30 de dezembro de 2020

As (boas) festas da Junta

Pedro Pimpão dirige-se do Cardal para a Câmara, num exercício de treino. A mensagem é gravada e vai para o ar no dia de Natal, que é quando nasce o (Deus) menino. Ele e os seus 'reis magos', primeiro a solo, depois em coro, num chorrilho de agradecimentos mais carnavaleiro que natalício: agradecem e agradecem e voltam a agradecer, não com tónica de serviço público (como era de esperar), mas antes com foco no mandato. Serviço político e partidário, portanto.

Sendo assim, ficam duas dúvidas. Uma moral e outra legal.

1. Está Pedro Pimpão a despedir-se da Junta? Terá ele garantida a maioria dos votos na concelhia do PSD para fazer sair do caminho Diogo Mateus?

2. Qual é a alínea da lei das autarquias locais que permite juntar no mesmo executivo um vogal que deixou o cargo com aquele que o veio substituir? Se fosse eu a vocês não me espantaria que na reunião da Assembleia de Freguesia de Pombal marcada para hoje (em modo presencial, que loucura, no Teatro-Cine), Pedro Roma e Ana Carolina Jesus (eterna menina JA, aqui no Farpas) dividissem a cadeira. 

Oh sr. Nascimento Lopes, ponha lá ordem na casa.

27 de dezembro de 2020

Mais! Por favor mais Orçamento Participativo!

Várias conclusões se podem tirar deste orçamento participativo:

 

  • Grande parte dos projectos eram necessidades e cabiam perfeitamente no orçamento do município;
  • Foram propostos por colectividades;
  • Os projectos mais votados foram aqueles que mais votos conseguiram mobilizar;
  • A participação foi de cerca de 2000 pessoas o que representa perto de 10% dos votantes nas últimas autárquicas para decidir o destino de uma verba que nem perto de 0,1% do orçamento quadrienal chega - isto significa que mexe com as pessoas e motiva à participação.

 

Este nível de participação contrasta com o desinteresse geral das obras inscritas no plano plurianual de investimentos (PPI) leia-se desinteresse ao projecto sufragado nas autárquicas versus necessidades locais. 

 

Estaremos em breve em eleições autárquicas

 

Gostaria de ver era qual o valor que cada um dos candidatos que vão concorrer estaria disposto a reservar à decisão directa. 

 

Eu arriscava-me a começar com 1 milhão de euros/ano dividido proporcionalmente por cada freguesia do concelho. 

 

Significaria cerca de 10% do valor anual previsto no PPI... 

 

Não é irrealista. É preciso ter vontade de ganhar as próximas eleições.

 

Já agora, 2000 pessoas é menos que a média de pessoas alcançadas por cada post do Farpas.

 

 



24 de dezembro de 2020

Os nossos votos

 


São os votos de todos os da casa, para todos os que nos acompanham. Boas Festas!

Migalhas e Migalhinhas


Termina hoje, dia 23 de Dezembro, à meia noite, mais uma edição do orçamento participativo em que estão a ser votados 5 projectos propostos exclusivamente por coletividades.

A maioria dos projectos a votação são necessidades claras de associações e não deveriam sequer constar deste show-off. Deveriam ser, há muito, obras incluídas no orçamento municipal. Mas por vezes é mais fácil ir buscar algum financiamento através deste financiamento do que convencer o executivo da sua necessidade.

Por isso se verificam projectos de requalificação absolutamente necessários, não necessariamente desta forma.

Por isso o resultado da votação não será pelo mérito da proposta, mas a colectividade com maior capacidade de votação.

Não nos espantemos então que a EB Marquês de Pombal, por exemplo, use a mailing list dos pais do agrupamento, composto por cerca de 3000 alunos, para apelar ao voto de algo que deveria ser responsabilidade da câmara, ou do Governo. Será correcta esta abordagem? Será ética?


Poderíamos querer ver ali mais para projectos verdadeiramente ambiciosos de indivíduos com iniciativas diferenciadoras. Porque a ideia do OP é essa: levar os cidadãos a participarem com ideias, fazendo o município a sua parte, no âmbito financeiro. Mas há que cumprir calendário e entreter as hostes...


 Esta edição é notoriamente muito mais “cumpridora” das regras e até limita o voto a residentes (apesar de não residentes poderem votar se fizerem um pedido por email…), ou não seja para mostrar ao vereador Pedro Brilhante o que não é uma “ingerência política” e usar mais esse argumento na próxima reunião do executivo.


