Em Portugal, apesar de a Direita ter submetido o País a um violento
programa de austeridade, com as consequências conhecidas – empobrecimento,
desemprego, pobreza e emigração – o PS corre sério risco de perder as eleições.
Na Europa, nos países mais afectados pela crise financeira e pelas
políticas de austeridade, a Esquerda raramente conseguiu capitalizar o
descontentamento; e nos países menos afectados pela crise, a direita conservou
tranquilamente o poder.
O padrão de comportamento dos eleitores no espaço europeu deveria
inquietar os políticos de Esquerda e os cidadãos com consciência de esquerda.
Os factos mostram que a Esquerda, apesar da sua policromia, não é atactiva, nomeadamente
quando o eleitorado (de esquerda) precisa mais dela. O assunto inquieta muita
gente e tem proporcionado muito debate, mas as explicações são geralmente pouco
consistentes e raramente vão além do perfil do líderes ou da pertinência de uma
ou outra proposta.
Mas a vida ensina-nos que a explicação para os enigmas sociais ou
políticos está nos clássicos da literatura ou nos filósofos que estudaram essas
matérias. Lendo-os, percebe-se que a explicação para determinados fenómenos que
nos parecem estranhos está nas profundezas da Natureza Humana, que nada ou
pouco mudou desde a Antiguidade; e, por conseguinte, continua a determinar o
curso da Humanidade, oscilante mas improgressiva, variável mas inaperfeiçoável.
Os traços mais marcantes da Natureza Humana são o egoísmo e o medo. São eles
que determinam a esmagadora maioria das nossas escolhas, tomadas com base em desejos
primários e crenças sem grande base racional, corrigidas esporadicamente quando
confrontados com a realidade dos factos. No outro lado da Natureza Humana
encontramos a fraternidade, mas sem a predominância do egoísmo e do medo.
Isto explica, em grande parte, a natureza das escolhas políticas nas duas
fases dos ciclos económicos. Na fase recessiva, as escolhas são determinadas
essencialmente pelo pior aspecto da natureza humana e
aquela que mais necessita ser modificado para que o mundo possa ser mais saudável:
o egoísmo. Na fase expansionista, onde a abundância atenua o egoísmo e o medo,
vem ao de cima o lado mais nobre do ser humano e as escolhas tendem a privilegiar
o interesse público, a justiça e a equidade.
O problema é que a política, em vez de procurar atenuar o que há de pior
na Natureza Humana, aproveita-se disso.
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