30 de janeiro de 2021

D. Diogo faltou!

D. Diogo faltou à reunião do executivo municipal. Preferiu a reunião da CCDR Centro.

Percebe-se: o momento é de resguardo, de jogar com o tempo, de dar a iniciativa ao adversário. 

Fugir mostra fraqueza. Mas o homem que foge pode combater outra vez.

D. Diogo mantém-se em combate.


28 de janeiro de 2021

A saúde que (não) temos




Passaram quase dois meses desde que o delegado de Saúde pediu a exoneração. Não foi substituído. Mas ninguém parece importar-se com isso.

Desde final de novembro que "a vida é sempre a perder", como cantam os Xutos, no que diz respeito à situação de Pombal face à pandemia. Mas o poder político parece mais preocupado com passeios no parque, exibicionismo de boas práticas disto e daquilo, do que em bater o pé e exigir que um concelho como este - que tem só um dos números mais elevados do distrito no que respeita à letalidade por covid-19, à data de hoje 566 casos activos - tenha o que merece: uma autoridade de saúde que não comande a pandemia à distância.

Depois da saída de José Ruivo, a médica que supostamente o viria substituir ficou "retida" em Leiria. E é a partir daí que somos vistos, que é coordenado o estudo epidemiológico, segundo as regras ditadas pela tutela: o rastreio de contactos dos infectados faz-se a 48 horas, e não a 14 dias, como defendia o anterior delegado de saúde. Talvez isso explique por que razão, até novembro, Pombal era uma exemplo a quebrar cadeias de contágio. É claro que entretanto o efeito bola de neve ganha escala... E por mais competentes que sejam os profissionais de saúde que a partir de Leiria coordenam o trabalho do ACES Pinhal Litoral, não é bem a mesma coisa do que estar no terreno. Saber se naquela localidade há um parque industrial, um supermercado ou um café. Ou já não nos lembramos de como era até novembro?

Qualquer cidadão bem intencionado (e não de bem...) imagina o esforço hercúleo que médicos, enfermeiros e administrativos estão a fazer por cá, para que o Centro de Saúde de Pombal e as Unidades de Saúde Familiar (São Martinho e Marquês, na cidade; e Vale do Arunca e Sicó) continue a trabalhar com a aparente normalidade. Contando que as falhas de meios humanos são imensas, que faltam médicos, que ainda recentemente a Unidade de Saúde Pública esteve três semanas sem administrativa. 

E nisto, temos quase 3000 utentes sem médico de família.

A reboque da pandemia, há um tecido social que se fragiliza e precisa de apoio. Imaginemos uma família infectada, sem rede, que ainda por cima tenha a seu cargo um idoso. Quem é que a apoia? Noutros concelhos essa é uma articulação que está a ser feita pela Protecção Civil. Mas aqui preferimos gerir egos e questiúnculas, concentrando esforços no que é acessório e não no que é essencial. A propósito, por que deixámos de ter o tradicional briefing com/para a imprensa, logo quando era mais preciso? Por que deixamos de ter boletins epidemiológicos?

Recordo que temos 1 presidente da Câmara e 8 vereadores. 13 presidentes de Junta. Uma presidente da Assembleia Municipal. 27 membros eleitos por 5 forças políticas. Será que algum mexeu uma palha em nome deste elefante na sala?

Passaram quase dois meses desde que o delegado de Saúde pediu a exoneração. Não foi substituído. Mas ninguém parece importar-se com isso.

 



Auschwitz

Porque ontem foi dia internacional em Memória das Vítimas do Holocausto. 


Tinha 23 anos quando cheguei a Cracóvia para uma visita. 


Hoje acho que a sorte bafeja-nos o destino para que não passemos pela vida com falta de experiências para uma vida toda. 


Era a viagem que punha um ponto final a quase dois anos na Alemanha, que tinha também ditado a minha interrupção do curso de Economia. Por isso tinha que ser mítica.


O motivo principal da paragem em Cracóvia significou, na altura, falta de planeamento ou sequer uma pesquisa sobre as atrações turísticas da cidade. 


Na segunda-feira levantei-me de manhã e percorri a praça do mercado. Lembro-me da presença de imagens e estátuas de Karol Wojtyla por todo o lado. Afinal foi ali que andou no seminário. E eis que vejo a paragem de autocarros para os sítios turísticos. Foi na noite anterior que me falaram que estava perto dos campos de concentração. Não estava minimamente preparado para o que ia ver nesse dia.