Que ganhe a melhor proposta! E quem mais afincadamente vestir a camisola para ir buscar algum financiamento…


Luís Couto

 


 

21 de dezembro de 2020

O Evangelho da Felicidade


Talvez por nos achar infelizes, com a vida e a governação actuais, desponta por aí, nos media e nas redes sociais, uma nova-velha pregação que (nos) promete a felicidade na Terra – no Pombal.

Até agora, as promessas de felicidade estavam reservadas aos Deuses e aos seus apóstolos, a cumprir no além, e ao movimento do pacifismo budista, que assegura ter encontrado o elixir da felicidade na Terra. Mas por cá, o nosso profecta da boa-vontade quer fazer-nos felizes, só ainda não nos disse como.

Os Gregos da antiguidade acreditavam que no extremo Norte da Terra vivia um povo, os hiperbóreos, que gozava a felicidade eterna. E que era possível alcançar o seu território sem ajuda dos Deuses. Até agora, ninguém o conseguiu. Terá o nosso profecta a chave desse paraíso? E quererão os simples mortais tal privilégio?

É no mínimo duvidoso que o Homem (as pessoas na sua maioria) queira a felicidade como desígnio de vida. Mesmo admitindo que o que é felicidade para uns é infelicidade para outros, e vice-versa. Na verdade, há coisas mais realizadoras do que o sentimento de felicidade mansa e humilde apregoado pelas religiões e pelas filosofias niilistas muito em voga nos nossos dias – puros sintomas de decadência.

Como disse Pessoa, irrita-me a felicidade dos sonhadores débeis que não sabem que são infelizes.

15 de dezembro de 2020

Trambiquices perfeitas

Sexta-feira, o Gabinete de Apoio à Presidência levou à reunião do executivo (não transmitida) uma proposta para a atribuição de um subsídio à junta de freguesia das Meirinhas, no valor de 14.300 € + IVA, que foi aprovada. O subsídio destina-se ao pagamento de um servicito de arquitectura - requalificação da antiga escola primária - ao amigo Renato Guardado.

Para que tudo pareça normal, e legal, a proposta refere que foi lançada uma consulta prévia a três gabinetes de arquitectura da praça, e que "a proposta mais vantajosa" (?!) foi a do Arqt. Renato Guardado.

No tempo de Narciso Mota estas coisas faziam-se com uma “certa” moralidade - "se não ajudarmos os nossos...". Agora é negócio puro e duro.



11 de dezembro de 2020

Prendas…!

Em época de prendas até os políticos as dão. Não por ser Natal, mas por ser época eleitoral.

E até alguns funcionários municipais - os mais valiosos para o fim em vista - as recebem, de forma surpreendente e avantajada, na forma de promoção, depois serem martirizados durante três anos.

E até os adversários e os inimigos do passado recente são bafejados pela falsa bondade. E a aceitam pela calada.

Poder gera poder; e o nosso Poderoso é mais fino a montar ardis que os seus opositores a abrir os olhos. 


4 de dezembro de 2020

Crime, disse ele


A relação de Narciso Mota com o sucessor Diogo Mateus - à imagem da criatura e criador - anda a atirar para o esquizofrénico, nos últimos tempos. Se bem se recordam, passámos da fase de dentes arreganhados um para o outro para aquela em que parecia tudo bem, no registo "ajudar os nossos". Mas a última reunião de Câmara mostrou que o abraço de urso que Diogo deu a Narciso, aqui há tempos, pode ter os dias contados. Mais: na contenda Diogo/Pimpão, que anima o PSD local, Narciso pode ser uma peça importante, que já anda a ser disputada...
Depois de ouvir as críticas violentas que o ex-presidente fez ao actual, seria de esperar que D. Diogo ripostasse com clamor, e não apenas com o semblante de pai tirano, que não tem medo, e que ousa dizer que "quando as pessoas não são capazes, eu não quero trabalhar com elas". Disse isto com ar sério, note-se. E nenhum dos vereadores se atirou para o chão a rir. 
Diogo tem a inegável virtude de não ter chamado familiares e amigos para povoar os diversos serviços da Câmara, como era useiro e vezeiro Narciso Mota. Mas ao lado dele, no que respeita ao espírito maquiavélico, o antigo patrono é um menino de coro. 
Por isso a novela das autárquicas promete tanto. 

