29 de dezembro de 2010

Mais uma oportunidade perdida

Os principais pontos da agenda da última AM do ano são a discussão e votação do Orçamento e das Grandes Opções do Plano (GOP).
É normal e compreensível que as bancadas votem de forma distinta: a bancada que apoia o executivo aprova os documentos e a bancada da oposição rejeita-os.
Mas para os rejeitar, e capitalizar alguma coisa com isso, é necessário discordar das opções tomadas e fazê-lo com argumentos claros e robustos. Ou seja, é preciso deixar claro que se a oposição fosse poder faria outras opções ou faria de forma claramente diferente. Ora, o que ficou claro do incipiente debate é que o PS tomaria, no essencial, as mesmas opções: saneamento básico, sistema de abastecimento de água, pólos escolares e regeneração urbana. O que é coerente com o discurso do PS nos últimos anos, quando sempre criticou a falta de investimento nestas áreas e sempre as definiu com opções prioritárias. Logo, neste momento, o PS deveria ter-se colado às opções tomadas pelo executivo, abstendo-se talvez, criticando o atraso do executivo, deixando a dúvida na capacidade deste para concretizar atempadamente os projectos e alertando para a provável perda de fundos comunitários.
Ao rejeitar o Orçamento e as GOP o PS perdeu mais uma oportunidade de se credibilizar como alternativa.

AM: a fantochada do costume

A AM de hoje decorreu no registo habitual: ofensas gratuitas e insultos directos regados com muita demagogia e muita banalidade.
Um espectáculo triste …, com os protagonistas habituais.

28 de dezembro de 2010

2010: menos e mais

Menos

Em Portugal, o ano de 2010 ficou marcado pelo assumir da crise financeira. Aquilo que já todos sabiam foi, finalmente, admitido pelo governo: estamos completamente falidos e já ninguém confia em nós. Depois de anos de sacralização do capitalismo, chegou-se a uma situação de total descalabro. A crise, por si só, até nem seria tão má se fosse aproveitada para dar um impulso novo à nossa sociedade. O problema é que a receita que os nossos governantes nos apresentaram, na forma de três PECs, insiste na velha fórmula: há que poupar os prevaricadores, aqueles que durante anos andaram a roubar, e ir buscar o dinheirinho aos “do costume”. Lá está: quando o mar bate na rocha, quem se .... é o mexilhão!


Na nossa realidade local, ficámos a saber que as contas do município estavam a saque. Aqui o roubo foi daqueles à antiga. O problema é que, depois de muito choro, muita lamentação, a culpa lá acabou por cair apenas no mexilhão.


Mais

Destaco a iniciativa Limpar Portugal, promovida por um conjunto de cidadãos sem ligação a partidos ou outra qualquer organização. O que é facto é que foi conseguida uma mobilização sem precedentes de toda a sociedade para uma causa completamente altruísta, tendo sido recolhidas 70 toneladas de lixo! Como não há bela sem senão, quem percorrer as matas deste país tem a sensação de que a iniciativa foi um fracasso. Quem lá esteve sabe que não.


Em Pombal, reconheço como muito meritório o esforço da nossa autarquia em promover a construção de creches e, sobretudo, de centro de dia. Num concelho onde a percentagem da população envelhecida é grande, agravado com o facto de vivermos numa sociedade que tende a desprezar os mais velhos, estas iniciativas prestigiam, sem dúvida, quem as protagoniza.


(Versão do texto publicado hoje n' O Correio de Pombal)

24 de dezembro de 2010

23 de dezembro de 2010

Leis e salsichas

O CDS anunciou, após a eleição dos seus órgãos concelhios, que está disposto a ser “uma oposição construtiva”. Esperemos que o mote não tenha sido dado pela oferta natalícia do pinheiro. Por muito bem intencionada que tenha sido a iniciativa, do que menos precisamos em Pombal é de aspirantes a Valentim Loureiro.


Segundo uma afirmação atribuída a Otto von Bismark, responsável pela unificação alemã no século XIX, o respeito que temos pelas leis e pelas salsichas é inversamente proporcional ao conhecimento que temos da forma como são feitas. Depois de 20 anos de PSD, já perdemos todo o respeito pela Lei da Laranja. Estou convencido que, com este CDS, vamos deixar de comer salsichas.

20 de dezembro de 2010

Eles condenam um deles


O executivo da CMP aprovou, por unanimidade, aplicar a pena única de demissão ao funcionário da tesouraria que desviou cerca de 600 mil euros de uma conta bancária da autarquia.
De forma rápida e nebulosa, os responsáveis pelo continuado desfalque condenaram um dos culpados. E assim lavaram as mãos como Pilatos.

Centro Hospitalar de Leiria – Pombal (?)

Por estas bandas ninguém estava à espera da criação do Centro Hospitalar Leiria – Pombal (que raio de nome). O novo centro hospitalar resulta da integração do Hospital Distrital (só de nome) de Pombal (HDP) no Hospital de Santo André (HSA) de Leiria, ou seja, o HDP é engolido (destino inevitável para um desfalecido) pelo HSA. Por aqui, se exceptuarmos a Concelhia do PS de Pombal, ninguém tem mostrado contentamento com a estranha medida, antes pelo contrário.
É verdade que a reestruturação da rede de cuidados de saúde é necessária e premente. Necessária porque a rede actual é muito dispendiosa e assimétrica na resposta, premente porque o estado das finanças públicas a isso obriga. Mas, apesar de necessária e premente, a reestruturação não deve ser feita de forma precipitada, casuística e por encomenda. Ao fazê-lo, desta forma, o governo pode estar a desperdiçar uma boa oportunidade para racionalizar a rede de cuidados de saúde. A reestruturação tem que recair no redimensionando da oferta de serviços em função da procura de acordo com critérios económicos e qualidade. Se, como parece, estas medidas ficarem pela fusão administrativa de umas quantas entidades, que, quanto muito, eliminarão uns quantos administradores e concentrarão parte dos serviços de apoio (contabilidade, compras, etc.), não se resolve a questão de fundo: eliminação das principais fontes de desperdício. Mexe-se na coisa para deixar (quase) tudo na mesma.

15 de dezembro de 2010

Fotografias

Na última edição de O Correio de Pombal, é noticiada a visita de Adelino Mendes e José Miguel Medeiros a Vila Cã. Presente no "acto" estava também o Joel, membro da Assembleia de freguesia por ter sido o candidato (derrotado) do PS.
Se a presença de um deputado não diminui o brilho da iniciativa (antes o deveria, supostamente, engrandecer), o facto é que estas presenças causam dúvidas no eleitorado. Por capricho (ou não), Adelino Mendes estava mais próximo de Medeiros, e mais longe do Joel. Como se de uma ilustração se tratasse. Um registo gráfico das dúvidas (legítimas ou não, não me quero pronunciar) do eleitorado. Estas dúvidas costumam ter repercussão nas urnas e o PS bem o sabe (ou deveria saber).
Por oposição, veja-se a fotografia da visita de Narciso às freguesias. Sem figuras nacionais. No meio dos presidentes de junta e outros populares. Narciso ensina, e o PS não aprende, é o que é. Também por aqui se ganham (e perdem) eleições.

9 de dezembro de 2010

Fraco orgulho

Narciso Mota diz-se “orgulhoso por Pombal não aderir a sistemas intermunicipais”. Fraco orgulho! Deveria ter vergonha do péssimo serviço prestado pelos serviços municipalizados da câmara, tanto na água como no saneamento. Mas a mudança poderá ser mais rápida do que ele pensa. Para o provável sucessor, será uma das primeiras medidas de fundo a ser tomada.

7 de dezembro de 2010

O ovo e a galinha

Uma pergunta que devia ter sido feita (e respondida) em Pombal antes de se começar a gastar dinheiro: Como é que se vai devolver gente às lojas da Baixa de uma cidade?

6 de dezembro de 2010

Apagão

À conta de tanto apagão, quase que dá vontade de dizer que isto só pode ser culpa de alguém que não gosta de iluminados...

Mas agora a sério: pelo que li ontem de vários pombalenses, a postura da EDP foi, no mínimo patética (já pelo menos a cidade estava sem luz há 1 hora e alegadamente eles ainda não tinham dado conta). Lembraram-me hoje de que será a REN - enquanto concessionária - a responsável por isto, mas o que é certo é que estas situações se sucedem e de tudo que já foi feito nada deu. resultado. Politicamente já se fez o barulho que se podia fazer, exigindo, em Vereação e na Assembleia, que se fizesse algo para evitar os apagões, mas em bom rigor, EDP's, REN's e afins não se preocupam nem querem saber. Mas isto, sendo uma questão política em segundo plano (a representação dos interesses da população) é, antes disso, uma questão de mercado. E questões de mercado combatem-se com as regras do mercado, pelo que só pode caber a que "usufrui" do serviço, em massa, ver se o consegue alterar, pelo menos tocando no único sítio onde doí às nossas empresas lisboetas: o bolso.

