarão menos arrecadações directas e indirectas à Capital distrital, é compreensível. No entanto, pela primeira vez, estaremos em condições de produzir e oferecer conhecimentos, com um sistema operacional que contará com a facilidade dos anéis: viário e ferroviário e forçará, esse mesmo Poder Público reestruturar o amparo e os equipamentos em educação básica, creches, saúde, habitação, lazer e cultura, olha a expansão que poderemos ter? Esse é o verdadeiro ciclo produtivo e de progresso. A ETAP, desenvolve um excelente trabalho, mas é fundamental garantir a inovação e a competitividade. Somente com investimentos cresceremos e prosperaremos, como a Finlândia. Em 2015, o Projecto E3T recomendou o ensino superior para Pombal.
Cara Marisa,
ResponderEliminarAinda consegui ler o seu escrito até à sua brilhante conclusão: Ter um politécnico no quintal de casa seria excepcional. Desisti imediatamente de ler o resto. Nunca fui muito propenso a ilusões, mas agora, nesta provecta idade, fujo a sete pés do registo delirante.
Estimado Adelino Malho,
ResponderEliminarAgradeço a leitura até à "brilhante conclusão" e a franqueza de suas palavras. Imagino que, na sua provecta idade, seja compreensível fugir de qualquer coisa que pareça um delírio. No entanto, permita-me discordar. Às vezes, as ideias mais transformadoras começaram como meras ilusões. Quem diria que Pedro Álvares Cabral, ao zarpar em direção à Índia, descobriria Porto Seguro, Cabrália, na Bahia, e abriria novos horizontes? Ele mesmo se referiu à terra como "praia das lágrimas ao ir e terra do contentamento ao voltar". Acredito que um polo de ensino superior em Pombal não é um delírio, mas uma visão concreta para o desenvolvimento da nossa juventude e comunidade. Tal como uma viagem que planeamos e preparamos, podemos transformar essa visão em realidade com esforço conjunto. Afinal, somos pombalenses, como dizia o poeta, "tudo vale a pena quando a alma não é pequena". Portanto, em vez de fugirmos a sete pés, que tal abraçarmos essa oportunidade com a força e a determinação que Pombal merece?
Saudações cordiais,
Amigo Adelino
ResponderEliminarLembro-me do anos 40 do séc passado onde estudar era uma miragem para a maioria. O secundário existia só em Leiria e Coimbra, aqui no centro claro. Nos cursos superiores, por exemplo Engenharias em Coimbra só até ao 3° ano, bacharelato, e para a conclusão do superior só Porto ou Lisboa.
Nos anos 70 só existiam escolas superiores, em Lisboa, Porto e Coimbra… tudo o resto era um deserto educativo…
Com o advento da massificação da educação dos anos 80/90 cresceram e multiplicaram-se os estabelecimentos de ensino, tanto secundárias como superiores, aliás acompanhando a evolução económica geral onde as atividades industriais e de serviços tiveram idêntica expressão.
A maioria destas atividades tiveram iniciativa privada e outras pública. Umas vingaram e hoje em dia dão cartas e outras ficaram pelo caminho e a sua memória esfumou-se no tempo.
A evolução é feita de tentativas e erro, e se nunca tentarmos é certo que nunca iremos errar mas também é certo que nunca iremos saber se poderíamos ter sucesso. Uma coisa sabemos, jamais iríamos evoluir!
É dor habitual dos inovadores a incerteza do desfecho da sua coragem e a crítica antecipada dos detratores, os tais comentadores de bancada que, do alto da sua posição de observação antecipam negros desfechos que lhes retribuem aquele delicioso prazer da altiva sapiência gratuita que unicamente opina… Chama-se a isso soberba de caráter.
Ora, após esta observação mais psicológica e funcional apenas digo que há que primeiro por a iniciativa em marcha e fazer os possíveis para que resulte no que se procura alcançar.
Pois, recorrendo aqui à sua opinião no Post, também em Leiria o IPL se instalou como embrião humilde, sem garantia de sobrevivência e eis que hoje todos reconhecemos o seu sucesso e vantagens para os estudantes e para Leiria. Pois também hoje Pombal tenta a sua sorte e só daqui a uns anos podemos tirar conclusões.
Agirmos ou opinarmos ao jeito dessa camoniana figura que dá pelo nome de Velho do Restelo em nada ajuda ao processo, embora também não o trave porque a força e coragem dos inovadores é não se intimidarem ou desistirem pelo efeito dos detratores…
Portanto, tenha calma, dê tempo ao tempo, e pode ser que ainda venha a ter uma agradável surpresa porque se há coisa certa na vida é que ninguém adivinha o devir e o que agora pode parecer um patinho feio pode e deve evoluir para um brioso Cisne porque,
Pombal tem futuro!
Abraço confiante…✌️
Amigo Serra,
ResponderEliminarEntre a soberba de carácter e a soberba da ignorância mil vezes a primeira. O meu amigo é velho sofista que julga que com meia dúzia lérias ludibria os papalvos, que julga que com o dinheiro dos outros se pode fazer tudo o que a imaginação dita ou tudo o que os politiqueiros desejam, mas já deveria saber que não é assim nem pode ser assim.
Também deveria saber que a evolução feita de tentativas e erros foi coisa do período pré-histórico e é coisa de politiqueiro de meia-tigela.
Bem sabemos que a ignorância é muito atrevida. Haja paciência.
Adelino Malho
Adelino Malho
ResponderEliminarConcordo com o meu amigo.
A ignorância é muito atrevida, inclusivé a dos espelhos! 😉