17 de setembro de 2025

Diogo Mateus condenado

Saiu hoje a sentença sobre o processo que corria no Tribunal Criminal de Leiria contra o ex-presidente da câmara (Diogo Mateus) e o seu chefe de gabinete (João Pimpão), por uso indevido de recursos camarários (viatura e respectivas despesas) em benefício próprio – assunto que mereceu ampla divulgação por aqui, aqui,...



Diogo Mateus foi condenado a quatro anos de prisão, por um crime de peculato na forma continuada e por falsificação de documentos, com pena suspensa por igual período (quatro anos). João Pimpão saiu absolvido dos crimes de peculato e peculato de uso em co-autoria.

No Estado de Direito as pessoas (só) são condenadas pelo que vão acusadas e pelo que fica provado em julgamento…  Muita cumplicidade política; pouca cumplicidade criminal. Na verdade, para o Tribunal só conta o que está na acusação. Ainda bem.

14 de setembro de 2025

O sítio do Pimpas: como viver numa realidade paralela

A família social-democrata está hoje como gosta: à mesa, boa comida e boa bebida, baile com o Graciano e resto do espectáculo abrilhantado pelo Toy. A Expocentro tomada por eles, que são muitos, esmagando qualquer concorrência que se apresente a eleições. É assim há muitos anos, e desta vez promete ser (quase) assim, também. 

O tom festivo é de celebração. Nas redes, uns e outros mostram-se no registo David e Golias. Fazendo fé na máquina poderosa que montaram e exibem, seria escusado ir a eleições. Mas nada disso é novo, como bem sei o (e)leitor. Divido coma  directora do Pombal Jornal, Manuela Frias, a frase com que abre o último editorial do único jornal da terra: “não é novidade para ninguém”. 

O que é novo aqui, por estes dias, é a subversão total do género jornalístico “artigo de opinião”, que nessa mesma edição Pimpão assina, na página 4. Pensava eu que já não iria surpreender-me mais, nem com políticos nem com os media da terra (que há muitos anos entraram no registo de não levantar ondas, quanto menos notícias melhor, porque isso só dá chatices…), quando me deparei com um exercício de propaganda básico, mascarado de artigo de opinião. O título – “Pombal cresceu: resultados que falam por si” é uma versão resumida do infomail que Pedro Pimpão fez chegar às caixas de correio, há dias, com o balanço do mandato autárquico. Chama-lhe, em estrangeiro, “accountability”, prestação de contas, por assim dizer. Fazendo fé nos seus números, das 236 medidas que havia proposto para uma década, há quatro anos, estamos com 217 executadas ou em execução, o que corresponde a 92%. Se fosse assim, estávamos prontos a abrir telejornais a toda a hora. Como não é, enganamos o eleitorado com vídeos e “notícias” que o povo vai papando como se o fossem, de facto. “Diz que ela estava ali em baixo, ao fundo da ladeira, a dar uma entrevista”, disse-me o meu pai, nos seus 82 anos, para quem a internet e o digital são coisa de que ouve falar na rádio e na tv. Ele não se dá conta, mas a poderosa máquina de comunicação da campanha que voa mais alto usa desse artifício, sem que ninguém lhe peça prova dos factos.

O Pedro é um caso de estudo. Ele consegue visualizar um jardim num monte de entulho, e pior, acreditar que é real. No rol dessas medidas que elenca, detive-me, por exemplo, na “promoção de um envelhecimento activo, saudável e feliz”. 

A minha geração chegou àquela idade em que mal acabámos de cuidar dos filhos e temos agora de cuidar dos pais. E por isso cada um de nós sabe o que nos diz a realidade no concelho de Pombal: muitos velhos, a maioria com doença e/ou demência, sem respostas. 

Passaram mais quatro anos e continuamos sem parque verde. Há décadas que alimenta os programas eleitorais. Mas na requalificação urbana e quejandos, estamos quase a rebentar a escala. Com os tantos milhões que enterrámos no Explore Sicó (CIMU Sicó que Deus tem), já tínhamos feito pelo menos 10 parques verdes, com piscinas e tudo.

Passaram mais quatro anos e não há notícia de nenhuma grande empresa a querer instalar-se aqui. Toda a gente sabe que uma cidade só cresce e se desenvolve com trabalho, com emprego, que depois traz gente, leva à fixação, e assim promove um ciclo (não vicioso, mas de virtude). Toda a gente sabe? Não. Há quem acredite em unicórnios e smart cities e proximidades encenadas. 

Feitas as contas, o Pedro está a fazer tudo bem: o que lhe falta na Câmara em matéria de comunicação sobra-lhe na campanha. Há dinheiro, muito dinheiro, bons materiais e conteúdos. Mas como sabe que há uma franja (muito importante e vasta) que não vai às redes, é preciso lançar-lhe o isco à moda antiga, nessa coisa fora de moda que são os jornais. O pior é que – tenho disso a certeza – o Pedro sabe bem que aquilo não se faz. Nasceu numa família de jornalistas, cresceu no meio, tem um jornalista como mandatário. 

Não por acaso, o livrinho que mandou para as caixas do correio termina a agradecer à comunicação social. Pudera. Qual é o autarca que não quereria jornais e rádios amiguinhos, que nunca beliscam o poder?

O meu primeiro director, no primeiro jornal onde trabalhei (O Correio de Pombal) dizia sempre o mesmo: “se dizem bem de ti, desconfia. É porque não estás a fazer o teu trabalho”. Era o tempo em que os jornais ainda diziam “as verdades que incomodam em vez das mentiras que encantam”, uma frase tornada célebre por um ex-secretário de Estado da Comunicação Social: o social-democrata Feliciano Barreiras Duarte. 

Nos tempos que correm, parece que estamos condenados apenas a comer gelados com a testa. Ou já algum dos outros candidatos (existem mais 7, pasme-se) tem o seu artigo de opinião pronto a publicar?

* o sítio do Pimpas era o nome do Blogue de Pedro Pimpão e da coluna de opinião que assinava na imprensa local, ao tempo da Jota.



12 de setembro de 2025

Pérolas Pombalinas – Autárquicas`25 #2 – "Consigo". "Não Consigo"

Ontem à noite, aquela coisa a que chamam “Tertúlias do Marquês” - uma espécie de clube do charuto do antigamente que se junta regularmente para deglutir uns comes e bebes e se ouvirem - convidou para animar o repasto, sem critério que se enxergue, três candidatos à câmara municipal: Pedro Pimpão, Fernando Matos e Mithá Ribeiro!

Os croquetes apresentaram-se bem… A conversa, que se queria cavalheiresca, nem tanto: azedou quando a claque forasteira questionou a imparcialidade da moderadora e trouxe à liça arrufos antigos mal resolvidos com o candidato-presidente.  

Mas a "figura" da tertúlia coube - como estava predestinado - ao “Consigo”. Reconheceu o óbvio: “Não Consigo”. Não consigo fazer-me ouvir.

10 de setembro de 2025

Pérolas pombalinas - Autárquicas'25 #1

#o doutor teve que abandonar

O debate proporcionado pela nova plataforma digital 'Conta Lá' teve o condão de marcar o arranque da campanha eleitoral. E logo ali, no dia de ontem, caiu-nos a primeira pérola, inspirando a nova rubrica do Farpas, que começa hoje e só termina dia 12, ao cair do pano.

Ora nesse debate (gravado em Leiria) o Doutor, candidato do PS, não compareceu. Mais tarde, com o caso nas bocas do mundo, publicou na sua página oficial um 'esclarecimento', que pode ser lido aqui. Nas redes, os apoiantes mais directos desunharam-se a partilhar a 'justificação'. Uma horda de bons-cristãos socialistas veio desculpá-lo, e desculpar-se. 

O episódio entra directamente para o top 10 das pérolas, venham as que vieram. o Doutor está para o concelho de Pombal como o homem do fogo ao pé da porta. Mas nada temam: já confirmou a presença numa espécie de debate, à porta fechada, que acontece amanhã à noite, no Tirol, por iniciativa da 'Tertúlia do Marquês'. Amanhã explicamos do que se trata. 


 

9 de setembro de 2025

Debates sobre as Autárquicas – candidatos afastados ou afastaram-se?