3 de dezembro de 2010

Os esgotos, esses malditos canos que ninguém vê

A notícia da Rádio Cardal remete para um tema de esgoto(s).
"A Câmara de Pombal anunciou hoje investimentos de 29,6 milhões de euros em obras de saneamento e abastecimento de água no concelho, que vão obrigar a uma comparticipação financeira municipal de 11 milhões de euros.
Segundo uma nota de imprensa da autarquia, as obras de abastecimento de água, saneamento, tratamento e drenagem de águas residuais, e construção de estações de tratamento de águas residuais vão ter uma comparticipação comunitária superior a 17 milhões de euros, do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional e do Fundo de Coesão, no âmbito de cinco candidaturas já aprovadas.

O presidente da Câmara Municipal de Pombal, Narciso Mota, explicou que o objetivo deste investimento é que no final do atual mandato entre 80 a 90 por cento da população, de cerca de 70 000 habitantes, possa ter saneamento."


E acha isso bem? Basta-lhe? Será que 20 anos não chega para a cobertura completa?
Valha-nos o engº Rodrigues Marques, mais os santinhos que não tarda a vir aqui invocar.

Serões Culturais

A sessão aqui noticiada, que decorreu no Teatro Cine, foi um sucesso. Casa cheia e a presença das individualidades políticas do concelho. Como alguém comentava, "se Maomé não vai à montanha, vem a montanha a Maomé"!

... e Mário Diogo eleito no CD da Ordem dos Advogados!

Também Mário Diogo, ilustre advogado de Pombal, foi eleito presidente do Conselho Distrital de Coimbra da Ordem dos Advogados. Pela primeira vez o presidente deste órgão não é de Coimbra. Uma prova de que o reconhecimento do mérito de Mário Diogo extravasa a nossa "praça local".
Para quem queira conhecer o restante equipa eleita, fica a notícia do Diário As Beiras.
Parabéns, dr. Mário!

José Manuel Silva candidato na Ordem dos Médicos...


José Manuel Silva está na corrida para bastonário da Ordem dos Médicos. Independentemente do resultado, é já de salientar a disponibilidade deste médico pombalense, bem como a visibilidade que tão alto cargo traz. Pombal também é falado por bons motivos. Hoje foi publicada uma entrevista no Correia da Manhã.
Este "quadro clínico" parece-me (mais) uma boa razão para se falar de saúde em Pombal, como em tempos anunciou o Presidente da Assembleia Municipal (também ele médico).

2 de dezembro de 2010

Fala quem conhece


Eliseu F. Dias, futuro presidente da concelhia do CDS, propõe-se “dar voz aos pombalenses que não se revêem na actual política da maioria no poder. Uma política de clientelas políticas e familiares”. In OCP

30 de novembro de 2010

Água cara e de má qualidade

Um estudo da AEPSA confirma que a água dos sistemas contratualizados em parcerias público-privadas é, em média, 30 % mais cara mas tem melhor qualidade e menos perdas.
Nós por cá temos o pior de dois mundos: água cara e sem qualidade.

Em que estamos a pensar?

No mundo, que pula e avança, à velocidade do Facebook. E por isso é lá que estamos, desde hoje, à espera de todos os amigos que se quiserem juntar ao Farpas. Por lá vão passar todos os posts que aqui forem publicados e também toda a necessária discussão. Gostam disto?

29 de novembro de 2010

As obras do engenheiro

No passado fim-de-semana estive em Almagreira e verifiquei que a rua principal, recentemente asfaltada e embelezada com passeios tipo montanha russa, estava a ser esburacada. Em conversa com residentes referi a incompetência e a inconsciência reinante que leva a câmara, nos dias de hoje, a derreter dinheiro a asfaltar e a construir passeios numa longa rua e, pouco tempo depois, a rebentá-la para colocar saneamento. Corrigiram-me logo: - o saneamento foi colocado pela câmara antes da asfaltagem, só que, foi tão mal colocado, acima da cota das casas, que agora tiverem que o arrancar e voltar a colocar.
Não restam dúvidas, quando escavamos as obras do engenheiro é assim: cada cabadela duas minhocas!

Manuel Domingues dixit

Manuel Duarte Domingues, a propósito da situação autárquica pombalense, disse na última edição de O Correio de Pombal: “A limitação de mandatos é uma regra que o bom senso deveria ter posto em prática há muitos anos, porque a rotação e a renovação de cargos públicos é extremamente saudável. Quando se está dez anos ou mais no poder cria-se a habituação, gere-se a rotina, perde-se a criatividade, criam-se clientelas, não se renovam equipas, estagna-se.”


Eu não conseguiria caracterizar melhor os últimos mandatos do Eng. Narciso Mota.

26 de novembro de 2010

Ainda o Orçamento Histórico

É a soma de meio embuste e meia artimanha. É embuste porque não será, em grande parte, concretizado. E é artimanha porque esconde, por detrás do pseudo intuito realizador, um estratagema para cortar as asas ao novo presidente da câmara.
É verdade que a parte do orçamento que engloba o Plano Plurianual de Investimentos (PPI) assenta, em grande parte, em projectos financiados pelo QREN. Mas é igualmente verdade que a câmara, para os executar, vai ter que se endividar fortemente, e, no contexto actual, dificilmente conseguirá o volume de financiamento de que necessita para executar os projectos. Assim, infelizmente, uma parte significativa dos projectos anunciados ficará no papel, o que é mau porque a maioria deles é necessária.
Narciso Mota protelou ao longo dos vários mandatos os investimentos estruturantes (Saneamento, Sistema de Abastecimento de Água, Centros Escolares, Parque Verde, Despoluição do Rio Arunca, etc.) porque sempre lhe interessou mais a gestão populista, assente em obras de fachada e na subsídió-dependência, e arcaica, que se vangloriava do baixo endividamento (suposto indicador de boa gestão). No entanto, aparece agora, a propagandear um orçamento histórico de 70 milhões de euros, que vai obrigar a câmara a endividar-se fortemente. Porquê agora? Não teria mais racional realizar os investimentos estruturantes há dez ou quinze anos atrás, quando as percentagens de financiamento comunitário e as receitas próprias da câmara eram maiores e o financiamento era mais fácil e mais barato? A que se deve esta mudança radical de politica de endividamento? Ao peso na consciência de quem protelou desnecessariamente investimentos estruturantes (muito exigidos e muito prometidos) ou a um estratagema para esgotar rapidamente a capacidade de endividamento da câmara e assim cortar as asas ao sucessor?
Mais uma vez, alguns investimentos vão realizar-se não por convicção ou por razões económico-financeiras mas por capricho. É esta a nossa sina: no País e no Pombal.

Regeneração Urbana

E agora, senhoras e senhores, segundo a sugestão aqui deixada, eis o Projecto Integrado de Valorização do Centro Histórico de Pombal. Já sabemos o quanto o Sr. Presidente da Câmara gosta que pessoas sem formação nas áreas de engenharia e arquitectura se pronunciem sobre projectos, mas o que está em causa aqui é mais a divulgação e a opinião do comum cidadão que vê a sua cidade sujeita a obras que podem ou não vir a ser estruturantes. Já que as discussões públicas são mal aproveitadas, quando existem, não vejo mal nenhum na discussão das opções (e desde já digo que se algumas me merecem o apoio, outras causam-me dúvidas, para não dizer perplexidades), até porque o senso comum muitas vezes consegue fazer coisas que os técnicos não fazem (vide caso do Parque de Estacionamento subterrâneo na Praça Marquês de Pombal ou o estado em que fica a Rua da Encosta do Castelo). Por isso, e uma vez que não estando a legitimidade eleitoral em causa, não é menos verdade que nos 4 anos que intermedeiam eleições, sejamos obrigados a aceitar acriticamente tudo, fica aqui a informação para a discussão. Iluminada, pois claro. Ou histórica. Escolham vocês.

24 de novembro de 2010

Viagens pela minha terra

Ontem participei numa visita de trabalho às Freguesias de Pombal e Vila Cã, enquanto membro da Assembleia de Freguesia de Pombal. No essencial, e atendo-me à "minha" freguesia, a preocupação era mostrar ao Presidente da Câmara o que deveria ser feito, em especial, em sede de asfaltagem e também de saneamento básico numa longa (e parcial) visita por vários sítios da Freguesia. O que vi (e ouvi) elucidou-me: a prioridade é asfaltar todo o caminho não asfaltado, abrindo outros, mas não há hierarquias estabelecidas. Aliás, comentário oportuno (e de cor insuspeita aos olhos do Presidente da Câmara) notava que com tanto pedido de asfalto para a JF Pombal, lá para 2017 sobraria algo para os outros.

Com efeito, e já em campanha o tinha dito, perante recursos escassos (e usando novo comentador insuspeito - os custos de manutenção), interessa saber como se vai fazer a manutenção. Por isso, de todas as vias "importantes" e "estruturantes" que vimos ontem, continua a ser interessante saber como ordená-las, até para pressionar mais eficazmente a autarquia. São critérios, senhores. Mas isso ainda é uma forma de trabalhar que deveria ser alterada. Seja como for, sendo o povo soberano e os resultados eleitorais um reflexo disso mesmo, esperemos até 2013, para comparar - no que é comparável em função da visita - e tirar as devidas conclusões. No entanto quero crer que, mais que oficiar e pedir, é demonstrar pela força dos números, o porquê de algumas intervenções serem mais importantes que outras. Isso e considerar outras alternativas à "simples" asfaltagem. E mais fica para depois.