Fiz a visita sozinho, senti-me um peregrino  que expia os seus pecados. 


É impossível não nos sentirmos culpados do pecado da humanidade, da qual fazemos parte e estamos intrinsecamente ligados. É impossível não chorar. Levar um pontapé no peito quando respiramos aquele lugar. É preciso parar, muitas vezes, para reflectir e digerir as monstruosidades que nós fizemos a outros como nós. Como fomos capazes de deixar que o ódio por outros, iguais a nós, inebriasse perdidamente a réstia de empatia nos nossos corações. 


Demorei o dia inteiro... não consegui comer. Bebi apenas a garrafa de água que levei. Sentei-me em várias pedras. Fiquei mais de uma hora no pátio junto à parede onde fuzilaram milhares, mesmo ao lado do edifício onde fizeram os testes humanos. Levei os dedos aos buracos de balas na parede, fim da linha do trajecto que tinha trespassado alguém como eu. Passei pelos fornos semi destruídos.


Não falei nesse dia.


Despedi-me com os olhos da frase “Arbeit macht Frei” em ferro.


É preciso não esquecer.


Foto: Czesława Kwoka, menina, 14 anos (foto original a preto e branco colorida por Marina Amaral)



25 de janeiro de 2021

O que dizem os teus votos

O resultado das eleições presidenciais de ontem é uma espécie de choque frontal com a realidade, que passou diretamente das redes sociais para os boletins de voto.

Pombal é o que sempre foi - ao contrário de muitos concelhos que só agora estão a (re)descobrir a banalização do mal e o discurso do ódio, através da retórica fácil de AV, sempre de faca afiada e língua de fora. 

A esta altura do dia já todos estamos fartos de análises, de comentadores, e seria bom que os líderes partidários tivessem percebido o que parecem querer continuar a ignorar: nada fica como dantes, depois destas eleições terem revelado que Portugal continua, afinal, alinhado com o resto da Europa e do mundo, só com um bocadinho de atraso. Não é defeito, é feitio. O que aconteceu agora à esquerda (que não percebe a importância de se unir em vez de esfrangalhar) já acontecera antes noutros cantos do mundo. A ascensão  apocalíptica de Ventura não é diferente da de Le Pen, Bolsonaro ou Trump. A base do seu eleitorado é a mesma, e não é a esses que devemos culpar, pois que o desencanto e a revolta nunca deram bom resultado. Rui Rio não percebeu nada do que se passou ontem, e seria bom que alguém fosse capaz de lhe explicar. Do Chicão não se pode exigir mais do que aquilo. É na direita democrática que está o segredo para fechar esta caixa de pandora.

Mas voltemos a Pombal. Conheço muitos dos que deram ao "messias" estes 2.366 votos, e que se vinham revelando nas redes: há uma maioria, jovem, que nunca votava, e que agora vê nele a salvação "para essa cambada de ladrões e chupistas". Depois há mais velhos, que replicam sem pensar todos os mêmes que lhe aparecem à frente, contra os "malandros que não querem trabalhar", contra o RSI, contra os imigrantes, contra os refugiados. E ainda há os outros, saudosos do tempo da outra senhora. Esses, pelo menos, nunca enganaram ninguém. E continuarão a ser tratados nos hospitais públicos, a receber a dignidade que negam aos outros, em todas as áreas. Preparemo-nos para as autárquicas...

Há muitos anos, num aniversário da revolução que permitiu a estes todos a liberdade (que acabaria no exacto momento em que a extrema-direita chegasse ao poder), publiquei no jornal que dirigia um artigo de opinião de um assumido defensor desse tempo. Porque naquela altura, muito jovem, cheia de esperança no mundo, ainda acreditava que a liberdade de expressão era isso: dar voz a todos, até a esses. Encontrei na rua um leitor que me disse assim: "pois eu não sei se aqueles que são contra a liberdade merecem usá-la, sobretudo para isto". Hoje sei que tinha razão.

Marcelo ganhou também em Pombal, mas por menos que em 2016. Perdeu mais de 3.200 votos. Também votaram menos 3.770 eleitores. Percentualmente, dilatámos ainda mais a abstenção. E há apenas uma freguesia onde Ana Gomes fica à frente de AV: Pombal.

 E quem é que subiu aqui a votação, quem foi? Tino de Rans, que um dia vi hipnotizar uma galinha junto ao mercado municipal, quando ele era a atração de uma campanha autárquica do PS. Quem foi que disse que éramos uma espécie de Entroncamento?