O novo canal televisivo “Conta Lá”, que se propõe a fazer uma ampla cobertura das próximas eleições autárquicas, gravou hoje, em Leiria, o debate com os candidatos à Câmara Municipal de Pombal, que será oportunamente transmitido, onde participaram unicamente Pedro Pimpão, candidato do PSD, e Luis Couto, candidato do movimento independente.

Pergunta-se: os outros candidatos não foram convidados, faltaram ou não quiseram participar? Como é óbvio, os eleitores gostavam de saber…


Adenda: perguntar “ofende”? Parece que sim…

Já sabíamos, há muito, que nesta malfadada terra vegeta uma “classe política” que abomina a crítica, ignorando que ela é a essência e a massa da própria política em Democracia. Mas parece que também não tolera a simples pergunta, neutra e óbvia. Deus nos livre de tamanha fragilidade.

27 de agosto de 2025

Os bandarilheiros de Abiul

 Sandra Barros, que daqui a um mês e meio termina um ciclo de 12 anos como presidente da Junta de Abiul, foi uma das (poucas) boas surpresas nos últimos anos, no domínio autárquico. Pese embora a estrangeirinha que fez ao CDS depois de vencer a primeira vez, cumpriu os seus mandatos com discrição e competência. E tinha tudo para deixar o nome bordado a ouro naquela freguesia. Mas eis que vem a público a sua participação no novo elenco do PSD. Numa primeira impressão, poderia parecer que se candidata a presidente da mesa da assembleia (o que também é discutível, mas a malta já encara com naturalidade), só que não: o cartaz é explícito. E foi ainda mais explícita a utilização da página de Facebook da presidente/candidata, criada há quatro anos. Mesmo que um rebate de consciência tenha obrigado a apagar a ousadia...há coisas que deixam marca. Uma vez na net, sempre na net...

Ora, sabendo nós que o candidato Celso Mendes foi escolha de segunda ou terceira água, está bem de ver o que vai acontecer ali, o jogo de faz-de-conta-que-ela-já-não-é presidente mas na prática...será. 

Tanta chatice atormentou outros casos, como o presidente da Pelariga, por exemplo, e afinal estava encontrada a solução para contornar a limitação de mandatos. Um problema, isto das leis e das regras da democracia. Coisas terrenas, que pouco afectam quem voa lá no alto.



24 de agosto de 2025

Assalto ao poder na Caixa Agrícola de Pombal

Nesta malfadada terra, a política deixou de ser um ideal. É agora - como nos anunciam - um estratagema para voar mais alto. Voar alto, muito alto, é uma ambição tola, própria de tolos, muito bem tratada na mitologia grega, e ao longo dos séculos pela grande literatura e pintura. Por cá, o próximo voo mais alto já arrancou e termina dia 12 de outubro, com a eleição do doutor Pimpão; o seguinte, assalto ao poder na Caixa Agrícola, está em fase de preparativos e terminará no início do novo ano - se conseguir levantar voo… 



Diz-se, há muito, que a política perdeu a corrida para o mundo dos negócios. Mas por aqui também já a perdeu para os empregos chorudos. Agora o que está a dar, o que anima a nossa classe política e/ou dirigista oportunista, são os tachos na “administração” da Caixa Agrícola, bem remunerados, cheios de mordomias e sem controlo de quem o deveria fazer – Banco de Portugal e afins. 

No tempo em que a generalidade dos partidos não consegue seduzir pessoas para as listas de candidatas aos diferentes órgãos autárquicos, e só o partido no poder (PSD) consegue cumprir os mínimos - apresentar listas a todos os órgãos –, um pequeno grupo de “primas-donas”, caciques e ex-caciques locais, que cresceram e engordaram à sombra do poder instalado nos paços do concelho, cirandando pelos tachos disponíveis na praça, apoiam-se no poder instalado e lançam-se no assalto ao poder na Caixa Agrícola. 

Sempre aqui saudámos as disputas e as renovações de poder nas instituições e entidades públicas ou privadas (que mexem em coisa pública), nomeadamente no malfadado associativismo local, que, em muitos casos, é falso associativismo. Mas ultrapassa o inimaginável - não lembra sequer ao Diabo - que criaturas supostamente esclarecidas queiram disputar as eleições para os órgãos de uma associação a que nunca estiveram ligados, para a qual não possuem currículo, e de que não são sequer sócios! A Caixa Agrícola não é uma associação de vão-de-escada, que organiza umas festas e vende umas cervejolas; é uma entidade financeira, que opera num mercado exigente, onde o rigor e a honorabilidade são a marca-de-água da sua credibilidade e condições críticas para o exercício da sua actividade, junto de quem aí aplica as suas poupanças. 

Bem sabemos que nesta terra vale tudo para quem está ancorado no poder instalado, mas há manigâncias que ultrapassam todos os limites. E um dos limites de voar muito alto é ser derretido pelo Sol, como bem ensinou a mitologia Grega.

22 de agosto de 2025

Pimpão cavalga oposição

A política pombalense tornou-se uma alegoria banal, inepta e insípida, que em muitos momentos roça o deplorável. Até ao final do ano, as próximas eleições autárquicas proporcionar-nos-ão vários actos caricatos e/ou penosos.

No arranque, bastou a “oposição” não se apresentar a duas freguesias para o doutor Pimpão cavalgar vitória antecipada. Em política, vitória é sempre vitória, nem que seja de “pirro” por ausência/incapacidade dos adversários. Mas convinha não embandeirar em arco… Todos já perceberam que o doutor Pimpão vai sentado num jumento, não num puro-sangue…



A “oposição”, coitada, continua em estado de negação, incapaz de olhar os factos e a realidade que a rodeia. Prefere vitimizar-se: transferir para outros erros seus - caminho que não resolve nenhum problema, só os agrava. Ao fraco já deveria chegar como desgraça carregar as suas fragilidades. Mas não: a dita oposição gosta de amplificar a sua desgraça, expondo na praça pública as suas fragilidades, os seus medos e os seus fracassos.

O pior cego não é aquele que não vê; é aquele que não quer ver.


20 de agosto de 2025

Fazer a festa antes do tempo

O povo, na sua imensa sabedoria, costuma dizer que é mau sinal festejar antes do tempo. Esta manhã o Pedro veio às redes embandeirar em arco porque, pasme-se, o PSD é a única força política que concorre em todas as freguesias. 

Percebo a euforia, a sensação de vitória antecipada, mas o Pedro esquece-se (como tantas vezes) que continua a ser presidente da Câmara. E ver-se a este espelho deveria fazê-lo corar de vergonha. Porque esta foi a estrada que ajudou a abrir, num concelho onde prevalece o "medo de dar o nome", de "dar a cara", de afrontar o poder. E é um bocadinho triste embrulhar-se nesta lençol de vaidade, mesmo que depois misture ali não-sei-quê de humildade. 

Por este andar, chegará o dia em que dispensa eleições.

O que gostaríamos de ver: que os anos teriam ensinado alguma coisa ao Pedro, e que esta forma de despovoamento o preocupava, enquanto autarca. Mas ao contrário, prefere viver numa realidade paralela. Ah, sempre precisa do PS para alguma coisa: não contente com os 10 slogans que o acompanham, ainda se socorre do slogan usado pelo malogrado António José Rodrigues, nas autárquicas de 2001 - Vamos a isto Pombal!

Vamos pois. Com toda a lata.



18 de agosto de 2025

A Liga dos Últimos à moda de Pombal

 Sabemos que até ao lavar dos cestos ainda é vindima, e por isso não estranhámos a correria desenfreada que aconteceu esta tarde no Tribunal de Pombal, no dia - e hora - limite para a entrega das listas candidatas às eleições autárquicas de 2025, marcadas para 12 de Outubro próximo. 

Na verdade, só esse formalismo legal ainda nos faz acreditar num acto sério. Porque tudo o resto nos leva a crer que as eleições em Pombal são uma espécie de Liga dos Últimos, tal o amadorismo. 