2 de dezembro de 2020

Madre da Caridade

A doutora Odete está totalmente enterrada na política – presidente da concelhia do PS, vereadora sem pelouros na CMP, e candidata a presidente da câmara. Está. Não para fazer política. Talvez para socializar - um vício muito actual.

Para a doutora Odete, a política é o exercício da bondade e da caridade. Cansa ouvi-la pedir esmolas, em todas as reuniões, para os comerciantes - aquilo que mantém a nossa economia local, diz ela - e para os que precisam (todos), sempre no registo sofrido, como deve ser. 

A doutora Odete é a mulher certa no lugar errado. Devia ser a madre das Missionárias da Caridade, não presidente de um partido – mormente do PS – e vereadora de uma câmara. Na política não acrescenta nada que vá além da profecia da caridade e de meia dúzia de desejos banais. No resto, limita-se a reivindicar o avanço de obras desastrosas - CIMU-SICÓ, Casa da Guarda Norte, Casa Mota Pinto, etc. - e a citar repetidamente o seu ideólogo - o doutor coiso. 



Grande tareia

Na discussão das GOP e Orçamento, o doutor coiso - um prosélito da retórica balofa, que gasta o tempo e a energia a mostrar o que não é – discorreu, durante meia hora (!), um chorrilho de banalidades e ideias requentadas intercaladas com falsos assomos de rectidão.

Como é uma criatura sem ponto de apoio e espinha dorsal, e tem do outro lado um adversário que o conhece bem e tem mais lábia que ele, sempre que esboça um movimento de ataque tropeça no passado e cai . Na última reunião levou uma valente tareia.


27 de novembro de 2020

Tramiquices, mentiras e cara de pau

O doutor coiso, munido de informação relevante sobre a contratação do biscateiro dos retratos, entrou a pés-juntos sobre o doutor Mateus e o seu escudeiro.

O doutor Mateus, escaldado com as continuadas tramiquices do GAP, preparou as coisas para se demarcar do seu escudeiro (convém-lhe começar a sinalizar as coisas), salvar a face, e desacreditar o opositor.

Resultado: o doutor coiso foi à procura de lã e saiu tosquiado.

26 de novembro de 2020

A grande sondagem

Uma pessoa percebe que está num concelho-charneira (como diria Narciso Mota) quando:

a)  em plena pandemia, uma conceituada empresa de sondagens (como a Pitagórica) manda para a rua equipas que façam inquéritos presenciais, mesmo quando aqui estão aplicadas as medidas mais apertadas do estado de emergência, por sermos um concelho de risco muito elevado.

b) um partido tem dinheiro para gastar nas guerras intestinas, no duelo entre Pedro Pimpão e Diogo Mateus, que bem pode contar com um árbitro como Narciso Mota - que nunca deixou de ser quem é. 

A pretexto de "um inquérito sobre as condições de vida na freguesia e no município, nomeadamente durante a pandemia", fui esta manhã abordada por duas simpáticas moças. Quem faz das entrevistas o modo de vida sabe bem como é importante encontrar respostas. E por isso prontamente acedi responder, sem imaginar que tinha pela frente este filet mignon . Para quem a encomendou...uma chatice. É a lei de Murphy, amigos.

Todo o inquérito (com uma amostra de 400 pessoas) é centrado na atuação do presidente da Junta e do presidente da Câmara. É curiosa a forma distintiva como o movimento NMPH é tratado nas perguntas, e é quase desonesta a escolha das fotografias dos possíveis candidatos. Na primeira imagem a ideia é saber se o entrevistado conhece cada uma daquelas figuras. Na segunda, já com os nomes, pede-se que sejam avaliadas as condições que têm (ou teriam) como presidentes da Câmara. Depois, mistura-se o passado e o presente (na medida que interessa), trazendo-nos à memória aqueles de quem já nem nos lembrávamos, como Pascal Rodrigues ou Amilcar Malho, que foram candidatos nas últimas autárquicas.

Quem encomendou o estudo conta que Gonçalo Pessa (que foi candidato do BE em 2017) está arrumado, e que Sidónio Santos também já não conta para este jogo. Ah, e 'ressuscita' para Pombal e para a CDU o nosso camarada farpeiro Adérito Araújo. 