24 de janeiro de 2021

A (in)esperada saída de Diogo




Os órgãos distritais  - e nacionais - do PSD preparam-se para ratificar  o nome de Pedro Pimpão como candidato às eleições autárquicas deste 2021. Tornou-se, afinal, inevitável - mesmo com a pandemia no seu auge. 

Em nome da franqueza que me merecem os leitores do Farpas, admito: sobrevalorizei Diogo Mateus e  menosprezei Pedro Pimpão, neste jogo de cintura política. Acompanho o percurso dos dois desde o princípio, e não julguei que a capacidade estratega do primeiro escorregasse em cascas de banana; Podemos tirar (todos) daqui uma grande lição: nunca é bom contar só com a sua própria esperteza, por mais alicerçada que esteja em conhecimento e capacidade. 

Diogo cometeu vários erros neste trajeto que preparou desde a juventude, e ao longo do qual ultrapassou obstáculos complicados [recuemos a 2001, quando Narciso o deixou de fora das listas, deu a volta por cima e conquistou a Junta de Pombal para o PSD. Conseguiu voltar à Câmara em 2005 e aguentar o cargo de vereador até chegar a sua hora de subir ao poder, em 2013]. Está na Câmara desde 1994. O maior erro talvez tenha sido rodear-se mal. No pressuposto de evitar capacidades maiores à sua volta, acabou sozinho.

Mas há erros que se pagam caros. E se a substituição - por razões que a razão desconhece - da vereadora Ana Gonçalves não teve grandes custos políticos (afinal ela continua ao lado dele, sempre, a votar quando é preciso), já a de Pedro Brilhante foi-lhe fatal. E embora a nível local o PSD tenha feito de conta que as denúncias de utilização de meios públicos para fins privados não importavam - os órgãos nacionais preferem não arriscar. A história autárquica está já bem recheada de casos que redundaram numa substituição do candidato à última hora, por contas com a Justiça. Aconteceu aqui ao lado, em Ourém, há 4 anos. E resultou numa derrota inesperada para o PS.

Percebe-se agora o peito cheio dos mais próximos de Pimpão: com a unanimidade da concelhia (os que iriam votar contra vão fazer o favor de não comparecer ao plenário de militantes, quando ele acontecer), a distrital só tem que aprovar-lhe o nome. 

Perante isto, já era tempo de Diogo dar uma palavra aos súbditos. 

Dirimir a altivez não é fácil, mas é digno. Se é que isso (lhe) importa.

22 de janeiro de 2021

Eleições em tempo de pandemia


No domingo vamos ser chamados a decidir sobre quem será o próximo Presidente da República de Portugal. Apesar das sondagens, é bom lembrar que não há vitórias antecipadas. A decisão está nas nossas mãos. 

A actual crise pandémica não pode confinar a democracia. Antes pelo contrário. Para além das questões de saúde pública, o momento que estamos a viver tem enormes reflexos sociais e económicos que não podem ser negligenciados. Os próximos anos serão decisivos e o papel do Presidente da República será crucial. Enquanto garante do regular funcionamento das instituições democráticas e, principalmente, pela incumbência que assume, no acto de posse, de defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa, o futuro Presidente da República terá que estar ao lado de TODOS os portugueses e ser consequente com o seu juramento.

São vários os candidatos (decentes) que, este ano, se apresentaram a eleições. As diferenças de personalidades e projectos políticos são muitas, o que enriquece a democracia. A cada um de nós, cabe escolher consoante os seus critérios pessoais. O leitor terá os seus; eu tenho os meus. Quero que o próximo Presidente da República seja uma pessoa séria, fortemente comprometida com a democracia, que não ceda a populismos, com capacidade e vontade de defender os interesses do país, dos portugueses e de todos os que escolheram o nosso país para viver, trabalhar ou estudar. Por isso, no domingo, não irei prescindir do meu direito cívico. 

Um apelo final aos jovens: não deixem os mais velhos decidir por vós. Lembro que o voto da vossa geração foi determinante para restaurar a decência no EUA

17 de janeiro de 2021

A Ermida de São João Baptista, no lugar dos Malhos

Antes de falar, como é conhecida, da Capela dos Malhos, remeto-nos para uma história fascinante: a Capela de Santa Ana.

A Capela de Santa Ana, situada no promontório da barra de São Martinho do Porto, lugar ermo e de difícil acesso, mas com uma localização e vista singular sobre o mar e a baía, terá sido construída durante o século XII e é apontada como o edifício religioso mais antigo do concelho de Caldas da Rainha e em particular da antiga freguesia de Salir do Porto.