Ideias para a crise

Uma solução económica para a iluminação de Natal em Pombal? Usar todos os iluminados que o Presidente da Câmara enumera nas suas intervenções e usá-los para esse efeito.

23 de novembro de 2010

A previsibilidade é uma arte

Quando até os mais distraídos sorriem perante as notícias, cuja base pode não passar de uma manobra bem orquestrada, eis que o presidente da Câmara reage à notícia do alegado vereador supostamente interessado no CDS como era de esperar. Oram leiam.

Ainda o cemitério

O Público, no dia 2 de Novembro, noticiava a autorização para receber funerais. Parece ser o fim da polémica do cemitério do Casal Velho. Mas algo deve ficar em jeito de "lição" de toda esta história.

Antes de mais, quero deixar claro que não sei de que lado está a razão, por não conhecer os fundamentos técnicos que suportam uma e outra versão.
O primeiro alerta tem que ser para a forma de realizar obra. Sendo a população o verdadeiro e último destinatário da acção política, é conveniente que seja escutada previamente.

O segundo alerta, e mais vigoroso, é para a própria população. Porque se a classe política tem obrigação de escutar as populações, também estas têm que "falar" , para que possam ser ouvidas. E têm que falar com alguma tempestividade. Antes da obra, e não depois desta consumada. Como é evidente, a classe política não pode ir perguntar a cada uma das pessoas o que pensa sobre o assunto, pelo que seria útil que esta (população) encontrasse formas organizadas de se fazer escutar. Que exercesse verdadeiramente a sua condição de cidadania. Que explorasse formas providas de maior eficácia para uma participação cívica útil e incisiva.
Volto a sublinhar que não sei se isto foi ou não feito. Quando e como avançaram as decisões e as reclamações. Parece-me é que este processo não é bom para ninguém, independentemente do lado em que resida a razão.

Serões Culturais

No próximo sábado, dia 27 de Novembro, irá decorrer no Teatro Cine de Pombal uma sessão especial dos Serões Culturais, uma iniciativa da Junta de Freguesia do Louriçal, em parceria com as colectividades da Freguesia. Como poderão confirmar no cartaz, foram envolvidas todas as associações da freguesia numa iniciativa que tinha várias vertentes em competição: perguntas de cultura geral e realização de provas livres (teatrais, musicais,...). Não obstante a saudável competição (ganhou a Associação de Matas e Cipreste, já agora!), destaca-se daqui o convívio e o dinamismo que as associações já tinham, mas que aqui é ainda mais fomentado, pela necessidade de construir equipas e provas livres. Um bom exemplo daquilo que uma junta de freguesia pode fazer pelas suas colectividades, mesmo sem grandes subsídios.
A sessão no Teatro Cine será uma pequena súmula das provas livres apresentadas (uma por cada colectividade), e como é evidente, conta-se com a presença dos pombalenses.

20 de novembro de 2010

O regresso do CDS que traz até o líder

Paulo Portas está anunciado para este domingo, em Pombal. Vai visitar o Lar da Stª Casa da Misericórdia. Mas isso é o menos. O que realmente importa reter é que o líder vem dar fôlego ao renascido CDS, que voltou a ter sede partidária na cidade. Só isso? Não. Importa reflectir sobre aquela quase-notícia do OCP desta semana, escrita e confirmada como deve ser aqui, pelo Orlando Cardoso, que aponta para (mais)um dissidente na equipa de Narciso: um vereador laranja que se disponibilizou ao CDS para candidatura autárquica em 2013.
Ora, sendo assim, faço aqui a minha própria aposta:
Não é Diogo Mateus.
Não deve ser Fernando Parreira.
Não será Pedro Pimpão.
Posso até estar enganada, mas não será nenhuma das moças.
Como o segredo em Pombal tem perna mais curta do que a mentira, não tarda havemos de saber, meus caros leitores. Assim como a lista de apoiantes supostamente alaranjados que, com o tempo, se calhar até com a chuva, desbotaram.

19 de novembro de 2010

Regresso do CDS

A Paula Sofia já tinha dado conta, aqui no Farpas, que o CDS estava a preparar, com seriedade, o seu regresso às lides partidárias no concelho de Pombal. Pelo Correio de Pombal soube que a presença do partido já é visível na "Avenida". Excelente notícia!

Apesar de, politicamente, me situar nos seus antípodas, reconheço o bom trabalho que o CDS tem feito nos últimos anos, sobretudo devido ao crescente protagonismo de uma nova geração de políticos como Nuno Melo ou Assunção Cristas. Além disso, sempre achei que a salvação das democracias ocidentais se encontra no reforço de partidos minoritários como o CDS ou o PCP. Só com uma digna representação dessas forças políticas é possível dar voz a quem não se contenta com o marasmo do "centrão".


Desejo, pois, longa vida ao CDS no concelho e espero da direita pombalense uma forte e inteligente oposição ao PSD local.

18 de novembro de 2010

Orçamentos

Um "orçamento histórico" de 70 milhões devido ao Castelo, à requalificação da Zona Histórica e a obras no saneamento, anuncia o Presidente da Câmara. Ora, se o Castelo custava 3 milhões e a maioria era dinheiro da Administração Central, se um Orçamento "não histórico" anda na casa dos 30 milhões, quer dizer que os outros 40 virão de fora (nomeadamente do QREN). Seja como for, são declarações interessantes numa altura em que o cenário político mexe (quem diria que umas bandeiras na Avenida teriam o condão de provocar algum frisson?) e que me deixam curioso em relação ao documento que o Executivo apresentará.

Faz bem a autarquia usar dinheiro do QREN? Faz. E seria interessante que todos conhecessem os projectos em causa. Mas tirando o saneamento (sendo que não é um investimento tão linear quanto parece por questões que vão muito além das questões locais), quais serão as opções? Não parecem ser sociais mas sim para cravar a fatídica placa. É que regeneração, numa terra onde a estratégia é fazer primeiro, programar depois, é palavra que mete medo.

Mas agora que estamos quase em época de "pré- E depois do Adeus" (leia-se 2013), o que é que ficará? Note-se que eu não esperava um Orçamento Histórico. Aliás, nem sei bem o que será isso. Se é dizer que se vai gastar muito dinheiro que se foi buscar a outras fontes, ok, está bem, gaste-se, se só pode ser gasto para esses fins. Mas quanto ao orçamento em si, aquele que não depende de QRENs para ser inflacionado e exibido como bandeira, gostaria que tivesse em conta que em breve os cortes a nível nacional atingirão as autarquias, até aquelas que financeiramente não estão mal (e dispenso-me de falar em controlos internos).

Espero, por isso, fora os investimentos de candidaturas, um orçamento de contenção, rigoroso e realista, nunca esquecendo que as Autarquias não são as principais culpadas do descontrolo das contas públicas, embora também dêem os seus maus exemplos. Aliás, suponho que se o PSD local estivesse todo na AR exigiria o mesmo ao Governo: rigor, contenção e realismo. Mas, como aqui, o coração ao pé da boca é vantagem política e os comes e bebes argumento eleitoral, tudo é possível. Até ouvir falar num orçamento histórico em vez de um orçamento realista. Mas o melhor mesmo é esperar para ver, sendo que para já, em termos de discurso, já que de cima não há exemplo que nos inspire, pelo menos que viesse de baixo (em termos de pirâmide). Isso sim, seria Histórico!

15 de novembro de 2010

Cultura em rede

O Município de Pombal integra, desde o ano passado, o projecto Cultrede. Para além da rentabilização de recursos, este tipo de estruturas em rede possibilita disseminação de boas práticas de programação e gestão cultural, bem como a itinerância de projectos artísticos de qualidade, impossível de concretizar noutro contexto.

Em Pombal, onde a oferta cultural, por manifesta incapacidade dos agentes municipais, é particularmente deficitária, é notório o efeito positivo dessas parcerias. O aumento significativo da programação cultural de qualidade no Teatro-Cine (que ainda não tem uma página decente na internet) é disso um bom exemplo. Para além das actividades da Cultrede, temos também beneficiado do projecto “Bandas em Concerto”, promovido pela Direcção Regional de Cultura do Centro.

Parabéns à Autarquia pela iniciativa.

9 de novembro de 2010

Passámos a fasquia!

Os juros a 10 anos da nossa dívida soberana (pomposo apelido para tão miserável sorte) passaram a barreira dos 7%. Já alguém viu por aí o FMI?

5 de novembro de 2010

Carneirada

A CMP ganhou nos tribunais o diferendo que manteve população da Charneca, ao longo de seis anos, sobre a construção do cemitério no Casal Velho. A batalha jurídica terminou, mas o mais difícil está por conseguir: ganhar a batalha pelo cemitério.
É que ter um cemitério sem enterros é como ter um jardim sem flores. A carneirada não terminou.

Nas bocas do mundo

Numa semana em que se torna cada vez mais evidente que vivemos num país sem futuro, deparei com três referências à nossa terrinha que gostava de partilhar convosco. Afinal, pode haver "vida para além do deficit".