Estas serão umas das eleições mais concorridas em termos de candidaturas (desta vez são 8candidatos, tal como em 2017), o que não quer dizer disputadas. Pimpão vai embalado pelo PSD, na frente da corrida. De cada vez que o vejo partilhar coisas sobre "voar mais alto" não consigo evitar a imagem: a equipa "de excelência" (que faz arrepiar muito social-democrata) é como uma tripulação dentro do cokpit de um avião de passageiros, mas com carta de mota - aplicada também por estes dias ao PM e seu (des)governo. A paz laranja vai ser abalada aqui pelo Chega, que apresentou (em segredo) as listas, já na semana passada. Quem as viu, garante que a da Assembleia Municipal (encabeçada por Paulo Costa, um imigrante radicado nas Meirinhas) é a mais representativa de todo o concelho, por incluir gente de todas as freguesias. Já a lista à Câmara, encabeçada pelo doutor Mithá Ribeiro, deixamos para o (e)leitor descobrir a origem/residência dos que a integram, à excepção do dissidente Manuel Serra. Chegou a estar marcada uma apresentação, mas foi "adiada", não se sabe para quando. Não é que isso interesse, que a maioria do eleitorado do CH vota no senhor que aparece em todos os cartazes, em todos os concelhos. E isso assegura votos, muitos votos. A nós calhou-nos o (único) ideólogo do partido, que de tanto querer regredir ao antigo regime esta semana ilustrou um post com o símbolo da vila de Pombal. Alguém o avise que isto se tornou cidade em 1991.

Também o Movimento Pombal Independente já tinha entregue as listas na semana passada. É ululante a disputa entre João Coelho e João Pimpão, que elegeram Luís Couto como ódio de estimação. Podem trazer as pipocas. Para esse filme e para outros que se anunciam, nomeadamente no PS: afinal a candidata a São Simão de Litém desistiu da corrida; há meia dúzia de freguesias sem candidatura socialista, e continuamos sem saber nada do candidato à Câmara. Seria cómico, se não fosse trágico. 

Feitas as contas ao elenco, temos Pedro Pimpão (PSD), Gabriel Mithá Ribeiro (CH),  Fernando Matos (PS), Luís Couto (MPI), Ricardo Santos (IL), Telmo Lopes (CDS), Egídio Farinha (CDU) e Célia Cavalheiro (BE). Agora escolha.

Adenda: Afixadas as listas no Tribunal de Pombal, constatamos que houve trocas de última hora e algumas surpresas. A mais relevante: o Chega apresentou uma outra lista à AM, encabeçada por um tal Sebastião Ferreira Fartaria, com residência em...Amor. De resto, em toda a lista, procurar um natural ou residente no concelho é como encontrar uma agulha no palheiro. Esta troca resulta das guerras fraticidas (que já existem) dentro do CH.O líder da distrital, deputado na AR e candidato à Câmara de Leiria, Luís Paulo Fernandes, não se cruza com Gabriel Mithá Ribeiro. Ora, o último desautorizou o primeiro (que ajudou no processo autárquico por todo o distrito, à excepção de Pombal), para espanto dos funcionários judiciais que receberam as listas. Por outro lado, o partido de Ventura candidata-se também à Junta de Freguesia de Pombal (com Patrício Accoto Martins) à Junta de Carnide e à de Vermoil. Isto promete.





14 de agosto de 2025

O Pedro insiste no erro – o Pedro é um erro

Ontem, o PSD divulgou a lista à câmara que o Pedro escolheu para o acompanhar em mais quatro anos da sua comédia folclórica. Nos lugares potencialmente elegíveis aparecem a repetente Isabel Marto, o professor-primário Marco Ferreira, a tarefeira Ana Carolina e a enfermeira Patrícia Rolo! Pelo caminho ficaram a Catarina Silva e o Pedro Navega - e a Gina Domingues. Fica só uma dúvida no ar: se o Pedro sabe mesmo escolher, ou se não tem mesmo por onde escolher - serão com certeza as duas faces da mesma moeda (da má moeda). 



Um dos maiores vultos da cultura e do pensamento europeu, Goethe, afirmou: diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és. Com esta "escolha", que se segue à anterior, o Pedro confirmou o que já se sabia: é um inepto (político) - criatura destituída de capacidade de aprendizagem e de avaliação daquilo a que se propõe. 

Desgraçadamente, nesta malfadada terra, o PSD - meia-dúzia obstinados, alheados da realidade, escolhidos ou controlados pelo Pedro - continua a dar-lhe carta branca para ele cometer barbaridades políticas que nos sairão muito caras. Perdeu-se definitivamente o sentido da responsabilidade e a noção de causa e serviço público. Isto já não é Política; é uma farsa, uma comédia ofensiva, ruim e indigna, representada por péssimos actores. Mas se o povo gosta, siga a festa.

12 de agosto de 2025

A fina flor do entulho

 Nestas semanas dedicadas à pré-campanha eleitoral, Pedro Pimpão e sua jota andam em desfile pelas terriolas deste concelho. Só eles, como se as eleições fossem de uma só candidatura, por mérito do PSD e demérito do(s) que deveria(m) apresentar-se como alternativa. Tenho acompanhado com curiosidade a presença da comitiva laranja em duas dimensões, alheia à separação de poderes. Por um lado, a presença do presidente da Câmara (e do que resta da sua equipa), por outro a máquina do partido, que ostenta o dinheiro que tem, num registo David e Golias, em cada apresentação de candidatos. 

Aqui a lei é coisa para contornar, como se não existisse o decreto-lei nº 8/2025, de 14 de Julho, que obriga as autarquias a ajustar a sua comunicação institucional, reduzindo a mínimos as publicações nas redes sociais e noutros meios. Quem pode, pode. 

À falta de adversários, Pimpão desfila pelas freguesias os seus candidatos às juntas, todos notáveis e extraordinários, todos aptos a fazer parte de um estudo que mostre como Pombal é um oásis no país. Quem aqui aterrar, sem saber nada, e se guiar pelas publicações do "Pombal voa mais alto", não imagina o quanto batemos no fundo. A honestidade intelectual ensina-nos que a nossa terra é aquela onde vivemos, e por isso é nela que devemos intervir, participar, agir em planos diversos - não necessariamente a fazer número para engrossar o falso associativismo. Surpreenda-se pois, o (e)leitor, com aqueles e aquelas que nos são apresentados como a última bolacha do pacote, mesmo sabendo nós que são apenas o que há, ou que mantêm interesse(s) em participar na coisa. Entusiasme-se o (e)leitor com os discursos que evocam a participação activa de uma comunidade, quando percebemos que os eventos de apresentação funcionam em circuito fechado, deles para eles. Ainda assim, anseio agora pela apresentação da candidatura à junta de freguesia de Vermoil, onde este ano não há sequer a tradicional festa da terra. Porque não há comissão. Porque não há pessoas. E as entidades que tinham obrigação de assumir a organização, têm mais que fazer. É como diz a canção: tudo está no seu lugar, graças a Deus. 

E o resto? - perguntará, legitimamente, o (e)leitor. O resto é o resto. 


11 de agosto de 2025

O PS2 vai a votos

Nesta malograda terra, as eleições locais são mero pró-forma que nada decidem. Uns culpam os partidos (da oposição) por este triste fatalismo; outros culpam os eleitores. Estaremos, com certeza, perante um enigma semelhante ao do ovo e da galinha.



O PS participa, novamente. Com a divulgação das listas à Câmara e à Assembleia Municipal confirma-se o que já se sabia: o PS2 – o que resta dele - conseguiu o seu principal objectivo: ir a votos. Pelo meio desenvolveu uma guerrilha fratricida com os resultados conhecidos e agora confirmados: uma fractura interna, completa e profunda, que dinamitou o que restava da estrutura local do partido.

As eleições são o teste de algodão à limpeza de processos e à confiança nos candidatos, mesmo para aqueles que desconsideram as escolhas dos eleitores. Na esfera socialista, só duas coisas ainda suscitam alguma curiosidade: quanto ainda vale o campo socialista? Qual das facções (PS1 ou PS2) vale mais? 

NR: Para não influenciar os resultados, não divulgo o meu prognóstico.


9 de agosto de 2025

Ninguém explica ao Luís!

