Há um princípio em comunicação que estabelece uma regra clara: o que não é publicado "não existe". E esse é um mantra antigo, muito antigo, da era pré-digital e redes sociais. É quase tão antigo como o princípio do respeito pelas ideias dos outros, renegando o plágio. Ora, vendo o que aconteceu em Pombal nos últimos dias concluímos que, por cá, juntamos o pior dos dois mundos.
Não bastava a Câmara ter sido acusada de roubar a ideia de um festival de arte urbana a um punhado de artistas locais, conseguiu ainda fazer o pleno: gastar o (nosso) dinheiro e esforçar-se por não o divulgar, quiçá com vergonha do sucedido.
O local foi bem pensado, a iniciativa também, e é sabido que em Pombal corre uma cena de Hip-Hop - com vários trabalhos já gravados por malta da terra. Também é sabido que a arte urbana tem não só seguidores como promotores, e por isso fazer um festival dedicado a uma e outra coisa junto à Casa Varela, era mais do que tirar a cultura debaixo da ponte, encimando-a. Mas é preciso que se saiba que as coisas acontecem, sob pena de se fazerem só para quem as executa. Trazer a Pombal nomes sonantes como o lendário Sam The Kid, Nasty factor ou Vludo, limitando-se a um post na página do Município é não só ofensivo para os artistas como para quem lhes paga: nós.
Ao longo das últimas horas sucederam-se lamentos de quem só soube que cá estiveram depois do evento ter acontecido. Porque o gabinete de comunicação da Câmara funciona como se estivéssemos em 2004 e bastasse enviar uma nota de imprensa para os jornais - que nesse tempo eram vários - duas semanas antes. Ou então em 2008, e o mais ousado fosse um post no facebook.
É recorrente esta falta de comunicação da autarquia, que o presidente pensa que compensa com a promoção da arte de rotear por aí, nas suas páginas pessoais. De que nos serve que promova os eventos depois de acontecerem?! O que interessa que descarreguem fotos à pázada na página da Câmara se a divulgação não existiu?
Assim não, Pimpão. Assim não vamos lá. Muito menos cativamos os mais novos para darem de si à terra. A não ser que a ideia seja só chamar os que já estão predestinados, vulgo "jovens autarcas" e quejandos.
O Faz P.Art - Street Art Festival”, tinha tudo para criar público: um festival ligado à arte, ao ar livre, à sustentabilidade e ao meio ambiente. Mas aqui temos o síndroma invertido de Midas. E não promover...Faz Parte.
É tudo uma questão de visibilidade. No próximo fim de semana, temos as tasquinhas e foi largamente publicitado. Quando não se quer dar uma relevância a um evento, nem se fala nele. Este Município deve ser dos Municípios do País com mais festas, eventos, e almoços/jantares de Associações de Portugal e tudo é bem divulgado até nas paginas pessoais do Presidente.
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