30 de agosto de 2021

Jornal de Campanha #3 - Pimpão Resolve e...aconteceu no Oeste

1. É inédito o que está a acontecer a oeste do concelho de Pombal, na freguesia da Guia, Ilha e Mata Mourisca: não é só a (única) candidatura independente à Junta de Freguesia. Desta vez há uma candidatura à Assembleia Municipal. Talvez tenha sido preciso que o órgão caísse na lama - como aconteceu no último mandato - para se perceber que é importante resgatá-lo. Não é preciso cair no despropósito de o confundir com a Câmara, como às vezes parece acontecer. Mas a candidatura encabeçada pelo Luís Couto tem o condão de nos fazer olhar para lá dos partidos, e de nos reposicionar em relação às terras, às despovoadas terras deste concelho. Bem pode a candidatura de Pedro Pimpão tapar o sol com a peneira, ou a de Odete Alves fazer de conta que não se passada nada: se nas últimas três décadas este concelho definhou desta maneira, o poder local tem culpas no cartório. De que valem as acessibilidades e a centralidade, se as vias de comunicação só servem para levar e não para trazer gente?

Na zona oeste concentra-se 30% da população que nos resta. E é em nome desses que um grupo de cidadãos - na sua maioria politizados - se levanta para dizer que está ali e quer ter representação na Assembleia Municipal. Não me admirava nada se nas próximas eleições ali nascer uma candidatura à Câmara. A apresentação, porém, não aconteceu no Oeste. Aconteceu no Cardal, que afinal é de todos. 

2. Super-Pimpão (que agora já fala na terceira pessoa) está a dar tudo nas apresentações intra-listas, sobretudo naquelas duas freguesias que escaparam ao PSD nas últimas autárquicas. E por isso até manda emissárias paras as sessões de esclarecimento do oeste. Não se faz, Pedro. Não se atira às feras quem não é lobo e tão-pouco lhe veste a pele.

A cereja do bolo deste fim de semana foi, porém, a Redinha, em que o dinossauro Carlos Cardoso insiste... Foi lá que Pimpão se superou, com menos pinças do que aquelas que usou no oeste, mas como se estivesse a falar com o subconsciente, ao enaltecer os séniores, porque - disse ele - a experiência é muito importante. Também achamos, Pedro. É por isso que vamos ter problemas sérios a partir do dia 26. Mas até lá...siga a festa! 

29 de agosto de 2021

Curiosidades eleitorais

O doutor Pimpão veio-nos dizer que a sua candidatura era muito feminina. É mais do que feminina, é efeminada.

A doutora Odete já nos tinha dito que a sua equipa era composta por gente comum - demasiado comum. Mas se o principal critério era ser comum, vulgar, porque é que tiveram que repetir candidatos por mais que um cargo? Não havia mais comuns?

Venha o diabo e escolha.

28 de agosto de 2021

Folhetim mexicano: Joelito, el Raspador

III – De como um sacrifício individual se transformou num desafio colectivo

Quando a estecticista Rosa entrou na sede rosa, para entregar o terceiro fornecimento, encontrou Joelito extenuado, de tanto raspar. Meteu conversa.

- O senhor está muito cansado. Por que não descansa um pouco? Tem-se alimentado? E dormido?

- Nem me diga nada, colega; não vejo o dia disto terminar…

- Por que não pede ajuda aos seus camaradas de partido? 

- Tenho medo de os incomodar; eles podem ficar chateados – eles trabalham.

- Mas o senhor precisa de ajuda; uma pessoa, por muito serviçal que seja, não raspa catorze mil canetas de enfiada!

- Mas sabe: eu voluntariei-me…

- Pois; mas sabe qual é o maior problema desta casa?

- Não, diga lá.

- Muita caneta e pouca gente que saiba escrever.

- Não diga isso, colega; temos muita gente que sabe escrever.

- Não me percebeu ou eu não me expliquei bem. Saber escrever, sabem; não sabem é escrever o que deve ser escrito; sabe: para escrever o que deve ser escrito é preciso pensar, querer pensar, saber pensar.

