Depois de ter perdido a esperança na salvação da democracia municipal, eis que leio no Notícias do Centro: «a fiscalização da câmara municipal e do presidente da câmara deve ser feita na câmara municipal»; «os meus vereadores da oposição fizeram sempre um bom trabalho». Quem o diz é o social-democrata Fernando Costa, presidente da câmara municipal das Caldas da Rainha, contrariando a aflitiva unanimidade entre PS e PSD na defesa dos executivos monocolores. Pena que, em Pombal, a laranja seja bem mais azeda.
"E na epiderme de cada facto contemporâneo cravaremos uma farpa: apenas a porção de ferro estritamente indispensável para deixar pendente um sinal."
5 de abril de 2012
31 comentários:
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O Fernando Costa tem muito de semelhante com Narciso Mota. Mas nas diferenças destaco-lhe duas qualidades que fazem dele outro homem e outro político: tem imenso sentido de humor. E consegue ouvir (tudo, e não apenas o que lhe impingem)
ResponderEliminarÉ impressão minha ou aqui na região anda-se a ouvir falar muito no PC das Caldas da Rainha?
ResponderEliminarUma Santa Páscoa...
Já ouvi falar de swings... mas sendo um assunto Pascal, deixo-o para outras núpcias! :)
ResponderEliminar*"...mas sendo um assunto NADA Pascal..."
ResponderEliminarCompanheiro João Alvim, boa noite.
ResponderEliminarEu costumo dizer que ando dentro de um saco, mas com a preocupação de andar com a cabeça de fora.
E por onde anda a tua cabeça?
Eu, com a cabeça de fora, vejo dois candidatos do PSD à Câmara de Leiria para ganhar.
Ou o Engº Narciso Mota, ou o Dr. Fernando Costa.
Defendi a candidatura do Engº Narciso Mota a Leiria, nas últimas autárquicas, sem ser ouvido.
Agora, o Engº Narciso Mota diz-me que, reformado, se vai dedicar a inúmeras actividades que ainda não pode concretizar.
Já plantou árvores, escreveu livros, tem filhos, mas para ele é pouco.
Tem netos.
Mas continua a ser pouco.
Vamos ver.
Abraço.
Caro Eng.
EliminarEu agradecia a resposta, mas registo, contudo, que no seu saco, havendo espaço para tanta coisa, não há espaço para a ironia. Pena. Mas continue com as suas cruzadas. Um dia depois veremos.
Até lá...
Abraço
João Alvim, não é cruzada.
ResponderEliminarÉ missão.
E da mais católica que se possa imaginar.
Quanto à resposta, respondida está.
Mas até lá...
Abraço grande
Já o era resposta antes mesmo de ser pergunta.
ResponderEliminarMas por chamar à colação a religião, quase que me atrevo a pensar que é das cruzes que carrega e da absolvição que vai precisar pelos últimos 20 anos. Digo eu, que sou agnóstico e percebo pouco desses desígnios insondáveis que transformam gente em mendigos de migalhas de poder.
Abraço
Mário, boa noite.
ResponderEliminarAinda há pouquinho aqui estavas e desapareceste.
Deve ter sido aquela barata tonta que, volta e meia, ataca.
E só ataca o laranjal.
Repara que não ataca o roseiral.
Porque será?
Lembra-me aquela: Quantas voltas dá um cão para se deitar?
A resposta certa é: Volta e meia está deitado.
Abraço.
Boa noite!´
ResponderEliminarMarques estás num equivoco eu, até este momento, não tinha escrito nada neste tema!
As rosas estão a florescer, têm chovido pouco, aliás toda a flora e o coelho têm falta de água, este última começa a ser ameaçado pela mixomatóse ( é assim que se escreve?) os olhos começam a ficar com edemas e causam-lhe cegueira, a cegueira da troika também se pega pelo simples contacto.
Só agora se aperceberam do abismo em que estão a cair, empresas a fechar todos os dias, umas arrastam outras, o desemprego aumenta todos os dias e ninguém se apercebe que está no momento do Estado autorizar a realização de pequenas obras ou reparações, por todo o país, para restabelecer a confiança na economia e proporcionar a subsistência da pequena empresa que, afinal de contas, é a única que vai pagando os impostos e sustentando a pesada máquina do Estado.
Antes de mais a todos uma Feliz Páscoa.
