31 de julho de 2024

Ainda a sessão sobre o Marquês

O gabinete de comunicação (propaganda) do município, ou o próprio propagandeado, emitiu uma nota sobre o conteúdo da sessão de apresentação pública do 1.º Volume da Obra Completa Pombalina. Gente normal faz coisas normais;… 

O normal – o expectável – seria fazer uma nota sobre o que de mais relevante tinha sido dito na sessão, pelos oradores convidados, os ilustres Guilherme Oliveira Martins e Viriato Soromenho-Marques (coordenador científico da Obra). Mas não. A nota cita unicamente o longo rol de banalidades debitadas pelo dotor Pimpão, e destaca a mais tonta das suas ideias: construção de um grande Museu alusivo ao Marquês de Pombal. Já não estamos só no domínio da mais indecorosa propaganda; estamos no domínio do delírio. Um delírio que é preciso “matar” rapidamente; senão ele acredita na tonta ilusão, julga-a virtuosa porque não é contestada, e depois teremos mais um problema grave - mais um elefante branco… Que Deus nos acuda e pare este lunático, que nós não somos capazes.



Há muito sabíamos que estes tipos de eventos não se destinam a um qualquer público ou à divulgação da obra ou do pensamento dos convidados. Há muito sabíamos que o único fito destes eventos é a promoção do dotor Pimpão, através de um circuito de retroalimentação bem conhecido, sem qualquer consideração pelo público e pelos  convidados mais ou menos ilustres.  

Às vezes faço (fazemos) um esforço para poupar o Pedro, nomeadamente nos seus momentos de eufórica felicidade, como agora. Por isso, e por respeito às individualidades convidadas para a dita sessão e pela valia das suas intervenções, no post anterior, resolvi ocultar a tola intervenção do Pedro, mas a realidade é a que é e não há como fugir dela.

Decididamente, o maior “inimigo” (político) do Pedro é ele próprio, a sua avidez por cumprir-se. Há pessoas que são assim, vivem nesta sofreguidão, consomem-se e deixam-se consumir pelas suas ilusões. Se não estivesse como presidente da câmara, não vinha mal nenhum ao mundo o Pedro ser assim... 

30 de julho de 2024

Presidentes de Junta nas Assembleias Municipais – uma excrescência da nossa Democracia

Os contratos interadministrativos celebrados entre as câmaras e as juntas de freguesia – também muito usados por cá – são estratagemas para transferir recursos do orçamento municipal para as juntas de freguesia. Passam pelas Assembleias Municipais como cão por vinha vindimada porque se convencionou que são coisa virtuosa. Mas não são; padecem de vários vícios, nomeadamente formas de subordinação política e fraco controlo do convénio e dos dinheiros públicos.



Agora, a Direcção-Geral da Administração Legal, as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional e a Inspecção-Geral de Finanças vieram dizer que os ditos contratos são ilegais porque foram votados pelos presidentes de junta com assento nas reuniões das assembleias municipais. Coisa óbvia mas contestada por uma dita Associação Nacional das Assembleias Municipais – há associações para tudo o que possa proporcionar fácil acesso aos orçamentos públicos.

No entanto, a excrescência maior não é votação dos interadministrativos pelos presidentes de junta nas assembleias municipais ou os próprios contratos, é a presença dos presidentes de junta nas assembleias municipais - uma distorção democrática que viola os mais elementares princípios democráticos, como bem explicou, há tempos, o constitucionalista Vital Moreira.  

Por cá, a excrescência vai em crescendo, com os presidentes de junta a monopolizarem o debate político e servindo-se de tudo para esbulhar o orçamento municipal. Então, o das Meirinhas chega a ser obsceno.

29 de julho de 2024

Marquês - lérias não adubam choupas

Acabei de assistir à apresentação do Volume I da Obra Completa Pombalina, sobre a figura do Marquês de Pombal, promovida pelo executivo municipal; não por qualquer admiração especial pelo estadista, que não nutro, mas pela oportunidade de ouvir ao vivo, e sobre esta temática, dois intelectuais de grande craveira: Guilherme d’Oliveira Martins e Viriato Soromenho-Marques (um dos coordenadores científicos da obra) - mais o segundo, por razões ideológicas e intelectuais.



Raramente assisto a este tipo de iniciativas - e pelos vistos não sou o único atendendo à fraca presença de público - pela simples razão de, regra geral, não aportarem grande valor - são pífios desfiles de pequenas vaidades com muito formalismo bacoco. Neste caso, a coisa foi salva pela boa intervenção de Viriato Soromenho-Marques. Guilherme d’Oliveira Martins faltou! 

