9 de março de 2018

O papel da(s) Mulher(es)


foto: Junta de Freguesia de Pombal

Ontem à noite, no Café Concerto, enquanto debatíamos a igualdade de género, em pleno Dia Internacional da Mulher, lembrei-me muito do que dizia a D. Lucy (minha eterna directora) sobre essa divisão do mundo que se faz entre as pessoas medíocres e as outras. Foi de um espantoso arrojo o convite da Junta de Freguesia de Pombal e da APEPI. Lá estivemos eu, a Dina Sebastião e o José Zaluar a esmiuçar sub-temas desse anátema que é o papel da Mulher nos vários eixos, os três à esquerda do que é convencional aqui na terra. Para espanto de uns quantos, aconteceu aquilo de que eu já estava à espera: ninguém da Câmara. E ninguém com responsabilidades em qualquer partido político. Uma ausência notória e notada, se pensarmos que ainda no início do mandato os senhores presidente, vereadores e demais agentes teciam loas à eleição da primeira mulher para presidente da Assembleia Municipal. E que nos anos recentes, quanto tudo corria bem dentro de um partido único, e as comemorações do 8 de Março eram um dois-em-um entre a APEPI e as mulheres social-democratas, era uma correria de bem-parecer. A Câmara tem duas vereadoras a tempo inteiro, com pelouros tão importantes como a Educação e a Cultura. Fica-lhes mal, até como mulheres, esta demarcação. Fica mal ao Município embarcar no sectarismo, quando gosta tanto de encher a boca com a terra das oportunidades e da igualdade para todos.
Falei ontem do papel da Mulher nos Media, do que me ficou nos anos em que aqui dirigi um jornal, dos números tristes que retratam a presença feminina nas páginas e nas peças, e da esperança no meu Sindicato dos Jornalistas, cuja direcção contraria a desigualdade de género e se empenhou num projecto de Literacia Mediática que há-de levar os jornalistas às escolas e construir uma outra educação para os media com os mais novos. Para memória futura, rendi a minha homenagem a duas mulheres de Pombal, nem sempre compreendidas mas cujo papel foi marcante na história dos media locais: a Teresa Estanislau (primeira mulher com carteira profissional de jornalista em Pombal) e Maria Luís Roldãobritesbustorff, a cronista que mais escreveu e falou de nós nas páginas dos jornais.
Razão tinha mesmo a Simone de Beauvoir: "não se nasce mulher, torna-se mulher". Só que isso não está ao alcance de todas e de todos.

1 comentário:

  1. Amiga e companheira Paula Sofia, eu sei que tu sabes que eu sou um par, de entre pares, entre as mulheres.
    Permite-me fazer uma homenagem às mulheres e aos homens (coitadinhos) através do poema Truca-truca escrito e recitado, na hora, por Natália Correia, na Assembleia de República, em 1982, quando estava em Deputada da Nação, na Bancada do PSD:
    Já que o coito - diz Morgado -
    tem como fim cristalino,
    preciso e imaculado
    fazer menina ou menino;
    e cada vez que o varão
    sexual petisco manduca,
    temos na procriação
    prova de que houve truca-truca.
    Sendo pai só de um rebento,
    lógica é a conclusão
    de que o viril instrumento
    só usou - parca ração! -
    uma vez. E se a função
    faz o órgão - diz o ditado -
    consumada essa excepção,
    ficou capado o Morgado.
    Saúde e Fraternidade

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