- Não diga isso, colega.

- Digo-lhe mais: se o meu salão fosse gerido como gerem isto, há muito que já tinha fechado portas. Vou falar com a doutora… 

E assim fez a resoluta estecticista.

No dia seguinte, apareceu uma ajuda, depois outra, e depois mais outra… Passados uns dias a sede estava cheia de raspadores de canetas e foi preciso montar um sistema de alertas de capacidade esgotada. É neste fadário, que roça o absurdo colectivo, que estas alminhas sem alma nem pensamento consomem o seu tempo e as suas fracas energias.

Joelito, el Raspador, um chico que tem mais alma de cântaro do que de político, é a figura maior destas cenas de tragédia cómica. Mas não é o culpado desta desgraça colectiva. Porque deixa de haver culpados onde erram todos. 

Miguel Saavedra

26 de agosto de 2021

Folhetim mexicano: Joelito, el Raspador

II – A empreitada das canetas

A poucos dias do início da campanha, um partido de gente laboriosa, desta terra de gente trabalhadeira, viu-se sem brindes para distribuir, e sem dinheiro para os comprar. Depois de muito matutarem, na forma de resolver o problema, eis que alguém se lembra que tinham sobrado carradas de canetas da campanha anterior. O problema parecia resolvido com este achado, mas eis que alguém repara que as canetas tinham gravado “JC 2017” e já estávamos em 2021. 

Mas quando tudo parecia perdido, alguém, não se sabe quem, teve lembrança mui bem lembrada: raspar as canetas. Há quem diga que a ideia veio do Joelito; mas, por respeito à verdade, e por não pretender valorar em demasia o protagonista, o autor abdica deste pormenor não relevante para a história. Por que, relevante, relevante, é a forma como a lembrança foi, de imediato, tornada andança. E que andança. Tenha este pobre escriba arte e talento para a registar condignamente em palavras.

A questão que logo se colocou foi “quem poderia - e saberia - meter mãos à obra?” Olharam uns para os outros, e alguns disseram logo que não podiam. Foi nesse momento, no momento que todos deram um passo atrás, que Joelito, deputado da nação, sem nada para fazer e sem saber fazer nada (que valha a pena se feito), deu um passo em frente, e se fez dono desta honrosa e valorosa tarefa. E logo a sua conterrânea, colega na lista à câmara, estecticista de profissão, se voluntariou para dar apoio técnico e fornecer os materiais. Estava lançada a grandiosa empreitada.

Foi mui comovente ver como Joelito, chico mui abnegado ao trabalho partidário, se atirou à empreitada, noite e dia, fechado dentro daquelas quatro pequenas paredes, sem ver a luz do dia.  Muito haveria para contar sobre tão grandiosa tarefa; mas, por respeito ao mui degradado estatuto do Deputado da Nação, o autor escusa-se a pormenorizar mais. 

Ao segundo ou terceiro dia, Joelito pediu mais acetona à estecticista, que logo correspondeu com mais um carregamento. Chegada à sede, exclamou:

- Uff; estou cansada… Mas que trabalheira que o senhor me dá! 

- … É pelo partido, camarada.

- Mas diga-me, sff,  o que quer o senhor atingir com tanto empenho?

- Votos. Brindes dão votos e votos dão cargos.

- Ai, senhor deputado, eu também gostava de ser eleita, e ter um cargo importante, como o senhor.

Acompanhe as desventuras de Joelito, o Raspador, nos próximos capítulos.

                                                                                                Miguel Saavedra

25 de agosto de 2021

Folhetim mexicano: Joelito, el Raspador

I – O Personagem
Começo este folhetim com a apresentação do Personagem – Joelito –, figura vulgar, vulgaríssima, que o destino, e a malandrice dos seus, transformaram na figura principal deste folclore eleitoral, quando fizeram chegar a este maldito escriba a sua inverosímil história.