Julgo conhecer razoavelmente bem o pensamento de Viriato Soromenho-Marques e, por isso, causava-me uma certa curiosidade, e até alguma estranheza, a sua forte ligação a este estudo. Fiquei esclarecido e compreendo a sua admiração pela figura e legado do Marquês, alicerçado no seu forte impulso reformista e construtor. No que se refere ao lado mais tenebroso, a perseguição aos jesuítas, Viriato Soromenho-Marques reparte a culpa pelas duas partes, e afirma que se o conflito tivesse sido evitado Portugal teria avançado um século. Talvez.    

Também conheço – demasiado bem – a afeição milagreira que o poder desta santa terrinha nutre pelo Marquês e como a tenta inculcar na comunidade. Mas sejamos justos e realistas: nada contra o município apoiar estudos credíveis (como parece ser o caso) sobre figuras históricas com ligação à terra; tudo contra a tola fantasia do filão promocional do concelho em torno de figuras históricas, sejam elas Marqueses ou Condes. 

Ou como dizia o pastor: ò malhado (ò Pimpão), lérias não adubam choupas.

Adenda: esta coisa de anunciarem dois oradores, um faltar, e depois aparecerem quatro (!) - cinco se contarmos o presidente - mostra algum amadorismo e grande desprezo pelo público, que parece ser recíproco.

28 de julho de 2024

Pombal nas entrelinhas

Vale a pena visitar a exposição “Pombal: desenhar nas entrelinhas da cidade”, patente nos claustros da câmara; um trabalho desenvolvido por estudantes mestrandos de arquitetura da Universidade de Coimbra (DARQ-UC), sob a coordenação do Professor Nuno Grande, que apresenta um “conjunto de propostas de regeneração da cidade, de forma a ultrapassar linhas-barreira” e vários estrangulamentos. Mas expõe, também, de forma clara, os múltiplos erros e atentados urbanísticos cometidos nas últimas décadas e nos últimos anos, que a orografia e a fisiografia, por si só, não justificam.



Ao contrário de outros planos, este aporta valor e aponta opções e soluções válidas que importa avaliar e programar no tempo. Na verdade, há muito se sabia que a interligação entre poder local e academia (entre problemas estruturais e conhecimento) é mutuamente virtuoso. Então, porquê ir por atalhos quando se pode ir por via directa?

Abordarei o estudo, mais em pormenor, oportunamente; agora é tempo de festa.

23 de julho de 2024

Escola Conde Castelo Melhor – o desgoverno total

São os investimentos públicos (bem feitos) que asseguram a sustentabilidade e a qualidade de vida das populações. Em Pombal, têm sido desastrosos ou desproporcionais. A área da Educação é paradigmática deste funesto quadro, mas não é a pior...

Quando um governo central - do PS - avançou, no início deste século, com o modelo dos pólos escolares e respectivo financiamento, alternativos às obsoletas escolinhas do Estado Novo, Narciso Mota e seus apoiantes recusaram o modelo optando bacocamente pela recuperação das humildes e isoladas escolinhas de aldeia. Resultado: desperdiçaram dinheiro e ficaram sem escolas (dignas). Mais tarde, renderam-se à evidência e às exigências do progresso. Mas não o fizeram numa lógica de utilidade, de resposta prioritária às necessidades; antes pelo contrário, construíram Centros Escolares onde não havia alunos, e deixaram a cidade sem escolas do 1.º ciclo dignas. Só mais tarde responderam - mal - à crescente procura, sem planeamento e já sem apoios.  Por exemplo, a situação mais premente, a Escola Conde Castelo Melhor, sobrelotada e sem condições mínimas para uma efectiva aprendizagem, ficou para o fim! Mas finalmente decidiram avançar para a requalificação...



Como a escola não era do município, resolveram comprá-la. Pagaram 719.000 euros, e acharam que fizeram um bom negócio. Com o edifício em sua posse, decidiram avançar para a requalificação das instalações. Mas nas primeiras vistorias perceberam, tarde demais, que a estrutura do edifício não oferecia condições mínimas de segurança. Vai daí, resolveram não requalificar o edifício mas construir um novo Centro Escolar, com 10 salas de aula, enfurnando mais uma escola num emaranhado de prédios e no centro da cidade. Uma opção démodé, própria de quem não integra no seu pensar critérios de planeamento urbanístico actuais e de adequabilidade dos equipamentos ao seu fim.