O Luís - rapaz humilde e esforçado - apresentou-se sozinho na última reunião da “Junta”, cheio de dúvidas e inquietações, disposto a fazer figura. E fez…

Naquela sala funesta, onde quase todos(as) já atiraram a toalha ao chão, e fazem-se de mortos(as), o Luís, depois de queimar quatro anos entre o fútil e o inútil, ainda continua a esbracejar, a clamar que “gostaria de perceber” - isto, aquilo e aqueleoutro… É verdade que às vezes tentaram explicar-lhe as coisas, e até ajudá-lo a fazer melhor, mas parece ouvir sem escutar… Parece padecer de uma esquisitice mental difícil de entender, e sozinho perde-se facilmente. Deixa-nos sem deixar memória. E não consta que tenha aprendido alguma coisa durante os quatro longos anos em que simplesmente nos enfadou. 

Humilde como é, alcançará com certeza o reino dos céus. 

4 de agosto de 2025

A nossa arquitectura urbana – o disfuncional com adornos pindéricos

Como diz o povo, com a sabedoria fundada na sua experiência ancestral, o que nasce torto tarde ou nunca se endireita. Quem, neste tempo soalheiro, se sentar numa esplanada do Largo do Cardal confirma-o na plenitude…

Narciso Mota e Diogo Mateus estragaram a sala de visitas da cidade, quando resolveram destruir tudo o que nela era característico e harmonioso, empedrando totalmente a praça, removendo tudo o que era natural: canteiros, plantas, relva e terra (essa desprezível coisa - dizem os arquitectos da moda -, mas na verdade é o ínicio e o fim de tudo); e acrescentando-lhe o que ela não pedia nem precisava: uma tenda e uns canteiros em betão feios como bode. Mais tarde, fruto das críticas, tentaram corrigir a desastrada plástica realizada, plantando umas árvores e colocando uns vasos canteiros ordinários para dar um toque verde à coisa. E Pedro Pimpão, o que fez? Prosseguiu a saga: meteu lá mais carros, a praça de táxis, uns adornos plásticos e umas árvores em enormes vasos de betão, que um funcionário rega carregando baldes de água de manhã e ao fim da tarde! 

Jamais o disfuncional e o belo estiveram tão distantes um do outro. É a smart-city a levantar voo.

30 de julho de 2025

Quem tem medo dos independentes?

Há muitos anos, numa das campanhas autárquicas mais disputadas, um amigo que integrava a lista do PS à Assembleia Municipal costumava ironizar quando via aproximar-se a caravana do PSD: "lá vêm eles com tudo: as bandeiras, a jota, até a Senhora do Cardal!". Nesse tempo (que resultou na primeira eleição de Diogo Mateus para presidente, derrotando nas urnas Adelino Mendes), não podíamos imaginar o estado a que haveríamos de chegar em 2025, tão-pouco que chegaria a hora da Senhora do Cardal entrar mesmo na campanha. Foi João Pimpão quem a trouxe, num post facebokiano ao final do dia de domingo, em que se indignava com o que chamou "uma falta de respeito e uma vergonha pelas pessoas".

O João é um óptimo presidente da Junta da terra onde foi parar, mas é (muitas vezes) politicamente destravado. Mostrou-o ao longo de todo o mandato na AM, espicaçando os adversários para lá do limite. E se a coisa não descambou mais vezes, foi porque o órgão era presidido por um senhor: Paulo Mota Pinto. Adivinha-se por isso o que aí vem, no futuro, com João Coucelo ao leme. A não ser que tenhamos surpresas. 

Ora, a suposta vergonha e falta de respeito teria sido perpetrada pelo Movimento Pombal Independentes, liderado por Luís Couto enquanto candidato à Câmara, e que escolheu o domingo do Bodo para apresentar a sua candidatura, bem como das equipas que o acompanham. O professor António Moderno (candidato a presidente da AM) tomou conta do evento e esperou pelo final da procissão para falar. Excesso de zelo, talvez, já que este é um estado republicano e laico, o evento decorria num espaço privado, como é o Hotel Pombalense. Mas ao João, em particular, e ao PSD em geral, isso não interessa nada. Gosto de os ver desfilar na procissão, concentradíssimos em mostrarem-se nas suas fatiotas domingueiras, a transbordar moral e bons costumes. Quem ia no cortejo, porém, admirou-se com outras vergonhas, como as tascas do Bodo das Freguesias (isso dará outro post) permanecerem abertas, com o movimento próprio de tasca, na praça por onde passa a procissão.

Não é de agora o ódio colectivo dos partidos aos movimentos independentes, assim como não é de agora o ódio a Luís Couto, que neste mandato foi deputado único pelo Movimento Oeste Independentes. Todos sabemos que a maioria dos movimentos é independente, mas pouco. Que na sua maioria são compostos por degenerados dos partidos. A este, em particular, poderíamos apontar muitas características passíveis de crítica, desde logo por se concentrar demasiado numa região, o Oeste, em detrimento do resto. Mas o que acontece, grosso modo, é mais ataque de carácter do que crítica politica. E isso tem outro nome. A não ser que PS e PSD estejam com medo de alguma coisa, para além do Chega.




27 de julho de 2025

Bons pombalenses & pombalenses de bem

 Por estes dias qualquer time line é farta em manifestações de amor a Pombal. Não é só o regresso dos "autóctones" - como lhe chama uma amiga - ou dos emigrantes que voltam às pressas para chegar a tempo do Bodo. É a (legítima) assunção de quem (como eu) gosta da festa, vibra mais com os reencontros em cada esquina do que com os concertos, sabe que pouco importa o cartaz, porque a festa é nossa e faz-se seja lá com quem for. 
Moro aqui há mais anos do que morei na aldeia onde nasci, e tenho a forte convicção de que a nossa terra é aquela onde vivemos. E por isso estas ruas são tão minhas quanto daqueles que acham correr-lhe nas veias sangue azul do Cardal, sinto como meus os versos de Costa Pereira. Podia passar os dias apenas Cardal acima, Cardal abaixo, descer ao Arnado sem me importar com o programa, viver o Bodo, só, com o privilégio de lhe conhecer a história, de ter privado com as histórias de António Serrano, de quando contava (sempre com o mesmo entusiasmo) como ele viu o homem entrar no forno e dar três voltas, saindo ileso. Com a memória de ter visto a festa a ser (re)pensada por vários autarcas; a meia maratona a evoluir para prova do bodo, o bodo dos pequeninos a nascer, as mudanças de palcos, a vida a acontecer. 
Há, no Bodo, várias dimensões. E de cada vez que o presidente da Câmara as confunde ou esbate, uma borboleta da felicidade estatela-se contra o vidro. A dimensão institucional é tão importante (ou mais) do que cada uma das outras. Mas isso é um caso perdido. Passemos à frente.
Ora, no meio desse orgulho pombalense que começa na quinta-feira à noite e só acaba na madrugada de terça para quarta, há a realidade. E essa é como o teste do algodão: não engana. Mostrou-se em todo o seu esplendor logo a abrir, quando, na noite de quinta, vários restaurantes desta cidade fecharam a porta à hora de jantar. Porquê? Porque não queriam servir ciganos, temendo uma invasão com o concerto de Nininho Vaz Maia. Assumiram-no, de viva voz, aos fornecedores. Esta foi a terra que pensou há muitos anos em criar condições dignas de habitação para a maior comunidade cigana do distrito, mas não deixa de ser a terra que coloca o sapo à porta do café. E onde se ergue uma barreira chamada IC2 para os deixar lá, nas margens do Arunca, num bairro sem quaisquer infraestruturas, quase 20 anos depois de criado. Onde se celebram os dias da inclusão (seja lá isso o que for) com espectáculos de ciganos para ciganos. Quase exótico. 
Como as modas demoram mas também chegam aqui, agora há novos ódios de estimação. Foi sem espanto que li comentários  - como os que aqui reproduzo - sobre os desgraçados que instalam tendas na outra margem do Arunca para ganhar a vida, durante uns dias. Podem fazer as sandes de porco no espeto ou os kebab com que te lambuzas de madrugada, podem trabalhar por tuta e meia na fábrica da cerveja que emborcas desde o recinto às imediações, mas isso de venderem coisas nas tendas já é outra história! 
Escrevo no domingo do Bodo, quase à hora em que se celebra a missa e procissão em honra de Nossa Senhora do Cardal, padroeira desta terra. Muitos dos que querem escorraçar daqui os indianos, paquistaneses e demais vendedores hão-de estar lá por baixo, ora a bater com a mão no peito, ora a ajudar as obras sociais. Brinquemos, então, à caridadezinha. 



