4 de dezembro de 2008

Em Pombal, greve dos professores perto dos 100%

“Isto é a prova que a ministra da Educação não tem condições para continuar no cargo e o número de processos que aderiu à greve é significativo da contestação ao modelo de avaliação”, afirmou Fernando Mota, conselheiro nacional de escolas em representação de Pombal (in Radio Cardal)
Outra coisa não seria de esperar, por causa da recusa da avaliação e pelo resto.
Os professores não estão só contra a avaliação, estão contra a reforma e a melhoria da escola pública. Porque recusam toda e qualquer mudança, contestam tudo o que seja mudança. Como a ministra quer mudar, combatem a ministra. E desobedecem-lhe publicamente, depois lamentam-se…

9 comentários:

  1. Desta vez não concordo plenamente consigo. Este modelo de avaliação não é viável. Um exemplo: um professor chega a uma escola nova, tem novas turmas e no inicio do ano lectivo tem de indicar a percentagem de aprovação? sem conhecer os alunos que vai ter?.. E não podem dar mais do que uma percentagem de negativas porque o ministério não quer? Os alunos chegaram a um ponto que nem sequer pensam em trabalhar porque a passagem é quase garantida. A isto não chamo ensino.

    Os pressupostos desta avaliação são errados. É preciso mudar, logo todas as partes têm de conversar sobre a avaliação. Nem 8 nem 80.

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  2. Pois, sinceramente, e a julgar por posts anteriores, o Adelino alinha pela posição fácil de atalhar pelo assunto, sem tentar ver os dois lados da questão. A não ser o que morreu há 2000 anos e mais um ou dois bons samaritanos, não consigo lembrar-me de mais ninguém que adopte de bom grado um novo sistema de avaliação que lhe tire o tapete. Mesmo assim - e sendo isto válido para toda a alma caridosa - dizer que os professores são um bando de incompetentes (categoria que, não querendo fazer julgamentos em vazio, me parece abarcar mais pais que professores) é um passo e tanto. Foi o ministério, especialmente sob o actual Governo, quem mais dilacerou o que restava da educação com facilitismos e manipulação de estatísticas. Batemos no fundo. E não foram os professores que nos empurraram. Não gosto de Mário Nogueira. Mas não penduro posters de Maria de Lurdes Rodrigues por causa disso.

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  3. Quando a luta dos professores se intensificou, o governo cedeu nalguns aspectos, nomeadamente nas questões burocráticas, no facto de as notas dos alunos deixarem de contar para a avaliação dos professores e na questão de um professor ser avaliado por um colega de uma área diferente. Para mim, que estou por fora, a ideia que dá é que o governo cedeu, mas o Mário Nogueira entende que ainda não tem protagonismo suficiente, pelo que a luta continua.
    Ainda bem que conheço bons professores que não alinham neste botabaixismo e sentem alguma vergonha por ter aquele senhor a toda a hora na televisão, a falar em nome de uma classe que merecia outro nível na sua forma de representação.

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  4. A classe dos professores, tal como a dos engenheiros, dos advogados, dos jornalistas, dos médicos, etc, é tendencialmente conservadora. Por isso é que se assiste, com frequência, a reacções mais ou menos crispadas da parte de sindicatos e ordens sempre que alguém afronta os seus direitos adquiridos. Estas reacções coorporativistas são naturais e fazem parte das regras do jogo democrático. Quem governa deve, em cada momento, avaliar se essas reacções são legítimas ou não e agir em conformidade.

    O que se tem vindo a assistir no campo da educação é uma situação diferente, que não pode ser vista como uma mera reacção coorporativa. Se assim fosse, a adesão aos protestos não seria tão esmagadora. Quem pensa que os milhares de professores que se têm manifestado contra o processo de avaliação apenas reagem aos estímulos sindicais e não pensam pela sua própria cabeça, está, implicitamente, a passar um atestado de menoridade intelectual a toda a classe docente. Esta situação faz-me lembrar aquele soldado que, no dia do Juramento de Bandeira, afirmava que, quando o seu pelotão marchava, só ele é que estava certo. Neste caso, pergunto eu: de que lado estão os mentecaptos?

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Eu concordo que a classe dos professores não pode ser tratada como um funcionário público, daqueles que tem funções das 9 ás 6 e aguarda pelo fim do ano, altura em que chega a mais que certa progressão na carreira. Acho que o nosso futuro depende muito de uma aposta séria na educação. Agora, não percebo porque é que quando alguém quer fazer algo para melhorar, se ergue tamanha oposição à mudança. Acho que devem haver "cedências" de ambas as partes e a partir do momento em que o governo cedeu relativamente à proposta inicial, os professores perdem a razão quando mantêm esta intransigência.

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  7. É claro que estruturas de classe (ondens, sindicatos, ...) são por natureza corporativas e conservadoras. Logo, é sempre de esperar resistência à mudança e é legítima a defesa dos dos interesses de classe. O que revolta é a irracionalidade, o chinfrim e a vagunça colocada nesta batalha por uma classe que, sendo das das mais instruídas, deveria ter algum decoro e razoavilidade.
    As coisas ultrapassaram o limite do suportável.
    E, infelizmemnte, a principal responsabilidade pelo estado das coisas já nem é dos sindicatos e do Mário Nogueira. Melhor fosse...

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  8. Isso é verdade. Então a instrumentalização dos estudantes é do mais baixo.
    Aquilo a que não se pode ceder é a tratar os professores como se connosco fosse extraordinariamente diferente. Se qualquer um de nós passasse a ser avaliado de maneira (já nem digo pior, como este sistema claramente é) mais rígida, dificilmente o aceitaríamos de bom grado. Isso significa que o Governo deve manter sempre uma atitude, no mínimo pedagógica, de quem tem (ou deve ter) mais razão. Chegar ao ridículo de quase pedir para usar este sistema durante este ano lectivo para depois o mudar é deitar tudo a perder. Quem começou realmente isto foi o Governo, ao tratar a Educação (não só os professores) da pior forma possível. Só tenho pena que os outros funcionários públicos não tenham a mesma capacidade de mobilização. Fazia falta, com o sistema de avaliação ainda mais imbecil que lhes calhou. Quero ver como vai um chefe escolher 5% de Excelentes entre 10 ou 15% merecedores. Mas pronto, o que parece importante é que a avaliação exista, mesmo que seja má. Gostava que quem pensa assim pusesse a mão na consciência.

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