1 de agosto de 2013

Viva mas é a Família Araújo e Deus também!

Pombal Etc e Tal
1. Na quinta-feira passada, 25 de Julho, não publiquei aqui a crónica já habitual por causa de dois sábados, os de 20 e de 27 do mesmo mês, que me fizeram bem mas me entorpeceram a tropelia gráfica que tanta confusão por vezes gera a espíritos decentes e honestos e simples como os do António José Roque.
A 20, subi com a minha Senhora à Cafetaria do Castelo (que não conhecíamos, nem um nem outra) a saber da candidatura de Carlos Lopes à Freguesia de Pombal. Dele e da equipa, note-se. Fomos a convite, que de outra maneira não iríamos: isto de partidarizar autarquias sempre me arrepiou o espinhaço ateu em matéria de religiões (ou seitas) partidárias. Não foi o caso: o discurso das pessoas daquele projecto pareceu-me limpo e de gente para gente. Já lá vamos.
Em antítese, da apresentação do senhor Nascimento (também) Lopes, digo nada: pela simples razão de ninguém me ter convidado. Perda minha e prejuízo de ninguém.
Escrevo esta crónica para o Farpas a meras duas horas da apresentação pública, no Jardim do Cardal, da candidatura de Adelino Mendes y sus muchachos à Câmara. Também fui convidado, mas o ácido úrico decorrente da já não pouca idade e dos muitos copinhos de malvasia por desjejum não me permite tal boa hora. Também não fui à do Diogo Mateus, para prejuízo de ninguém e só perda minha: pois que sempre gostei de assistir, com estes que a terra há-de comer, à frivolidade tangerina de tanta juventude que não lê para um dia, como a gaja Espírito Santo, poder brincar aos pobrezinhos nalguma choupana de bifanas a caminho da Kyay.
2. A 27, entretanto, fui a outro acontecimento pombalense da mais supina importância: a Sardinhada anual da Família Araújo. Ali, de tão devotos, ninguém vai a votos. Toda a gente se sente eleita. Foi a 26.ª vez que tal efeméride viva se vivamente deu na História de Portugal. Bem hajam os Araújos.
3. Retomando o fio: Carlos Lopes, Adelino Mendes, Diogo Mateus e o moço António José Roque. Comecemos por este fim para lhe dar primazia de primeira. Quis a má-hora (dele) fazê-lo andar:
a) A incomodar telemobilisticamente amigos comuns inquirindo “por que raio me tinha eu vendido ao Diogo”. Foi por causa daquela minha brincadeira, em crónica anterior, dos bilhetes & bilheteiros do Estádio Municipal, de o PS não eleger vereador nenhum, das favas contadas do Diogo etc. etc. etc. etc. até à exaustão. Foi ele o único que não percebeu aquilo que o Zé Gomes Fernandes percebeu logo: brincar é uma coisa séria. Mas para isso, além dos dois deditos de testa, é precisa esta simples coisa: ter unhas nos dois deditos de testa.
b) Em página (minha) do Facebook, ousei eu fazer brincadeira (aliás indignada) com todo este carnaval a propósito do filhote real da monarquia britânica. Veio o Roque. Logo. Pois claro. Que até “estima aquela Família Real”. Que eu deveria ter “educação cívica e moral”. Ora, acusarem-me de não portador de “educação cívica e moral” é pior, para mim, do que me castrarem depois de me terem prometido coçadelas nas bolsas gónadas.
c) É portanto, educada, cívica e moralmente, que digo aqui em voz tão alta quanta me puder ouvir a Lua que ao Castelo da nossa praça sobe para iluminar a vergonha de betão daquelas escadarias: ninguém de boa prece e melhor deus anda por aí a mostrar a desfiliação do PSD como ele. Porque nem o PSD o quer para nada, nem o PS há-de querer – local como nacionalmente. NB: há quem, como ele, e aliás decentemente, viva de tinteiros; o problema é que eu vivo para a tinta. Os tais dois dedinhos de testa, pá. Que se lixe o bebé real. Ou os que nunca passam de bebés.
3. Agora o Diogo: a única questão dele é tomar o Poder, que se calhar merece. A “coisa” daquilo da América Latina etc. é propaganda. A minha dúvida é se ele se propõe, uma vez edil, trazer para o Cardal a banana do Brasil, a cocaína da Colômbia ou alguma milonga da Argentina. No resto, não acredito – como ninguém.
4. O Adelino: deveria, a meu ver, ter feito como fez o sempre correcto João Melo Alvim na apresentação do Carlos Lopes. Isto é: estive, não quiseram, que ao próximo queiram. Há um cansaço exposto na repetição. E a novidade fundamentada (na dignidade, por exemplo) é carta a ter em conta no baralho. Ao Adelino Mendes, atenção, nenhuma dignidade falta. Nem há-de faltar. Mas seria preciso outro nome, outra coisa não tão parecida com, digamos, uma tó-zézice insegura.

