As sessões da assembleia municipal (AM) são longuíssimas
conversas de surdos, onde uns falam para se ouvir e outros nem isso – vociferam
simplesmente. Que os apoiantes do poder não queiram discutir os problemas do
concelho, percebe-se; o que não se percebe é que a oposição também não o queira
fazer (bem sabemos que não basta querer!), que não aproveite os poucos palcos
de que dispõe para se diferenciar e afirmar.
Que a maioria provoque a discussão de questões de âmbito
nacional, com moções e recomendações inócuas, com o intuito de encobrir a
realidade local, aceita-se; faz o seu papel: sabe que está a ganhar, limita-se
a atirar a bola para a bancada. Mas que a oposição entre no jogo, com a mesma
táctica e artifícios, roça a insanidade.
Politicamente, as sessões da AM resumem-se ao período de
antes-da-ordem-do-dia. O resto, que deveria ser o essencial, são formalismos e votações.
O regimento atribui uma hora para período de antes-da-ordem-do-dia, mas na última
sessão prolongou-se por quatro horas (!), por via das tais moções e
recomendações inócuas e da sempre presente chicana política. Depois, cansados e
desnudados de ideias e argumentos, os membros da assembleia aprovam de rajada os
vinte e tal pontos da agenda – as verdadeiras matérias da governação da câmara
e da vida do concelho – sem análise, sem discussão, sem contraditório ou reparos
significativos. Irresponsabilidade. Reafirmo: percebe-se que a bancada da
maioria aja assim (confia no executivo, no seu trabalho); não se percebe (ou
percebe!) que a oposição se demita de fiscalizar a governação, que passe cheques-em-branco
a (quase) tudo. É uma irresponsabilidade que pagam com língua-de-palmo, mais
tarde, quando tentam criticar uma ou outra medida do executivo, e este lhes
relembra que foi aprovada por unanimidade.
Na reunião de Dezembro - a mais importante - são discutidas e
votadas as GOP e o Orçamento. A oposição votou contra - apesar de tudo uma evolução!
-; mas não acrescentou nada ao debate. O NMPH e o PS limitaram-se a justificar
a opção com uma intervenção retórica, sem qualquer substância; o CDS e o BE nem
isso – confrangedor.
Assim, a oposição não se credibiliza; nunca será
alternativa.
Sem comentários:
Enviar um comentário
O comentário que vai submeter será moderado (rejeitado ou aceite na integra), tão breve quanto possível, por um dos administradores.
Se o comentário não abordar a temática do post ou o fizer de forma injuriosa ou difamatória não será publicado. Neste caso, aconselhamo-lo a corrigir o conteúdo ou a linguagem.
Bons comentários.