A história deste folhetim é história dele, sem tirar nem pôr. Mas se assim é, perguntará o leitor, não valeria mais contar logo a história, e deixar o juízo para o leitor? Talvez. Mas desta forma, o leitor poderá não encaixa bem uma coisa na outra. E é nesse encaixe que, acredita o autor, está a riqueza da coisa. Estamos - como se verá mais adiante - perante um personagem inverosímil, cuja originalidade pode comprometer a atenção do leitor, principalmente quando se confronta o protagonista e o absurdo coletivo.
Joelito, el Raspador, surgiu na política do nada, ou do acaso, ou por geração espontânea, como têm surgido os seus antecessores na juventude rosa. Mas eis que se torna conhecido; e a sua história é uma coisa digna e merecedora de ser contada. Começou a carreira política como líder da jota rosa, sem dirigir nada, porque nada havia para dirigir, tanto na juventude rosa local como na regional. Quando chegou a hora de apresentar listas para o parlamento da nação, Joelito ocupou o lugar destinado à juventude. Depois, com a renúncia de alguns à frente, converteu-se, sem saber ler nem escrever (nada que valha a pena ser lido), em deputado da nação. E aqui, fez-se candidato ao executivo municipal.
Joelito conseguiu tudo isso sem ser conhecido por nenhum talento ou atributo, não fala nem se mostra. Diz-se que nasceu de boca fechada, com a língua amarrada, com muito pouco sal na moeleira e pouco sangue nas veias. Chegou-se a pensar que o rapaz era surdo-mudo, mas quando alguém lhe perguntou, quando era chefe da jota, por que não falava, respondeu: ′′ temos medo deles..., eles são muitos...".
Hoje sabe-se que Joelito é um rapaz do qual não se pode esperar espírito nem vivacidade, mas é muito abnegado e trabalhador, muito hábil de braços, mãos e dedos, e sempre muito comprometido e dedicado ao chamado ′′trabalho partidário", feito no molde para o ofício de raspador e colador de cartazes. É um muchacho com tanta vontade de servir o partido que se esquece ou não entende as suas atribuições e seu suposto papel, nem percebe a triste figura a que se presta - um verdadeiro Cavaleiro da Triste Figura, tão útil para a política quanto as muletas para o defunto.
Acompanhe as desventuras de Joelito, o Raspador, nos próximos capítulos.

                                                                                                Miguel Saavedra

24 de agosto de 2021

Quem foi que se queixou da falta de espaços verdes?


Estou em crer que os candidatos - todos - que andam por aí a falar da necessidade de mais espaços verdes, estão especializados em distrair o eleitorado. É uma técnica usada pela Câmara durante o mês de Agosto, em que o Arunca se apresenta de leito cheio e alindado com um repuxo, e - pelos vistos - massificada.

Ora acontece que, para lá da cortina, o rio vai assim, neste estado verdejante. Escusam de incomodar os especialistas, de tentar perceber o que está a acontecer ao curso de água: há o milagre das rosas e há o milagre das algas. Deleitem-se. 

21 de agosto de 2021

Anúncio: folhetim mexicano

O Farpas tem o privilégio e honra de apresentar aos seus estimados leitores, nos próximos diasum folhetim hilariante e rocambolesco, denominado “Joelito, el Raspador”, assinado por Miguel Saavedra, prestigiado escriba de ascendência castelhana.

O enredo situa-se, como não podia deixar de ser, nesta invulgar terra e será narrado, predominantemente, na língua de Cervantes. Estamos certos que fará o deleite de novos e velhos, de gente de muito e de pouco entendimento.

Não perca as peripécias da inverosímil personagem. Mantenha-se atento. Até breve. 