A primeira foi a da existência de um "Fado Pombal". Sim, tal e qual! O seu autor é o grande José Mário Branco que o escreveu para ser cantado pelo Camané. Este, numa entrevista ao Público, justificou: "a música tem uma terminação que soa um bocado a fado de Coimbra, mas como não é fado de Coimbra nem fado de Lisboa, embora seja inspirado nos dois, ficou intermédio: Pombal."


Esse facto não
parece ter comovido o novo guru português da auto-ajuda, Daniel Sá Nogueira (ele há cada cromo!). Em entrevista ao jornal I confessou que, depois de ter nascido na África do Sul, "enfiaram-me me no Pombal que, se ainda hoje não é uma cidade de referência nacional, há 20 anos era o fim do mundo". Por acaso, fiquei com pena que não o tivessem enfiado noutro lugar qualquer.

Como não há duas sem três, deparei-me com a existência de um mochila portuguesa, de grande qualidade, com a referência "Sicó", numa clara homenagem à nossa região e ao seu potencial turístico.


Com mochila e fado, acho que não precisamos de auto-ajuda para acreditar nas potencialidades da terra. Pena é que os nossos eleitos se esforcem tanto para nos fazer acreditar no contrário.

Os medalhados do costume e o teatro que se impõe

A notícia já é pública há dias, mas de tão desinteressante que anda a nossa realidade, quase passa em claro. É mais ou menos como Dia do Município em Novembro, Natal em Dezembro. Bom, dia 11 há uma lista de 15 personalidades/empresas/instituições que vão ser agraciadas pela Câmara.
Algumas são reincidentes. Percebi, com o tempo, que isto de ser reconhecido pelo poder obedece a um percurso no pódio. Assim sendo, o mérito começa em prata ou bronze, e vai evoluindo para o ouro. Nenhum nos merece particular relevo, o que diz bem do estado boring da efeméride.
Depois há teatro. À falta de uma comemoração popularucha do Dia do Município (que é no dia S. Martinho e isso facilitava tudo), à noite há teatro. O enredo de "Senhor Silva" - a peça que vai trazer a Pombal Tózé Martinho e um rol de actores mais ou menos conhecidos - é perigoso: Escrita por Ray Cooney, “Super Silva”, conta as peripécias de João Silva, um taxista que sendo casado com duas mulheres, Bárbara e Isabel, tenta fazer de tudo para que uma não fique a saber da existência da outra. Esta situação complica-se quando João Silva salva uma velhinha de ser assaltada, envolvendo-se na história dois polícias e um jornalista que quer levar a público a heróica história do taxista. Para ajudar na confusão envolvem-se nesta embrulhada Beto e Aníbal, vizinhos das duas mulheres de João Silva".


29 de outubro de 2010

Apparatchiks no seu melhor

Carlos Lopes, ex-deputado e actual chefe de gabinete do Governador Civil, é o estereótipo acabado do actual militante partidário de sucesso. Rapaz sem grandes qualidades chega a Chefe da Divisão Administrativa e a Secretário do Presidente da Câmara de Figueiró do Vinhos e, depois de passar pela incubadora de apparatchiks que é Federação Distrital, a Deputado da Nação. Empurrado para candidato à Câmara de Figueiró dos Vinhos - de onde é natural e muito conhecido – sofre derrota esmagadora. Como prémio de consolação abriga-se/abrigam-no a Chefe de Gabinete do Governador Civil de Leiria. Entretanto é denunciado e caçado pelo Ministério Público que o acusa de 23 crimes, dos quais 19 são de corrupção passiva, sendo suspeito de prometer obras a troco de dinheiro para o partido.
Mais palavras para quê? A vida nos partidos faz-se disto e com isto! De vez em quando um ou outro, dos menos dotados de manha, acaba, felizmente, nas mãos da justiça.

PS: Ninguém espere que a criatura se demita do cargo de nomeação política que ocupa no governo civil, nem que quem o nomeou o faça. Falta-lhes vergonha.

Dois em um

Para quem (como eu) refere com frequência o marasmo cultural da cidade, não pode deixar de assinar a presença de dois nomes notáveis da cultura portuguesa, no próximo Sábado, em Pombal: João Tordo, às 18h, na (incontornável) K de Livro e Bernardo Sasseti e Orquestra das Beiras, às 21h30, no Teatro-Cine.

21 de outubro de 2010

O serviço público em modo de blogue

Com a devida vénia, aqui fica mais um importante contributo do 31 da Armada, esse blogue que merece os nossos respeitos.

O CDS anda aí

Estranhei, com verdadeira estranheza, a ida de Assunção Cristas à AICP, noticiada pelo modelo único da imprensa da terra, na semana passada.
Depois de auscultadas diversas informações, parece certo que o CDS está de volta. Agora sim, percebe-se o (re)nascimento da Juventude Popupar, que veio a público no verão. Diz que o motor continua a ser Eliseu Ferreira Dias. E que a alavanca se chama, neste caso, José Guardado (antigo camarada das lides jornalísticas).
Fontes bem colocadas, usam mesmo a expressão "fortíssimo!", para definir o estado em que se encontram os contactos. Pois. É bom que sim, porque a malta tem de se entreter com alguma coisa.

15 de outubro de 2010

Na Agenda

Temos Tasquinhas novamente este fim-de-semana. De destaque, para mim (que não pude estar presente na inauguração - mais uma para o livro de ponto), a apresentação multimédia do projecto do Castelo, o roteiro turístico de Pombal e o folheto bilingue sobre o Museu do Marquês de Pombal. Sábado haverá tempo para ver in loco essas três novidades. Sobre o projecto do Castelo cheira-me que só mesmo em multimédia é que aquilo fará sentido (a história de não construir em zona non aedificandi, os belíssimo passeios, o rebordo a betão, enfim, um must de 3 milhões de euros - nem todos do município, atenção - o qual não acredito que se traduza numa mais-valia. A ver se a integração na RCMM pode colocar algo dentro do Castelo que possa justificar - sim, os Templários, podem servir para isso, num pequeno núcleo museológico com base também, aí sim, em multimédia). Já o roteiro turístico desperta-me curiosidade, querendo crer que é um trabalho que identifica, para além de outros, o património que este concelho tem, esteja ele no estado em que estiver. Mas disso darei conta depois de o ver. Até lá, cumpra-se o ritual, para muitos, de visita às Tasquinhas (desta vez, ao que consta, sem design).

11 de outubro de 2010

Há um ano...

Peço desculpa aos meus companheiros do Farpas, mas política e pessoalmente não posso deixar de assinalar uma data.

Há um ano fechava-se um ciclo e iniciava-se outro. No que a mim diz respeito, o projecto que encabecei perdeu nas urnas mas sem qualquer assomo de tragédia, acima de tudo pela sensação de dever cumprido. Obviamente que à distância de um ano, muita coisa poderia mudar (e melhorar), mas não me envergonho do trajecto percorrido e sobretudo da companhia que tive. As razões da candidatura, hoje, continuam actuais e desempenho/desempenhamos o papel que parte do eleitorado em nós delegou. O futuro, esse, não sei a quem pertence. Por defender que um ciclo eleitoral não pode estar restrito apenas ao acto eleitoral e respectiva campanha, abre-se uma fase, passado 1 ano de Assembleia, que visará cumprir, agora num nível mais activo, aquilo a que nos propusemos. Não se trata de marcar terreno, porque quem nos conhece sabe bem que não dependemos dos cargos, mas apenas de reforçar o compromisso que fizemos durante o Verão de 2009 e há escolhas que não dependem (nem têm de depender de nós).

Sobre os outros actos que também fazem o seu aniversário, há balanços virados para o futuro que também podem ser feitos. Pessoalmente, se o 1º ano dos 4 anos do fim de ciclo foram assim, mal posso esperar pelos próximos...

9 de outubro de 2010

O líder

De toda a edição do OCP que acabei de ler, respigo, com simpatia, a frase mais marcante:
"'Discriminada', a junta acabou por ter direito a uma mão cheia de elogios por parte do presidente da Câmara à liderança de Rodrigues Marques e ao trabalho que tem feito".

8 de outubro de 2010

A questão

Episódios e questiúnculas à parte, a questão essencial, apesar de todos os esforços em sentido contrário mantém-se: em termos políticos, "o desvio continuado de verbas" continua por explicar. Como funcionava/funciona a gestão administrativa da CMP? Qual é o alcance do conceito "confiança" no funcionamento daquele órgão? Sublinho o "termos políticos". O resto, como todos sabemos, é do foro criminal. E felizmente, ainda há separação de poderes. Pelo menos formal.

7 de outubro de 2010

Luta na lama II

Continuou, na reunião do executivo.
É claro que aquelas alminhas tinham que rivalizar com a AM, descendo ainda mais o nível. Uma verdadeira peixeirada.

