“Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto” é o título de um livro de Mário de Carvalho, publicado em 1995, que li em 2005, e que agora, no prelúdio de novo “processo autárquico”, resolvi revisitar, porque nada como a boa ficção para compreender a triste realidade.
A narrativa, romanesca e em tom galhofeiro, plena de fina ironia e mordaz sarcasmo, gira em torno de um burocrata da pequena burguesia do funcionalismo, Joel Strosse, que sempre viveu de aparências e da posição adquirida, mas desiludido e frustrado com a vida (os novos tempos) decide ingressar no PCP. Aí encontra Vera Quitério, diligente e astuta funcionária do partido, que antes de lhe entregar a ficha de inscrição dispara a frase-cliché, que sempre usava naquelas circunstâncias: “Era bom que trocássemos umas ideias sobre o assunto”.
A beleza da frase, e a cuidadosa condução da conversa, nunca mais me saiu da memória. Daí que, neste periclitante contexto, tenha revisitado o livro. Com a premência que a situação exige, recomendo aos meus camaradas de partido - e aos outros, porque não - a sua leitura. Recebam-na como uma modesta contribuição para minorar desilusões, desgostos e desastres colectivos e individuais.
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