Como um dos pressupostos deste projecto quase-piloto (os outros municípios que o aplicaram no primeiro ciclo são a Figueira da Foz e a Pampilhosa da Serra) é "rastrear" (palavra quase tão boa como "sinalizar") as crianças com necessidades educativas especiais, faz sentido a pergunta directa de uma mãe de Albergaria dos Doze: em que é que o programa EPIS pode ajudar a filha, com dislexia? Comunica o caso aos agentes de saúde locais, pois que o papel é de "mediador".
Não ponho em causa as boas intenções do presidente da Câmara em matéria de Educação. O que contesto é este registo, a cultura do empreendedor, do sucesso a qualquer preço. Para isso já temos cá a JSD (e as outras, que querem ser como ela quando forem grandes), que faz sessões nas escolas e até lhes chama acções de formação.
Retenho, para final de conversa, a intervenção do senhor professor universitário Carlos Fernandes - "cientista" ao serviço da EPIS - que escolheu o melhor exemplo para contar: o taxista de quem apanhou boleia para um congresso na Suécia era, afinal, licenciado em física nuclear. Por isso não percebe o espanto, quando em Portugal há licenciados e doutorados candidatos ao lugar de assistente operacional nas escolas, por exemplo. Perceba então o meu, no dia em que o vir ocupar o banco do taxista, e o magro salário não chegar sequer para os botões de punho.
Naquele fim de tarde, as pinceladas de realidade foram dadas pela Paula Cardoso, antiga chefe-de-gabinete de Narciso Mota, agora ao serviço da divisão de Educação. Escolheu as palavras com cuidado, mas não deixou de dizer algumas verdades, sobre o retrato que encontrou no concelho de Pombal, onde as crianças sentem na pele o drama da emigração e do desencanto dos pais.
Com os milhares que a Câmara gasta a contribuir para o sucesso destes Empresários para a Inclusão Social (num programa cujos questionários de rastreio entram na esfera privada das famílias), era fácil tornar as escolas em locais mais atractivos, sem tantas peneiras. Por exemplo: proporcionar aos mesmos meninos o acesso à música, às artes plásticas, à natação (tão importante), numa altura em que tantos deixaram de frequentar actividades nos clubes da terra porque os pais não as podem pagar. O Diogo Mateus que conheci em tempos e presidiu à Junta de Freguesia sabia disso. Tanto que chamou as colectividades para levarem esse mundo às escolas.
É desse que tenho saudades.
Ok. Estava para ir, mas com o horário a coincidir com actividades dos filhos, não deu. Pelos vistos seria perda de tempo, pois sessões de selfies (palmadinhas nas costas, mutuas e aos parceiros), são isso mesmo, pura perda de tempo. Gastem o dinheiro (e já agora o tempo) a promover a boa gestão escolar, é inaceitável que haja turmas (vamos ver se este ano não será o mesmo) que tenham professores e outros passem as 1ªs 3 semanas sem aulas (Mat.- ES Pombal – 10B) e depois na altura do 1º teste todas as turmas sejam avaliadas na mesma data e com a mesma matéria; é inaceitável que os manuais escolares sejam mudados todos aos anos, dá a impressão que querem fazer a rotação das editoras para que nos casos de repetição de ano, os pais tenham que adquirir novos manuais (ou não os possam ceder a conhecidos ou para as bolsas de empréstimo de Mat. Escolar); é inaceitável que a escola não prepare os alunos para o programa em que são avaliados,... "deus nos livre" de retirar "clientes" aos explicadores profissionais (muitas vezes os próprios professores),... Um desabafo --> Deixem-se de "paneleirices" e em vez de fingirem que fazem alguma coisa, para ficar bem na fotografia (selfie ou de outra natureza),... façam realmente algo de útil :)
ResponderEliminar