19 de agosto de 2021

Jornal de Campanha #2 Há sempre alguém que resiste

Assisti estes dias à apresentação dos candidatos do PS à Câmara e às Juntas - o que nalguns casos provoca mesmo dor de alma. A ausência de candidatura no Carriço, onde o PS já foi poder, e a leviandade com que foram encarados os processos autárquicos no Louriçal ou no Oeste, não são desculpáveis. Assim como não é desculpável ao PS emprestar de novo a capa do partido ao candidato-presidente da junta da Redinha, que depois de bater com a porta e desrespeitar sistematicamente o partido, voltou - que remédio - à última hora, para uma desforra com um velho adversário. No universo das Juntas, há apenas dois casos em que aposto fichas, pelo menos no que toca à verdadeira disputa: Vermoil e Pombal. Porque para ganhar eleições é preciso querer, primeiro, e não ter medo de enfrentar o adversário. Isto aplica-se, exactamente por esta ordem, aos dois casos. É claro que Carla Longo, a candidata do PSD, tem a eleição assegurada. Mas Elisabete Alves é um osso duro de roer. E isso faz falta na política. Não conta para esta aposta a freguesia de Almagreira, onde - claro está - torcemos por alguém nosso, da casa - a Marlene Matias. 

E a lista à Câmara? Fica a impressão de que Odete Alves foi ao secretariado e distribuiu lugares aleatoriamente, aceitou entretanto uma sugestão abalizada, compôs a coisa e 'siga a marinha'. Lá está, era preciso querer. Esforçar-se, pensar em pessoas, fazer convites, embrulhar nãos e seguir viagem. Assim é muito mais tranquilo. Para ela, e sobretudo para Pedro Pimpão, que só por pudor não virá aqui colocar aquele coraçãozinho maroto.

Na noite morna da apresentação, acendeu-se, porém, um farol. Foi quando João Coelho, cabeça de lista à Assembleia Municipal, fez aquilo que competia à cabeça de lista à Câmara: combate político. O João faz falta a Pombal, como facilmente se percebeu nestes oito anos em que fez parte daqueles 4.831 pessoas que deixaram a terra. E foi ele quem apontou o elefante na sala, de que aqui falei há dias. Há um vídeo  - que pode ser visto aqui - demonstrativo disso mesmo. E sabendo que só um fenómeno paranormal inverteria a dinâmica de vitória do PSD, fica a esperança de ver o João - e mais meia dúzia de (bons) elementos, entre a lista que, estranhamente, não foi apresentada - dizer que o rei vai nu, esforçando-se por não deixar apagar a luz. 

Vamos precisar muito disso. Nem vocês adivinham quanto.

18 de agosto de 2021

O que esperar destas eleições?

Em Pombal, pouco ou nada há a esperar destas eleições, seja da campanha seja do resultado. Vamos assistindo, com fastio, a eventos onde só os próprios candidatos participam, através de vídeos produzidos e difundidos nas redes sociais com o intuito de promover os candidatos, mas que só despromovem, tal o nível de indigência que revelam. Mas assim se cumpre o exercício e se obtém a satisfação tola. 

Estas farsas improvisadas são abrilhantadas com discursos forçados, vazios e ridiculamente superficiais, com um chorrilho de promessas assentes em simples intenções e frases feitas com termos na moda, usados sem conteúdo e sem sentido. Embebidos no registo, muitos nem se dão conta que nisto o Pedro goza de enorme vantagem, por que parte em vantagem, por que é mais genuíno e por que está formatado ao papel que representa. Será, inevitavelmente, Presidente da Junta.  

Dos outros, se exceptuarmos o PS (por aquilo que representa), nem vale a pena falar. E mesmo deste, para se dizer alguma coisa, que valha a pena ser lido, temos que (nos) repetir. O PS repete o formato na plenitude: participa com dois grupos, perfeitamente desalinhados, um para a câmara outro para a assembleia municipal, com o segundo a canibalizar o primeiro - apesar de este já só ter a-pele-e-o-osso -, na ânsia de ocupar o lugar deste nas próximas. É um partido que perde sempre duas eleições numa, aquela em que agora participa e a próxima - e ainda nem sequer identificou o problema, vejam só!.

PS: tive um chefe que em termos profissionais foi tudo para mim, que reiteradamente afirmava: “intenções não são acções/medidas” ou, noutra forma, “com intenções não se resolve ou melhora nada”; e, “se queres resolver, ou que te ajude a resolver, o problema traz-me dados, não opiniões”. Conto este pequeno grande exemplo para ajudar a ilustrar a grande impreparação dos candidatos com ambições cargos autárquicos. 