ResponderEliminarSobre este assunto e embora considere o Fernando Costa um homem que em muitos dos casos consegue colocar “o dedo na ferida” neste particular não concordo com a sua posição. Aos órgãos executivos, não cabe fiscalizar, como tal não sei muito bem para que serve eleger vereadores que na maioria das vezes não tem funções nem pasta. A actividade fiscalizadora da acção politica cabe á Assembleia Municipal, e a técnica ás entidades do estado competentes (DGAL, Tribunal de Contas, etc.). Desta forma, o que me parece lógico é eleger para um órgão executivo alguém que tenha meios para executar e depois ser nas urnas avaliado por essa acção.
Relativamente à acção da Câmara Municipal, julgo que tem tido aspectos positivos e negativos. Penso que foram imprudentes não apostando mais na área económica reflectindo-se no aumento do desemprego, no entanto o facto de a Câmara não estar endividada, permite que se tomem medidas para obviar a esta consequência, vamos esperar para ver…
Caro João,
ResponderEliminar1. Não digo que o modelo actual de gestão autárquica não tenha imperfeições que devessem ser corrigidas, nomeadamente no reforço do papel das Assembleias Municipais. Esse órgão autárquico, assim como a Assembleia de Freguesia, necessita de ser dignificado e essa dignidade só é possível com mais competências e menos clientelas. Mas daí a acreditar que as Assembleias Municipais, mesmo com um forte reforço de competências, possam exercer eficazmente um papel fiscalizador vai uma grande distância. Acreditar nisso é como acreditar no Pai Natal: um acto de grande ingenuidade.
No nosso país as Câmaras Municipais foram, desde sempre, o local onde as diferentes sensibilidades partidárias e os interesses locais se confrontaram. Acabar, por decreto, com esse património é, quanto a mim, um grave erro com consequências nefastas para a qualidade da nossa vida democrática. (Fiz copy+paste de algo que já tinha escrito aqui no Farpas.)
2. Não me vou pronunciar sobre o trabalho de Fernando Costa na gestão do seu município pois não conheço. Mas, mesmo que tenha sido excelente, não vejo com bom olhos a sua eventual reciclagem como Presidente da Câmara Municipal de Leiria (ou outro município qualquer). Isso seria subverter a lógica da limitação de mandatos.
Abraço,
Adérito
Gosto honestamente de quem se disponibiliza para a vida politica, admiro ainda quem dedica parte da sua vida activa ao bem comum, sinto orgulho nos que em pouco tempo promovem e implementam as ideias e as politicas mais beneficas para a região que governam.
ResponderEliminarEnfim gosto da gente da politica que não faz vida e nem carreira profissional na mesma. Conheço alguns, de esquerda e de direita que o praticam ou praticaram mas infelizmente, também tanto à esquerda como à direita eles existem como que "pedestalados" no tempo e se mantêm nos comandos do seu municipio ou freguesia. Dois mandatos consecutivos de quatro anos e depois acabou-se. Nem ali nem acolá, uma sabatica de pelo menos igual tempo até se poder novamente candidatar a um lugar de autarca.
Dá tanto para os autarcas como para os deputados e ministros e afins que na politica se vão "espraiando", perpetuando e alguns mesmo até ... reformando antes do tempo que qualquer cidadão comum o faz.
Querem diferença? Exigem reformas? Procuram soluções? Desejam melhorar?
Mudem a Constituição da Republica Portuguesa em uns quantos pontos e entre outros;
- Acesso à cargos na vida politica - só quem tiver já um historial de pelo menos cinco anos de contribuir para a Segurança Social como trabalhador por conta de outrém, empresário ou função publica.
- Limitação de mandatos aos cargos politicos (deputados, ministros, autarcas) - dois de quatro anos e depois uma sabatica pelo mesmo tempo até de novo poder concorrer.
- Responsabilização politica com processo civil e criminal - quem for culpado e formalmente condenado que cumpra a pena e pague a quem lesou.
Enfim tantas ideias e tão pouca vontade.
Em modesta opinião - o que se vai fazer agora é nada.
Mudam-se as vontades e os pratos e continuamos a comer da mesma coisa ou seja... numa época de conhecimento e desenvovimento cada vez mais se vive na época dos conhecimentos e encobrimento.
-
João, Adérito, Fernando, boa noite.
ResponderEliminarAqui está um bom debate, com ideias e elevação.
Pena minha de não poder entrar nele, agora, por falta de tempo disponível.
Mas hei-de encontrar tempo para, também, entrar neste debate.
Abraços.
Boa noite!