E eis que fica escancarada a teoria que vários psd's replicam por aí, sobre possíveis candidatos do PS que (na óptica deles) dariam mais luta que a já anunciada Odete Alves: Eduardo Pinheiro, atual secretário de Estado da mobilidade, cuja ligação a Pombal é quase nula, e João Gouveia, o vizinho de Soure. 

As dúvidas sobre a autoria desta proeza só são alimentadas por esta pergunta:

a) Diogo Mateus ganha de certeza a qualquer candidato do PS

b) Diogo Mateus tem uma grande probabilidade de ganhar, seja qual for o candidato do PS

c) Diogo Mateus pode ganhar, dependendo de quem seja o candidato do PS.

d) Diogo Mateus tem poucas probabilidades de ganhar, seja quem for o candidato do PS

e) Diogo Mateus de certeza que vai perder, com qualquer candidato do PS.

Uma nota final para o momento de glória de Pedro Murtinho, nosso estimado vereador das obras tortas, que tem nesta sondagem um lugar de destaque, ao lado do escuteiro João Cordeiro, do Louriçal, ambos do PSD. E também para a cândida Liliana, do CDS. E para o Rodrigo Canoa, esse portento do Chega, agora desavindo com o mentor. 

25 de novembro de 2020

Os “Briefings” do Diogo


 

Até aqui, eramos inundados com briefings pela Graça Freitas e pelo António Sales ou Marta Temido, diariamente na TV. Por recomendação de vários especialistas da área da ciência, consideraram os mesmos contraproducentes e desaconselhados. A verdade é que as pessoas, de uma forma geral, se encontravam e encontram cansadas de ouvir falar em números, estatísticas e mortes por COVID.

Eis senão quando, em Pombal, começamos hoje com formato diário com uma espécie de Briefings em modos de Graça Freitas e António Sales!

Questiono o objectivo de tal iniciativa? O Município a substituir-se à autoridade de saúde pública para divulgar o número de casos? Bem sei que muitos concordarão com tal iniciativa, até há quem reclame/exija saber os números por freguesia (e não duvido que alguns até defenderiam que os nomes dos doentes fossem divulgados, sim porque ainda há muita gente a achar que tem o direito de saber!).

Mas objectivamente para o cidadão, que mais valia trará esta informação para a sua conduta diária, que se espera ser de elevada responsabilidade? Nada! Apenas cusquice, desconfiança e descriminação para com a pessoa infectada.

Precisamos sim de saber, como nos proteger e consequentemente proteger o outro e cumprir com as recomendações.

Do Município, esperamos que faça Briefings acerca das medidas excepcionais que tem para apoiar o comércio local; de como atrair investimento para o concelho; de medidas de apoio às famílias com dificuldades económicas; de medidas de apoio para os agentes culturais, entre outros; esses é que ainda não ouvimos nenhum!

O Banquete do TAP


Parabéns ao TAP pela coragem de levar avante a apresentação do seu novo espetáculo "O Banquete", com encenação de António Oliveira e Julieta Rodrigues, da Companhia Radar 360º. Não tendo sido possível agendar para a noite de sábado, o TAP convida-nos para um "brunch" no domingo, dia 29, às 11h, no Teatro-Cine. Numa altura tão difícil como a que vivemos, é de saudar quem nos faz lembrar que "nos dias que correm não há nada mais importante do que reclamar o direito à nossa humanidade".

20 de novembro de 2020

Comédia a la carte no PSD/Pombal

Uma pessoa anda pela rede num momento de descontração e entretenimento, e leva com o feed do Pedro Pimpão sem pagar bilhete.

Toda a gente sabe que está armada no PSD local a maior disputa pelo poder de que há memória. Que Diogo Mateus os enrolou a todos com a conversa de que não se recandidatava, mas deu o dito por não dito. E disse-o já ao próprio Pedro - que tem mais exército mas menos estratégia, e por isso não bastam sprints, é preciso endurance para a maratona. E também já não tem propriamente idade para se prestar a estes números.

O eleitorado mudou, Pedro. Já não come toda  a papa que lhe dão. E toda a gente sabe que o PSD está mais frágil e dividido que nunca. Só difere do PS porque tem mais gente, e o cheiro do poder é real, beneficiando da falta de comparência do adversário. Mas olha para este título e para as respostas às deixas com vontade de se atirar para o chão a rir.  