26 de julho de 2025

Sobre o candidato a candidato

Por norma não ligo a coisas sem importância ou que ainda não o são. Mas há circunstâncias e desejos (não meus) em que a excepção se impõe. 

Hoje, por mero acaso - quando me encontrava na fila do peixeiro - cruzei-me com o candidato a candidato independente à câmara – Luis Couto. Deixámos de falar, ou melhor ele deixou de me falar, quando abandonou repentinamente esta “Casa”, sem dizer sequer um simples adeus, por uma simples divergência de opinião sobre um investimento privado. 



Hoje, quando me dirigi à fila do peixeiro no mercado municipal, reparei que o candidato a candidato andava na rotina de pedidos de subscrição da sua candidatura à câmara. Estranhamente, dirigiu-me cumprimento e eu estendi-lhe a mão – não de deixa uma pessoa sem resposta ao cumprimento em público, a não ser que seja uma criatura muito desprezível, o que não é claramente o caso. Depois, a seco, pediu-me que subscrevesse a sua candidatura à câmara. Respondi ‘Não”. Condidero o poder de encaixe à crítica, e consequente capacidade de separação da esfera política da esfera pessoal um atributo essencial de um político ou candidato a político. Por isso, jamais subscreveria uma candidatura que, para além de revelar uma total falta de poder de encaixe à crítica - e temos muitos nesta terra, senão a esmagadora maioria - vai mais longe: não suporta opiniões contrárias, e até sobre assuntos meramente políticos e tão banais como a localização de um investimento privado.

Os que me lêem conhecem bem a minha opinião sobre o presidente e candidato Pedro Pimpão. Mas por uma questão de honestidade intelectual, aproveito este insólito episódio para dizer uma coisa que, neste momento de pré-campanha autárquica, tem que ser dita: em poder de encaixe à crítica, e na consequente separação da esfera política da esfera pessoal, o Pedro dá dez-a-zero à generalidade dos seus adversários políticos, e em baixa rotação.

25 de julho de 2025

Quem quer ser presidente da “Junta”?

Quem quer ser presidente da “Junta”? NINGUÉM!

Nos primórdios do Regime Democrático as eleições autárquicas eram disputadas pelos partidos, pelas figuras da comunidade e pelas pessoas comuns arreigadas a causas, crenças, propósitos ou projectos. Com o tempo tudo se foi esfumando até à descrença geral. Primeiro caiu-se na falta de escolha, com tudo o que isso implica. Depois no inimaginável de ninguém querer ser escolhido. Acreditem que não estou a efabular sobre a temática; é a realidade pura e dura, que é e é e não é sensível a estados de espírito nem a argumentos.

Sobre o doutor Matos e o doutor Mithá não vale a pena discorrer muito. As suas posturas e comportamentos políticos não deixam margem para duplas interpretações, e é até “crime” incomodá-los.

Já o doutor Pimpão é caso ligeiramente diferente: também não quer ser presidente da “Junta” – sabe lá ele o que quer fazer. Mas precisa muito do cargo.

Eis a nossa triste sina. 


NR: Há enigmas por detrás de certas movimentações políticas que só a antropologia, a sociologia e as ciências da mente conseguirão explicar.

22 de julho de 2025

O voo (solitário) do Pimpão




Ia dizer aqui que Pedro Pimpão deu anteontem o pontapé de saída para a campanha eleitoral das autárquicas 2025, mas não é verdade: nem ele deu pontapé nenhum, porque apenas materializou o estado de levitação em que vive (desde sempre), nem a campanha começou agora. 

Nestas eleições, o camião da vitória que o PSD popularizou com Narciso Mota foi destronado pela avioneta. Pimpão levantou voo. Convidou o concelho inteiro para embarcar com ele, mas uns tiveram de abandonar, outros parecem ter uma consulta às 5. Muitos tinham a expectativa de ver apresentada a lista de vereadores que o vai acompanhar, porque adivinha-se uma razia: o único vereador que ele queria manter, o arquitecto Pedro Navega (que salvou a honra do convento tantas vezes, neste mandato) quer outros voos, regressando à vida profissional. 

O Pedro percebeu (!) que com esta equipa não vai a lado nenhum, e quer substituir cada uma das três vereadoras. Ainda não decidiu qual delas vai encaixar na PMU, na dúvida entre Isabel Marto ou Catarina Silva. Sendo assim, estão abertas pelo menos três vagas de emprego para o próximo quadriénio, fora os apêndices, vulgo adjuntos/as ou secretários/as. 

Porém, o que resta do partido não acha muita graça a essa secção de recursos humanos com ligação directa entre a rua Luís Torres e o Largo do Cardal. Um hábito interrompido ao tempo de Diogo Mateus e que o Pedro retomou, a todo o gás. Há desconforto instalado com tamanho à-vontadinha.

Mas voltemos então ao domingo passado, ao jardim das Tílias, à apresentação onde era suposto o povo conhecer a lista à Câmara, e os candidatos às juntas. Da primeira nem sinais, dos segundos…nem todos apareceram. De resto, aconteceu o mesmo com o mandatário, Luís Marques, e com o presidente da Comissão de Honra (que bela maneira de arranjar uma guia de marcha para um presidente da AM incómodo), Paulo Mota Pinto.

Como Pimpão continua a viver nas nuvens, talvez acredite mesmo que os últimos quatro anos foram notáveis e extraordinários. Para quem vive na terra, sabemos que foram quatro anos a fazer de conta que evoluímos e desenvolvemos. 

O Parque Verde? Não temos. Embandeirar em arco por ter "desbloqueado o processo"? Menos, Pedro.

A mobilidade? Era com as bicicletas, que não promoveu, e se tornaram um flop. 

O CIMU Sicó? Há-de tornar-se, um dia, o centro natural das obras que ninguém sabe para que servem mas onde enterramos milhões. 

Mas calma, que vamos ter uma residência para estudantes. Estudantes de quê? E onde? Lá estão vocês com perguntas chatas. “Se faz é porque faz, se não faz é porque não faz”. 

E sim, o Pedro cumpriu o desígnio de sermos uma smart city: já não precisamos de semáforos, o comércio vai encolhendo para a avenida, voltámos a ter os táxis no Cardal…com jeitinho ainda voltamos a ser vila. 

Por agora Pombal voa mais alto. O problema vai ser quando aterrar.


20 de julho de 2025

Mota Pinto “out”

No dia em que Pedro Pimpão apresenta a recandidatura à câmara, fonte bem colocada no partido fez-nos chegar a informação que Mota Pinto está fora.

Há quatro anos, quando o Pedro anunciou a candidatura do Professor à Assembleia Municipal regozijámo-nos com escolha, porque era imperioso elevar o nível. Não nos enganámos: o Professor fez um bom mandato.

Mas a realidade política actual é o que é: a boa moeda acaba sempre “out”.

8 de julho de 2025

São canos, senhores. E cheira a fim de regime

 O que aconteceu hoje na freguesia da Redinha deveria entrar para os anais da história: uma ministra (por sinal uma académica, das poucas que ainda estão no Governo) veio nas suas tamanquinhas inaugurar uma rede de esgotos. Estamos em 2025, e tudo nas imagens que a Câmara (e a querida imprensa local) divulga cheira a mofo, ou a fim de regime. A bandeira que cobre uma pedra, os metros de passadeira que parecem ombrear com os de cano enterrado. Talvez tenha faltado o padre cura para benzer a obra, mas estava D. Diogo (regressado à terra), e com isto fica assegurada a solenidade do acto.

Daqui até às autárquicas, o Pedro vai desunhar-se em inaugurações. Por ora, ainda sem Mithá Ribeiro (e o amanuense Manuel Serra) a morder-lhe as canelas, vai fazendo de conta que está tudo como dantes: o PSD a distribuir jogo, o PS a vê-lo passar, como se nestas eleições não se adivinhasse um pequeno cataclismo. Parece-me bem que continuemos num clima festivo. A cidade a condizer, com arrais e foguetes no ar (veja-se a decoração deste Bodo), as ruas esventradas, o povo indignado nas redes sociais, sem a alegria que costumava ter. Por ironia, José Cid há-de vir à festa cantar esses versos. 