ResponderEliminarSubscrevo integramente o texto do Carolino
Adérito,
ResponderEliminarAs mudanças que estão a ocorrer no mundo exigem que as instituições e as pessoas tenham novas respostas, naturalmente, coerentes com a nova realidade socioeconómica. Não é porque algo sempre foi prática, que temos de o manter, por apenas não termos garantia que o modelo substituto vai funcionar melhor. Cabe ás pessoas de forma inteligente encontrarem novos modelos. Citando o caso das autarquias, também prefiro o reforço do poder da Assembleia Municipal (AM), não com o aumento das suas competências (até porque a meu ver estão bem formuladas) mas sim com o reforço dos meios permitindo a realização do trabalho de forma mais profissional. Admito por exemplo que as AM tenham algum apoio administrativo independente de forma a que possam acompanhar de forma mais próxima os trabalhos que são feitos no município, um pouco a exemplo do que acontece com as Entidades Reguladoras.
Não existe normalmente em nenhuma cidade média, empresa que movimente mais dinheiro do que o município. Tendo as instituições públicas locais tal importância, naturalmente que temos de ter na sua gestão as pessoas mais competentes. Cabe aos partidos ter a consciência de que para desempenhar de forma adequada o seu trabalho devem ser competentes ao ponto de conseguir captar, inclusive de sociedade civil, os mais capazes. Se não o conseguem fazer, algo vai mal na nossa democracia, é porque na realidade, os partidos não conseguem estar o suficientemente próximos da sociedade para que sejam vistos como a solução para os seus problemas. Aqui vem a resposta ao Fernando Carolino, quando os partidos tiverem que legislar condições de acesso das pessoas á governação é porque eles próprios sentem necessidade de regular o seu exercício da actividade politica. É, no fundo, o reconhecer de um fracasso da sua própria organização enquanto instituições públicas.
Só a “talho de foice”, e socorrendo-me de uma foto que apareceu na revista do expresso da última semana, nessa dita foto, aparece a Assembleia da República, onde ao centro estão a conversar o Francisco Sá Carneiro e o Mário Soares e aparece ao fundo no hemiciclo o grupo parlamentar do CDS, encabeçado por Lucas Pires, Rui Pena, Freitas do Amaral e Narana Coisssoró, e o comentário”…Um quarteto de luxo! Mas a qualidade dos deputados era pedra angular de todas as bancadas”.
Um dos cernes da questão, citando o João:
ResponderEliminar"Citando o caso das autarquias, também prefiro o reforço do poder da Assembleia Municipal (AM), não com o aumento das suas competências (até porque a meu ver estão bem formuladas) mas sim com o reforço dos meios permitindo a realização do trabalho de forma mais profissional."
Discordo apenas das competências, que devem ser, até pelo que se viu há uns posts atrás, aumentadas em sede de apreciação da gestão da câmara quando "interfere" com a gestão de espaço e dinheiros públicos, mas o essencial é mesmo a eficácia.
A fiscalização que nunca houve, nem há, perante os executivos de maioria, tenham eles a cor que tenham servindo as Assembleias para ser meras caixas de ressonância. Mérito de quem ganha eleições, demérito de quem perde, mas sobretudo, e no quadro geral - o das execução das competências - prejuízo para todos.
A discussão não é virgem aqui, como o Adérito já referiu, e já na altura defendia que os executivos monocolores não se fazem qualquer confusão desde que haja fiscalização séria. Porque na prática temos em muitos casos, executivos com oposição, mas que são monocolores porque a oposição não tem qualquer poder para actuar. Não assumo nisto ingenuidade, mas a experiência, até lá de fora, mostra que quando os representantes podem ser escrutinados e mais proximamente responsabilizados, o laço estabelece-se com o eleitor e não com o cabecilha (pense-se, apenas por analogia, no caso Campelo). O facto de nunca termos tentado não quer dizer que não funcione, mas, e numa coisa dou-te razão, Adérito, é que a subversão da lei eleitoral, como aquele que se adivinha, dá azo aos maiores temores. Ainda assim arriscaria experimentar uma Assembleia com mais capacidade de fiscalização (pior não ficaríamos, parece-me).
Não me parece também que afecte a representatividade política, muito pelo contrário, desde que se garanta a efectiva independência dos órgãos, podendo tornar as eleições mais disputadas.
Quanto ao papel dos partidos, acrescentaria apenas que está na altura de cederem, a todos os níveis, o monopólio da representatividade política que se centra nas suas nomenclaturas. A primárias são um passo. Não o único, mas um passo para que não sejam meia dúzia de caciques a decidir quem serão os anónimos representados. Mas voltando ao essencial, urgiria repensar este modelo, juntamente com a reorganização administrativa. Afinal são os sítios mais próximos para a fiscalização do que se faz com o nosso dinheiro.