6 de outubro de 2010

Luta na lama

Em Pombal, há muito que a Democracia não funciona (se alguma vez funcionou bem). Nos últimos anos rege-se pelo mote do táctico: os fins justificam os meios. O resultado da aplicação sistemática do princípio está á vista: bateu-se no fundo, e alguns ainda continuam a esgravatar.
A última AM confirmou, uma vez mais, que a política pombalense se assemelha a uma luta na lama, com os detentores dos mais altos cargas políticos a marcarem o ritmo da contenda e a assumirem o protagonismo. Nada que surpreenda, há muito tempo as reuniões do executivo se tornaram um espectáculo deprimente; mas agora, com a AM rivalizar com o executivo na luta pelo prémio do mais enlameado, bateu-se no fundo. A continuar por este caminho dificilmente algum cidadão respeitável aceitará integrar as próximas listas. Melhor, dirão eles. Eleger-se-ão Tiriricas. E, pior que tá não fica!

P.S.: Apesar de tudo, há excepções. Há quem não goste de andar salpicado e faça questão de o evidenciar.

5 de outubro de 2010

100 anos depois

"Se quisermos que tudo fique como está, é preciso que tudo mude

A imortal frase do personagem principal de "Leopardo" é, especialmente hoje, de uma actualidade inquestionável. Celebra-se hoje mais um mito/dogma da História de Portugal. Enquanto Republicano por convicção, não me impressionam os discursos grandiloquentes que adaptam o que se passou há 100 anos por mera conveniência. A República, no sentido de termos uma democracia representativa, com igualdade de oportunidades sem depender de privilégios de nascença e uma relação com o Estado construída em Direitos e Deveres recíprocos, não nasceu a 5 de Outubro, mas sim 76 anos antes e não se começou verdadeiramente a cumprir com aquela data, mas sim 64 anos depois. O 5 de Outubro foi um golpe de Estado sem o qual dificilmente se compreende a História do nosso Século XX. Por isso relembro hoje a importância, não tanto de um símbolo histórico, mas de uma ideia, pilar de uma República funcional (e também certamente de uma Monarquia) do Estado de Direito em todas as suas acepções. Dias como este não existem para celebrar dogmas, mas para relembrar que devemos aperfeiçoar constantemente a democracia em que vivemos.

E por isso acho duplamente irónico viver este dia no cenário em que o vivemos. Nacionalmente por motivos que me dispenso repetir, mas dos quais retiro essencialmente a desresponsabilização e a impunidade de quem vive, em alternância, garantindo um Estado disfuncional que manieta um País. Localmente pela aparentemente inenarrável descrição de como órgãos autárquicos se comportam perante os seus eleitos. É fácil culpar os eleitores pela ausência de um real escrutínio fora dos ciclos eleitorais, mas a legitimidade eleitoral é um princípio intocável. No entanto, tal não invalida que uma pessoa se questione como é possível que num órgão o Presidente do mesmo insulte um deputado ou se escuse, por completo, a actuar de forma imparcial tentando exercer a função de fiscalizador. Recuso-me a acreditar que, mantendo-se o anterior Presidente em funções a AM funcionasse como agora funciona. E para que se torne claro, ao contrário da clique do poder e do seu gosto pelos ataques "ad hominem", não são os homens que ocupam os cargos, mas a forma como ocupam os cargos que merecem a minha crítica. Admito obviamente que haja visões bastante diferentes sobre a pertinência da discussão de alguns assuntos, mas não admito, pelo menos não num Estado de Direito (que manifesta e felizmente não é o mesmo que o do Presidente da Câmara), que órgãos autárquicos sejam manietados por muitos dos seus próprios membros. Celebrem-se os símbolos que se quiserem, que sem se reflectir seriamente como o Estado deveria funcionar - de baixo até cima e vice-versa - continuaremos a celebrar apenas símbolos, nunca ideias e verdadeiras conquistas.

Festejar

Ao menos as placas neste dia aterraram em edifícios ligados à educação, felizmente. As tais despesas que devem ser sempre um investimento. Na forma a coisa anda bem, mas quando é que se chega à substância?

E assim de repente também...

o que me ocorreu foi pedir aos amigos que o rodeiam, à família que o apoia, a todos os que tão sabiamente o acompanham, que lhe valham, nesta hora de dor e de mágoa. Humfp.
Ora, está bem de ver, o povo há-de continuar a desculpá-lo por esse concelho fora, como está a acontecer nas colectividades, usando a máxima "a Câmara já podia ter mandado o dinheiro, mas não pode, por causa do desfalque".
Aprendam, especialistas da ciência política.

Assim de repente...

Só posso dizer que é tudo mau demais. Cá. Em Lisboa. Em Lisboa e cá. Continuemos pois a escolher quem nos representa em função das migalhas que nos pode deixar e seguramente que só podemos piorar. Aguardo ainda a visão - de fora - de quem acompanhou a AM para confirmar que nem Dali conseguia fazer algo tão surreal.

1 de outubro de 2010

AM: um circo

Bem planeado! Com a convocação dos membros da AM para um debate organizado pela Comissão de Cidadania e Igualdade de Género, no salão nobre onde reúne a AM, com a duração de 60 minutos coincidentes com uma Ordem de Trabalhos da AM ordinária e uma Ordem de Trabalhos da AM extensíssima, com 16 pontos, sendo alguns importantes e outros escaldantes.
Resultado: um circo completo, e variado.
Falta de bom senso ou esperteza saloia? Talvez as duas coisas.

A educadora, a creche, a segurança social e os amigos dela

A educadora da creche "O Sobreirinho", no Travasso, foi despedida.
A Direcção comunicou-lhe na terça-feira desta semana que não havia condições para a manter a trabalhar. Sublinhou de novo que não acreditava nos maus tratos, tão pouco na suspeita, mas sustentou a decisão na imagem negativa da creche, que resultou das notícias entretanto publicadas nesse paladino da verdade que é o Correio de Pombal, onde, por melhor trabalho que tenha feito nesta edição, numa operação de limpeza tardia,
lhe foi feita a cama.
E também na "pressão" de que a Segurança Social não terá gostado - leia-se todo o movimento de apoio desencadeado. Temos pena.
Mas eu tenho sobretudo muita pena de uma creche que vacila na defesa dos funcionários ao primeiro abanão. E tenho muita pena do meu país. Do meu pobre país do sol, que vive suspenso na lama. Do país que vive à mercê dos donos das instituições. Que alimenta a mediocridade, a inveja e a incompetência em lugares cimeiros de organismos vários. Desse Portugal pobrete mas alegrete, onde o cartão de militante vale mais que qualquer certificado de competência. Do Estado Social que transformou associações recreativas em creches, que confunde torneios de cartas com projectos pedagógicos. Das Câmaras que cedem à pressão dos privados e os soltam num jogo de arena com as IPSS's. Dos jornais que mordem o isco sem usarem os pratos da balança. Dos que, por saberem tudo, nada têm para aprender. Dos cambalachos e dos compadrios.
Mas, por estes dias, tenho pena sobretudo dos meninos que deixam de ter a Ivone a contar-lhes histórias e canções, a ensinar regras, a aprender valores que nem sempre todos os pais conseguiram aprender, quanto mais transmitir. Porque a conheço, porque foi ela a educadora do meu filho e de mais uma vintena de crianças que hoje despontam para a adolescência e nunca a hão-de esquecer (como ficou expresso nos testemunhos entretanto deixados no facebook).
Porque esta é a história de uma injustiça, onde há gente envolvida, sob tectos com telhados de vidro.
Porque pior do que estarmos entregues aos bichos é não sabermos quando e por que é que a fauna decide que nos vai engolir.
Numa altura em que ando particularmente desacreditada deste país, anima-me saber que, nesta guerra, aqui se encerra apenas uma batalha. De modo que a luta continua.

30 de setembro de 2010

Paradoxo?

Leio hoje no Público que o PS de Sócrates propõe, contra a vontade do PSD de Passos Coelho, um aumento de impostos. Já no Correio de Pombal fico a saber que o PSD de Narciso propôs manter as taxas municipais do ano passado, enquanto o PS de Adelino Mendes defende a sua redução. O que é que eu não estou a perceber?

Por estes dias está-me a custar comentar a vida política sem recorrer ao insulto gratuito.

28 de setembro de 2010

China Town

Não tenho nada contra os chineses. Com o tempo habituei-me a ver o antigo quartel dos bombeiros transformado em loja de tudo-e-mais-alguma-coisa. Depois compreendi que se calhar as lojas por cima do Intermarché deveriam ser isso mesmo, em vez do centro de saúde. Mas quando agora vi a oficina do Arrais também adaptada a bazar, fiquei de olhos em bico. Talvez não fosse má ideia entregar-lhes o edifício Manuel Henriques e ganhar (verdadeiramente) dinheiro para cobrir o desfalque, que agora serve de desculpa para tudo.

24 de setembro de 2010

Aniversário da biblioteca

A nossa biblioteca faz hoje anos. Graças ao importante papel do então ministro da cultura, Manuel Maria Carrilho, que fixou como prioritário o alargamento da rede de bibliotecas públicas a todos os municípios do país, a sua inauguração há 12 anos continua a ser o maior feito do reinado de Narciso Mota na área da cultura. Desde essa altura, as actividades promovidas pela biblioteca, sobretudo as destinadas aos mais jovens, destacam-se pela sua grande qualidade. Tanto mais se tivermos em conta a fraquíssima oferta cultural existente em Pombal.

Os meus parabéns!

21 de setembro de 2010

Freguesia de Alitém?

