Por regra não uso – e considero que não se deve usar – casos particulares para fazer política. Mas como toda a regra tem excepção, e considero este meu caso paradigmático da desordem que impera na câmara, aqui vai:
- Dia 8-9-2022, por indicação da e-Redes, enviei à Direcção de Obras Particulares, da CMP, um pedido de permissão para uma ligação aérea à rede elétrica.
- Por não ter recebido qualquer resposta, dia 1-10-2022 reenviei o pedido para o Atendimento Geral. Recebi a resposta automática que assinalava a entrada do pedido.
- Dia 30-12-2022, já um pouco incomodado com tamanho desleixo, dirigi-me à recepção da câmara e perguntei “quem é que mandava aqui?”; ao que a senhora respondeu “é o presidente, doutor Pedro Pimpão, mas ele não está”; e acrescentou, “mas se me quiser dizer qual é o assunto eu posso endereçá-lo ao respectivo serviço”. Informei que era um assunto de Obras Particulares e entreguei uma cópia dos e-mails. A senhora deslocou-se ao primeiro andar, desceu passados algums minutos e informou-me que o vereador Pedro Navega viria falar comigo, entretanto.
- Passado cerca de meia hora, o vereador desceu a escadaria, e ali na recepção, disse-me que já tinha localizado o (meu) pedido, que não tinha ainda sido respondido porque tinha ficado esquecido no computador do engenheiro, que estava de férias de Natal, mas podia ficar descansado que na primeira semana de ano teria resposta.
- Como a resposta, mais uma vez, não chegou, dia 17-1-2023, dirigi-me novamente à recepção, fiz a mesma pergunta e obtive a mesma resposta “… é o presidente, doutor Pedro Pimpão, mas ele não está”. Respondi da mesma forma à segunda pergunta “pode-me dizer qual é o assunto?”. A senhora disse-me que era assunto do vereador Pedro Navega; e eu retorqui que “com esse não falo outra vez porque ele não manda nada”. A senhora voltou a subir as escadas, voltou a descer, e disse-me para circundar o edifício pela direita e dirigir-me à segunda porta depois das escadas, que estava lá o engenheiro que está com o assunto para falar comigo.
- O engenheiro recebeu-me, indicou-me uma cadeira para me sentar, sentei-me, ele virou o monitor do computador para mim, disse-me que o vereador Navega tinha encaminhado o assunto para ele no segundo dia do ano, e que ele tinha emitido o parecer dia 3-1-2023, pelo sistema informático; depois, leu-me o parecer, e disse-me que a comunicação comigo era da responsabilidade dos serviços – “eu fiz o meu serviço, de imediato”, reforçou! Agradeci a explicação, e o parecer, e saí novamente de mãos a-abanar. Até hoje. Até não sei quando!
Já contei este caso a alguns amigos. Todos me dizem que isto é uma perseguiçãozinha. Respondo sempre que não acredito - e não acredito mesmo. Digo mais: melhor fosse uma perseguiçãozinha... Mas não é; isto é coisa muito pior: é inépcia pura, contagiante - inépcia que, para além de não ser capaz de fazer nada certo, obstaculiza e corrói os serviços.