26 de fevereiro de 2013

Ó meu Pombal...


Ainda sobre a questão da dita regeneração do Largo do Cardal, não posso deixar de constatar o seguinte:

Este link contém uma súmula do projecto (páginas 13 e 14 sobre o Largo do Cardal), tendo sido este que foi apresentado, pelo menos, numa Assembleia de Freguesia, já que a Junta é parceira (no papel) deste projecto.


Este, sobre as alterações ao trânsito, contém uma montagem sobre como ficará o espaço. É neste que aparecem as tais IS (ou lá o que é):


Descubram as diferenças entre projectos. Isto ajuda à seriedade com que se quer que se olhe para a actuação de quem decide "regenerar"? Isto ajuda a que aceitem os argumentos sem desconfiança?


E entendamo-nos: regenerar, em muitos casos, tem servido como pretexto para gastar dinheiro estupidamente, decorando a betão ou a outros elementos, zonas que mereciam outro tratamento. Reaproveitar, redesenhar e repensar espaços públicos é bem-vindo desde que inserido numa estratégia. Infelizmente vê-se o resultado que a Praça Marquês de Pombal deu, ou o Castelo, onde a requalificação deu apenas de bom a Cafetaria e o tratamento à volta do Castelo - sem contar com as vergonhosas escadas tipo maison - ou ao pé do Cemitério. Excepção, claro, ao Parque Verde do Açude (mantendo eu que aquelas "varandas" são uma coisa perigosa - por favor, vão lá e vejam bem como aquilo está, mas que afecta a mais valia do espaço). Desde há anos que se trabalha a forma e não se preocupa com o conteúdo. O Castelo, fechado há anos, terá, pelos vistos, uma apresentação/filme. Mas a ocupação de espaços não é acautelada, o que condena o Celeiro do Marquês (espaço excepcional) a uma utilização espaçada ou o próprio Museu do Marquês (que até teve um prémio para a recuperação), que por ter uma exposição com horários de função pública é incapaz de atrair mais público.


Há 11 anos defendi um debate público alargado quando se enterrou uma fortuna num parque de estacionamento que não é usado e se converteu uma Praça que é o resto da nossa zona histórica, num momento à insipidez e à lógica do empedrar sem tornar o espaço aprazível (que continua sem o ser). Defendi que a autarquia, já que estava naquilo, podia perfeitamente equacionar serviços públicos na Praça ou ter um plano para ter vida. Obviamente, não tive retorno, sendo certo que eram, infelizmente, poucos os que naquela altura se preocupavam com aquela situação ou que criticavam as opções do partido do poder em sede de património, tendo este defendido, acerrimamente, uma intervenção que apenas iria ter placa de inauguração. Aliás, é uma constatação  que as vozes críticas, quando se trata de património, são sempre poucas demais. Que este golpe final, depois de tantos avisos e obra efectuada, sirva de exemplo e de mudança, principalmente com Outubro à porta.

Ontem, como hoje, é assim que a obra é feita. Mesmo com fundos comunitários na sua maioria, são milhões que não servem para reconciliar os cidadãos com a sua cidade, com algumas honrosas excepções. Lamento, por exemplo, não ter um Parque Verde a sério ou mais corredores verdes (a Junta queria um na Charneca, mas falta capacidade para reivindicar ou capacidade para gerar o dinheiro de outra forma) ou ainda ver a obra do CIMU Sicó começada. (http://noticiasdocentro.wordpress.com/2010/09/15/pombal-constroi-centro-de-interpretacao-e-museu-da-serra-de-sico/cimu-sico/)


Concluindo, fazer obra para placa, qualquer um, desde que tenha dinheiro, faz. Mesmo que sejam pontes que só dão para uma margem ou quase-aeródromos em terras que nem passeios têm. Mas preocupar-se com o retorno, como por exemplo, se tentou (e bem) fazer com a Expocentro, é uma excepção. Aliás, fosse isto um oásis e o poder cessante não desistiria enquanto as palmeiras não fossem abatidas, a água contida dentro de um lago de betão e o verde substituído por granito. E claro, uma placa de inauguração para cada uma destas requalificações.

2 comentários:

  1. Meu caro João, escreveste aqui uma coisa digna de ser recordada. Esta linha histórica com as intervenções de betão sem alma dos mandatos de Narciso são, para mim, The Thing que deve estar presente na cabeça dos pombalenses... por ditarem uma filosofia de presidência e de visão (ou falta dela) para o concelho. Um "Construa-se que alguém há-de aproveitar" que representa 20 anos de oportunidades perdidas, que nem a gestão financeira capaz pode reverter.

    Ainda assim considero que se há espaços sem vida no nosso concelho muito se deve a uma sociedade civil que não aparece. Não aparece para discutir a obra antes e não aparece para viver a obra depois. E não se organiza para encontrar soluções para esses e outros problemas.
    Sem querer ser muito injusto com o sofrimento das pessoas... Pombal dá as mãos para passar as catástrofes e as intempéries mas vai tudo para seu lado entre fogos e vendavais.
    Porque é que isto é assim: não sei a origem, nem sei se foi sempre assim, mas que os mandatos de Narciso Mota em muito ajudaram a isto ajudaram. É que o apoio fácil, a ideia do "tens uma associação vai pedir um subsídio que eles lá na CMP dão-te" também tem custos, nestes caso sociais.

    E pronto, já começa aquela sequência inevitável de balanços de mandatos...

    Mas obrigado aqui por esta reflexão.

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  2. Good Morning !

    Está na moda!
    Três milhões de euros! vejam só:
    Vivo numa terra onde a CM têm a água doméstica mais cara da zona e, se necessário, corta-se a dita a uma família que não têm dinheiro para comprar leite para os filhos ou até nem dinheiro têm para pagar a luz!

    Três milhões de euros dava para fazer muita habitação social, por exemplo: comprar apartamentos, ainda em construção ou acabados, a preços de saldo, a empreiteiros quase falidos e seria uma lufada de capital na economia regional. Na prática salva-se uma família que depende do construtor ou uma sociedade e alojavam-se várias famílias com uma rendas económicas.

    Com uma atitudes destas, comprar habitação social, não chorava-mos o dinheiro dos nossos impostos

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