Rodrigues Marques, distinto presidente da junta de freguesia de Albergaria dos Doze, propôs, há uns dias aqui, a discussão da fusão da sua freguesia com as de Santiago de Litém e S. Simão de Litém numa única freguesia denominada Alitém. A ideia é boa. Hoje, não restam grandes dúvidas que a reorganização administrativa do País urge e é uma das variáveis mais importantes (senão a mais importante) para melhorar o retorno dos investimentos públicos, concentrando-os junto de aglomerados populacionais maiores, e, desta forma, aumentar a eficiência económica e a qualidade de vida das populações. Como é que ela pode ser melhor feita: de baixo para cima ou de cima para baixo? Idealmente, deveria ser decidida superiormente e implementada em todo o País ao mesmo tempo. Mas, como temos uma enorme incapacidade de decidir as coisas importantes, temo que nos venha a ser imposta de fora. Há muito que este processo deveria ter sido colocado em marcha pelos diferentes governos: por via politica (legislação aprovada na AR) ou por via administrativa (de baixo para cima, forçando as autarquias a fundir-se através da definição de critérios objectivos para a realização de investimentos públicos). Em Pombal, tal como em todo o País, a maioria das freguesias estão colocadas perante um dilema: fundir ou definhar. A freguesia de Alitém poderia ser um bom tiro de partida para um movimento necessário e premente.

Orgulhosamente só

Leiria aprovou, por unanimidade, a adesão a uma nova empresa, do grupo pelas Águas de Portugal, que abarcará os serviços municipalizados de água e saneamento de vários concelhos da região centro e que assegurará, no futuro, esses serviços. Já aderiram os concelhos de Ansião, Batalha, Ourém, Porto de Mós, Arganil, Condeixa-a-Nova, Góis, Lousã, Miranda do Corvo, Penacova, Penela e Vila Nova de Poiares. Coimbra está em vias de aderir.
Pombal continua orgulhosamente só. Mesmo que isso signifique um péssimo serviço ou a ausência de serviço.

16 de setembro de 2010

A porca da política


A propósito deste post de Adelino Malho, o senhor Presidente da Câmara de Pombal afirmou: “Esta democracia é porca”. Este comentário fez-me lembrar o famoso cartoon “A Política: a Grande Porca”, publicado por Rafael Bordalo Pinheiro na capa do primeiro número da revista “A Paródia”, de Janeiro de 1900. A diferença é que, para Bordalo Pinheiro, a democracia era porca porque dava de mamar a muitos porquinhos. Para o senhor engenheiro, pelos vistos, a democracia é uma porca porque os porquinhos que não comem não se cansam de criticar os matulões que não largam a teta da mãe.

Recordações de Pombal antigo


Houve tempos em que Tonis e os Cids não tinham cabidela no Bodo. Nesta página encontrei uma foto que documenta a actuação do Quinteto Varela na Festa do Bodo de 1947. Na imagem podemos ver: na guitarra portuguesa (1º plano) João "Barbeiro"; Na viola (2ºplano) Abel "Chauffeur" (o meu avô paterno). No Quinteto, da esquerda para a direita: Maria Madalena Pessoa Varela Pinto, Luís António Pessoa Varela Pinto, Carlos Manuel Pessoa Varela Pinto, Maria da Conceição Pessoa Varela Pinto e António Maria Pessoa Varela Pinto.

14 de setembro de 2010

Eu voto Bárbara!


Nos últmos meses, O Correio de Pombal tem andado muito empenhado na divulgação da edição de 2010 do concurso “Modelo O Correio de Pombal”. Prova disso, é o constante destaque do evento, tanto na edição impressa como na edição on-line. Aliás, quem consultar a página do jornal na internet, fica convencido que em Pombal não se fala noutra coisa. Quem vai ser a próxima Modelo OCP? A avaliar pelos resultados da votação on-line (o jornal adverte que o “processo de votação sera meramente sugestivo devido ao uso indevido por parte de algumas pessoas.”) a jovem Sónia Silva já ganhou, com 27080 votos, apesar de ser seguida, por muito perto por Diana Paixão, com 22009 votos.


Como tenho tendência a tomar partido dos mais fracos e não quero ficar ao lado deste grande evento que tem mobilizado todos os pombalenses, também exerci o meu direito de voto, colocando a minha cruz na candidata Bárbara Cordeiro (na foto) que tinha apenas 53 votos.

13 de setembro de 2010

Os desgraçados

Segundo o NC, os vereadores do PS apresentaram, na última reunião executivo municipal, uma proposta que visava dinamizar a economia local. A medida proposta que provocou maior celeuma foi aquela que propunha a redução em 50% por metro quadrado dos lotes existentes nos parques industriais de iniciativa municipal e a isenção de impostos municipais durante dois anos para as empresas que se instalem no concelho.
Para Narciso Mota a “proposta é inoportuna, irresponsável e incompetente”. E concluiu: “seria injusto para os desgraçados que já compraram”.
Não haja dúvida, somos uma terra de desgraçados, mesmo os que investem!

Crimes ambientais à descarada

Abandonar lixo na floresta ou á borda da estrada é o pão-nosso de cada dia neste pedaço de terra à beira mar plantado mas muito mal povoado. Os mais envergonhados escolhem locais escondidos, os desavergonhados inveterados fazem-no às claras. É vê-los, todos os dias e ao longo de anos, nas urbanizações ou junto a novas construções, a encherem sistematicamente os caixotes do lixo (destinados aos resíduos domésticos) com todo o tipo de resíduos da construção. Fazem-no por má formação e porque a câmara, coniventemente, o permite. E aqueles que pagam o serviço ficam privados dele, e têm que andar á procura de contentores livres para largar o lixo.
No verão, altura em que por estas bandas há mais gente, é revoltante ver os contentores do lixo cheios de detritos da construção e o lixo doméstico espalhado pelo chão.
Na câmara, em vez de perderem tempo e dinheiro a colocar outdors com gráficos de barras a mostrar o aumento do volume de resíduos recolhidos porque não olham para isto e porque não penalizam os infractores? Eles estão claramente identificados. As toneladas de resíduos recolhidos talvez desça um pouco mas o ambiente e as pessoas agradecem.

10 de setembro de 2010

quando o boato se transforma em notícia

A chamada de capa do Correio de Pombal desta semana sobre os alegados maus tratos de uma educadora no Travasso são o exemplo de que como é perigoso estarmos entregues à sorte e não às elementares regras da ética e da deontologia no jornalismo local. Já não me espanta, mas entristece-me. Porque qualquer um de nós pode ir parar à capa do jornal e ser vítima de terrorismo deste. De como se constrói uma notícia a partir de um boato (como muito bem salienta a tutela da Segurança Social), sem ninguém que dê a cara e assuma o que quer que seja, sem citar fonte alguma, sem o contraditório. Como se fazer jornais fosse tão fácil como ouvir uma conversa de café e reproduzi-la, em papel, independentemente da veracidade dos factos. Isto está a ficar perigoso. Muito perigoso.

6 de setembro de 2010

Exposição à porta fechada


O Museu Marquês de Pombal tem patente ao público, até dia 30 de Setembro, a exposição "O Marquês de Pombal no Postal Ilustrado". Isto até poderia ser uma boa notícia, não fosse o horário da exposição ser de segunda a sexta-feira, das 10h às 13h e das 14h às 18h. A quem quer o museu mostrar a exposição? Aos seus funcionários?

3 de setembro de 2010

Coincidências

Narciso Mota foi de férias!
O Farpas teve, também, que ir.
Que descanse e nos dê descanso, é o que lhe desejamos.

24 de agosto de 2010

Tudo azul


Vá, vá, ponham os olhos na iluminação dos grandiosos festejos de Vermoil, que apesar de só se realizarem no próximo fim-de-semana, estão anunciados desde há vários dias, através destes magníficos cortinados azuis.


ps: Não tenho ido para a região demarcada da Alitém, que vai rivalizar com esta minha terra de adopção, com umas tasquinhas. Mas daqui lanço um apelo ao engº Rodrigues Marques, para que nos faça chegar uma imagem da ornamentação ;)

20 de agosto de 2010

Agora, a culpa é do Banco

O folhetim do maior desfalque na CMP tem, a cada semana, novo culpado. Esta semana o culpado é o Banco, di-lo Narciso Mota no JL. Eu também tenho um novo culpado: o tipo da nota falsa (o desbocado que anda por aí e por aqui afirmou desde inicio, aqui, que o culpado era o governo. Grande imaginação: mas, nota falsa – Banco de Portugal – Governo. Talvez!).
Esta semana também, forneceu-nos Narciso Mota um pormenor delicioso: o ladrão depositou na conta desfalcada um cheque seu no valor de 14700 €. Chamar ladrão ao tipo que desviou o dinheiro da conta da câmara é um excesso de linguagem que só serve para exagerar a acção e assim demonstrar, por redução ao absurdo, que o tipo não é o culpado e, consequentemente, não é ladrão. Até porque, Narciso Mota logo nos garantiu que o ladrão era uma pessoa honesta, e, se Narciso o diz, quem sou eu (quem somos nós) para o desdizer.
Mas agora, ligando os factos conhecidos a história encaixa no meu culpado: o tipo da nota falsa. Se o tipo da nota falsa não tivesse feito passar a nota pela conta da câmara não teríamos, de certeza, desfalque. E o nosso presidente continuaria feliz e contente e com a áurea de competente e responsável. Explico: o ladrão não era verdadeiramente um ladrão, nem sequer um desfalcador, teria sido um tipo que fizera uns investimentos imobiliários no Brasil e, garantiu ele, teria devolvido os dinheiros (se calhar até pagava juros) á câmara. E a prova, factual, é que até já tinha começado a fazê-lo, logo não se pode dizer que estamos perante um desfalque, nem perante um ladrão, mas antes perante um verdadeiro empreendedor. Bem sei que os dinheiros públicos não são para estes fins, e que existia o risco de os investimentos falharem e os dinheiros públicos se perderem. Mas que interessa isso, ninguém saberia e muito dinheiro se tem desperdiçado de forma mais inútil.
Sacana do tipo da nota falsa. Apareceu no lugar errado e na hora errada. Narciso teve azar, e, se calhar, nós também! Para mim, até prova em contrario, o tipo da nota falsa é o verdadeiro culpado, mas aceitam-se outras hipóteses. Estou certo que, passo a passo, se chegará ao verdadeiro culpado.