Caro João,
ResponderEliminarAs mudanças, por si só, não correspondem a um acréscimo de qualidade. Principalmente se forem feitas (como é prática no nosso país) por cópia de uma realidade que não é a nossa ou tendo por base heurísticas e casos de estudo sem relevância.
Um exemplo paradigmático é o que está a ser feito na reforma da Administração Local. Não há nenhum estudo credível que sirva de instrumento de apoio à decisão. Existe apenas a ideia de que há a necessidade de mudar. E, há luz desse paradigma, estamos dispostos a deitar ao lixo uma cultura ancestral e um know-how precioso.
Abraço,
Adérito
Pois bem Adérito,
ResponderEliminarComo muito bem sabes, nem só os estudos permitem que tenhamos segurança nas transformações que pretendemos implementar, existem outros métodos, nomeadamente através de processos de Benchmarking, que permitem com alguma segurança ter noção dos resultados que vamos obter.
Agora, é verdade que para a implementação desses processos de mudança, para além do planeamento temos de ter na execução das tarefas pessoas experientes e conhecedoras. Não é possível implementar nenhum processo de mudança adaptável ao contexto pretendido, plasmando por si só determinada realidade, existe sempre a necessidade de adaptações, dai ser imperioso envolver recursos humanos competentes e bem preparados.
Mas essa necessidade de implementação da mudança é um facto indesmentível, aliás o processo em que nos encontramos é bem prova disso, pois não é o mundo que está em crise, mas apenas uma parte, a EUROPA.
Temos de encontrar métodos, que nos permitam ser mais competentes, eu não tenho medo de propor alguns, pelos vistos o Alvim também não…mas é assim, propondo, discutindo, riscando, reconstruindo que se constrói um mundo melhor para nós e para os nossos.
Não temos de ter medo de viver nem de discutir, de forma livre para que se encontrem os melhores caminhos e as pessoas certas.
João
ResponderEliminarAchas que os "estudos" são servedouros de dinheiro e uma perda de tempo? É falso. Sorvedouro são as encomendas feitas a a amigos com o intuito de justificar decisões já tomadas. Perda de tempo é o processo tentativa-erro que caracteriza a gestão à portuguesa.
"Benchmarking" neste contexto? Discordo. E posso dar exemplificar a instabilidade desse procedimento.
Abraços,
Adérito
João, nem é preciso saltar as fronteiras deste pombal. Talvez não haja fotos, mas há memória. Do tempo em que conviviam nas bancadas da AR figuras como Menezes Falcão, João Aurélio Mendes e Guilherme Santos, por exemplo. Porque houve um tempo em que Pombal nivelou por cima, sim.
ResponderEliminarBons dias
ResponderEliminarDizer assim tão vagamente que se aplica Benchmarking é dizer nada, Benchmarking é por si só um processo sistemático aplicado a determinados fins.
Os bons locais (assembleias, por exemplo) só se fazem com pessoas de grande qualidade, nisso parece que todos concordamos. Ora, como captar os bons? Os que actuam com seriedade e competência? As regras tem que o propiciar. Talvez começando pela forma de eleição, e a necessária limitação de mandatos. Todos, como bem diz o Fernando. Mas também deixando que diferentes cores coabitem, como refere o aderito. Para que a autoridade surja da qualidade da acção, e não do afastamento de quem pensa diferente.