19 de novembro de 2020

(Des)qualificação da zona do Casarelo

A CMP fez correr pela imprensa que “a zona do Casarelo, confinante com a encosta do Castelo, no centro da cidade de Pombal, vai ser requalificada para acolher uma bolsa de estacionamento…”. A necessidade de requalificar a zona é óbvia - tal a disfuncionalidade e o mau aspecto do local.

Mas no urbanismo, como em quase tudo, o problema não está no fazer, mas no que fazer. A CMP tem tratado o urbanismo sem critério, sem sensibilidade e contra as tendências actuais – contra aquilo que a urbe deve ser, actualmente.

Requalificar a zona mais nobre da cidade para lá colocar um parque de estacionamento, quando as cidades estão a fazer o trajecto oposto – expulsar os carros do centro das cidades – não lembra ao diabo.

Com gente de vistas curtas, e outra sem vista, nunca sairemos da cepa-torta.


14 de novembro de 2020

Como dirimir o feriado municipal


Não é de agora a vontade em dirimir todos os motivos de interesse do nosso feriado municipal. Este ano, a pandemia veio dar uma ajuda e, para gáudio dos beatos que habitam o Convento do Cardal, o programa ficou confinado à santa missinha. Felizmente, a santa missinha não ficou confinada às paredes da Igreja. O Município de Pombal, prevendo que muitos de nós não pudessem assistir à celebração, transmitiu tudo na sua página oficial. Deus o abençoe!

Imagino que Martinho de Tours, tão bem lembrado estes dias pelos nossos soldados do bem, não fosse propriamente um folgazão. Mas caramba, ao nem ao menos o baptismo dos novos motards? Dizem as más línguas que, na véspera do feriado, houve uma festazita privada no Teatro-Cine. Tenho a certeza que não foi divulgada para não atrair o vírus pois, como toda a gente sabe, ele é doidinho por festas. Principalmente quando os artistas são do melhor que temos no país: Pedro Jóia, José Salgueiro, Patrick Mendes, Ricardo Silva, João Silva e Daniel Romeiro. 

Não é preciso ser especialista em virologia para saber que a melhor forma de dirimir o bicho é com rezas. Sendo uma criação do demónio, o SARS-CoV-2 não resiste a três pai-nossos e duas ave-marias. Infelizmente, o feriado municipal também não.

10 de novembro de 2020

A campanha


A minha pequena cidade tem aquela particularidade das vilas e aldeias: é pequenina. E mesmo quando ligada ao mundo, comporta-se amiúde como se vivesse fora dele. Às vezes isso dá-lhe encanto, torna-a pitoresca, outras vezes é angustiante, perturbador.

Aconteceu recentemente, a propósito da campanha de "ajuda" ao comércio tradicional, que a Câmara encomendou, espalhando pela cidade e pelas freguesias as caras de umas dúzias de "agentes" culturais, desportivos, etc.

Num post aqui publicado há dias, o Adelino Malho chamou-lhe 'campanha saloia', traduzindo em palavras aquilo que muitos de nós pensámos. Além de saloia, mal feita. Como se fosse importada dos anos 80, quando a fotografia era aquilo, quando a comunicação era feita assim. Evoluímos muito nessa matéria, nas últimas décadas. E pasme-se, temos gente no concelho que faz campanhas publicitárias para o mercado nacional e internacional.

Mas a nossa costela mais pequena, mais maneirinha, mais tão-lindos-que-eles-estão logo se esforçou por distorcer a discussão. Num instante, em vez da campanha - e da sua (in)utilidade - estávamos a discutir os meninos da natação, as meninas do basquete, "os jovens atletas da nossa terra" (dos clubes que foram felizes contemplados e seleccionados), nessa capacidade inata de confundir a beira da estrada com a estrada da beira.

Ou não.

Não é inocente esta escolha municipal. Assim como não é inocente a localização dos outdoors. Já lá ficam as estruturas para campanhas que hão-de vir, em menos de um ano. De inocente, aqui, só a candura de meninos e meninas cujo guarda-roupa tem sotaque turco, chinês ou do Bangladesh, e é feito por meninos e meninas como eles, vendido nas marcas do comércio internacional, no shoping da cidade mais perto de si.

Fico à espera de os encontrar a todos na loja da D. Lucília, na Lurdes, na Gina, na Teresa, na Anabela, ou noutra qualquer do comércio tradicional.

Eram essas protagonistas que eu queria ver na campanha. E já agora que fosse uma campanha a sério, como até as dos anos 90 já eram: pensada para a rua, mas também para as rádios e os para os jornais - e já agora, que estamos em 2020, para o online.

