1 de julho de 2022

Sobre as recomendações do doutor Coelho

A acção política do doutor Coelho derivou da tentativa de entupir o Pedro e o Né com dúzias de requerimentos para a sobrecarga da agenda da AM com recomendações. 


Se o estratagema dos requerimentos se mostrou inconsequente, o das recomendações segue pelo mesmo caminho, mas com custos políticos mais acentuados que nem a vitimização ameniza. Daí que o doutor Coelho, desiludido com o estratagema, tenha negociado a aprovação de uma ou outra recomendação com a bancada da maioria. A negociação foi feita, como não poderia deixar de o ser, com o principal “Facilitador de negócios” (projectos) cá do burgo - como é designado dentro do próprio PSD - que logo deu luz verde à coisa. Apesar de a coisa não ter sido muito bem recebida por algumas figuras do PSD, o “Facilitador de negócios”, seguro de si e do seu poder no partido, deu o acordo como consumado na antevéspera da assembleia - uma mão lava a outra e as duas lavam a cara. O doutor Coelho transmitiu a boa-nova aos seus; e lá foram, mais animados para o calvário que têm sido aquelas reuniões da AM, convictos que, finalmente, teriam uma vitória simbólica. Ainda não perceberam, coitados, que em política, como em quase tudo na vida, vale mais uma derrota honrosa que uma vitória consentida.

Só que nestas coisas da política, como em quase tudo na vida, há sempre um “se” - há sempre muitos “se`s”. Como a coisa não foi bem acolhida no PSD, e o “Facilitador de negócios” ainda não tem o poder que julga ter no partido, os opositores ao “acordo” trataram de arregimentar os presidentes de junta contra as recomendações da bancada do PS, com o argumento que a sua aprovação rebaixava o estatuto e imagem dos presidentes de junta. No final, foi delicioso ver “Facilitador de negócios” a tentar salvar face, perante a sua bancada, zurzindo forte e votando contra as recomendações da bancada do PS. 

Daqui se conclui duas coisas: primeira, o doutor Coelho é muito melhor a vender autocarros que a fazer acordos políticos; segunda, é muito mais fácil facilitar negócios que acordos políticos.

PS: a discussão das recomendações da bancada do PS derivou para uma longa conversa de loucos, como a classificou um dos protagonistas, que se arrastou até às 3 da manhã! Algumas daquelas criaturas perderam ou nunca tiveram noção do ridículo: recomendam a eliminação do tratamento pelos títulos académicos (doutor, engenheiro, etc.) mas tratam-se por “Sua Excelência”.     

2 comentários:

  1. Amigo Malho, sobre as opiniões e criticas que faz ao PS e sua atuação eu não comento porque são meus colegas de Assembleia e o que tiver a dizer-lhes digo pessoalmente e no local próprio. Ou seja, apesar de serem da oposição tem toda o meu respeito e solidariedade institucional.
    Há porém uma prática que o PS decidiu seguir, que é a das recomendações e propostas unilaterais que, estando em minoria, poucas ou nenhumas possibilidades têm de ser aprovadas, ou porque já se fazem com outros contornos ou ´porque já estão previstas noutros moldes, enfim, um exercício estoico mas de derrota garantida.
    Eu já dei a sugestão em privado e agora o PSD fê-lo de viva voz, que propostas e recomendações, podem ser previamente acordadas e buriladas de forma a merecerem consenso e, assim, poderem ter sucesso, mesmo com a menção e agradecimento às sugestões e iniciativas do PS.
    Porque a continuarmos assim iremos sempre ter mais do mesmo, embora se isso for uma estratégia do PS será perfeitamente legitima e nós todos cá estaremos para aceitar o jogo democrático.
    Muito curioso e apropriado é esse seu comentário sobre a erradicação dos títulos e a manutenção dos tratamentos de cerimónia, já só nestes fóruns políticos em uso.
    Independentemente do mal ou bem do que se propôs, essa ingénua contradição, no fundo, acaba por responder ao erro da proposta, dado esses títulos serem um hábito muito enraizado nos nossos tratamentos mútuos quotidianos que, mais do que frisar diferenças sociais, acaba funcionando como apoios de delicadeza que gostamos de usar.
    Aliás note-se que doente nenhum exige menos de si próprio que não seja tratar o médico por Sr. Dr., o titulo dá mais segurança ao doente do que dignidade e vaidade ao médico, e o mesmo acontece para os restantes títulos que normalmente se associam a sectores de atividade humana.
    Portanto, para mim o maior mérito do seu comentário é o de realçar certas contradições em que todos um dia alguma vez caímos, mas que podemos delas tomar conhecimento e irmos corrigindo a rota das nossas intervenções e contribuições para a sociedade.
    Porém, convenhamos que só não erra quem nada faz, e quem faz alguma coisa merece pelo menos o nosso respeito.
    Um abraço

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  2. Não sei se a venda do autocarro por 65,000€ é verdade. Se for verdade há pelo menos um militante do PS a facturar com a CMP. Eu tenho empresa na cidade há 11 anos e ainda não facturei um cêntimo. Nasci mesmo num dia de nevoeiro. Não tenho facilitadores laranja.

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