Há pelo menos mais de um século que se encontrava ao abandono e tudo indicava que era uma questão de tempo até se deixarem de ver os escombros a que estava reduzida. Mas eis que, com um investimento de 93 mil euros e vontade se reconstruiu, o mais próximo do original possível, esta Capela.

Bem perto de nós encontramos a conhecida Capela dos Malhos que estará, grosso modo, no mesmo estado de conservação que a, agora fantástica, capela de Santa Ana.

A Ermida ou Capela dos Malhos consta no PDM do município como património referenciado e apesar de um esforço da população na década de 60, tal como a outra capela, parece irrecuperável.

De acordo com informações paroquiais de 1721 [Tese de Mestrado de Nelson Pedrosa] “foi erigida e fabricada pelo povo. Tinha capelão nos domingos e dias santos e pertencia aos moradores da marinha”. Apresenta ainda sobre o lintel, entretanto caído, a data de 1633.

Estando em ano de eleições autárquicas, pode ser, que com alguma vontade e algum investimento se possa replicar o que de bom se fez para os lados das Caldas. E com base neste exemplo de nada vale aqueles que dizem que "é complicado" ou que "já não dá para recuperar".

Ruínas da Capela de Santa Ana (Antes)

Capela de Santa Ana Reconstruída (Presente)


Capela dos Malhos (Presente)



15 de janeiro de 2021

PSD em confinamento

Consigo ouvir daqui aquele riso sarcástico de Diogo Mateus. 

Se o confinamento durar muito tempo, Pimpão e sua malta bem podem ir pregar sobre felicidade para o largo da capela de Santo Amaro.



8 de janeiro de 2021

Os “processos” do processo (parte I)

D. Diogo levou à última reunião do executivo - segunda-feira - as conclusões dos inquéritos disciplinares às duas funcionárias do departamento de recursos humanos (RH), com a proposta de suspensão de funções, por 90 dias para uma delas e de 45 para a outra, ambas com execução efectiva suspensa.

Antes de mais, convém esclarecer que os processos disciplinares às funcionárias dos RH são uma peça menor, de uma trama mais ardilosa, premeditada com muita astúcia, alguma malícia e uma boa dose de irracionalidade, a que foi preciso deitar mão, quando o primeiro processo ao ex-director de RH deu uma mão cheia de nada e foi necessário direcionar a acusação para outro campo e para outro processo. 

Como sabemos, o confronto de titãs envolve sempre peões, gente simples sem grande vontade e autonomia próprias, que é arrastada ou e se deixa arrastar para um “jogo” perigoso, que não dominam e do qual acabam por sair como as maiores vítimas.

Perante isto, o vereador Pedro Brilhante – único opositor ao poder instalado – escalpelizou bem os estratagemas utilizados para os fins em vista, a falta de consistência das conclusões/sanções e os riscos que as funcionárias correram ao assumir ingenuamente práticas e culpas que consubstanciam ou podem consubstanciar crime. Depois de afirmar que a defesa das funcionárias tinha sido má de mais para ser verdade, perguntou se a câmara já tinha apresentado queixas-crime contra as funcionárias e o ex-director de RH - como anunciado –, mas não obteve resposta. Foi nessa altura que a doutora Odete saltou para dizer ao vereador Pedro Brilhante que não lhe admitia que colocasse em causa a forma como a defesa das funcionárias estava a ser feita.

Chegado o momento de votação das sansões, a doutora Odete pediu escusa – alegou impedimento. O doutor coiso derramou fel sobre o inimigo de estimação.

Abre o jogo, Pedro.

De hoje a oito dias o PSD de Pombal reúne em plenário de militantes. É nesse dia que a concelhia designa o candidato à Câmara para as autárquicas que acontecem daqui por meses, lá para o outono. Até há um ano, o processo encaminhava-se para seguir pacífico, quando Diogo Mateus fez aquilo que mais tarde designou por "agitar as águas", ao anunciar que não tencionava recandidatar-se a um terceiro mandato. Duraria pouco tempo essa paz podre no reino laranja: "os mandatos são como os cafés, é um de cada vez" - sentenciou depois.

