Pedro Pimpão ressuscitou para as redes sociais ao fim de vários dias de sepulcral silêncio, através de um texto à sua moda: sentimental, acompanhado de 59 fotografias, boa parte delas impregnadas de chamas (é sempre bom para os pirómanos) , outra recheada dele, e da sua gente - os escuteiros, o chefe de gabinete (percebeu-se, de novo, que manda mais que qualquer vereador) assessores e afins. Até Paulo Mota Pinto, o regressado presidente da Assembleia Municipal, aparece nas fotografias. São boas imagens: Pimpão dá entrevistas, Pimpão fala com bombeiros, Pimpão olha para o mapa, Pimpão entra na carrinha, Pimpão estava lá.
Qual profeta da boa-vontade, o Pedro recuperou o fôlego e voltou a usar as redes para comunicar com o seu povo, que lhe retribuiu com o afago dos likes e dos comentários, como ele gosta e precisa, para continuar, dizendo-lhe que é o maior. Máquina. Campeão.
O Pedro nunca fez um curso de comunicação de crise, certamente. Percebemos, pela amostra, que o gabinete da Câmara também não. Ao contrário, perceberia que era precisamente num momento destes que deveria ter usado as redes sociais - como de resto fizeram os autarcas à sua volta, sem entrar em pânico, muito menos espalhá-lo junto da comunidade. Não para fazer estes agradecimentos que lhe rendem likes e afagos, à posteriori, mas para tranquilizar as pessoas e transmitir segurança, no momento, mesmo que por dentro estivesse a tremer de medo, como parecia no dia em que ousou (!) comparar o fogo de Abiul ao de Pedrógão Grande. Queixava-se da falta de meios, colocando-se sempre de fora. Esquece-se Pedro Pimpão que é ele aqui a autoridade máxima de Protecção Civil no concelho de Pombal - mesmo que tenha empurrado (também essa) responsabilidade para a vereadora Catarina Silva, que estava de férias, a muitos km de distância, nos primeiros dias.
Talvez seja hora de sabermos o que é, e o que faz, afinal, a Proteção Civil no nosso concelho. Se trabalha ou não em articulação com a Autoridade Nacional. Porque apesar do tom de balanço do nosso presidente, que anuncia estar contabilizar os prejuízos "juntamente com as autoridades" convém sabermos duas coisas: 1. Ele também é autoridade. 2. O verão ainda não acabou.
Também seria boa ocasião para divulgarmos, sem medos, o Plano Municipal de Emergência e Proteção Civil. Para não ficarmos com esta ideia de improviso, de quem se põe mais em bicos de pés...
Cercado por este fogo fátuo, mal sentiu que podia respirar, o Pedro voltou às partilhas das suas próprias palavras e da sua própria imagem. Depois das críticas à alegada falta de meios, esperamos pelo passo seguinte: Aposto um vintém num convite a Luís Montenegro para as festas do Bodo.