ResponderEliminarMas uma forma de permitir essa coabitação de cores e tendências (os independentes ficam para outras núpcias) não é posto em causa pela lógica monocolor dos executivos apenas. Eu prefiro ter 5 vereadores apenas - suportados por uma maioria da Assembleia - apenas e esta Assembleia Municipal mais responsabilizada e responsabilizadora a fiscalizar. Para tal é preciso quebrar com a cacicada local. Deixar como estar o que não funciona/funciona mal é que não faz grande sentido. Ainda que, e ressalvo, reformas de regra e esquadro não produzam grandes resultados. Agora o nosso problema é sempre o mesmo: como fiscalizar os eleitos? E como tornar estes mais eficazes na sua actuação em nome do bem público? A solução consagrada em sede de alegado equilíbrio de poderes falhou. Inserida numa lógica de reorganização administrativa que tenha em conta o real impacto e necessidades dos serviços (uma freguesia aqui não têm a importância social e mesmo económica como num concelho do interior), haja a coragem para se começar a reformar o funcionamento do Estado a todos os níveis. Gerir melhor e de forma mais racional, dando a quem governa os mecanismos para agir, mas fiscalizando-os mais do que de 4/5 vezes por ano numa câmara oca. Não é preciso ter passado por lá para perceber que o problema é exactamente este: maiorias sem fiscalização gastam o que querem. Por vezes bem, outras vezes mal. Mas sem uma sociedade civil atenta e sem a política com caciques controlados (ingenuidade seria pensar que podem ser eliminados - e como deveriam ser, a bem de todos nós) e também sem o eleitor a ser responsabilizado pelas suas escolhas, temos apenas um Estado obeso incapaz de, nas suas várias mutações, gerir a coisa pública e contribuindo para o desenvolvimento. Uma maior fiscalização impediria o nepotismo, incompetência e a rede que se vai vendo em tanta autarquia (e na própria Administração Central). Este modelo falha, na sua aplicação geral. Nesse aspecto, a questão formal é aquele que me faz menos espécie. A questão material, de como controlar e responsabilizar eleitos, através de poderes reais, é aquela que me preocupa.
EliminarBoas!
ResponderEliminarA melhor forma de fiscalizar melhor os executivos é dar poderes às Assembleias Municipais!
Como proporcionar maior visibilidade e poderes às AM.? A meu ver, em primeiro lugar, alterar o método eleitoral de uma forma muito simples e eficaz:
- A acabar com a eleição directa do executivo municipal
- Elegia-se a Assembleia Municipal e o do presidente da Câmara por método directo.
- A AM., depois de instalada, empossava o presidente da CM. eleito este, por sua vez, tinha 15 dias para formar o executivo cuja escolha recaía obrigatoriamente nos eleitos para AM.. O executivo proposto pelo Sr. Presidente estaria sujeito ao colégio eleitoral da AM.
Este sistema tinha vantagens sobre o actual porque, na eventual incompatibilidade como o membro do executivo, o elemento podia ser substituído a qualquer momento, por outro lado, os vereadores sabiam que podiam ser substituídos daria o seu melhor para justificar o cargo que ocupavam, ainda, as listas para as AM tinham que ser mais cuidadas, como mais massa crítica e com qualidade suficiente para constituir um executivo forte. Com este processo tenho a certeza que a protecção aos incompetentes nas listas acabava.
Bom o Benchmarking para quem não conhece é um método tecnicamente bem elaborado e sustentado, no caso da actividade empresarial os relatórios de Benchmarking são produzidos a partir de questionários com critérios valorados. Alguns deles foram produzidos pela COTEC, dizer que são instrumentos sem rigor não faz qualquer tipo de sentido.
ResponderEliminarMas aliado a estes instrumentos á algo que para mim é muito mais importante que é a qualidade dos eleitos. Não se pode implementar boas politicas, sem que, quem as implemente tenha capacidade teórica e prática para as colocar no terreno. Temos neste momento um bom exemplo, o nosso ministro da economia seria em principio tecnicamente muito competente, alguém que teria capacidade para facilmente pedir e avaliar os estudos, mas falha redondamente na definição das políticas e na sua prossecução.
A experiência, o conhecimento e a habilidade são características fundamentais para que um profissional tenha possibilidade de levar por diante a implementação de politicas tão complexas como aquelas que se colocam aos nossos governantes, sejam da administração central ou local.
A meu ver os poderes executivos e os poderes fiscalizadores devem estar separados e os seus membros serem eleitos com objectivos perfeitamente distintos. Não me parece razoável que alguém que hoje está a fiscalizar amanhã no âmbito do mesmo mandato esteja a executar, porque obviamente levaria a grandes conflitos de interesse e a guerras fidagais que poderiam por e simplesmente inviabilizar a implementação de muitas das politicas.
O que me parece natural seria:
- O executivo seria eleito, poderia por e simplesmente ser eleito o Presidente e este escolher os vereadores (á semelhança do que acontece no governo);
- A AM seria eleita, devendo esta funcionar em representação dos partidos e dos independentes que constituíssem lista candidata;
- A AM teria a apoiá-la alguns técnicos que dependeriam directamente desta. Estes técnicos teriam como função solicitar ao executivo elementos e documentar os membros da AM, naturalmente com parcimónia para que pudessem deixar o executivo trabalhar.
