15 de setembro de 2016

Quando o feitiço se volta contra o feiticeiro

O feitiço é a nova e grandiosa Extensão de Saúde da Guia: um presente envenenado que o príncipe quis ofertar ao Estado e aos súbditos do oeste. Engano seu: o Estado não o agradeceu e a maioria dos súbditos rejeitam-no. Assim, o feitiço virou-se contra o feiticeiro. O príncipe foi, mais uma vez, pouco astuto: fez o que não lhe competia fazer e arrisca-se a ficar com o odioso da coisa, a ter mais prejuízo que proveito, à porta das eleições
Tanto assim é, que o empreendimento está concluído há muito tempo, mas ninguém lhe quer pegar. Até já foi ocupado clandestinamente, mas, estranhamente, ainda não foi inaugurado. Há muito que os senhores doutores ocuparam os gabinetes do novo empreendimento, e por lá ficaram sem reparo. Recentemente os funcionários administrativos, por não suportarem o efeito de estufa da envidraçada sala de recepção, nos tórridos dias de Agosto, seguiram-lhe o exemplo: pegaram nos computadores e mobiliário e mudaram-se para as novas instalações. Falha deles, que logo chegou à tutela que ordenou o retorno imediato às velhas instalações (nesta terra não são permitidas veleidades à arraia-miúda). Só que, decisões despropositadas e injustas são de implementação difícil; e, apesar de a temperatura ter amainado, os funcionários continuam nas novas instalações.
O príncipe revela muita indecisão; mas, nestas coisas, costuma dizer-se que o perigo está na tardança. E o pior está para vir!

6 comentários:

  1. É caso para se dizer que o Rei vai nú. Estes problemas todos com a saúde do Oeste juntos aos problemas no Carriço vão ser mais umas pedras no "túmulo autárquico" de D. Diogo. Este mandato correu tão mal, Santo Deus. Que Deus nos livre de outro mandato igual. Amen

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  2. As pessoas ainda continuam a ver o fecho de centros de saúde que têm ao lado de casa, com poucas condições e onde terão sempre falta de recursos humanos, como um mal desnecessário. Mas se analisarem bem, a criação de centros de saúde mais centrais, e embora acabem por ficar um pouco mais longe de casa, irão fazer com que a médio-longo prazo o atendimento seja melhorado, pois vejamos:
    -Terão todos os recursos humanos da zona numa mesma área e que fará com que o tempo de espera para uma consulta diminua e se evitem as filas e/ou dias de espera, por vezes ainda de madrugada e na rua à porta do centro de saúde, para poderem ter uma consulta de agudos.
    -Terão sempre consulta, mesmo que o seu médico de família esteja de baixa ou de férias, pois o serviço é assegurado pelos outros médicos/enfermeiros, de modo que não haja interrupção dos serviços.
    -Os tempos de espera diminuirão e todos ficam a ganhar.
    Posto isto, acho que todos os utentes saem a ganhar com isto.
    Eu falo por mim que tenho conhecimento da implementação e desenvolvimento de uma USF na zona centro e que tem sido um enorme sucesso, pois o serviço prestado é de uma enorme qualidade e a satisfação dos seus utentes é enorme comparativamente ao serviço prestado no centro de saúde onde sou atendido e que em tudo se assemelha aos centros de saúde antigos da zona da Guia.

    Vejo protestos das pessoas super indignadas na zona da Mata Mourisca, mas se formos a ver, do centro da Mata Mourisca ao centro da Guia, temos uma distancia de 4km, que se percorre em 4/5min de carro. Do centro da Ilha ao centro da Guia são 5km, que se percorrem em aproximadamente 7/8min.
    Faz algum sentido quererem manter os serviços separados e continuarem a ter falta de condições e de pessoal quando podem ter um serviço muito melhor e em instalações novas e com excelentes condições?

    Acho sinceramente que os políticos deveriam estar mais informados sobre o funcionamento dos sistemas, pois estes novos sistemas que o SNS tem implementado prestam em tudo um serviço muito melhor, e a política está a interferir e a fazer com que os utentes fiquem prejudicados. Não digo que seja intencional, julgo que seja por desconhecimento, mas fica aqui a ideia para reflectirem sobre ela, e se eu estiver errado, adoraria obter uma resposta esclarecedora.

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  3. É uma boa linha de argumentação, Jairo. O problema dela, é que nem o senhor acredita muito nela, tem até vergonha em defendê-la.

