8 de dezembro de 2021

Um PSD cada vez menos de todos e cada vez mais de Rio

A noite das facas longas chegou e aquilo que Rio gostaria de ter feito há 2 anos teve agora a liberdade para o fazer: escolher quem quer para posições elegíveis. Já o tinha começado nas últimas autárquicas, fecha agora com força a porta a quem não for yes-man.

Com isto, seca a oposição interna, os outros, porque os tira da política profissional e terão que se dedicar a outras profissões, visto que autárquicas só são daqui a 4 anos e não há grandes alternativas porque não é poder. Não sendo políticos profissionais deixam de poder fazer oposição de forma profissional e consistente. Vamos seguramente ouvir vozes de alerta aqui e ali, mas a falta de consistência dificilmente conseguirá mobilização alternativa.


Rodeia-se de uma geração mais velha, mais conservadora, e portanto com maior propensão para se segurar no poder do partido e disposta a aceitar benesses do partido no poder, desde que mantenha benefícios para este grupo. Comissão aqui e ali, mais uma nomeação etc. 


O partido ideológico, de massas, da social democracia desaparece definitivamente. Passa a dar lugar à estratégia política, à capacidade de negociação. Mais ainda, esvaindo-se a ideologia, cresce a importância da representação autárquica - quem irá mandar no partido serão os filiados autarcas, porque serão a única garantia de trabalho eleitoral e mobilizadora de votos.


A geração nascida na década de 80 é praticamente dizimada da lista para a Assembleia. Cristóvão Norte, Duarte Marques, Rui Cristina entre outros. Geração qualificada mas indicadora também do corte geracional.


Rio perdurará na liderança, tal como Portas no CDS. E todos sabemos o que aconteceu quando finalmente se cansou de ser o centro de decisão. Caso não consiga ser primeiro ministro manter-se-á na liderança por muitos anos reforçando a sua estratégia. Se conseguir ser eleito o “partido partido”, como diz Alberto Joäo Jardim, irá tolerar estas mudanças de centralização.


Por Leiria Paulo Mota Pinto substitui Margarida Balseiro Lopes (que apoiou Paulo Rangel depois de nas anteriores eleições ter apoiado Rio e a mudança paga-se caro). Troca-se a juventude e a paixão pela lealdade e senioridade. 


Esta mudança é positiva a Pedro Pimpão, que ganhou com grande expressão em Pombal e permite-lhe reforçar influência a nível nacional dentro do partido. Mesmo que na campanha autárquica tenha convidado Paulo Rangel para a “festa da ribeira” no vale da Sobreira, terá agora em Paulo Mota Pinto uma ligação directa à Assembleia da Republica e a Rio, que manda em absoluto no partido. Estrategicamente é bom para atração de investimento público para Pombal (mesmo que Rio não seja primeiro ministro porque vai conseguir negociar orçamento e a autarquização do partido trará assuntos desses para a mesa). Será desta que o estado investirá num centro logístico rodoviário? Um grande investimento do sistema permitiria garantir um legado sério para além da felicidade.


A simpática Margarido Balseiro Lopes sai. 


Como último acto enquanto deputada escolhe uma reunião de trabalho com: Aurélio Ferreira, o independente agora Presidente da Câmara  da Marinha Grande, o herói dos autarcas independentes, e deixa uma mensagem clara sobre o seu posicionamento. 


Margarida refere na sua mensagem de despedida: “Quem achar que a política se divide entre os bons e os maus presta um péssimo serviço à democracia.” Pois é, mas quem pensa assim é que manda agora.




3 comentários:

  1. O partido de base ideológica social-democrata já tinha desaparecido há muito. O Rui Riu pode reposicionar o partido mais ao centro. Vamos ver se o consegue…
    Como os partidos se transformaram em simples estruturas de luta pelo poder, é logico que nas disputas internas quem ganha ganha e quem perde perde. O Pior é quem perde querer - achar que tem condições para - promoção e poder, como a rapaziada de cá queria, numa encenação que roçou o obsceno.
    Esta jogada de colocar o PM Pinto como cabeça de por Leiria – que previ – foi uma estocada na estrutura e nos aventureiros locais. Devia servir-lhes de lição…
    A Balseiro traiu o Rui Rio – coisa feia -, mas pelo menos teve a dignidade de sair pelo próprio pé antes de ser excluída.

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  2. O grande timoneiro já dizia: Quem com ferros mata, com ferros morre.

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  3. Amigo e companheiro Luís Couto li com muita atenção o seu post e ficou para mim muito claro que concorda comigo quando afirmo que Rui Rio vai ser o próximo Primeiro Ministro, com uma margem confortável, para poder fazer as reformas que foram sempre adiadas pelo ainda PM, que colocou o País à beira do precipício, só faltando dar o passo em frente.
    As desculpas foram sempre justificadas pela pandemia, mas esta não pode ser desculpa para tudo.
    E mais ainda, Rui Rio está determinado em colocar o Estado ao serviço das pessoas e não o seu contrário, repondo os Direitos, Liberdades e Garantias que perdemos nos últimos seis anos.
    Nesta linha de pensamento solicito-lhe que, todos os dias, ao fazer a sua higiene matinal, fale com o seu espelho e assuma que, nesse dia, vai convencer um eleitor a votar em Rui Rio, nas eleições legislativas do próximo dia 30 de Janeiro, para que o País pule e avance.
    Saúde e Fraternidade

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