Conselho charneira (o conselho é mesmo com s)

Quando se utiliza a palavra "intelectual" para tentar ofender, há comparações que são uma tentação. Mas a tentação é excessiva porque há comparações que quando são feitas, no mínimo, são grotescas. Tão grotescas como certas e determinadas tentativas de insultar.

Depois há a utilização da palavra "intelectual" para estabelecer uma distinção. Uma distinção, diga-se, que é apenas mais uma das heranças negativas do ciclo Narciso: a divisão - falsa - entre "os" da cidade, esses "intelectuais" (deve ter faltado o "perigosos") e a população do resto do Concelho. É que é tudo tão infeliz que até me apetece fazer uma comparação com tempos idos, mas ainda passava por intelectual...

Muros para derrubar


Há dias em que parece que os muros que não caíam mostram rachas. No caso, e parafraseando um dos nossos mais ilustres comentadores (e perito táctico), em Pombal, são mais os tangíveis. Temos associações que nunca mais acabam e tínhamos subsídios que eram distribuídos com a subtileza de um croupier de um casino de 3ª em Bucareste. Antes do desfalque rebentar, acabaram (isto nas palavras do Presidente - mas já sabemos que o coração está perto da boca e a coisa do costume). Como ficamos afinal? O calor estival amolece até essa curiosidade. Ou sairá da rentrée um regulamento de subsídios que se use? Mas há muito mais para estes 3 anos de fim de ciclo e mais ainda para o que aí vem. E sabemos bem (e há um ano bem o vi) como o subsídio, parte da rede que se cria, é essencial. Sobre este tema, tem tudo andado calado, ignorando a oportunidade que surge de, finalmente, separar o trigo do joio: reconhecer aquelas Associações que fazem daquelas que se fazem. Ao mesmo tempo, e numa lógica de alguma pedagogia, seria bom que a nível associativo se fizesse perceber que as sedes não são as catedrais dos tempos modernos e que a adaptação pode ser o mais racional. Sugestão para o fim de Verão: não custa muito e há espaços para tal - juntem-se as Associações, discutam-se obras, projectos, os bons exemplos que por aí há, estabeleçam-se prioridades, parcerias, facilite-se a conversa interna e externa. Não pretendo com isto dizer que o poder político tem que condicionar/controlar a discussão/acção, mas tem as condições para facilitar e consolidar a actuação das Associações de forma bem mais eficaz, a longo-prazo, do que fiando-se na mera distribuição de dinheiro.

19 de agosto de 2010

Estamos, estamos

Eu já não sei se estamos mal ou bem. Estamos em férias. Em festas. Anestesiados. Desfalcados da realidade e profundamente cansados de ver como o poder é exercido. Admita-se, a legitimidade eleitoral não é um fim em si própria, é um meio. E também não é uma causa de exclusão de responsabilidade para o que se passa. Querer dizer que de 1993 até hoje não se fez nada é nada. Querer dizer que se fez tudo bem é idiota. Querer dizer que se fez tudo mal, idem. O problema é como se fez e, sobretudo, a herança que fica para quem aí vem. E não falo a quem sobreviver à sucessão do actual Presidente. Falo da herança de todos: de um concelho que, quando comparado é com piores, que muitas vezes continua a construir obra pública sem critério, obedecendo à lógica da placa primeiro, ocupação depois. Falo da rede de dependências que muitas vezes impede que as pessoas exerçam os seus direitos. Falo da degradação da actividade pública refém de actores de segunda linha que apenas são escolhidos pela incapacidade de dizer "não" ao chefe. E podia falar no sistemático desrespeito pelas mais elementares regras de urbanidade quando se insulta, achincalha ou se tenta humilhar quem tem opinião contrária. Enfim, traços de uma época inequivocamente ligados a uma pessoa que não percebe que a da divergência também nasce a força, que várias perspectivas são melhor que uma e que a amizade nunca se pode sobrepor à competência. E sim, uma AM para discutir a questão da saúde ou do urbanismo, posso conceber, mas não uma para fiscalizar a actuação/gestão administrativa do município?

Mas fazer futurologia em Pombal, em 2010, é uma ciência arriscada. Faltam pessoas e as poucas disponíveis têm outras indisponibilidades (desde pessoais a profissionais) e muitas há que fazem das tripas coração para dar algo de si que outros desdenham de imediato, apenas porque optam em nada saber. E para mais Pombal continua com o seu potencial, muito dele desaproveitado, sem se apostar em ideias como um Parque Verde a sério (veja-se a adesão ao Jardim do Vale - obra que continua a merecer, no seu todo, uns ajustes para a perfeição), sem regular a entrada do Alto do Cabaço, sem potenciar o seu património turístico (perguntem a quem recebe estrangeiros cá pela centralidade de Pombal). Teremos um CIMU Sicó? Ainda bem que assim é. Teremos a Aldeia do Vale recuperada? Aposta interessante. Mas o Vale do Anços continua sem ser potenciado. Continuamos a ter tanta Associação que não pára de trabalhar (por falar nisso, como ficaram os subsídios?) apenas para devolver algo à comunidade. Mas continuamos sem conseguir captar investimento que não se baseie em ordenados mínimos e em mão-de-obra intensiva. Não conseguimos ser um pólo de empreendedorismo, apesar de alguns excelentes exemplos que por aí andam.

A questão, quando se trata de balanços (ainda que provisórios) é perceber onde se estava e onde nos vamos encontrar no fim de um dado período. Antecipando o fim, e o claro ambiente de desprezo por quem não pensa (ou prefere não pensar) pela mesma bitola (curiosamente uma crítica que muito PSD fará, a nível nacional, ao PS), para qualquer pombalense que está disposto a dar algo de si pela terra onde nasceu, cresceu ou está envolvido em alguma coisa, é analisar o que foi feito e o que queremos. Eu queria, por exemplo, uma entrada de jeito na IC2, um Parque Verde, um Hospital imune a questões políticas, órgãos políticos que fizessem aquilo para o que são eleitos, uma política cultural (admitindo que existe já uma agenda de eventos culturais), a concessão total a privados de espaços que manifestamente não devem ser geridos pelo público, um município que usasse as suas próprias regras para gerar receitas da exploração dos seus recursos, etc. Mas queria, sobretudo, um sítio onde nem tudo fosse normal na sua anormalidade, onde apesar das diferenças, as eleições servissem de avaliação final, mas entre elas houvesse a capacidade, dos próprios eleitos, de perceber que servem a população e não o contrário. Sem insultos e revanchismos. E sem cortinas de fumo. Tipo uma coisa de Verdade, como Pombal de Verdade, percebem?

18 de agosto de 2010

Estamos mal, muito mal

A debandada dos médicos é apenas uma parte do problema no Hospital Distrital de Pombal, que continua com prognóstico reservado.
A partida de João Coucelo é uma perda* Grande. Que teria sido evitável.
A saída (há semanas) do administrador (para funções na Assembleia da República) deixou mais um vazio E de cada vez que o clima instável transpira cá para fora, lá vem a senhora directora com um comunicado - que envia apenas para o que resta da comunicação social em Pombal - a dizer que sim senhor, que está tudo bem.
Das duas uma: ou os responsáveis regionais e nacionais estão a confundir Pombal com Anadia, ou a senhora directora é, afinal, uma incompreendida.

*a de Fernando Matos também.

14 de agosto de 2010

Ridículo e indigno

Narciso Mota insiste em afirmar que a bancada do PS na AM quis convocar uma AM extraordinária para debater o desfalque e constituir uma comissão de inquérito porque os seus membros queriam ter acesso a uma senha de presença.
Mais do que o ridículo (e já ultrapassamos esse patamar) perdeu-se a noção da respeitabilidade.

