Mal se soube que o lugar de vereador do PS na Câmara de Pombal iria ser ocupado por João Coelho, o PSD não perdeu tempo a pôr as unhas de fora. Ontem à noite disparou um comunicado vil, completamente desmedido, travestido de nota à imprensa. Diz o PSD que "lamenta que o PS Pombal tenha enganado os pombalenses" e que "a renúncia de Fernando Matos demonstra estratégia socialista premeditada". Quanto à primeira, já lá vamos. Quanto à segunda, era bom, era. Significava que no PS Pombal havia estratégia.
Lendo atentamente o laudo timbrado pelo PSD, percebe-se bem o desconforto: que bom seria se ali continuasse para todo o sempre doutora Odete, mas não podendo ser, que fosse o doutor Fernando Matos, "o meu amigo Fernando Matos" - como a ele se referiu nos debates o todo-poderoso Pedro Pimpão. Ora, quer dizer que isto de o PS só ter um vereador foi uma grande vitória, mas isto de ter João Coelho ali a incomodar é uma chatice. E sim, até poderia ter sido premeditado, mas estou em crer que Coelho só não foi candidato porque não quis. É passível de crítica? É. Pode o PSD vir dizer que foi premeditado? Não.
Ora vamos então fazer um exercício de memória, coisa que - já se percebeu - rareia no PSD local. Poderíamos começar pelo topo, quando essa reserva moral do partido que é Durão Barroso decidiu dar de frosques do lugar de maior responsabilidade - o de Primeiro Ministro - para a Comissão Europeia. Bem sei que nessa altura o presidente da concelhia do PSD, João Antunes dos Santos, à época adolescente, o mais alto que via era a presidência da associação de estudantes da Secundária de Pombal. Mas aconteceu, e isso sim, foi enganar os portugueses, colocando Santana Lopes no poder. Mas vamos descer na hierarquia do país, para ser mais fácil: 2009, Leiria. A medalhada deste ano no 11 de Novembro, Isabel Damasceno, agora intocável presidente da CCDR, perdeu as eleições para a Câmara de Leiria, quando se preparava para um terceiro mandato. Renunciou ao mandato do PSD, deixando o partido tão esfrangalhado em Leiria como o PS em Pombal desde 1993. Claro que dessas autárquicas que colocaram o PSD neste pedestal em que hoje senta, JAS não tem memória. Ainda não era nascido. Mas fazemos o obséquio de lhe contar: nesse ano em que veio ao mundo, muita coisa aconteceu. Por exemplo, o executivo com que Narciso Mota ganhou a Armindo Carolino, foi logo estraçalhado nos primeiros meses, quando a promessa do vereador para as Finanças da Câmara, César Correia, bateu com a porta e renunciou ao mandato. Mas outros se haveriam de seguir (o próprio João Coucelo, agora essa espécie de senador do PSD que até sabe de cor a letra dos Vampiros), ao longo do reinado de 20 anos. Quem havia de dizer que o PSD local chegaria a este estado de dar tiros nos próprios pés, armando-se em arauto da moral, fazendo letra morta da lei - que prevê isso tudo, no universo das suspensões e renúncias, num impulso infantil.
Por fim, vamos descer à terra de de Joãozinho, Vila Cã. Há dois mandatos consecutivos que a população elege um presidente da junta que passa a maior parte do tempo ausente. Conta-se pelos dedos da mão (e sobram) as assembleias municipais em que se foi ele próprio, ao invés de se fazer representar pela substituta.
Pensando bem, percebe-se que pelo menos há estratégia. O PSD atirou ontem ao inofensivo PS porque era preciso anular um outro escrito: a carta aberta do movimento Pombal Independentes à presidente dos Bombeiros, Ana Cabral, que é também secretária da AM. O episódio (que deveria ter vindo a público logo na hora, durante a campanha, até para se perceber que, dos 9 membros da direcção, 6 iam nas listas do PSD em lugares de destaque) mostra bem como o PSD controla, à descarada, as associações e instituições do concelho. De resto, o dia terminou em cheio, com a eleição da mais nova das irmãs Longo para a presidência da Associação de Pais da escola Gualdim Pais. Ah, também lá está o comandante dos bombeiros.
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