- A AM por uma questão de independência deveria ter um local físico de funcionamento distinto do executivo, para ter independência no seu funcionamento;
- A AM reuniria com o executivo pelo menos uma vez por mês, em que este teria de prestar contas da sua acção;
Julgo que esta seria uma das formas possíveis de trazer algum profissionalismo e rigor á actividade fiscalizadora da AM.
Boas
EliminarPela sua óptica criavam-se mais cerca de 50 tacho e duplicavam-se os custos municipais.
Meu caro João,
ResponderEliminarPenso que todos os intervenientes que se referiram a Benchmarking sabem perfeitamente do que se trata. Como dizes, e muito bem, é um instrumento que pode ser útil na actividade empresarial. O problema é que, na política, nem sempre os critérios empresariais são os que conduzem à melhor solução. Se assim fosse, tudo seria muito mais simplificado.
Relembro que estava a falar na Reforma da Administração Local quando disse que esse instrumento de decisão era instável. E com isso quero dizer que com critérios de Benchmarking é possível justificar, simultaneamente, a tese e a antítese. Por outras palavras, com esses critérios consigo justificar tanto a redução do número de freguesias como a sua mantutenção.
O exemplo que escolheste do ministro da economia mostra claramente quão enviesado é o teu conceito de estudos. Mas numa coisa concordo contigo: a experiência, a cultura, a inteligência, são qualidades essenciais num bom político. E foi precisamente por aí que comecei, ao dizer que forma como se tem pretendido levar a cabo a Reforma da Administração Local revela uma grande falta de cultura e de conhecimento da realidade nacional.
Abraço,
Adérito
PS Já agora: o que entendes por "critérios valorados"?
Caro Adérito,
ResponderEliminarDevo dizer que estou a gostar imenso de participar nesta discussão pela elevação com que está a ser feita e pelo interesse do conteúdo.
O Benchmarking é utilizado para analisar diversas áreas desde o Marketing, Finanças, Inovação, Estratégia, etc. Consoante a área assim se cria um questionário que pondera critérios de acordo com a sua importância para o bom desempenho dessa área em termos organizacionais. Pode-se assim comparar a nossa organização com outras organizações nacionais ou estrangeiras. Convém dizer que estes questionários são criados por um painel de especialistas na área a quem compete criar critérios mensuráveis facilitando assim a comparação.
Como sabes existem vários estudos que comparam o desempenho das cidades, pois o “negócio” das cidades ou regiões é a capacidade de atrair pessoas. Até posso contar uma história, no âmbito das conferências da revista Investe, normalmente existe um jantar entre os conferencistas e mais alguns convidados e num desses jantares eu confrontei um Ministro do anterior governo “Sr. Ministro, não se compreende como estamos a desertificar o interior, esta região que segue o IC8 de Pombal até Castelo Branco tem dificuldades tão grandes que se não se fizer nada são irresolúveis daqui a pouco”, ao que ele responde, “pois, sabe, nos partidos o poder e a sua acção é feita com base no poder das estruturas distritais e essa região como não tem pessoas, também não pode ter grande poder…é um problema”. Pode-se dizer o que se queira, mas o que conta no sistema democrático que temos é o número de eleitores; e das duas uma, ou as regiões/cidades, traçam uma estratégia para atrair pessoas ou o seu destino é a desertificação e o natural desaparecimento. É neste contexto que faz sentido criar um instrumento de Benchmarking, que permita aos decisores políticos e técnicos terem um instrumento de comparação com regiões que poderão ser inspiradoras para a sua acção. Sim, porque para a implementação de uma estratégia, numa primeira fase a comparação já é uma boa base de trabalho, desde que a saibamos adaptar ás realidades específicas do contexto em que trabalhamos.
Abraço.
João, amigo,
ResponderEliminarNão nego a importância do Benchmarking, antes pelo contrário. Haverá miríades de exemplos onde essa abordagem poderá ser usada com sucesso. No caso concreto da decisão de saber quais e quantas freguesias deverão ser eliminadas (e reforço que era apenas essa a situação a que me estava a referir), esse processo é instável. É fácil encontrar realidades onde os parâmetros de aferição de qualidade são semelhantes mas os dados de partida são muitos distintos.
Não sacralizes o Benchmarking nem a visão economicista da realidade. Como matemático que sou, agrada-me a quantificação do real, mas reconheço que a lógica e os números reflectem apenas uma parte da complexidade do problema. O mundo não se gere com uma folha Excel.
Abraço,
Adérito
"O mundo não se gere com uma folha de excel." Pois não, Adérito. Actualmente, há também muito "Photoshop" na gestão das coisas terrenas. Para mal dos nossos pecados...
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