Ramalho Ortigão escreveu, nas Farpas, que a Política, outrora nobre actividade, transformou-se numa actividade reles porque assenta no servilismo inato e ignaro; às vezes até desinteressado, mesmo sem esperar recompensa imediata, apostando no prémio de reserva, a crédito.
Subscrevo.
Amigo Malho, veja se pára um bocadinho porque me está a dar um trabalho danado para comentar os "elogios" constantes ao nosso presidente e restante executivo.
ResponderEliminarRamalho Ortigão, escritor clássico e grande crítico na sua época também não se furtava à crítica da sua própria crítica. E se naquele tempo de classes sociais bem separadas a rigidez das dignidades dos cargos não aceitava certos atrevimentos, o que é certo é que evoluímos, os serviçais passaram a se poder sentar à mesa dos patrões e as atitudes de todos sofreram, haja deus, um nivelamento muito mais igualitário que todos beneficiam…
Todos, excepto o meu amigo porque, para poder bater no nosso edil, mais uma vez, não lhe perdoa a suposta ligeireza de comportamento, à porta da Câmara a vestir o papel coletivo de jornaleiro. Repare que o anterior foi carteiro, com muita honra, e o Pedro nunca se importou de poder ser jornaleiro.
No tempo do Ramalho é que as Gertrudes, as Ermengardas e as Pancrácias se indignavão tanto com o topete dos importantes se permitirem rebaixar ao nível dos insignificantes.
É esta candura do Pedro, neste desprendimento das dignidades bafientas, nesta postura criada no escutismo das entreajudas e bondades pessoais, que o Pedro Navega , imaGina o futuro, Isabela as contas, Catariniza a ação social, tudo de Imediato à Nelson, porque lá o almirante é ele próprio, que lhe grangeia o nível de aceitação popular no concelho que mais ninguém consegue.
Não faça disto uma indignidade e rebaixamento do cargo porque há muito mais grandeza na humildade dos humildes do que na empáfia dos importantes.
Eu não imagino mais ninguém a fazer aquele número com aquela candura natural do que o Pedro, mas imagino muitos a aproveitarem para lerem naquilo as intenções que naquele ser não existem.
O espírito natalício devia distribuir muito mais a tolerância… Será que está a perder os seus efeitos ?