Mas isso sou eu que tenho a mania. 



5 de novembro de 2020

E então estamos sem delegado de Saúde

As notícias de hoje dão conta do episódio mais inquinado dos últimos dias: o delegado de saúde de Pombal pediu a exoneração do cargo. Vai embora no final deste mês, mas até lá está de férias. E antes disso travou-se de razões com a coordenadora da Unidade de Saúde Pública do Pinhal Litoral, Odete Antunes - que até é natural do concelho e conhece bem este terreno. 

Para completar este quadro de miséria, uma das médicas da equipa de José Ruivo deixa Pombal e vai assumir funções de delegada de Saúde...em Alvaiázere. Só que o jogo é mais complexo, como revela a notícia de capa do Jornal de Leiria: a Saúde Pública da região está a funcionar com metade dos médicos. Dos 10 que existem ao serviço do Pinhal Litoral (que inclui Pombal, Batalha, Leiria, Marinha Grande e Porto de Mós), quatro estão de baixa. Um está de férias, a caminho da exoneração. 

Isto é tudo aquilo de que não precisamos numa pandemia. Precisamos antes de duas coisas: uma administração regional de saúde que complete rapidamente as peças do puzzle que faltam, e um poder local que em vez de se preocupar com a georreferenciação esteja em cima da necessidade que é assegurar o funcionamento dos serviços. Que uns e outros vão um bocadinho para além de posar para a fotografia quando é 'inaugurado' o Drive-Thru na Expocentro. 

É certo que a pandemia foi um cataclismo que aconteceu às autoridades de saúde pública, em geral. Tínhamos um país onde os delegados de saúde estavam descansadinhos no seu posto, e de repente um vírus abalou todo o sistema. José Ruivo é delegado de saúde desde 2007. Conhecido por ter 'mau-feitio', tem desempenhado as funções de forma competente e rigorosa, apoiado numa equipa curta, mas empenhada, exímia no rastreio dos contactos, na prescrição de testes, na vigilância hercúlea que é preciso fazer. Aguarda-se a todo o momento que a USP venha a público dizer alguma coisa ou anunciar a substituição. Sob pena de ficarmos todos dependentes dos humores de uma médica de saúde pública que desautoriza um colega porque o marido joga xadrez e vai participar num torneio, fazendo fé nas palavras de José Ruivo. 

4 de novembro de 2020

Pombal Industrial

Pombal Industrial é isto – o que o vídeo mostra. Bem sei que não é só isto, que também há o resto, os bons exemplos, a outra parte. Mas esta, o Pombal Industrial que existiu e morreu, mostra-nos o percurso, os erros, o desleixo - a forma como o poder político nunca cuidou dele.

A história do desfalecimento de Pombal é a história do falhanço da industrialização do concelho (de que me fartei de falar aquando da passagem pela AM). Bem sabemos que as empresas têm um ciclo de vida, que há as que morrem e as que nascem. Mas esses processos têm que ser geridos. Aqui, nem um nem outro o têm sido. O estado deplorável do Parque Industrial da Formiga, mesmo no centro da cidade, mostra o profundo desprezo do poder político pela economia do concelho. 

Cada um é para o que é – este poder político é para ganhar eleições. Sabe que as ganha fazendo a via-sacra pelas capelinhas, comissões fabriqueiras e associações.

3 de novembro de 2020

Campanha saloia

A CMP lançou, nos últimos dias, uma “suposta” campanha de incentivo às compras no comércio tradicional, com a colocação de uns quantos “outodors” espalhados pela cidade e sede das freguesias, onde umas quantas figuras e figurinhas locais apelam à compra no comércio local com um “Nós compramos! Compre também!!

A campanha propõe-se ajudar o comércio tradicional/local, mas provavelmente não assegurará uma única venda, tal a vulgaridade, o descrédito e a parolice que evidencia. É o tipo de coisa que se faz por fazer, simplesmente para mostrar serviço ou para contrariar a ideia de inação. 

Dirão alguns – talvez muitos – que é melhor fazer alguma coisa que não fazer nada. Neste caso, o melhor era mesmo não fazer o que se fez. Não há pior trabalho do que aquele que nunca deveria ter sido feito - o que não acrescenta valor destrói valor.

