24 de fevereiro de 2011

Há quem lhe chame malfeitoria, eu chamo-lhe dúvidas

Há coisas curiosas em Pombal. E uma delas é a ideia de ou se faz ou se diz mal. E isso dá azo a uma teoria que poderemos chamar de Narcisocentrismo: tudo é feito ou por ou contra Narciso Mota. E os principais teorizadores até são, espante-se, adeptos incondicionais desta gestão autárquica. Ora, não sabendo se é estratégia ou táctica, ou misto de dois, oponho-lhe a realidade. Tal como o Adérito menciona e a Paula reforça, há condicionantes para um blog que é um blog e nada mais que isso.

E quanto à realidade da nossa terra, preparam-se para arrancar as obras de requalificação do Centro Histórico, com intervenções que vão desde parques de estacionamento a um novo arco na Ponte sobre o Arunca. Há intervenções que fazem sentido, outras que confirmam os erros de planeamento anterior (parque da Marquês de Pombal). Mas no meio de obras que apenas alguns conhecem, há uma questão pertinente que, ao que me tenha apercebido, não foi discutida: o centro histórico alberga uma zona de comércio que, na melhor das hipóteses, se encontra moribunda. A Praça está agora vazia (durante o dia) de actividade comercial, sobrando edifícios públicos que, admita-se, não fixam as pessoas. De outra forma, o que é que se pode pensar para aquela zona que, findas as obras, consiga, para além de requalificar, revitalizar? Esta é uma das preocupações que deve acompanhar qualquer obra: o que fica servirá para uma placa e meia dúzia de intervenções desgarradas ou criará as condições para um aproveitamento maior? É que, e ao contrário do que muitos pensam, há obra boa e obra má. E obras que são feitas com base em projectos que não são discutidos na praça pública (e aqui a culpa também sobra para a dita sociedade civil que se desinteressa destas questões) pode - sublinho o pode - depois dar azo a obras que requalificam, mas a que falta utilidade.

E sim, já sei, o Governo também faz obra mal feita e antes também houve obra mal feita e as bombas de fumo da costume. Falo de Pombal e desta gestão autárquica que vai fazer um quinto de século. E falo desta população, das suas aspirações, participação e expectativas. Já basta ouvir abencerragens como os ventos do mundo árabe estarem a chegar a Portugal...

12 comentários:

  1. Paulinha antes dúvidas do que como o outro "Nunca me engano e raramente tenho dúvidas" , ou então a tenacidade mentirosa tipo o nosso 1º Ministro "Eng. Relativo"

    ResponderEliminar
  2. Oxigénio este ano só no Estadio da Luz

    ResponderEliminar
  3. «Já basta ouvir abencerragens como os ventos do mundo árabe estarem a chegar a Portugal...» Se chegassem, que de amor apaixonado nós seríamos capazes? Assim, ficamo-nos pelos platónicos: dizemos umas coisas, lamentamos umas obras, verificamos a inutilidade de outras e vamos amando muito (platonicamente) a nossa terra.
    Saudações

    ResponderEliminar
  4. Professor, refiro expressamente a não comparar o incomparável. E constato, mais uma vez, que tirando meia-dúzia (onde o incluo, obviamente), perante perguntas, dúvidas e questões, não se discute (aqui ou noutro lado) opções que marcam a nossa terra.

    ResponderEliminar
  5. Caro Professor,

    Afinal em que é que ficamos: platónicos ou malfeitores?

    Se há coisa que os "da casa" não podem ser acusados é de nunca terem dado o peito às balas. A maioria de nós já teve (ou tem) uma participação activa na política pombalense, já foi a votos, já apresentou novas ideias para o concelho e já as defendeu publicamente.

    A internet, as redes sociais e os blogues contribuíram decisivamente para o sucesso das revoltas populares no Magrebe. Mutatis mutandis, considero, sem falsa modéstia, que com este fórum estamos a contribuir significativamente para a melhoria da vida democrática em Pombal. Inchalá os nossos concidadãos assim o vejam também.

    Um abraço,
    Adérito

    ResponderEliminar
  6. Os centros históricos quando chegam a um nível degradação e abandono elevados entram num nó górdio difícil de desatar, que exige empenho, criatividade e sinergias entre interesses privados e poderes públicos. Na verdade, a falta de população e actividades económicas gera degradação, que, por sua vez, gera abandono e degradação, num ciclo vicioso.

    O João fala que sobram edifícios públicos que não fixam pessoas. Ora vendo de longe, mas vivendo, diariamente, empenhado em ajudar a mudar uma realidade semelhante, em que uma grande parte da degradação do centro histórico daqui se deve precisamente às questões da circulação automóvel, ao estacionamento e ao abandono dos edifícios públicos, tendo-se colocado os serviços (Finanças, Camarários, segurança social, escolas) fora dos centro, em subúrbios com melhores acessos e estacionamentos, mas sem alma e sem carácter.

    Por isso, recuperar e dar vida aos edifícios públicos instalando neles actividades e serviços pode ser o começo da inversão de um ciclo: os funcionários tomam café e almoçam, e com isso animam cafés, restaurantes, arranjando sempre algum tempo para ver as montras, etc.