Está tudo bem. Tudo bem. 






2 de julho de 2025

Mais um número do Conselheiro Acácio

Na epopeia do irrisório em que se transformou a política pombalense, despontam frequentemente casos e figuras surpreendentes. Por exemplo, o desconhecido Escapa passou rapidamente de figura de escape para conselheiro-mor da oposição e do regime.

A Ordem de Trabalhos da última Assembleia Municipal continha cerca de três de dezenas de pontos, alguns muito relevantes para o concelho, outros simplesmente para formalizar actos administrativos. 

Contudo, o nosso Conselheiro Acácio transformou um assunto puramente formal - Apreciação de Impugnação do Empréstimo Bancário, pelo concorrente do banco selecionado, votada por unanimidade pelo executivo municipal - num número mirabolante que sobressaiu de todo o debate. Fê-lo a partir de uma farfalhice administrativa, inventando desmembramentos, aditando hipóteses, acrescentando a sua antítese, e rebuscando tudo com os seus trocadilhos baralhou o distinto Professor de Direito, ao ponto de quase o enrolar. Estamos claramente perante uma criatura dotada de fino tacto político, capaz de ver uma agulha (política) num palheiro; e, mais, de fazer dela uma jóia; a que acrescenta uma retórica capaz de fazer chorar as pedras da calçada, cheia de locuções repolhudas, refinados trocadilhos e rapapés que baralham e torcem qualquer criatura formatada no raciocínio lógico. 

À valente! Ora vejam… 


1 de julho de 2025

Desenlaces de ajustes de contas da política pombalense…

Quando se zangam as “comadres” sabem-se as verdades - assim reza o povo o povo, e com razão.

O mal estar entre Diogo Mateus e Pedro Brilhante era coisa antiga e profunda, mas tomou novas proporções quando Diogo Mateus retirou os pelouros ao vereador em outubro de 2019. A partir daí assistiu-se a uma refrega empolgante em todas os campos (político, midiático, pessoal e até judicial), amplamente difundida por aqui.


Na esfera judicial, Pedro Brilhante avançou com queixa(s) contra o presidente e o seu chefe de gabinete – João Pimpão - por ele usar a viatura, que lhe estava atribuída para uso oficial, em deslocações particulares, e por descontar as despesas da viatura no fundo de maneio da presidência, à responsabilidade de João Pimpão. Diogo Mateus respondeu da mesma forma: apresentou queixa contra Pedro Brilhante por este ter usado uma viatura da câmara para fins particulares (por exemplo, deslocação a um encontro da JSD em Pedrogão Grande, no dia 7-12-2018,…) – facto(s) que Pedro Brilhante sempre negou.

O processo em que são visados Diogo Mateus e João Pimpão conhecerá a sentença amanhã... Já o que visou Pedro Brilhante terminou - viemos agora a sabê-lo depois de João Pimpão ter recordado o caso na última AM e requerido cópias da decisão - com o MP a propor, depois de apurar os factos, “a aplicação da suspensão provisória do processo ao arguido Pedro Brilhante, por um prazo não inferior a 3 meses, mediante o pagamento à CMP de quantia não inferior a 300 euros”, que o arguido aceitou, e a câmara anuiu.

A leviandade é muito má conselheira.

29 de junho de 2025

“Enforcado” ou “enforcou-se”?

A política sem alinhamento, consistência e consonância na acção é uma brincadeira, que corre sempre mal – mesmo para os engraçados sempre sedentos de um brilharete. A dita “oposição” não percebe isto e nunca vai percebê-lo.

Quem quiser ajuizar o desempenho da dita “oposição” no presente mandato na Assembleia Municipal (no executivo não foi muito diferente) basta ver a última reunião. Ou nem tanto: basta ouvir a despropositada intervenção do dotor Anibal - mas houve mais e do mesmo género.  

Naquele seu estilo professoral, mas sempre inconsequente (politicamente), o dotor Anibal voltou a discorrer longamente sobre coisa de nenhum interesse ou valor - o irrelevante Plano Estratégico do dotor Pimpão, ignorado rapidamente por toda a gente. Mesmo alertado pelo presidente da assembleia, para o uso excessivo do tempo atribuído à sua bandada, insistiu até à náusea na desastrada e desastrosa divagação. 

Na resposta, o dotor Pimpão elogiou-o e colocou-lhe suavemente o laço - não (só) a ele, mas ao partido que supostamente representa. 



26 de junho de 2025

O caso da farmácia de Albergaria e os outros que se seguirão


A última reunião da Assembleia Municipal de Pombal contou com três valiosas intervenções do público, todas com um denominador comum: o rei vai nú e passeia-se pelos corredores do município. Não é que isso nos surpreenda, até pelo tanto que até temos exposto nos últimos anos. Mas é sempre perturbador perceber que os cidadãos se vêem obrigados a recorrer ao espaço da AM como tábua de salvação, qual grito de alerta, depois de goradas as outras tentativas. 

Merece especial atenção o caso levado ao púlpito pelo farmacêutico João Rocha Quaresma. Porque ali foi abanar a consciência (dos que a tiverem) das várias bancadas, chamando à atenção para o que está a acontecer na comunidade: a deslocalização consentida de farmácias, que um dia destes podem deixar a descoberto algumas populações das 17 freguesias. E isso, como bem notou o presidente da Junta de Freguesia de Meirinhas, João Pimpão, é o princípio do fim. 

João Quaresma foi cauteloso nas palavras, sabendo - como admitiu - que a intervenção poderia ser arrolada a um conflito de interesses. Mas, invocando o passado, e o tempo em que o pai (o também farmacêutico António Rocha Quaresma, ex-presidente daquele órgão autárquico) pugnou para que todas as freguesias tivessem a sua farmácia, arriscou exercer o que parece esquecido, tantas vezes: o exercício de cidadania.

Vamos então a factos: O que está a acontecer em Albergaria dos Doze já aconteceu em Almagreira - que depois da deslocalização da farmácia para o Louriçal, ficou apenas com um posto. Quem autoriza? A Câmara, cujo parecer é vinculativo. Só em função disso o Infarmed se pronuncia. Há vários anos que os proprietários (da Farmácia Torres & Correia, em Pombal, também donos da farmácia da Pelariga) tentam esta manobra. Começou no tempo de Diogo Mateus, que o rejeitou, prosseguiu no mandato de Pedro Pimpão, que numa primeira tentativa ainda se agarrou à nega do antecessor, mas que agora se prepara para aprovar a deslocalização da Farmácia de Santa Maria para Pombal. Pimpão vai escudar-se no parecer da Junta de Freguesia (favorável, pois), que por sua vez se muniu de um parecer dos proprietários (o nosso conhecido Rodrigues Marques e família) da outra farmácia local, a Albergariense, garantindo assegurar tudo - a distribuição de medicamentos a todos e até os trabalhadores...

Até agora os eleitos locais poderiam alegar desconhecimento. A partir desta AM, já não podem. A Saúde, que tem servido para alimentar tanto discurso político, passa também por aqui. Aguardemos então as cenas dos próximos capítulos desta caixa de Pandora acabada de abrir. 

25 de junho de 2025

Ana Gonçalves deixa a PMU


Ana Gonçalves, a ex-vereadora da Câmara de Pombal e actual administradora-executiva da empresa municipal PMU, deixou o cargo estes dias. É agora chefe de gabinete de Rui Rocha, ex-presidente da Câmara de Ansião e actual Secretário de Estado da Protecção Civil.  

A saída de Ana Gonçalves abre uma vaga de emprego nas fileiras do PSD. Talvez venha a calhar a Pedro Pimpão, numa altura em que precisa de refazer a lista à Câmara, sem deixar "na mão" uma das suas vereadoras.

A nós, cidadãos, dá-nos mais uma vez a certeza de que, na política, uma mão lava a outra e as duas lavam a cara. 