A sabedoria popular costuma dizer que com vinagre não se apanham moscas. Acreditar que com uma coisa destas, démodé, que no lugar de seduzir repele, pela poluição visual e mensagem associada, roça a insanidade. Isso é tão evidente que nem os seus mentores acreditam nela - admiram-se por comprarem ou que alguém compre no comércio local.

De onde não há não se pode tirar. Daqui o comércio local não tirará um euro sequer.

1 de novembro de 2020

Alô? É do PS?


É só para dizer que existem por aí diversos cursos on-line que ensinam as elementares regras de comunicação. Bem sabemos que o PS local está cheio de especialistas nesta matéria, mas está aqui a falhar qualquer coisinha...
Participar numa reunião online não é diferente (no que ao saber-estar diz respeito) de uma reunião presencial. E é um tudo-nada falta de respeito passar o tempo ao telefone (seja lá com quem for), por parte daquela que é, até agora, a única candidata assumida à Câmara Municipal. Faz parte daquele rol de atitudes que nunca devemos ter nas reuniões. Há outras, mas os especialistas hão-de saber quais.
Por ora, estamos como a drª Odete: é tudo o que se nos oferece dizer sobre o assunto. 

31 de outubro de 2020

D. Diogo enrola-os todos

O vereador Pedro Brilhante resolveu levar à reunião do executivo o polémico investimento do Grupo Lusiaves, na Zona Industrial da Guia. Pegou na questão pelo lado da hasta pública, e fundamentalmente pelo preço do terreno.

A hasta pública poderá padecer de vários vícios; não parece que o preço do terreno seja um deles. Em política não basta ter informação e argumentos – coisas muito importantes. É indispensável que eles sejam consistentes e se possua a legitimidade para os apresentar e os defender.

Oferecido o flanco, D. Diogo, sempre cinco passos além na retórica, na astúcia e a na arte de enrolar os incautos, arrasou o vereador contestatário, apontando-lhe um “retardamento na reflexão”, responsável pelas suas posições contraditórias. E aproveitou ainda para “excomungar” os contestatários do Oeste, do seu partido, apelidando-os de malfeitores do reino.

Nas matérias da gestão autárquica propriamente dita, D. Diogo enrola-os todos e ainda xinga deles. Uns porque talvez possuam um retardamento na reflexão, outros(as) porque nem sequer reflectem.


25 de outubro de 2020

A Saga Varela

Ao fim de anos de avanços e recuos sobre o que fazer da Casa Varela, a Câmara Municipal de Pombal (CMP) apresentou, em Agosto deste ano, o seu Director Artístico. Seria de esperar que, para além da circunstância do nome, algo mais fosse dito aos pombalenses. E a  verdade é que foi, mas tudo passou nas entrelinhas.

O que há sabíamos.

1. A Casa Varela foi adquirida pela CMP sem que esta tivesse definido para ela qualquer programa. Com o menino nos braços, havia que dar um destino à coisa para poder justificar aos eleitores a pertinência de compra. E foram várias as propostas apresentadas: uma escola de artes e ofícios, um espaço para albergar uma loja do cidadão ou serviços municipais, um restaurante, um hostel, um espaço de co-working, um gabinete de apoio ao emprego e ao empregador. 

2. Depois de uma reunião com os artistas locais em 2014 (já lá vão 6 anos; o Daniel Abrunheiro e o José Gomes Fernandes ainda escreviam no Farpas!), ficou no ar a ideia (ver aqui, aqui, aqui e aqui) de que a CMP pretendia destinar o local a uma casa das artes. 

3. Em Janeiro, numa reunião camarária, foi assumido que a Casa Varela seria "um espaço de promoção e criação artística, performance e exposições" que "pretende abranger áreas culturais diversificadas, como a música, artes cénicas, pintura, escultura entre outras formas de arte, promovendo também trabalhos de experimentação e residências artísticas". Em coerência com essa proposta, a CMP decidiu abandonar a ideia do restaurante, optando por construir, no piso -1 do edifício, uma sala de ensaios numa tipologia de open-space, que também poderia ser destinada a exercícios performativos e espectáculos intimistas. 

O que ficámos a saber

1. A grande novidade foi a escolha de Filipe Eusébio como Director Artístico da Casa Varela. O Filipe é uma pessoa dinâmica, com muita experiência na área teatral e com fortes ligações aos agentes culturais de Pombal. A sua escolha tem todos os ingredientes para agradar aos nossos artistas e, pessoalmente, desejo-lhe o maior sucesso nas suas novas funções.

