31 de maio de 2013

Se o meu Cardal falasse

A Assembleia de Freguesia de Pombal fez o que tinha a fazer perante obras que caíram do céu da forma que caíram e quando caíram. Perante a ausência de informação atempada aos comerciantes, perante um projecto de que não se conhece versão definitiva e também perante a falta de informação sobre o enquadramento arqueológico, era inevitável que a Assembleia não se demitisse das suas funções. E por unanimidade condenou a forma como se realizaram as obras. Dando voz à indignação de muita gente.

Aliás, a Assembleia nem foi a primeira. Já o GPS tinha alertado para o arranque das obras, contactando entidades com responsabilidades de fiscalização. E sim, o vereador que se indigna com a indignação esteve na Assembleia em Junho de 2012. Há um ano e a apresentar o projecto. Naturalmente que as informações que prestou se centraram na explicação do mesmo (que está na página do Município). Terá dito que se iam ter em conta as necessidades dos comerciantes, se bem me recordo. Mas isso seria o mínimo, note-se.

No entanto, chegadas as obras, a comunicação aos comerciantes foi em cima da hora e os casos caricatos, em que as obsessões com pormenores do projecto se sobrepuseram à realidade do terreno, naturalmente  surgiu indignação. E o facto de não se aparentar ter cuidado com os vestígios arqueológicos gerou outro foco de indignação. E não entender isto é que chateia.

Portanto, a Assembleia não mentiu e, de forma legítima, e sem ligar a cores (ainda bem), indignou-se por unanimidade. E bem. Afinal, se a Junta de Freguesia é parceira, custaria assim tanto avisá-la do que se pretendia fazer com eventuais vestígios, por exemplo? Ou informar com mais tempo os comerciantes? Isto foi o que indignou os eleitos que representam a Freguesia. Ninguém disse para não fazer ou criticou a obra em si (nisso as opiniões variam). E sobretudo ninguém mentiu. Porque nunca se disse a ninguém, e oportunidades não faltaram antes da Assembleia o que se pensava fazer em determinados cenários. Que, convenhamos, mais parece aparecerem por reacção e não por terem sido planeados. Ao menos isso. 

Em suma, em 20 anos fez-se muita coisa, mas continua a não se perceber como fazer. Quando se fizer as contas ao dinheiro que podia ter sido melhor gasto (contas que penso que se começarão a fazer a partir de Outubro, quando determinadas heranças tiverem que ser renegadas), vai-se perceber isso. Faça-se o necessário e sem desperdiçar.

8 comentários:

  1. Um post sério pode passar despercebido no meu de tanto lamaçal.
    São as vicissitudes de uma terra em tom menor...

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  2. Boa tarde!
    Gabriel: nunca esqueça que foi um dos primeiros postuladores e a indiferença de muitos, tal como a sua, contribui para o lamaçal!

    Ler, não concordar, sem o consequente comentário é indiferença.

    Todos sabemos que o dr. Alvim escreve assuntos com conteúdo, por vezes tão completos que não deixam margem de manobra para comentar, a não ser dizer que têm razão, estou de acordo!

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  3. Em tempos escrevi aqui que era uma pena a imagem pouco cuidada e de alguma falta de limpeza do Largo do Cardal, que algumas vezes vi. Aliás, essa imagem era extensiva ao Jardim do Cardal, que parece ter morrido no tempo, com os canteiros pouco cuidados e falta de viço, que a colocação da esplanada e a degradação do parque infantil acentuaram.

    Era (é) pois, aconselhada uma intervenção e uma renovação que transformasse esses espaços e que nele fossem colocados novos equipamentos que levassem as pessoas a fruírem deles. Todavia, em qualquer caso, não era(é)preciso destruir e fazer tudo de novo. os Plátanos eram uma dessas marcas históricas, uma imagem e memória local. Não se diga que eram perigosos por estarem velhos e insustentáveis por afectarem as condutas de esgotos. Para ambos os problemas haveriam soluções ( "podas", "galerias técnicas")que não implicavam o arranque total dos mesmos.

    Existem espaços nas cidades que são marcas das pessoas e do seu tempo que importa manter e preservar, como julgo ser o caso. Por essa razão, em geral, entendo que se deve preservar tudo quanto seja possível, renovar o que não se possa manter e acrescentar o que for necessário para servir as pessoas da melhor forma possível. Tudo devendo ser feito com custos controlados e com uma manutenção sustentável. Diz alguma experiência, que a dificuldade não está em fazer obras vistosas e monumentais, a dificuldade está em as conservar e manter.