23 de junho de 2025

A oeste, algo de novo: os cavaleiros do apocalipse



As próximas eleições autárquicas vão mostrar, de forma inequívoca, as mudanças estruturais da sociedade portuguesa. Não são apenas as freguesias (de novo muitas, mas agora sem serviços, pois desengane-se quem julga que volta a ter o Centro de Saúde à porta, os correios e a farmácia) em grande número onde haverá apenas um candidato. Não é só por aí que a Democracia vai sofrer um duro golpe de desaparecimento. É também pela qualidade dos candidatos, numa derrocada que começa a notar-se há vários anos.  Agora que o processo está em marcha, que a maioria dos partidos (até o PSD, imagine-se) está em sérias dificuldades para encontrar cidadãos dispostos a dar cara por eles, e pelas terras, começa a levantar-se o drama maior: quem nos vai representar?

 No espaço de poucas horas, durante o dia de ontem, atravessaram-se no meu caminho vários exemplos que explicam a transferência de voto do PS para o Chega, nas últimas eleições legislativas. É sabido que, por aqui, onde o PSD tudo domina, o voto de protesto está há 30 anos associado às listas socialistas. Ou estava. Quando à nossa volta se acumulam antigos candidatos do PS que agora se arvoram defensores do Chega, custa perceber, mas aceitamos. O que já custa a aceitar é que o partido de Mário Soares dê guarida aos que, em funções autárquicas, eleitos com a bandeira do PS, enchem a boca com o respeitinho, difundem as mensagens que os vários grupos de extrema-direita vão multiplicando pelas redes, e até exibem, na pele, tatuada a esfera armilar. Ninguém me contou. Eu vi, no meio de um recinto de festa.

 Aos partidos sempre foi parar tudo, e a sede de fechar listas foi muitas vezes permissiva em relação aos que nem sequer partilhavam valores de liberdade, tolerância e fraternidade. Mas os mínimos de higiene e salubridade da vida pública obrigavam a usar os mecanismos ao dispor, nomeadamente retirando a confiança política a quem não a merece.

 Aqui chegados, resta-nos perceber como vai o eleitorado do PSD comportar-se, face a esta nova realidade que vai semear pelas várias freguesias candidatos inusitados. Um dirigente com responsabilidades locais gabava-se há dias de ter "tudo controlado". Será? O exemplo de Manuel Serra, até há dois meses dirigente social-democrata, antigo presidente da Junta do Oeste (derrotado em 2017 pelo independente Gonçalo Ramos) deixa antever que o paraíso laranja pode ter os dias contados. Renunciou ao mandato na AM, e agora será número dois da lista à Câmara, secundando Gabriel Mithá Ribeiro, o cabeça de lista do CH.

No futuro, das duas uma: ou o PSD ainda vai ter muitas saudades do PS, ou vamos todos nós, aqui no burgo, chegar à conclusão de que são troncos da mesma raiz -  como Ventura, como Passos, como tantos. 

20 de junho de 2025

O socialismo de polichinelo

 A “Junta” reuniu, ontem. Ontem já era tarde para acabar com aquilo, mesmo sabendo que nesta terra não há nada tão mau que não possa ficar pior.



O dotor Pimpão levou à reunião, de final de mandato, a criação de um Conselho Estratégico Municipal, que englobará as ditas forças vivas do concelho (onde é que elas estão?), e reunirá uma vez por ano, para se conhecerem, almoçar ou jantar, e posar para as fotografias, acrescento eu com grande segurança. Está em campanha - o único modo que conhece.

A dita oposição apresentou-se em modo balanço. Não do desempenho da câmara, como deveria ser, mas das suas próprias sandices. De mangas arregaçadas, e a arregaçá-las frequentemente, o franco-atirador de cartuxos sem carga - dotor Simões - atirou-se, como gato a bofes, à temática da Saúde, mais concretamente a falta de médicos de família no concelho, naquele seu estado de irritação forçada em que é preciso falar, falar e falar, só para provar a si mesmo que está com a razão. Nada é mais terrível e perturbador do que ver a ignorância em acção. Pegou no exemplo de Ourém, no seu regulamento de concessão de avultados benefícios aos médicos (suplemento remuneratório, subsídio de habitação e outras benesses) e acusou a câmara, que não tem qualquer responsabilidade nesta matéria, de não fazer o mesmo, de não aliciar/roubar médicos aos outros municípios, como fez Ourém. São estes ditos socialistas que não percebem nem fazem mínimo esforço para perceberem a natureza dos problemas, mas julgam que eles se resolvem atirando dinheiro para cima deles, que andam todos os dias com a defesa do SNS na língua, mas sempre dispostos a darem-lhe facadas com o dinheiro dos contribuintes. Isto para não falar do egoísmo subjacente ao salve-se quem puder. 

Burrice não é fazer más avaliações e avançar com más propostas, burrice é insistir nelas. Bastou ao dotor Pimpão deixar o dotor Simões (e à dotora Odete, que subscreveu a sandice) repetir até à náusea a retórica oca, leviana e aparentemente ingénua para sair dali, por contraste com aquelas fracas figuras, como um executivo lúcido.

15 de junho de 2025

Cheira “bem”, cheira a Pombal

A felicidade só é possível no Céu. Mas o crente e bom-cristão dotor Pimpão prometeu-a aos pombalenses, na Terra! Cumpriu. 

12 de junho de 2025

Em Outubro, Pombal desce mais um degrau

Quando julgávamos que já tínhamos batido no fundo, eis que a realidade nos prega mais uma partida, nos impõe mais um fundo - do poder inepto para o vazio de poder.



O que mais aflige o observador interessado pelas coisas da vida colectiva, onde a política deveria assumir o lugar superior, é o fraco pensar e a falta de noção mínima da realidade municipal que as pulverulentas e desengonçadas criaturas, que se vão apresentando a sufrágio e as que as escolhem, patenteiam. Tal como no passado recente, estamos claramente, salvo raríssimas excepções, perante criaturas que não nos representam, nos não conhecem (os eleitores) e receiam que os conheçamos (a eles/elas). Criaturas que nem mesmo chegam a saber para que serve a política, o órgão câmara ou o órgão freguesia, que vivem demasiado à parte para ter razões pró ou contra o que quer que seja, que acham uma vergonha manifestar publicamente uma ideia própria sobre qualquer coisa, quanto mais ter a ousadia própria da consciência para afirmar ideias e criar rupturas – para serem alternativas.

A política pombalense há muito deixou de ser aquilo que já foi e deveria continuar a ser: um jogo de xadrez, onde todas as figuras da comunidade, das mais proeminentes às mais comuns, participavam directa ou indirectamente no jogo, cumprindo o seu papel num plano e numa estratégia estabelecida e interpretada pelos melhores preparados. Agora é uma representação falsa, porque viciada, da vitalidade da comunidade: um jogo matematicamente claro, definido à-cabeça, como é todo o jogo de damas que se joga com uma pedra a menos.

Mas o que há a esperar de uma oposição que só sabe jogar jogos, como o de damas, cujo único movimento é empurrar peças para a frente, sem plano, preparação ou estratégia? Esta tropa da oposição comporta-se como o animal ferido que pressente sua perdição e não sabe o que fazer. Resultado: pisoteia o pasto que poderia salvá-lo de morrer de fome.

27 de maio de 2025

O estranho afastamento do comandante Paulo Albano

Ensina-se no jornalismo que importante é o que acontece, mas muito mais importante é o que vai acontecer. E por isso estranhámos a notícia (incompleta) da última edição do Pombal Jornal, sobre o facto consumado do comandante dos Bombeiros cessar funções. Mais estranhámos ainda todo o laudatório no domingo passado, durante o 113º aniversário dos BVP, sem uma única palavra sobre o sucessor. Percebe-se, afinal, porquê: Paulo Albano não sai do comando de livre e espontânea vontade. É claramente empurrado pela direcção, que já lhe escolheu há tempos um sucessor - Hugo Gonçalves, o coordenador municipal da Protecção Civil. 

Há anos que o poder político instrumentaliza as associações, e no caso a Associação Humanitária dos BVP. Já tivemos de tudo, nas últimas décadas, mas o caso desta antecipada saída do comandante parece um dejá vu daquele momento em que Narciso Mota decidiu colocar nos bombeiros um seu homem de mão, Armando Ferreira, primeiro coordenador da Protecção Civil. Só que passaram 20 anos e era suposto que as organizações aprendessem com os erros.