2. O cargo de Director Artístico da Casa Varela é um cargo de confiança política. Se assim não fosse, não haveria razão para as suas funções terminarem nas eleições. Este facto compromete a autonomia de Filipe Eusébio, deixando-o refém dos humores do Presidente da Câmara.

3. Em declarações ao Jornal de Leiria, Diogo Mateus garantiu que no próximo Orçamento Municipal será contemplada uma verba de investimento e funcionamento anual, mas que, "num futuro a médio prazo, entre as várias possibilidades de modelo económico em estudo, está uma “fundação com pernas para andar”, com apoio mecenático, da comunidade e também da autarquia". Aqui está está uma belíssima forma de não se dizer nada! Mas, se atentarmos bem, o que Diogo Mateus nos quer dizer é que, da Autarquia, a Casa Varela apenas irá ter orçamento para funcionamento e pouco mais, remetendo para um "futuro a médio prazo" um modelo económico que viabilize a infra-estrutura.

O que gostaríamos de saber (e a nossa imprensa não pergunta)

1. A conferência de imprensa de apresentação de Filipe Eusébio foi totalmente dominada por Diogo Mateus. Esta opção deixa transparecer algo que merecia ser esmiuçado: o projecto artístico é da autoria do Presidente da Câmara ou do novo Director Artístico? Qual o contributo de pessoas como André Varandas (indignamente descartado pela Autarquia já depois da referida reunião de Janeiro) na elaboração do referido projecto? 

2. Qual o modelo de gestão da Casa Varela? Qual a autonomia do seu Director Artístico (já sabemos que é pouca)? Será que todas as suas decisões terão que ser ratificadas pela vereação? 

3. Será que a CMP, que já possui espaços como o Celeiro do Marquês, o Teatro-Cine, a Biblioteca Municipal, entre outros, necessitava de adquirir mais um edifício para cumprir as funções atribuídas à Casa Varela? Se a resposta é sim, como gostaria, subsiste a dúvida: qual a estratégia municipal para a cultura que permita dinamizar todas estas infra-estruturas? Qual o papel que a Autarquia reservou para os artistas no meio disto tudo: dinamizadores autónomos ou utentes subservientes?

14 de outubro de 2020

Pobre Câmara rica

                                             foto: Terras de Sicó

As notícias municipais dão conta de que a Câmara vai comprar (ou já comprou?) um terreno na Redinha, pela módica quantia de 98.504 euros, onde a Santa Casa da Misericórdia  local pretende construir uma ERPI (Estrutura Residencial Para Idosos), a designação pomposa que agora se dá aos lares, quando albergam um três-em-um - concentram-se ali as valências de Centro de Dia e Apoio Domiciliário.

Não está em causa a necessidade premente do sector público ou privado encontrar soluções que respondam à procura da população de uma determinada freguesia, mesmo quando há aqui algumas pequenas nuances, na Redinha: o atual provedor da Santa Casa da Redinha já foi, em tempo, candidato pelo PS à junta local (converteu-se a tempo, para o PSD) e o presidente da Junta está há muito rendido ao poder e à maioria vigente. Aliás, não se percebe por que razão o PS ainda não lhe retirou a confiança política, pois que vota sistematicamente contra o partido que lhe suportou duas candidaturas, ignorando-o descaradamente. Mas adiante.

O que está em causa é a Câmara gastar quase 100 milenas num terreno. Num terreno na Redinha. Junto às escolas de salas vazias e ou fechadas - como é o caso do Colégio Cidade Roda. Ora, aqui cola-se outra particularidade: é voz corrente que o próximo destino daquele edifício bem poderia ser...uma residência para idosos. 

Por último, sobra uma dúvida: o que aconteceu ao benemérito que há anos oferecera um terreno para construir um Lar da Santa Casa na Redinha?

Ficamos todos descansados com a limpidez deste processo, e com a certeza que a Câmara dá: "O Executivo Municipal considera que o envelhecimento é o segundo eixo de intervenção prioritário definido no Plano de Desenvolvimento Social do Concelho de Pombal, sendo objetivo de até 2021 apoiar medidas para o desenvolvimento ativo e saudável no concelho, garantindo os recursos e respostas necessárias à proteção da população sénior". Em residências, portanto.

Agora que sabemos do segundo eixo, só nos falta saber do primeiro.