    Todo o tipo de intervenção pública que contrarie o processo de degradação dos centros históricos deve ser apoiado. Como se trata de processos submetidos a discussão pública, as vozes “criticas” e “mais avisadas”, elas próprias, podem – e devem – organizar plataformas de reflexão e intervir com propostas bem estruturadas, que possam ir para além das “bocas”, das “críticas” casuísticas e pontuais aos projectos e soluções apresentados pela Câmara. Sem esquecer que nada pode resultar sem se mobilizar as pessoas (habitantes, comerciantes, empresas, etc.) a intervir na elaboração desses projectos como se eles fossem – como efectivamente são – os projectos das suas vidas e das vidas das gerações futuras, em nome das quais os custos e sacrifícios que hoje se lhes exigem são o “sangue suor e lágrimas” sobre o qual se cimentam todas as comunidades verdadeiramente vivas.

    Vi os planos, mas não a uma escala que me permita ter opinião. Porém, nos tempos de crise que correm, é de aplaudir uma Câmara que se envolve num processo de tão larga abrangência e dimensão. Esperemos, pois, que os efeitos de tão grande investimento se repliquem. Porque, como escreveu Pessoa: “Deus quer, o homem sonha e a obra nasce “

    ResponderEliminar
  7. Mas alguem pode respirar com este sofoco de politica praticada em Pombal pelos seus lideres?...

    ResponderEliminar
  8. eugénio, respira quem sabe e pode mais uns alguns invertebrados que de coluna só lhe tem o nome pois quando é preciso até se desdobram em respeitosa e singela vénia.
    vá lá ainda existem uns iluminados e uns quantos gauleses que respiram por um tubo.
    dos restantes é como em Chicago ou em Londres, habituaram-se ao "fog" e "assentensse" bem.
    pois então.
    fui que vem aí o eng.

    ResponderEliminar
  9. olhe professor, num sei se é do blog, se é da evolução politica, se é ou foi uma distracção mas deve ser a primeira vez que a Assembleia Municipal aprovou por unanimidade uma proposta do PS Pombal... vai dizer que é brincadeira... mas não é e tem muito significado ter sido o PS e não PSD a apresentar a dita proposta. Façamos a leitura politica que se faça. valendo o que vale a verdade é que foi aprovado o agendamento da discussão sobre Educação para a próxima Assembleia Municipal.
    Desde já convidado a participar na dita com presença e participação. Será bem vinda tal e o Sr. também, bem como todos os professores deste concelho.
    A guarda ficou em baixo e depois nada mais havia a fazer... estrategia ou plano?
    Eng. Marques esta vai dar que falar na próxima comissão politica local.
    fui que é tarde e amanhã é dia de pica boi e eu não sou politico profissional sem horários a cumprir ou entradas vespertinas.

    ResponderEliminar
  10. Amigo e companheiro Fernando Carolino, boa noite.
    Essa passou-me, literalmente, ao lado.
    E logo eu que estava tão atento aos movimentos da Bancada do PS que até nem fiz nenhum intervalo técnico.
    Não é que eu pensava que a Bancada do Partido Socialista, da Assembleia Municipal de Pombal, de ontem, estava de boa fé e que queria discutir a grave questão da Educação em Portugal, sem quaisquer reversas mentais ou políticas?
    Pergunto-te se o que estava em causa, para além da questão de fundo, não era o manifesto dos Professores?
    Cada vez ando mais burro. Cada vez ando mais solípede, como diria o outro.
    O nosso camarada João Coelho carpiu mágoas sobre o que o nosso (des) Governo anda fazer ao ensino particular e cooperativo.
    Tudo aponta para mais uma táctica tua, no teu escrito.
    Dizes tu: “não sei se é do blog, se é da evolução política, se é ou foi uma distracção mas deve ser a primeira vez que a Assembleia Municipal aprovou por unanimidade uma proposta do PS Pombal... vai dizer que é brincadeira... mas não é e tem muito significado ter sido o PS e não PSD a apresentar a dita proposta. Façamos a leitura política que se faça. Valendo o que vale, a verdade é que foi aprovado o agendamento da discussão sobre Educação para a próxima Assembleia Municipal.”
    Mas que raio.
    Vamos discutir a Educação em Portugal ou a táctica do PS em fazer aprovar, por unanimidade, uma proposta que não é dele ou, então, temos submarinos na democracia.
    Será que o Partido Socialista de Pombal voltou às catacumbas?
    Respigo de hoje: Educação
    FENPROF diz que medidas do Ministério estão a 'destruir' o ensino (Sol)
    O secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira, manifestou hoje aos deputados da Assembleia da República preocupação com o futuro do ensino em Portugal, referindo que as medidas do ministério «estão a destruir» a Educação.
    Valha-me Deus.

    ResponderEliminar

O comentário que vai submeter será moderado (rejeitado ou aceite na integra), tão breve quanto possível, por um dos administradores.
Se o comentário não abordar a temática do post ou o fizer de forma injuriosa ou difamatória não será publicado. Neste caso, aconselhamo-lo a corrigir o conteúdo ou a linguagem.
Bons comentários.