O que é que nos surpreende aqui? O acto não é nada consentâneo com o desempenho público de Ana Cabral, a ex-vereadora que agora preside à direcção dos bombeiros. E além de tudo: Paulo Albano não merecia isto, ao cabo de uma vida dedicada aos BVP. Os bombeiros deste concelho mereciam outro tratamento, com actos,  em vez de palavras vãs em dias de festa. E o futuro comandante (ainda em formação), também merecia melhor cenário do que este que vai encontrar: uma casa a arder. 



26 de maio de 2025

Quem tramou Zé Paulo?

 Nos corredores da Câmara pairam partículas que tendem a formar-se um novelo. Não é nada que nos surpreenda - de tal forma aqui o temos exposto - mas um e outro acontecimento vão fazendo levedar este bolo, até que um dia destes azede. Um dia, só não sabemos quando.

O mais recente episódio foi o concurso para um novo cargo de direcção - o de Chefe de Unidade de Desporto e Juventude - lugar que, em teoria, acaba de ser criado. Mas na prática era há muito ocupado por uma rapaz da terra que toda a gente conhece: o José Paulo Oliveira, o Zé Paulo Bimba, nome que lhe advém do pai, mestre Bimba, já desaparecido. Faço esta referência porque estamos na terra onde o presidente da Câmara puxa por esses galões "da comunidade", a toda a hora, como se fossemos a vila dos anos 80, em que todos se conheciam e partilhavam os mesmos gostos e lugares. Dirá o leitor que este já não é o tempo "das cunhas", em que ser da Jota significava uma garantia de emprego na Câmara, de que foi expoente máximo o reinado de Narciso Mota. 

Mas o tempo afigura-se manifestamente pior. 

O que aconteceu no final do mês passado com o concurso para chefe da Unidade de Desporto é revelador de quem manda agora na Câmara (o director municipal, recordemo-nos), que neste caso foi o presidente do júri do concurso. Pimpão lava daí as mãos, como Pilatos. 

Ora atente-se na acta final (pública) do concurso para perceber como se faz: o segredo está em desenhar bem o guião da entrevista pública de selecção, sobretudo quando na prova escrita os resultados eram outros.  E então basta um ponto percentual para fazer a diferença entre dois candidatos que revelam exactamente o mesmo perfil para o cargo.

Ora, falta aqui dizer que, em resultado deste concurso - que colocava em pé de igualdade um superior hierárquico e um subordinado - o júri pendeu, à luz da subjectividade que implica a entrevista, para o subordinado. É a vida - dirão. 

O novo chefe é agora Paulo Fernandes, que até agora dividia o tempo entre as funções de assalariado do Município e treinador de natação do Núcleo de Desporto Amador de Pombal, uma prática comum nos espaços desportivos municipais, a que José Paulo nunca aderiu, mas foi permitindo de forma conivente, nomeadamente nas piscinas.

Como bem dizia um dirigente do PSD, "quem tem unhas é que toca viola". 



22 de maio de 2025

Terra de cegos e de gente feliz

Como executivo o dotor Pimpão é o que é e não vale a pena bater mais no ceguinho, mas como politico não é o inepto que muitos julgam - revela até manhas que lhe desconhecíamos.

A forma como abafou a dita “oposição”, nomeadamente no executivo, com o sermão da positividade e de todos por Pombal (por ele), demonstra-o bem. É verdade que com aquelas alminhas não era coisa difícil, mas era preciso fazê-lo; e poucos, por esse país fora, o conseguem fazer.

Por outro lado, na política do facto consumado – verdadeiramente antidemocrática – o dotor Pimpão revela também alguma astúcia: passo-a-passo lá vai levando a água ao seu moinho e impondo-nos mais uns elefantes-brancos, para seu gáudio e fama. O último chama-se Pólo de Inovação e Conhecimento, já aqui dado à estampa. Para o ficcional empreendimento contratou recentemente, em regime de avença, por 19.900 euros (mais parece preço de supermercado) um rapaz muito empreendedor e sabedor, o doutor Dino Freitas, bem nosso conhecido, e com belas provas dadas, para elaborar uma proposta para a coisa. 

Mas revela igualmente outra faceta até agora desconhecida: já se preocupa com aquilo que ouve dizer que é importante: criação de sinergias. Vai daí, como gastou dinheiro num espaço, dito de Cowork, que está sempre às moscas, com um tiro matou - ou deu vida - a dois coelhos: ao Cowork  e  ao Dino - o avençado ocupou o espaço.

É o Pombal feliz. 


19 de maio de 2025

Chega? Ainda não.




Quem se senta numa qualquer esplanada de Pombal e ouve as conversas, quem anda na rua, quem entra no comércio, quem aqui vive, não acordou hoje surpreendido com estes resultados. Estamos (finalmente) em linha com a média nacional no que toca aos votantes no Chega, embora aqui tenhamos começado com avanço. Estão em todo o lado, em todas as comunidades, em todas as famílias. Juntos, formam um bolo que cresce à custa de vários ingredientes: há os saudosistas do fascismo e das colónias, admiradores de Salazar, mas há também muitos que não sabem sequer o que é a ideologia. São apenas revoltados com a vida que lhes calhou em sorte, gente que noutro tempo encontrava em partidos de esquerda uma âncora, que votava neles em protesto contra aquilo que - achávamos nós - era a Direita. Juntemos ainda os desiludidos com outras ideologias. É desses todos que o astuto Ventura se alimenta e cresce, falando-lhes ao jeito, dando corpo àquilo que o escritor Vicente Valentim chamou em livro "O Fim da Vergonha". Porque até há pouco tempo, tinham vergonha de dizer que pensavam assim. Mas isso acabou. Da próxima vez, não haverá pudor em dizer às empresas de sondagens o verdadeiro sentido de voto. E nessa altura o partido terá de arranjar novo bode expiatório. Por agora, descansem: o Chega diz que não vai atrás de ninguém. Isso será depois. 

A ironia desse voto de protesto num partido de extrema direita que, afinal, normalizámos, é que está assente naquilo que condena: o 25 de Abril, a Constituição, a liberdade. Ao mesmo tempo, vão desaparecendo do mundo dos vivos os que sofreram às mãos da ditadura. A escola falhou em toda a linha quando não explicou o que era e como aqui chegámos, e escusam de pensar nas famílias porque essas estavam muito ocupadas a ganhar dinheiro, umas para enriquecer, outras, muitas mais, para pagar a casa, o carro, as contas do supermercado. Não sobrou espaço para nada, tão pouco para o envolvimento cívico, muitas vezes sequer para votar. A maioria nunca foi a uma assembleia de freguesia, ou mesmo a uma assembleia geral da associação da terra. Alguns nunca tinham votado. Chegados a 2019, eis que um homem se anuncia como o Messias para salvar Portugal. Nessa noite eleitoral em que foi eleito pela primeira vez, André Ventura profetizou que em oito anos seria Primeiro-Ministro. E esse é o próximo passo. Talvez não seja má ideia que isso aconteça rapidamente. Às vezes o povo precisa de terapias de choque. As primeiras vão surgir já nas eleições autárquicas.

Mas voltemos a Pombal. Sem surpresa, o PSD (ok, chamam-lhe AD) ganha, com ligeiro aumento de percentagem e número de votos. Mas está longe da supremacia de outros tempos na maior parte das freguesias, com o Chega a morder-lhe não só os calcanhares como a disputar eleitorado. Há pouco mais de uma década o PSD ganhava em diversas freguesias entre os 70 e os 80% dos votos. Agora, restam-lhe as freguesias de Abiul (54%), Carnide (56%) e Meirinhas (50%) para brilharete. O Chega atinge ou supera os 25% de votação em várias (Meirinhas, Vila Cã, Carriço) e no resto anda entre os 20 e os 25%, números que, aqui, o PS deixou de alcançar há muito. O PS: já nas eleições de 2024 ficara atrás do Chega, mas desta vez ficou reduzido a menos de 15% dos votantes. Pouco mais de 4.200 votos. O mal menor acontece na malha urbana (freguesia de Pombal), onde a AD tem a sua vitória mais magra. 

Uma nota final para a realidade paralela em que parecem viver os nossos actores políticos: Pedro Pimpão veio às redes dizer ao povo que faça "a sua análise", "as suas reflexões" e que tire "as respectivas conclusões". Partimos do princípio que também vai fazer as suas. 

Porque o Chega não é o companheiro fofinho que o PS foi para o poder nos últimos anos.