22 de dezembro de 2018

Conversa de surdos

As sessões da assembleia municipal (AM) são longuíssimas conversas de surdos, onde uns falam para se ouvir e outros nem isso – vociferam simplesmente. Que os apoiantes do poder não queiram discutir os problemas do concelho, percebe-se; o que não se percebe é que a oposição também não o queira fazer (bem sabemos que não basta querer!), que não aproveite os poucos palcos de que dispõe para se diferenciar e afirmar.
Que a maioria provoque a discussão de questões de âmbito nacional, com moções e recomendações inócuas, com o intuito de encobrir a realidade local, aceita-se; faz o seu papel: sabe que está a ganhar, limita-se a atirar a bola para a bancada. Mas que a oposição entre no jogo, com a mesma táctica e artifícios, roça a insanidade.
Politicamente, as sessões da AM resumem-se ao período de antes-da-ordem-do-dia. O resto, que deveria ser o essencial, são formalismos e votações. O regimento atribui uma hora para período de antes-da-ordem-do-dia, mas na última sessão prolongou-se por quatro horas (!), por via das tais moções e recomendações inócuas e da sempre presente chicana política. Depois, cansados e desnudados de ideias e argumentos, os membros da assembleia aprovam de rajada os vinte e tal pontos da agenda – as verdadeiras matérias da governação da câmara e da vida do concelho – sem análise, sem discussão, sem contraditório ou reparos significativos. Irresponsabilidade. Reafirmo: percebe-se que a bancada da maioria aja assim (confia no executivo, no seu trabalho); não se percebe (ou percebe!) que a oposição se demita de fiscalizar a governação, que passe cheques-em-branco a (quase) tudo. É uma irresponsabilidade que pagam com língua-de-palmo, mais tarde, quando tentam criticar uma ou outra medida do executivo, e este lhes relembra que foi aprovada por unanimidade.
Na reunião de Dezembro - a mais importante - são discutidas e votadas as GOP e o Orçamento. A oposição votou contra - apesar de tudo uma evolução! -; mas não acrescentou nada ao debate. O NMPH e o PS limitaram-se a justificar a opção com uma intervenção retórica, sem qualquer substância; o CDS e o BE nem isso – confrangedor.
Assim, a oposição não se credibiliza; nunca será alternativa.

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