21 de agosto de 2008

Évora de África


Amanhã, será com um prazer enorme que vou ficar com a lágrima no olho, ao ver o Nelson, subir ao lugar mais alto podium, e ouvir aquela música que tem a capacidade de se nos gravar no código genético.
Gosto especialmente desta vitória porque tem a particularidade de ser a primeira portuguesa de um atleta de origem africana, o que representa uma celebração de um laço sentimental feliz entre Portugal e África, que podia ser hoje muito mais frutuoso, se a cegueira colonialista não tivesse durado tanto.
A vitória de Nelson veio elevar os espíritos desalentados com a prestação olímpica portuguesa e veio lembrar que um atleta não se faz só de uma boa estrutura física e técnica, mas também de um bom arcaboiço mental, como evidencia nas entrevistas após a prova.
Além das causas que já se conhecem para justificar os restantes resultados da nossa prestação olímpica, a falta de apoios e de uma política estruturada e sustentada de incentivo à prática desportiva, grave, para mim, não são os resultados, mas as infelizes declarações de alguns atletas. A polémica devia dar que pensar aos próprios e aos treinadores. É que a pressão mediática actual exige ainda mais que o atleta saiba ser assertivo, humilde, e seja capaz de auto reconhecer os pontos fracos, para poder justificar com consistência os seus resultados, em vez de atirar desculpas de última hora para os microfones. O físico treina-se. É coisa técnica, de persistência e perícia. A mente educa-se e desenvolve-se ao longo de muitos anos. E não é só nos campos, nos ringues ou nas pistas.

2 comentários:

  1. O Nelson é isso tudo, sim, Dina. Talvez a humildade seja a dose maior nesse bolo de personalidade. Este ano treinou em Pombal durante algum tempo na pista coberta que esteve instalada na expocentro (tb há coisas boas, sim...) e pude perceber a ligação que estabeleceu com os miúdos que ali treinavam. Correu ao lado deles, fazendo-os sentir verdadeiras estrelas. É grande ele, sim. E estou como tu: arrepiada de emoção :)

    ResponderEliminar
  2. Só mais uma "achega" para a persolnalidade do homem...

    "O português revelou-se ainda um exemplo de fair-play. O seu amigo e adversário cubano Girat (4º lugar, 17,48m) queixou-se de dores num pé. "O Nélson pediu à namorada para lhe trazer uma palmilha de Lisboa e ofereceu-a ao cubano, que saltou sem dores", frisou o treinador, João Ganço" (CM Online, 22.Ago.2008)

    ResponderEliminar

O comentário que vai submeter será moderado (rejeitado ou aceite na integra), tão breve quanto possível, por um dos administradores.
Se o comentário não abordar a temática do post ou o fizer de forma injuriosa ou difamatória não será publicado. Neste caso, aconselhamo-lo a corrigir o conteúdo ou a linguagem.
Bons comentários.