Na última reunião da AM, o doutor Pimpão teve o seu primeiro momento de glória política, enquanto presidente da câmara. Fez o pleno - a felicidade geral – com aquisição de uns terrenos rústicos, em leito de cheia, sem potencial de valorização, ao preço do ouro – 27 € por metro quadrado – valor que passa a ser a referência para este tipo de solos. Foi comovente, e bonito, ver a felicidade daquela gentinha, ávida de bajulação, e a troca de salamaleques entre eles.
Coube ao doutor Siopa a abertura dos encómios; pois quem melhor que ele o saberia fazer. Subiu ao púlpito e desafiou os outros a fazerem o mesmo… Na verdade, o púlpito e o doutor Siopa foram feitos um para o outro, fazem um perfeito binómio. O púlpito eleva; e o doutor Siopa, que fala bem e está convencido que apreciam o que diz, gosta de se elevar. No seu hilariante floreado, resolveu justificar o elevado preço dos terrenos com o patético argumento de “daqui a CEM anos ninguém se vai lembrar do valor pago”. A nossa desgraça política não é o doutor Siopa existir (politicamente) e fazer estes números, até porque daqui a meia dúzia de anos ninguém se vai lembrar que ele existiu; é a classe política estar povoada com criaturas como o doutor Siopa.
Seguiu-se-lhe no púlpito o doutor Coucelo, um gentil-homem sapiente e com memória, penosamente amarrado ao papel de apontador de faltas e presenças, que também sabe e gosta de falar (do púlpito), e que logo ali, a contragosto, teve de desmentir o doutor Siopa. A falta de memória é um empecilho terrível.
Seguiu-se-lhe, depois, o doutor dos Santos, esse alfenim que sorri quando fala e fala quando sorri, tipo pintassilgo, e lambe os beiços de gosto quando bajula alguém. Naquele momento, conveio-lhe bajular o doutor Siopa...
Muitas outras almas foram para ali dar ao rabo e fazer gala dos seus créditos pelo “feito”! Mas de umas já falámos demais; e com outras não vale a pena gastar mais latim. A não ser para dizer que, no meio de tanto disparate, saíram da boca do João Pimpão as palavras mais ajuizadas – quem diria!
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