O Pior

Recusou a convocação de uma assembleia municipal extraordinária para discutir o maior desfalque de sempre na CMP; no entanto, quer realizar uma assembleia municipal extraordinária para discutir o Hospital de Pombal (onde a autarquia não tem quaisquer responsabilidade).
Pelo sectarismo e estilo espalhafatoso como exerce o cargo dificilmente escapa a ficar na história como o pior presidente da AM.

12 de agosto de 2010

Uma tourada

A ser verdade o que conta Manuela Frias no editorial d'O Correio de Pombal de hoje, sobre a tourada em Abiul, batemos mesmo no fundo. Isto resvalou para o indecoroso. Mas desde que o povo continue a gostar...nada a dizer.
A mim - que não gosto de touradas - choca-me que uma carrinha da Junta se passeie, com altifalante, pelos lugares onde arderam casas no dia anterior, a anunciar um espectáculo (bárbaro, ainda por cima). A vocês não?

10 de agosto de 2010

Pombal além fronteiras!

Pombal anda nas bocas do mundo, e é noticia em blogs de outras paragens. Como neste aqui...

Juiz em causa própria

A CMP decidiu instaurar um processo disciplinar ao Desfalcador confesso. Até aqui tudo normal. O que é anormal é ter-se designado para instrutor do processo aquele que foi, até Fevereiro passado, responsável pelo Departamento de Administração Geral da CMP, que tinha na sua dependência directa a Divisão de Finanças e Património, da qual fazia parte a Secção de Contabilidade, da qual era responsável o Desfalcador. Logo, se o desfalque aconteceu, também, como se diz, antes de Março passado, o ex-Chefe de Departamento de Administração Geral é potencial co-responsável e, consequentemente, não pode ser instrutor do processo, porque não deve ser juízo em causa própria.
O que é que se quer branquear?
Um pouco de decoro recomenda-se.

7 de agosto de 2010

Para Narciso ler

No seu artigo semanal no OCP, Manuel Domingues aborda, esta semana, com natural sapiência, a actualíssima questão do controlo do património das organizações e mais concretamente o controlo dos dinheiros nas entidades públicas. Escreve ele:
“A extraordinária evolução tecnológica … veio permitir que através da internet, se possam fazer pagamentos por transferência bancária directamente para a conta bancária do beneficiário, sem interferência do Banco. O sistema é seguro, porque obriga à utilização de códigos secretos (passwords)”

Por razões relacionadas com a segurança e salvaguarda do património das organizações, só as pessoas situadas nos níveis superiores da direcção ou gestão têm acesso a essas palavras-chave … dado que a responsabilidade máxima de preservação do património é desses responsáveis.
Mas, por razões operacionais e práticas, é usual delegar em responsáveis intermédios a realização dos movimentos bancários. É evidente, que quem souber as passwords pode fazer todo o tipo de operações sem limites de valores, a não ser os saldos disponíveis. Por isso a supervisão dos responsáveis máximos é fundamental e intransmissível. A listagem dos movimentos a efectuar deve ser previamente aprovada pelos responsáveis máximos da gestão financeira e o controlo dos saldos e dos movimentos deve ser efectuada com frequência. Quer as regras de boa gestão, quer as de controlo interno, bem como as de auditoria, obrigam a que os registos contabilísticos sejam comparados com os extractos bancários frequentemente, mas no mínimo mensalmente.”

O controlo tem que ter em conta a natureza das contas e o modo como podem ser movimentadas. Por exemplo, uma conta bancária em que só se podem fazer transferências bancárias e não existem cheques, o controlo é mais fácil, dado que não existem cheques em circulação, … o que significa que o saldo da conta no Banco tem que ser igual aos da contabilidade.
Assim sendo, uma boa organização contabilística e um controlo interno adequado permitirão evitar situações em que o património das empresas depositado nos Bancos possa ser objecto de uso indevido. Trata-se de implementar procedimentos que impeçam utilizações abusivas que os modernos meios de movimentar saldos permitem.
Não pode haver assim da parte dos responsáveis um alheamento de situações como as descritas. A sua responsabilidade tem que ser assumida, mediante um controlo permanente dos valores depositados e dos respectivos saldos, tanto mais importante quanto mais elevados forem os valores em causa.

Por vezes, verifica-se que a falta de princípios morais e éticos, convida a que alguns não resistam a tentação de aproveitar as possibilidades que as falhas organizacionais lhe permitem para ir pelo caminho mais fácil. Se as organizações não tiverem na sua direcção ou gestão responsáveis competentes e empenhados, os riscos serão maiores e o seu património pode ser desprotegido”.
Pois foi tudo isto que o enorme e insólito desfalque na CMP provou não existir. Manuel Domingues não o afirmou taxativamente, mas acrescento-o eu.

Uma andorinha…

Esta semana comprei O Correio de Pombal (OCP). A edição merece os trocados: editorial, política, actualidade, economia local, associativismo e opinião interessantes.
Pelos vistos sabem fazer! Então, porque não fazem mais vezes?

6 de agosto de 2010

O exemplo de Ansião, II


Ansião já tem um parque verde.

Ansião já tem um parque verde que foi inaugurado esta tarde. E a Câmara tem um Gabinete de Comunicação eficiente, que manda informação ao minuto.

Outras festas

As festas do concelho aqui ao lado estão orçadas em 100.000 €. Com as (poucas) verbas disponíveis, nota-se muita criatividade e bom gosto. Uma interessante preocupação cultural, por exemplo (no Bodo, passou ao lado). Não são as festas ideiais, mas mostram algumas boas ideias. Leiam o programa, e digam-me se tenho ou não razão.
Já agora, e para que se veja o que são festas A SÉRIO (estas devem ter tido um programador que claramente percebe da poda), fica o link para o BONS SONS, em Tomar.

5 de agosto de 2010

Irra! Que o homem não percebe

Na última reunião do executivo, desculpando-se do vergonhoso desfalque, Narciso Mota dixit: “Se um ladrão entra na minha casa, eu não tenho culpa”.
Depende! Se deixou as portas abertas, se deixou o dinheiro à mostra, se …; tem responsabilidade, pelo menos, perante a família. A não ser que seja irresponsável…

4 de agosto de 2010

Narciso no seu melhor

Na última reunião do executivo, aquando da discussão do vergonhoso desfalque, Narciso Mota vociferou contra a malta do FARPAS (os da casa e os comentadores!). Nem a oposição escapou, apesar de estes reafirmarem o seu comportamento responsável (falta saber o que é isso - o comportamento responsável. Deve ser igual ao que Narciso teve no desfalque).
Não haja dúvida, o homem continua em grande forma…

Um editorial visto à lupa!

A lupa (brilhante) é da nossa querida JA, e é "manejada" no seu "olhar-real". Uma delícia!

2 de agosto de 2010

O admirável mundo da comunicação

Ao fim destes anos, convenço-me de que aquilo que faz verdadeiramente falta em Pombal é terapia de grupo. Chego a imaginar uma sala, tipo sessão espírita, com todo o executivo da Câmara sentado em círculo, em que cada um dos elementos libertava os seus fantasmas. Foi mais ou menos isso que voltou a passar-se na última reunião de câmara, em que, à falta de assuntos que verdadeiramente importem ao município e contribuam para o seu desenvolvimento sustentado (é assim, engº?), a vereação e seu presidente dispenderam coisa de uma hora a discutir os posts do Farpas bem como os artigos do que resta da comunicação social em Pombal. Obrigado, obrigado, pela parte que nos toca.
Mas isto não deixa de ter tanto de cómico como de trágico. Uma vez um empresário contou-me, escandalizado, que no dia da morte de de terminada figura da terra aparecera à porta da Câmara um vereador vestido de calção, chinelo e boné, pronto para a reunião de emergência para a qual fora chamado. Dizia-me o homem que pese embora o facto de ser fim-de-semana, um vereador deveria "ter noção". Bom senso. E isso é o que tem faltado ao longo de vários mandatos. Não só a esse nível, como a outros. Atente-se, por exemplo, no relacionamento tumultuoso entre o poder e os media. Basta fazermos uma conta rápida e simples: Quando o engenheiro chegou a Pombal, em 1993, havia quatro jornais. Quantos restam?
Por estes dias, vale-nos sempre a internet e seu famigerado Facebook, por onde circulam fotografias de verdadeira silly season. Se calhar o que tinha sucesso em Pombal era mesmo uma revista social, ou um jornal côr-de-rosa. Porque os jornais sérios são sempre chatos.

31 de julho de 2010

Mas como foi possível?

Imagine, caro munícipe, que ganha 1500 € de ordenado e este lhe é depositado na conta. Imagine, também, que alguém, durante meia dúzia de meses, lhe desvia 70% do ordenado. Sinceramente, acha que isto lhe poderia acontecer? Acha que não detectava a marosca, imediatamente?
Pois, caro munícipe, a CMP tem uma conta bancária onde deposita uma receita regular de cerca de 150.000 € / mês referente ao abastecimento de água. Entretanto, por razões que a razão desconhece, alguém do serviço de contabilidade – vejam bem, do serviço de contabilidade - decide utilizar a conta do município para provisionar as suas contas particulares e assim desenvolver uns investimentos turísticos no Brasil. Desvia, ao longo de sete meses (pelo menos), 70% da receita da água e NINGUÉM detecta! Mas como pode isto ter sido possível?