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  4. É engraçado dizer-me isso, quando expus a minha ideia publicamente e a acabo de defender, sendo que no fim deixo, de forma irónica, a pergunta no ar para questionar se a posição politica tomada para se reabrirem as extensões será a mais correcta. A pergunta não é de todo para me esclarecer ;)
    Admira-me é não tentar clarificar o porque destas escolhas políticas e vir criticar, de forma negativa, a minha ideia.
    De qualquer modo, ficarei aguardar uma resposta fundamentada com essas posições, pois estou curioso sobre quais os verdadeiros interesses que estão por trás :)

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  5. O Sr. Jairo provavelmente como eu tem automóvel, e está mas suas plenas faculdades para o conduzir, e para nós o encerramento das extensões de saúde não será problema de maior. Mas esqueçamos isso, e foquemo-nos somente naquele idoso que tem uma pensãozita de miséria de pouco mais de 300 (alguns até menos) Foquemo-nos igualmente na distancia que vai do centro de saúde da Guia á ultima casa dos Alhais que será muito próximo dos 20 Km. Foquemo-nos nas bastantes idas ao posto médico quer para consulta quer para levantar medicamentos (e acredite que nalguns casos são mesmo muitas vezes durante o mês) Foquemo-nos no custo que isso tem em taxis pois não há transportes públicos compatíveis. Será o encerramento das extensões de saude assim tão bom? Mas nisso ninguém pensa... não tem interesse...

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  6. Eu não digo que o encerramento das extensões por si só sejam uma coisa boa.
    Digo é que uma vez que se estão a proporcionar melhores condições a todos os utentes, deveria-se antes parar para pensar melhor e estudar a população e realmente ver se faz sentido ou não quererem as extensões abertas com condições mínimas de serviço.
    Digo isto porque, apos uma rapida pesquisa veriquei que o conjunto das freguesias de Guia, Ilha, Mata Mourisca e Carriço têm aproximadamente 10000 habitantes (dados de 2011). Será que as pessoas que reclamam têm noção de quantas pessoas existem nestas freguesias e que não têm posse financeira para se deslocarem no máximo 15km, isto para quem resida no limite destas freguesias até ao novo centro de saúde?
    Eu não digo que devamos esquecer estas pessoas, mas sugeria por exemplo, as respetivas juntas ou até os médicos de família em conjunto com as juntas ou até a própria câmera, fazerem um levantamento das pessoas com reais necessidades de ajuda nesta área e que pudessem facultar um meio de transporte para eles. Eu não tenho noção, mas destes 10000 habitantes, quantos serão os reais necessitados?
    Cada vez mais as pessoas conduzem até mais tarde e os acamados também não se podem contabilizar para esta situação, portanto imagino que o número seja muito reduzido e que mais vale arranjar uma alternativa de transporte do que reabrir várias extensões e ter de mudar para lá 1x ou 2x por semana como pedem, um médico, uma enfermeira e uma administrativa, pagarem luz, agua e materiais para essas extensões para que possam funcionar, isto além de terem de arranjar forma de transportar o médico, enfermeiro e administrativo, pois o local de trabalho deles é na Guia e não têm de se deslocar nas viaturas pessoais para as extensões nesses dias.
    É muito fácil protestar contra a mudança, mas por vezes temos de parar para pensar e ver que se calhar com a mudança se ficará melhor a médio-longo prazo do que se estivermos sempre com serviços a remediar.
    Eu falo assim porque dava tudo para que na minha zona tivesse um centro deste género com intenções de ser uma USF, pois os serviços a funcionar que conheço prestam um serviço de excelente qualidade e quem sai a ganhar são os utentes. Falo assim e tenho um centro de saúde cujo serviço deixa muito a desejar e estive uns 3 anos sem médico. Falo assim e o centro de saúde fica a 12km de casa e a minha avó, não tem carro, nem carta, nem vai de taxi, mas nos seus quase 90 anos sempre arranjou forma de ir ao posto médico quando precisa. Se ela tivesse tido um a 2 ou 3km de casa e agora passasse para esses 12km ela se calhar seria uma das que iria reclamar e dizer que não tinha posses, mas como desde sempre o centro de saúde esteve a 12km, sempre conseguiu lá ir e só ficou sem assistència por não haver lá médico durante 3 anos, coisa que normalmente nunca acontece numa USF ;)
    Fica aqui a minha opinião e o porque de eu tentar passar a mensagem de que deveriam pensar melhor sobre o que estão a reclamar, pois acreditem que ficarão melhor servidos ;)

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