5 de novembro de 2020

E então estamos sem delegado de Saúde

As notícias de hoje dão conta do episódio mais inquinado dos últimos dias: o delegado de saúde de Pombal pediu a exoneração do cargo. Vai embora no final deste mês, mas até lá está de férias. E antes disso travou-se de razões com a coordenadora da Unidade de Saúde Pública do Pinhal Litoral, Odete Antunes - que até é natural do concelho e conhece bem este terreno. 

Para completar este quadro de miséria, uma das médicas da equipa de José Ruivo deixa Pombal e vai assumir funções de delegada de Saúde...em Alvaiázere. Só que o jogo é mais complexo, como revela a notícia de capa do Jornal de Leiria: a Saúde Pública da região está a funcionar com metade dos médicos. Dos 10 que existem ao serviço do Pinhal Litoral (que inclui Pombal, Batalha, Leiria, Marinha Grande e Porto de Mós), quatro estão de baixa. Um está de férias, a caminho da exoneração. 

Isto é tudo aquilo de que não precisamos numa pandemia. Precisamos antes de duas coisas: uma administração regional de saúde que complete rapidamente as peças do puzzle que faltam, e um poder local que em vez de se preocupar com a georreferenciação esteja em cima da necessidade que é assegurar o funcionamento dos serviços. Que uns e outros vão um bocadinho para além de posar para a fotografia quando é 'inaugurado' o Drive-Thru na Expocentro. 

É certo que a pandemia foi um cataclismo que aconteceu às autoridades de saúde pública, em geral. Tínhamos um país onde os delegados de saúde estavam descansadinhos no seu posto, e de repente um vírus abalou todo o sistema. José Ruivo é delegado de saúde desde 2007. Conhecido por ter 'mau-feitio', tem desempenhado as funções de forma competente e rigorosa, apoiado numa equipa curta, mas empenhada, exímia no rastreio dos contactos, na prescrição de testes, na vigilância hercúlea que é preciso fazer. Aguarda-se a todo o momento que a USP venha a público dizer alguma coisa ou anunciar a substituição. Sob pena de ficarmos todos dependentes dos humores de uma médica de saúde pública que desautoriza um colega porque o marido joga xadrez e vai participar num torneio, fazendo fé nas palavras de José Ruivo. 

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