8 de novembro de 2016

Floreado caro


A Câmara Municipal de Leiria (CML) decidiu adquirir, por uns imódicos 4,15 milhões de Euros, o edifício do antigo Paço Episcopal, com intuito de lá instalar uma Loja do Cidadão. No edifício funcionou, até há pouco tempo, uma Loja da Zara; mas um dos maiores empresários do mundo, com um dos negócios mais rentáveis, não o quis, abandonou-o.
A Loja do Cidadão de Leiria esteve prevista para o topo norte do Estádio Municipal (área sem utilização), mas o actual executivo recusou essa localização e optou, agora, pelo Edifício do Paço Episcopal, com o argumento da necessidade de atrair pessoas para o centro da cidade.
Desde o investimento ruinoso na construção do novo estádio municipal que a CML vive uma situação financeira delicada, com dificuldade de honrar atempadamente os seus compromissos e sem grande capacidade de investimento. Surpreende, portanto, que decida aplicar 4,15 milhões de Euros num edifício para lá instalar um serviço – Loja do Cidadão - que não faz parte das suas atribuições. A câmara de Pombal também tem embarcado nestes floreados – adquirir/construir edifícios e fazer obras que competem ao Estado -; mas com uma pequena/grande diferença: tem muito dinheiro disponível (e não sabe onde o gastar).
Para além do questionável racional económico-financeiro do negócio, vale a pena analisar o propósito subjacente: forçar os utentes a deslocarem-se ao centro da cidade, quando lhes deveria facilitar a vida (acesso e estacionamento). Estamos perante a mesma artimanha que um candidato à câmara de Pombal defendeu para dinamizar o turismo local: construir um circuito para os peregrinos de forma a fazê-los passar pelos locais mais actractivos.
Por outro lado, é questionável o interesse (o efeito dinamizador) de uma Loja do Cidadão. O modelo surgiu no primeiro governo de J. Sócrates como uma resposta circunstancial à necessidade de agilizar a criação de empresas (o pior item de Portugal nos Rankings de competitividade), mas não se desenvolveu, acrescentaram-lhe somente alguns serviços complementares. As Lojas do Cidadão tenderão a esvaziar-se, fruto da inevitável reorganização do Estado e do desenvolvimento da e-governance; o que já se verifica com vários organismos públicos.
Logo, não se percebe esta bebedeira com a Loja do Cidadão, nomeadamente no edifício do Paço Episcopal. Um vício caro.

8 comentários:

  1. O post é um sinal de alinhamento com a maior maturidade política dos cidadãos/contribuintes que já percebem que são eles quem suporta os custos das diversas políticas, começando a questionar o custo/utilidade de muitas decisões. Um maior travão para o esbanjamento, uma uma maior dificuldade para a demagogia e um maior equilíbrio nas políticas de cobrança de impostos.

    ResponderEliminar
  2. Alguns Comentadores só comentam no Farpas quando é para bater no PS. Fique descansado JGF que o PS mantém a liderança nas sondagens para as autárquicas em Leiria. Os Leirienses felizmente ainda não esqueceram a incompetente Damasceno.

    ResponderEliminar
  3. Caro Roque
    O post está excelente!
    O teu problema é só conseguires "ver" muito perto e a preto e branco, como vens demonstrando com a defesa cega de tudo o que seja socialista...
    Do meu lado, sempre censurei os atos de aquisição de muito património imobiliário e de esbanjamento do dinheiro dos contribuintes por parte dos executivos camarários, designadamente os cá da terra. Sobre isto, de ti, nada tenho lido, embora muito escrevas...

    ResponderEliminar
  4. Este post faz todo o sentido, embora seja um assunto de Leiria, é o espelho do comportamento autárquico que vigora neste País, sem a cegueira político o partidária. O Post refere e-governance, e bem, onde passam ser tratados a maioria dos serviços actualmente efectuados na loja do cidadão, esvaziando assim a actividade da loja do cidadão.

    ResponderEliminar
  5. JGF, á minha visão a preto e branco chegou-me este estudo. SÓ NÃO ENCONTRO POMBAL...PORQUE SERÁ... SERÁ A MINHA VISÃO OU SERÁ DO GUARANÁ.
    Disponíveis numa nova aplicação web, os ratings concelhios são novas métricas criadas pela Marktest que pretendem dar novas ferramentas às entidades locais ou às empresas com dispersão regional, ao permitir observar de forma rápida e intuitiva os principais pontos fortes e fracos de cada concelho. Estes ratings estão disponíveis numa aplicação web que a empresa lançou em 2014: Municípios Online.
    Uma análise do rating de dinamismo económico permite verificar que o concelho de Loulé é o que regista um valor mais elevado. Numa escala de 1 a 20, obtém 14.8.

    Os concelhos algarvios de Funchal e Albufeira registam valores próximos, de 14.7 e 14.6, respetivamente. Lisboa, São João da Madeira e Trofa obtêm 14.3 e Aveiro e Leiria 14.2.

    Na lista dos 10 concelhos com mais dinamismo demográfico, estão também Batalha e Braga, ambos com 14.1.

    ResponderEliminar
  6. Sr. Roque, desculpe, não se meta em áreas que não conhece! Porventura sabe me explicar quais os critérios selectivos e as condições relevantes utilizadas no estudo? Sabe qual a variável determinante para o estudo?não sabe, óbvio! A variável determinante, sem conhecer nem ter paciência para analisar o estudo, será o turismo e os incentivos estatais à criação de residência aos estrangeiros. Os estudos valem o que valem, a cegueira partidária não leva a lado e sei que os dois grandes partidos têm políticos com licenciaturas falsas.

    ResponderEliminar
  7. Quem é que fala em licenciaturas...Para mim tanto tem valor o Sr. prof. dr. Como o servente de pedreiro...Sr. Zé do Trasso cure-se, vá ao Psicologo...deixe de me encher a paciencia ...Va dar banho ao cão e lave-se com a mesma agua, a ver se larga a pulga

    ResponderEliminar
  8. Sr. José Fernandes temos em Portugal uma nova ordem regional criada por um estudioso Português. Resultado: agora o Concelho do Funchal passou para a região administrativa do Algarve !

    ResponderEliminar

O comentário que vai submeter será moderado (rejeitado ou aceite na integra), tão breve quanto possível, por um dos administradores.
Se o comentário não abordar a temática do post ou o fizer de forma injuriosa ou difamatória não será publicado. Neste caso, aconselhamo-lo a corrigir o conteúdo ou a linguagem.
Bons comentários.