Enquanto isso, Pedro Pimpão - o segundo na fila do partido - foi reunindo tropas. Voltou a assumir [oficialmente] a presidência da concelhia (depois da demissão de Manuel António), e depois de um erro de cálculo que o deixou de fora da lista de deputados à Assembleia da República, lá se manteve à tona como pôde, na Junta de Freguesia. No verão, quando partiu à conquista dos caminhos de Santiago, ia convencido de que Diogo estava fora do caminho. Só que as decisões do maior profissional da política mudam ao sabor dos cafés, já se sabe. E quando regressou, Pimpão tinha à sua espera um balde água fria. Apesar de continuar a comportar-se amiúde como o puto da Jota a quem não se pede grande responsabilidade, ele bem sabe que já não vai para novo. Que 8 anos em política é uma eternidade. E que por isso não podia arriscar continuar apagado na Junta - pois que a pandemia impediu as festas e festinhas e torna tudo mais difícil na sobrevivência política.

E eis que - por vontade própria ou impelido por outros - fez a fuga para a frente: anunciou, no final do ano, na reunião da Assembleia de Freguesia, aquilo que aqui no Farpas já tínhamos adivinhado no vídeo de boas-festas, que cheirava a despedida: este era o primeiro e único mandato na Junta. Seguiram-se, nas redes sociais, lençóis de palavras envoltas em esperança e felicidade, criando uma cortina de fumo à volta do futuro. 

Ninguém no seu perfeito juízo acreditou que ia embora da Junta para se dedicar a uma profissão, como o comum dos mortais, por mais melosa que seja a conversa. Aqui chegados, um dos 6 pontos da reunião magna do PSD integra uma moção da comissão política que o defende como candidato. Ainda bem que o palco é o salão dos Bombeiros. Para simulacro, é o ideal. 

Da mesma maneira, ninguém acredita que Diogo vai entregar o poder ao Pedro, de mão beijada. Mesmo que Pedro tenha aprendido a não escorregar em certas cascas de banana, no último ano...

Abre o jogo com o teu povo, Pedro. Ou abre os olhos.

1 de janeiro de 2021

Os desejos de Ano Novo (como passar da teoria à prática?)

 


E assim se repete todos os anos. Todos vamos desejando, exprimindo, prometendo todo um rol de coisas lindas, bonitas. Quase sabendo de antemão que amanhã, ninguém se lembrará nada do que se disse – ou que se leu- e voltamos à azáfama dos dias.

Eu era uma daquelas “crentes” de que o contexto pandémico em que vivemos, que tanto nos tem posto à prova a todos os níveis, nos tornaria melhores enquanto seres humanos. Que o Mundo ia/vai ficar melhor. Precisava (preciso) de acreditar. Mas … Começo acreditar que levámos um abanão. Mas não passa disso.

Diz-me a voz da experiência, que a verdadeira crise económica e social, estará ainda por vir. Não sabemos concretamente quando, nem da intensidade da mesma. Temo que aquela ultima que vivemos, que foi dramática e devastadora, não é comparável com a que possamos experienciar (espero estar redondamente enganada). Muitos dirão que as dificuldades podem ser oportunidades (onde já ouvi isto no passado?).

É mesmo aqui que quero focalizar o meu post: as dificuldades de uns podem ser oportunidades (obscenas) para outros.

Diariamente recebo informação de ofertas de emprego de varias entidades, até porque pela actividade profissional que exerço na área social, ajuda-me a compilar informação para integração de pessoas no mundo laboral.

Esta semana recebo informação de uma empresa (group) “prestigiada” do nosso concelho com várias ofertas de trabalho. Uma(s) pérola(s):

Vou dar dois exemplos.

 Vaga para Engenheira civil (discriminação de género), com disponibilidade TOTAL de horários (em serviço permanente presumo) com transporte próprio;

Vagas para Praticante de fabrico, com horário de trabalho por turnos, mas ressalvando disponibilidade total para trabalhar sábados, feriados e horas extras (ahh! falta dizer que o vencimento é o SMN mais um pequeno subsidio de turno…)

Mas a cereja no topo do bolo é a parte final: “ Requisito transversal a todas as funções – nacionalidade portuguesa; sem problemas de saúde e transporte próprio

Daí o meu desalento. Não aprendemos nada. Temos memória curta. Agora imaginem se toda as nossas comunidades emigrantes espalhadas por esse mundo fora, tivessem encontrado empresas deste calibre???

Só me resta saber se estas vagas, a serem preenchidas, terão apoio do IEFP em termos de subsídios de integração. Se assim for, estou disponível para denunciar a quem tiver que ser, porque com isto eu não compactuo.

Feliz Ano Novo!