Os portugueses (e não só) desencadearam uma onda de
solidariedade que permitiu disponibilizar, em pouco tempo, recursos financeiros
e materiais mais do que suficientes para reparar os prejuízos materiais e restabelecer
a normalidade possível daquelas vidas e daquela frágil comunidade.
Pensou-se que o mais difícil - o possível - estava feito.
Puro engano! A reportagem da TVI sobre a reconstrução das casas em Pedrogão
Grande, que passou ontem no Jornal da Noite, mostrou-nos uma mistela abjecta com
as piores misérias humanas: a mentira, a hipocrisia, a desonestidade, o compadrio,
a injustiça, a corrupção, a trafulhice, o aproveitamento pessoal, o roubo. O
que choca não é que estes vícios e irregularidades estejam mais uma vez
presentes na distribuição de dinheiros públicos – infelizmente, já estamos
habituados. O que repugna profundamente é ver o patamar de desfaçatez que se
atingiu; é verificar que até na presença de abundantes recursos materiais, os
verdadeiramente necessitados são marginalizados, e os amigos e os oportunistas que
pouco ou nada perderam são beneficiados de forma obscena.
Pobre terra, onde a corrupção brota à vista desarmada como
um fungo. Pobres coitados, que tem à sua frente gente sem pinga de vergonha - uma
cambada de impostores sem princípios e sem pudor.
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