5. Acabo com o padre. Parece que se chama João Paulo Vaz, que toca viola e baladas tonycarreiro-litúrgicas. Mas repare-se agora nisto: a política de distribuição de subsídios da presente administração camarária é zona muito sensível. Críticas não faltam a certos rumos dados aos dinheiros públicos. Comissões fabriqueiras de igrejas incluídas. É ou não verdade que o boletim paroquial cá da parvónia (e a cores, santo Deus!) beneficiou de qualquer coisa como 2500 euros? Vindos de quem? Ora! Da Câmara. A qual, recorde-se, recorte-se e cole-se, é financiada por um Estado constitucionalmente laico desde 1910/11. Mas que só é laica até o velho Narciso se ajoelhar, cíclico e fatal como o sarampo infantil e o alzheimer senil, no Convento do Louriçal cada 15 de Agosto, à aparente mercê de uma Boa Morte (política) que não há modo de se dar, chiça. Parece, ainda, que o padre Vaz, moço de trintas e poucos, se arroga o direito de esmifrar “certificados de idoneidade” a este e àquela. (Sobretudo àquela). Prece, rogação e oração minha: tenha juízo, moço. Assistir ao pé das “entidades locais” (Narciso e Diogo) ao concerto da Ana Moura, vá que não vá. Mas cantar como ela, nem o Diabo lhe há-de dar. A não ser que, para o ano, queira vir comigo à Sardinhada dos Araújos, onde Deus aparece sempre ao terceiro garrafão mas o Narciso nunca, para bem dos nossos pecados. 

Daniel Abrunheiro

21 comentários:

  1. Eh raio... Que a falta (notada) passado redundou numa "crónica das quintas" de redobrados vigores, Daniel! :)

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  2. amigo Daniel... Ja estava á espera que um dia me calhasse a mim ser o alvo da tua "magica escrita". É preciso saber encaixar as tuas crónicas mordazes, pois quem não tem poder de encaixe acaba como o teu amigo. Em Acções de tribunal contigo que não levam a nada.Lembras-te de quando fomos os dois a tribunal por uma entrevista que me fizeste ? Claro a melhor parte foi o lanche a seguir e claro não haver matéria para acusação. Ainda guardo o processo em casa como recordação. Grande Abraço

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    1. Só gente como tu percebe bem. O adjectivo "decente" que a teu propósito escrevi - não é ironia nenhuma. Ficamos bem. Tens mas é de me apresentar essa cerveja artesanal, que ainda não degustei.

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  3. Nota que considero importante: as minhas "bocas" ao António José Roque em nada prejudicam a amizade que há muitos mas mesmo muitos anos tenho com ele. O exercício da crítica nunca é pessoal para mim. As FARPAS são um sítio de liberdade, não de libertinagem. Isto não é as Meirinhas.

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  4. Boa tarde!
    Caro Daniel: O nascimento de um ser humano é sempre a arte de Deus, logo será bem-vindo !
    No caso do nascimento do bebe Inglês, da família Real, fomos massacrados dias e dias em toda a comunicação social o que apenas veio revelar o quão submisso está Portugal a Inglaterra, que eu classifico de submissão nojenta.

    Família Araújo, gente boa e simples, apenas têm um defeito que eu não digo (brincadeira).

    João Paulo Vaz, bom rapaz que por sinal é padre

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  5. (continuação)
    Daniel, por ser Padre, não acabes com o Sr., ele estava apenas a ver se aprendia alguma coisa com a Ana Moura mas artes do canto!

    Quanto aos subsídios. estou como o outro: fazemos a associação dos Farpeiros e pedimos subsídio à CMP, o Vaticano é o maior Estado do Mundo com centenas de embaixadas em cada País, ( veja.se igrejas) e com muitas receitas e têm direito a suibsídio

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  6. Tudo entendido, Tarantola:

    a) eu não referia a criança "real", que é inocente como todas as crianças. Visava eu a (in)comunicação (anti)social a que estamos sujeitos. E submissos. Até o AJ Roque já percebeu isso.

    b) O "defeito" dos Araújos é serem todos do PCP? Eh eh, maganona: podes dizê-lo alto, que eles têm orgulho nisso e nunca o esconderam.

    c) Quanto ao "bom rapaz", não é por ser padre. É por ser partidário. Além do mais, sempre desconfiei de gajos que não se casam mas andam por aí a meter a viola no saco à mesma...