16 de agosto de 2021

Jornal de campanha #1 PSD - 1 Amor - 0



No fim de semana que seria de grandes caravanas nas festas populares (embora as da Charneca sejam de má memória para alguns), o PSD fez os seus próprios eventos e alimentou a sua própria festa.
O programa oficial começou no sábado, em Vermoil, passou pela Guia, e terminou nesse exemplo maior do lazer, cheio de sombra e frescura, que é o bioparque da Charneca.
Vistos das redes sociais, os programas das festas parecem muito mais ambiciosos do que o são, na realidade. Tropecei num deles, sábado à tarde. A máquina do PSD monta todo um cenário, leva músca, chama os pesos pesados que já prestaram serviço ao partido, e ocupa as cadeiras entre si. Depois Pedro Pimpão repete os mesmos chavões da sustentabilidade e do digital e do território, faz a sua oração motivacional e está feito. O povo não vai. Na melhor das hipóteses, vão lá aqueles que integram as listas.
Se no caso de Vermoil não há muito a dizer - a freguesia permanece assim, imóvel, há pelo menos um quarto de século, desde que a conheço - já na Guia o momento revelou-se de algum desacerto interno. Pedro Pimpão fez um discurso com pinças, como se fosse pisar um tapete de ovos. Há o caso Lusiaves, há a derrota nas últimas autárquicas, há o jogo de sedução a Gonçalo Ramos, há a demissão de Manuel António da concelhia. E por isso fez um discurso ao seu melhor estilo, qual profeta da boa-vontade, apelando à união e ao bem comum. Já o candidato à Junta, fez o que pôde.
A apresentação da Guia teve dois momentos que merecem destaque: a aparição de Mota Carvalho, a quem Magina da Silva trocou as voltas e por isso ainda não foi desta que pôde ser candidato, sobrando-lhe o lugar de apresentador; e o discurso enraivecido de Rui Acácio, presidente do Núcleo do PSD no Oeste. Gastou quase todo o tempo a atacar a lista de independentes. Pimpão bem pode clamar pela paz, que para aquelas bandas estão mais prontos a agarrar nas forquilhas. 

Mas muito importante foi também o programa oficioso. A lista à Câmara está a ver se consegue apresentar um programa eleitoral. Convém. E então chamou representantes de algumas IPSS's para saber o que há-de fazer. E o pior é que eles foram (triste concelho este onde os dirigentes confundem responsabilidades públicas com participações partidárias). Foi uma pena que não tenha sido transmitido. Teria sido muito bom ouvir para o que estamos guardados. 

Por mim, o barómetro do amor que Pimpão desencantou estes dias. Introduziu no discurso uma conversa sobre o amor à terra, com uma teoria de ir às lágrimas: quem anda nisto, como eles, é pelos outros e é porque tem esta paixão pela sua terra. Alguém lhe diga que, de uma maneira geral, quem anda nisto (da política profissional) é porque faz disto vida. Quem não é funcionário público, advogado ou empresário, tem muita dificuldade em dedicar-se à causa pública. Mas entre esses há muitos que amam as suas terras e que as mantêm vivas, vivendo-as. Só que para ganhar a vida precisam de trabalhar. Chato. Assim dificilmente ganharão eleições. 

10 de agosto de 2021

A “Equipa” do Presidente da Junta

O Presidente da Junta – Pedro Pimpão – anunciou hoje a sua “equipa”. É uma boa “equipa”: “humilde, dinâmica e proactiva”, no dizer do próprio. Mais humilde que a anterior, digo eu, mas ambas adequadas ao propósito. Do resto, logo se verá…

Uma coisa parece, desde já, certa: o Pedro vai continuar Presidente da Junta. Há coisas, e pessoas, que são uma coisa e não podem ser outra. O Pedro é Presidente da Junta. O Pedro poderia ser outra coisa? Não. Não pode. Não quer. E não sabe. Ou seja, não cumpre nenhum dos critérios (para ser outra coisa). Atestou-o definitivamente.