Lançado o concurso, entregaram a empreitada por uns módicos 4.400.000 euros!, suportados totalmente pelo orçamento municipal (que não chega para tudo). Como pela boa expectativa preveem que a construção demore dois anos (os prazos para esta gente é coisa meramente indicativa), e porque o município não dispõe de alternativa na cidade, resolveram alugar uma dúzia de salas a uma escola privada, pagando a módica quantia de 312.000 euros, mais obras de requalificação das salas (umas boas dezenas de milhares de euros). 

Tudo somado, e admitindo nenhuma derrapagem nos custos - coisa improvável - cada sala vai ficar acima de 600.000 euros! E assim teremos um Centro Escolar inadequado e caríssimo, que ganhará, com certeza, o título de escola com as salas de aula mais caras do país e arredores. Porque é que isto acontece? Porque temos uma classe política impreparada, que não planeia nem faz contas.

De desvario e de comédia em comédia, assim vai esta santa terrinha.

19 de julho de 2024

Reunião da “Junta”

Na última reunião da “Junta”, ontem, quase só se discutiu o novo slogan/marca da terra. Coisa de somenos que, se não fosse tão aberrante, nem aqui - local dito de má-língua - tinha entrada.

A discussão permitiu (re)confirmar uma evidência que entra pelos olhos de qualquer cego: o dotor Pimpão & C.ª pode praticar as maiores tolices do mundo que perante aquelas duas alminhas do PS parecerá sempre um estratega e um gestor esclarecido.

Vejam, e digam se é ou não é verdade.

18 de julho de 2024

Pombal Centro Natural de Portugal – uma aberração

O dotor Pimpão resolveu torrar 55.000 € num slogan (ele chama-lhe marca) para Pombal – “Pombal Centro Natural de Portugal”. A rapaziada da ETAP fazia melhor, e muito mais barato.



“Pombal Centro Natural de Portugal” é uma aberração completa. O centro natural de Portugal é Vila de Rei, terra do Portugal profundo. Nós somos outra coisa e não somos nada, também por causa destes desvarios. Por isso, custa-nos muito perceber esta abstrusa aberração; se é a natural queda juvenil para a asneira, a impulsividade crónica, a vontade de torrar dinheiro ou a necessidade de o atribuir?

Em Pombal, a abundância de slogans promocionais do concelho é inversamente proporcional à qualidade deles. Já tivemos vários: "Pombal - do Mar à Serra"; "O meu coração bate por Pombal", “Pombal, Cinco Sentidos”, etc. O traço comum é a sua pobreza ritmo-melódica e a dissintonia com a realidade. Morreram todos de morte morrida, à nascença. Curiosamente, o mais badalado foi “Pombal, concelho charneira”, saído gratuitamente da cabeça do presidente Narciso Mota. Não "charneirou", morreu naturalmente com ele. 

"Pombal Centro Natural de Portugal" é só mais um triste episódio desta epopeia do irrisório, feita de pomposa mediocridade e vaidade pacóvia.

9 de julho de 2024

Do estado a que chegámos



Na semana passada houve eleições para os órgãos internos do PSD e do PS, os dois maiores partidos no país, e também (supostamente) em Pombal. 

Por aqui, a política partidária tornou-se desgraçadamente desinteressante - até para nós, aqui no Farpas. Mas o pior, plasmado no que aconteceu nesses actos eleitorais, é o desencanto que se instalou dentro dos próprios partidos: no PS não apareceu ninguém para se candidatar aos órgãos concelhios, no PSD o que apareceu é sintomático desse estado a que chegámos, como bem pode o leitor apreciar: quatro jotas passados do prazo, um presidente da junta que acha que pode chegar a vereador, e o inerente Pimpão. (Humberto é um senhor, e por isso não debandou, já). 

Depois da ‘folha de rosto’, aparecem os empregados da política, passados, presentes e futuros - um misto do gabinete de Diogo Mateus com o de Pedro Pimpão. Já a era de Narciso Mota ficou paradoxalmente guardada para aquele órgão denominado “Conselho Estratégico”. Tudo fresco e vivo para pensar (n)o futuro, devidamente separado do mundo rural, etiquetado de “conselho das freguesias”.

Ora, uma vez arregimentados todos, todos, todos (até o tresmalhado José Gomes Fernandes) sentimos aqui a falta de João Pimpão. Imperdoável. 

7 de julho de 2024

Coisas de cidade de província perdida no tempo

Não tinha que ser assim, mas infelizmente é: Pombal - cidade província – tem uma propensão natural para a parolagem. Mas se já nos chegava e sobrava a nossa, porquê atrair e fomentar a alheia?!