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    1. Boas
      Daniel simplesmente em Cheio, sei que têm orgulho nisso
      Quanto ao partido do Padre, não sei, será que é o partido do celibato?

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    2. É o partido ao meio, faltando o milagre da multiplicação.

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  7. Daniel. Devo-te responder somente ao ponto 3.c): Eu publiquei a minha desfiliação do PSD no meu Facebook, simplesmente para os meus amigos não me voltarem a associar ao PSD, do qual fui militante activo durante mais de 20 anos, mas Partido esse que já não me revejo a nível Nacional. Fui convidado e aceitei ir na listas do PS para a AM ( que ja tinha ido á 4 anos, e ja fui por varias vezes á AM na qualidade de Deputado Municipal pelo PS). Vou na lista do PS, mas como Independente e não assinei qualquer boletim de militância. Vou porque acredito no projecto de Adelino Mendes para o nosso Concelho e não por ser do PS. Nas autárquicas não devia haver partidos, mas sim projectos. quanto ao resto das tuas farpas tem a ver com convicções pessoais e ai cada um "mija" com a sua. E as tantas gostarias de ter uma como a minha...

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  8. Daniel,

    És grande. Grande e bonito!

    Um abraço do amigo,
    Adérito

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    1. Estava a achar estranho isto não resvalar para a panascagem...
      Com o slogan "há 26 anos a virá-las", coisa diferente não seria de esperar. Ainda gostava de saber o que por lá se faz... sabe deus se não acabam todos no bar da liga (ou será "das ligas"?) a fazer brindes com copinhos altos de bebidas cor-de-rosa...

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  9. Boas
    Caro Adérito têm razão O Daniel é grande você é pequeno, podia não ser grande coisa, mas têm carácter, tal como o Senhor, os homens não se medem aos palmos e a escrita não se faz a metro, no entanto, o bom português andou sempre de braço dado com a matemática, não me admira que se elogiem um ao outro.

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  10. Agora a sério (que aquilo da panascagem era uma provocação que, imagino, vá ficar sem resposta): os Araújos são uns fiches (perdoem a falta de erudição na expressão). São muito mais que isso, claro. E sobre essa noite, tenho apenas uma coisa a dizer, e que tu, Daniel, entenderás o "quê", o "porquê" e o cumprimento:

    Tu ris, tu mens trop
    Tu pleures, tu meurs trop
    Tu as le tropique
    Dans le sang et sur la peau
    Geme de loucura e de torpor
    Já é madrugada
    Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda

    Mata-me de rir
    Fala-me de amor
    Songes et mensonges
    Sei de longe e sei de cor
    Geme de prazer e de pavor
    Já é madrugada
    Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda

    Vem molhar meu colo
    Vou te consolar
    Vem, mulato mole
    Dançar dans mes bras
    Vem, moleque me dizer
    Onde é que está
    Ton soleil, ta braise

    Quem me enfeitiçou
    O mar, marée, bateau
    Tu as le parfum
    De la cachaça e de suor
    Geme de preguiça e de calor
    Já é madrugada
    Acorda, acorda, acorda, acorda, acorda

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  11. Amigo e companheiro Daniel Abrunheiro, boa tarde.
    Escrevi aqui, ontem, que afazeres de primeira prioridade têm-me cerceado de participar no Farpas.
    Mas li o teu escrito em tempo útil, mas sem tempo para te comentar.
    Quanto ao Diogo, dizes “a única questão dele é tomar o Poder, que se calhar merece”.
    Não é se calhar. É mesmo por mérito próprio.
    Mas estiveste mal com o Reverendo Padre João Paulo.
    Ele está a cumprir a sua missão na Terra e não se mete contigo, nem te pede para o seguires.
    Os Araújos fazem o favor de serem meus amigos e eu retribuo.
    Quanto a só agora vir à liça, é porque estive ontem à noite na apresentação da lista do Partido Socialista para a novel União das Freguesias de Albergaria, São Simão e Santiago de Litém.
    Os socialistas são pessoas de bem, mas muito imprevisíveis, pelo que tive que os vigiar de perto, incluindo na Festa de Verão do NADA.
    Abraço.

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