Que mais nos irá acontecer?!


7 de agosto de 2021

6000 seguidores

 Atingimos, hoje, a bonita soma de 6.000 seguidores (no facebook).


Quando começámos esta empreitada, lá no longínquo 2008, nunca imaginámos que ainda por cá andássemos, nomeadamente com este fulgor. Duvidávamos que houvesse público para o que nos propúnhamos fazer, e duvidávamos que o soubéssemos fazer. Sentimos alento quando atingimos 1.000 seguidores, e depois 2.000, e depois 3.000…

A nossa história pode resumir-se a um despique entre nós e os potenciais leitores, entre o nosso sentido de risco e de superação e a curiosidade e o interesse dos nossos leitores.

Escrevemos para os que gostam de nós - serão com certeza aproximadamente 6.000 seguidores/“amigos”-, mas também para os que não gostam, e até para os que nos detestam. Acreditem que nos dá imenso gozo escrever para uns e outros - talvez até mais para os outros.

Sabemos que estes 6000 seguidores/”amigos” são só uma parte do nosso público fiel, que há outra parte - talvez maior - que nos lê religiosamente sem deixar rasto.

Ao contrário de que alguns afirmam, o Farpas não está esgotado nem em declínio. Todos os dados sobre penetração e notoriedade (seguidores, amigos, visualizações, etc.) continuam em crescendo. Até quando? Não sabemos! Mas provavelmente esta história de sucesso não suportará o declínio. Que amanhã não seja a véspera desse dia. Contamos convosco.

A sondagem - e o elefante na sala

 A sondagem publicada esta semana pelo Jornal de Leiria é uma amostra bem real do que, muito provavelmente, será o resultado das eleições no concelho de Pombal.

De acordo com o estudo  do IPOM - que nos habituou a bater certo, pelos menos no que diz respeito a Pombal - Pedro Pimpão ganha as eleições com 58,6% dos votos, enquanto o PS consegue 29,7% das intenções de voto. Destaque ainda para a Iniciativa Liberal, que entre os pequenos partidos é aquele que granjeia mais apoio: aparece na sondagem com 5,4%. As candidaturas do BE, CDU e Chega estão abaixo da linha de água, o que só é surpreendente para o candidato que Ventura aqui plantou, e que ainda ninguém conhece. Faz lembrar um candidato do CDS (no tempo em que o CDS apresentava candidatura à Câmara), nas autárquicas de 2001, que entre os jornalistas ficou conhecido como "não sei se vá - não sei se fique", e que sem saber distinguir a Brandoa dos Ramalhais ainda teve umas centenas de votos. 

Mas o que a sondagem nos diz também é que por cá, o que não tem remédio remediado está. O eleitorado socialista, que fugira para o movimento de Narciso Mota (foi ao PS que ele roubou dois vereadores), regressa à base. A não ser que a campanha inverta este jogo, voltaremos ao que já fomos no passado: um 5-2. Pedia-se mais a Odete Alves, que agarrou no secretariado do partido e distribuiu lugares na lista, sem qualquer rasgo, ousadia ou critério. O único golpe de asa que teve foi chamar João Coelho de volta, enquanto cabeça de lista à Assembleia Municipal - sabendo-se hoje que esse será, simultaneamente, o seu maior dissabor no futuro político.

O que aí vem, contudo, é um tempo de caminhar em areia mais movediça que o Osso da Baleia em época de marés vivas. Na Câmara paira desde há uma semana um estado de alarme, perante a anunciada "equipa" de Pedro Pimpão. À excepção de Catarina Silva, nenhum dos futuros vereadores tem experiência autárquica ou formação política. E o que chega de outras paragens não é bom presságio. A não ser que vivêssemos todos naquele concelho de que fala o cabeça de lista à AM, Paulo Mota Pinto, quando se refere a um Pombal que construiu na sua cabeça, no seu imaginário. Alguém avise o senhor que o concelho desenvolvido de que fala (entregando louros a Narciso Mota, de quem ainda havemos de falar, a seu tempo) é aquele que agora divide com outros cinco o quinhão que ninguém queria: ter menos vereadores, por ter perdido população. E com quem ombreamos, afinal? Vinhais e Mogadouro, no distrito de Bragança; Vila Real (Trás-os-Montes), Fafe, em Braga, e Vendas Novas, em Évora. Se em tempos ficámos conhecidos como a terra da meia vaca, agora podemos fazer um upgrade para a terra da meia dúzia. 