    Sei que, hoje, a arquitectura dos espaços públicos é muito orientada para um certo despojamento decorativo, com espaços abertos, linhas depuradas e geométricas, perspectivas abertas, submetendo os elementos naturais aos rigores do traço do arquitecto. As Câmaras, por vezes, embarcam neste tipo de soluções de “Jardins de Pedra” e de lonas, algumas vezes bonitos para quem passa, mas pouco agradáveis para neles se estar e se viver. Fazem-no por pensarem nas poupanças em água e jardinagem, e até, por razões de segurança. Por aqui a desculpa, mais em voga ultimamente, para arrancar árvores é que as mesmas fazem alergias.

    Em Lagos, fruto de uma época em que o dinheiro parecia cair do céu e sem esforço e por termos um Presidente que queria ficar num lugar cimeiro da história local, o Município iniciou um processo de remodelações de Praças, Jardins e Parques com problemas semelhantes que, também criou os mesmos problemas aos comerciantes e utentes locais, e cujos custos não trouxeram melhorias significativas e conduziram a autarquia à falência.

    Se uma obra é necessária, temos de aceitar alguns sacrifícios para que ela se faça, exigindo no entanto, um planeamento rigoroso na execução, e, eventualmente, soluções que mitiguem os problemas e ajudem os mais sacrificados a manterem os seus negócios. Por isso, nunca se deveria proceder uma alteração tão radical, sem ouvir as pessoas mais directamente afectadas, sem definir prioridades, e sem prevenir as eventualidades que possam surgir, como pode ser o caso dos achados arqueológicos ou obstáculos de outra natureza.

    Gostava que a obra no Cardal melhorasse e dignificasse o local, acredito que a restauração das fachadas dos prédios e a pintura das mesmas é muito mais importante que qualquer obra pública grandiosa que venha a surgir no local. Julgo que alguma pedagogia nesta matéria (restauro e pintura das fachadas) junto dos proprietários dos prédios faria muito mais para valorizar a cidade do que grandes intervenções e obras avulsas de natureza pública.

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  4. Boa tarde!
    O Cardal, indiscutível, necessitava de uma intervenção de fundo e urgente por várias razões:
    - É a sala de visitas da cidade.
    - Os plátanos, embora seculares, estavam velhos casos houve em que a CMP teve de pagar danos aos proprietários dos carros por ramos que caíam. As ruas estavam todas partidas pelas raízes à superfície, por outro lado, nesta época do ano, os plátanos libertam um produto branco parecido com o algodão invadindo as casas e lojas que se tornava incómodo! Na minha opinião os plátanos são bem substituídos por árvores de folhas persistentes!
    - O cardal precisava de mais luz e ficar com um aspecto mais amplo, com menos humidade, menos gélido.

    Todos estamos de acordo que era necessário mexer no Cardal então a questão é: fazer o quê?
    Como diz o projecto, fazer da nossa sala visita um urinol e com uma plantação de pedra, não estou de acordo pois ficará ainda mais gélido. Os urinóis estão bem onde estão, ao fundo do jardim. Por outro lado as obras farónicas apenas permitem esbanjar fundos públicos dos nossos impostos e em momento de crise e continuamos a ter uma das águas mais caras da região.

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  5. Recuperar as fachadas dos prédios era fundamental e para tal a CMP podia e devia isentar os seus proprietários de taxas para a sua recuperação, para o efeito bastava apenas um requerimento.

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  6. Lamentavelmente, estas recuperações continuam a ser feitas de costas voltadas para quem vai, depois, dar vida ao local. E não é a CMP, seguramente (se excluirmos as procissões ao Nicola).
    Deveriamos ter aprendido com a Praça Marquês de Pombal (julgo chamar-se assim), frente à Igreja Matriz. Ficou amplo, mas despido de árvores. E pior ainda, despido de comércio, serviços, despido DE PESSOAS.
    Não serve para nada, a não ser para o baile no Santo Amaro.
    Não gostava nada que o Cardal tivesse o mesmo destino. Mas não tenho nada que me indique que vai ser diferente!

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  7. Boa tarde
    Caro Gabriel no meu comentário afirmei que não gostaria de ver na sala de visitas do Município uma plantação de pedra.

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