E esse é o elefante na sala que todos os candidatos estão a ignorar. 




5 de agosto de 2021

Sinais dos tempos: catequese já é curriculum

Se há coisa que me vinha intrigando, nestas eleições autárquicas, é o secretismo que as estruturas partidárias locais impõem à divulgação dos candidatos. Ora, se em eleições o sucesso político depende fortemente da notoriedade dos candidatos, parece no mínimo insano esconder os candidatos até não ser mais possível - algumas estruturas chegam a admoestar os militantes/dirigentes suspeitos de fugas de informação. Mas depois de conhecer os candidatos que se vão apresentando, por aqui e pela região, percebo melhor a opção. A pior coisa que se pode fazer a um mau produto é publicidade, mata-o mais depressa.

Vivemos inegavelmente numa certa decadência política, e, talvez, também social, caracterizada por uma confrangedora pobreza de ideias e até de dialéctica, onde tudo é superficial, pueril e encenação subordinada à propaganda.

Chegámos a um ponto, a um tal nível de vacuidade, que para alguns candidatos, por exemplo cabeças de lista do PS, (fazer) a catequese é curriculum.

3 de agosto de 2021

De vitória em vitória até à derrota final

O ex-Director de RH da CMP foi alvo de dois processos disciplinares, desencadeados pelo presidente da câmara. O primeiro foi tão mal enjorcado que estava condenado a não dar nada, do que era pretendido, pelo que foi necessário abrir outro. Primeiro, arranjou-se o instrutor adequado, de fora, violando o espírito e a letra da lei, que tinha tido um conflito profissional sério com visado. Depois, mudou-se a acusação, arranjou-se umas confissões absurdas, e conduziu-se a coisa para o fim em vista. Como havia pouco ou nada para fundamentar a acusação, e o visado não é dos que se dobram e calam, os processos foram andando devagar e devagarinho, e não terminaram dentro do prazo nem fora dele.

Mas eis que, entretanto, o primeiro recurso interposto pelo visado, logo na primeira fase do processo, a nomeação do instrutor, alegando “Nulidade da Nomeação do Instrutor, invocando a falta de fundamentação do acto, e deduzindo Incidente de Suspeição de Instrutor”, chega ao STA, que analisa rapidamente a acção e declara a “anulabilidade do referido despacho de nomeação do instrutor”, anulando, desta forma, todo o processo. 

Chegou, assim, o momento do visado cantar vitória, na reunião do executivo. Mas o processo, apesar de morto, não foi enterrado. O litigante Diogo Mateus interpôs recurso para o Tribunal Constitucional, invocando a inconstitucionalidade da norma que (ele mesmo) usou para nomear o instrutor. Confuso? Não. Isto é política. Mas valia a pena percorrer e desmontar os múltiplos nós (intervenientes) que ligam esta teia. 

PS: a malta já se ri - e com razão - quando o doutor coiso discorre e procura mostrar sapiência em Direito, mas ouvi-lo discorrer contra a interpretação da lei feita pelo Colectivo de Juízes do STA é um “must”. 

1 de agosto de 2021

Censos – apontam para copo meio cheio ou copo meio vazio?

Os dados preliminares dos Censos de 2021 monopolizaram a discussão durante o PAOD na última reunião do executivo da CMP. O tema é relevante, por revelar muito do estado do concelho. Mas a discussão foi de uma pobreza e de uma desonestidade intelectual chocante.

O assunto foi introduzido pelo doutor coiso com conjunto de dados onde misturava alhos com bugalhos, regados com a habitual retórica opinativa oca e enganadora, que entrelaça tudo e não acrescenta nada que não seja autoelogio; pelo meio teve o topete de se apresentar como um paladino da meritocracia e da lisura e muito crítico dos tachos por via do cartão partidário (com exemplos que mostram desconhecimento e falta de seriedade gritante).

A doutora Odete mostrou - mais uma vez - que sobre esta e outras matérias relevantes não tem nada para dizer para além de meia dúzia de vulgaridades e uma ou outra intenção desajustada ou sem valor (veja-se a proposta de aposta forte no turismo como solução para a obtenção de rendimentos elevados).

O Pedro Brilhante responsabilizou unicamente o actual presidente da câmara pela calamidade (desfalecimento do concelho) com muita agressividade e pouca consistência (taxa de desemprego, o desemprego sistémico, eleitores / população activa…).

O presidente da câmara tentou tapar o sol (a intempérie) com a peneira, num esforço retórico inglório. Contudo, tem razão em dois pontos: o problema desfalecimento do concelho é estrutural e é preciso saber ler os dados.

Actualmente, não é preciso ser muito sério e esclarecido para reconhecer que Pombal nunca foi o concelho charneira, pujante, de que o poder instalado tanto se foi vangloriando ao longo de duas décadas. No mandato 2006-2009, a bancada do PS na AM foi alertando repetidamente o executivo e a maioria que o suportava para o desfalecimento do concelho e para necessidade de inflectir o rumo - a deriva. Sem sucesso. Nem sequer ouviam; preferiam gozar com a mensagem e com o mensageiro (não é um tique recente deste poder) - eis uma das razões de criação do Farpas.

Quem olha com olhos de ver para a realidade local percebe que o concelho nunca teve tecido económico robusto e com capacidade para gerar valor e rendimentos elevados. O tecido económico foi disfarçando as fraquezas, e a comunidade vivendo de forma desenrascada, muito à custa do sector da construção civil. Mas a crise económica de 2003, a que se seguiu a de 2008, expôs as fragilidades.

Pombal desfaleceu porque os executivos municipais nunca procuraram atenuar as fraquezas evidentes: uma agricultura de subsistência rudimentar incapaz de gerar rendimentos; um comércio obsoleto de cariz familiar; uma indústria difusa, sem cadeia de valor e sem um cluster que funcionasse como âncora de competências centrais. Houve dois momentos/períodos em que poder político poderia ter invertido a situação, se tivesse feito um esforço para apanhar os dois últimos comboios da industrialização, o que passou no início da década de oitenta (primeiro PEDIP) e o do final da década de noventa, do século passado, períodos de forte expensão industrial, nomeadamente na região onde o concelho está inserido, mas nem sequer tentou. Nessa altura teria sido possível recuperar boa parte do atraso económico, como o fizeram Leira e Marinha Grande. Mas o poder político tinha outra prioridade: a obsessão pela manutenção e aprofundamento do poder. E nessa empreitada desperdiçou recursos e energias que bem usadas teriam invertido a situação. Um povo, uma comunidade, um poder que não se foca no essencial está condenado à estagnação e ao retrocesso.

A queda da população residente não é um fenómeno recente, como alguns dizem; começou por volta de 2001-2003, e não se tornou logo visível porque foi camuflada pelo forte aumento do número de eleitores entre 2009-2011, por via administrativa (recenseamento automático com a renovação do Cartão do Cidadão).

Os indicadores demográficos são essenciais para avaliar a realidade socioeconómica por que são relativamente fiáveis e bons predictores, mas têm o inconveniente do retardo no tempo - medem o que já aconteceu há algum tempo. Por isso, quando se discute estas questões publicamente, nomeadamente no exercício de funções públicas, convém saber do que se fala e com base no que se fala; ou seja, não abusar da desonestidade intelectual.

 PS: A perda de população não é – em si – um problema, até porque temos população a mais. Geralmente, o problema (essencial) é o que gera a perda.