25 de março de 2011

Situação política nacional


- Eu respondo à pergunta. Quer respostas?
- Penso que tenho direito às respostas...
- Quer respostas?
- Eu quero a verdade!
- Você não consegue aguentar a verdade!


É nisto que penso quando olho para as últimas semanas e para os meses (anos?) que se avizinham. Sócrates tinha de sair, e já vai tarde, mas o PS não pode ser tratado como se fosse parte do problema (embora alguns sectores o mereçam), quando na equação que temos, é parte da solução. Aliás, é tão parte do problema como todos os outros partidos, mas o tempo não se compadece com intervenções de fundo no sistema político mas sim no próprio país. Já não é apenas o nome e a forma, mas o conteúdo que vai sempre moldar a forma. É urgente é trabalhar com o que temos. As eleições não são o drama (embora eu admito que preferia esgotar outro cenário para já), mas o drama é termos que aceitar a ajuda internacional (que era uma inevitabilidade, com ou sem demissão) sem a certeza que no fim iremos ficar melhor, depois dos inevitáveis sacrifícios que iremos sofrer. Por uma vez, enfrentemos o que aí vêm sem tricas e chicana e apenas com uma ideia em mente: verdade nas decisões, responsabilidade nas consequências.

18 comentários:

  1. Atendendo ao aparente êxito de Sócrates na sua vitimização perante o chumbo do pec 4 e a consequente necessidade de se demitir, parece-me que uma parte considerável dos portugueses sofre do sindroma de estocolmo: foi raptada e violada, apaixonou-se pelo raptor e sente-se culpada por fazer zangar o raptor.
    Mabeco

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  2. Lá está, a dificuldade em lidar com a verdade.

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  3. Companheiro João Alvim, boa noite.
    A questão de fundo é que o Estado social que o Partido Socialista pretendia faliu.
    E faliu porque o país não cria riqueza suficiente para o que se andou a distribuir.
    Terias compreendido melhor isso se hoje tivesses participado na acção que a ADEPES realizou na Biblioteca de Pombal.
    Tudo o resto são tácticas.
    Abraço.

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  4. Bom dia!
    A queda do Sr. Sócrates e do seu governo só peca por tardia.
    Vejamos:
    - Sócrates com a País falido continua a insistir nas obras faraónicas, tais como TGV.
    - Há alguns meses atrás dizia que tínhamos condições para reduzir a taxa do IVA e reduziu-a em 1%. Pouco tempos aumenta 3%. Que desnorte este, nem contas sabem fazer.
    - Num País falido permite que os grandes senhores, depois de fazerem as maiores asneiras, recebam grandes somas para os compensar dos erros de fizeram. Ultimo Ex: Armando Vara com cerca de 600 mil Euros. . Um trabalhador com ordenado de miséria e por muito menos é despedido sem dó nem piedade.
    - O sr. andou a dizer que o déficit estava controlado e abaixo dos 3% afinal, segundo as últimas informações, é de 8%
    Quanto ao FMI eu já apanhei duas comissões e constatei que os pobres não notaram a sua estadia. Há vários meses que defendo a vinda do FMI talvez eles consigam acabar com as benesses desta casta política.

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  5. Eng.

    Continuar a insistir na minha agenda é uma táctica. Desnecessária, até, para não dizer pior. Mas enfim, cada um saberá de si e da sua vida.

    Infelizmente também sei a responsabilidade que cada a todos sobre a produção (essa sinto-a todos os dias) e a forma como a riqueza é distribuída. Minorizar a forma como se entra em debate, mais uma vez, é táctica, incorporada na estratégia do discutir a rama em vez do essencial.

    Se um dia quiser discutir o tratamento, para além das culpas, não é difícil encontrar-me.

    Sem abraço

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  6. Boa noite companheiros,

    Vou dizer o que me vai na alma e quem me conhece sabe que não sou politico e como tal estou habituado a dizer o que considero a verdade. Infelizmente não é muito habitual enganar-me. O país que temos é o país criado pelo partido socialista, distribuir o que não temos e taxar os poucos que produzem até não ter condições para produzirem mais. Naturalmente apoiando pelo "caminho" as empresas do regime. O que se passa no país é uma vergonha, demonstra a plena incompetência do governo, e sei bem o que digo pois conheço muitos deles (governantes/ministros/secretários de estado). É óbvio que o PS faz parte do problema, ainda mais depois das eleições deste fim de semana. Com Sócrates obviamente não hà acordo, ninguém consegue fazer parte da solução depois de criar tantos problemas... e estou disponível para discutir com quer quer que seja esta premissa. Alvim, tudo tem limites, até a nossa partidarite.

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  7. João

    Se há pecado de que não padeço, é da partidarite. Nem quando era militante.

    O que eu disse é simples: "Sócrates tinha de sair, e já vai tarde, mas o PS não pode ser tratado como se fosse parte do problema (embora alguns sectores o mereçam), quando na equação que temos, é parte da solução."

    Depois destas eleições - ou fuga para a frente -, obviamente que a margem de manobra diminuiu muito para não dizer totalmente. Nunca abdiquei da responsabilidade de Sócrates, nem defendi uma solução com ele para o futuro. Se o PS não o percebe (e claro que percebe, mas foge para a frente), o ónus cairá sobre este partido, como me parece mais lógico que caia.

    O meu post versava sobre a opção que me parecia mais lógica neste momento: um governo de "salvação", com o PS e sem Sócrates. E eleições mais à frente. Faltaria sempre era saber a verdade sobre o estado real das coisas.

    Sobre o passado, o problema não é de quantidade de anos, mas da qualidade dos anos, e não me furto a discutir responsabilidades políticas (e sim, o PS têm-nas, tal como o PSD também, já que este Estado nasceu dos interesses e falhas de ambos) para chegarmos onde chegámos. No entanto, os "pecados originais" devem servir sempre como lições, não como grilhões para o futuro. E aprender com o que se fez de mal, ao mesmo tempo que se abandona a cristalização ideológica em que teimosamente incorremos, é um exercício útil. Ao mesmo tempo que se discutem soluções, claro.

    Abraço

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  8. João e João,

    Parece-me evidente que as culpas principais são do Sócrates, mas os outros partidos, chamados do arco da governação não estão isentos de responsabilidades:
    -. Se o João fala da redistribuição da riqueza, não é fácil ver onde ela se materializa, pois os serviços públicos e prestações sociais são piores e, em alguns casos tem diminuído. E, ao contrário, assistiu-se a uma concentração da riqueza mais própria de "países do terceiro mundo."
    - O favorecimento das empresas amigas desde o cavaquismo que se materializou nas 5 ou 6 maiores construtoras e alguns negócios obscuros com a banca, como é o caso dos submarinos com o BES, do BPN e da CGD a fazer empréstimos de montantes exorbitantes a favor do Berardo, do Fino e outros para especularem financeiramente. O Sócrates insiste em gastar nas tecnologias e energias renováveis, isto para publicitar a falsa imagem de que somos um país desenvolvido de cidadãos qualificados, o que é esquecer que, em grande parte, continuamos a ser um país de mão-de-obra indiferenciada e em processo de acelerado envelhecimento. Será a morte destas gerações um factor estrutural de desenvolvimento?
    - Permito-me concluir, que o Estado consumiu cada vez mais recursos com o seu próprio funcionamento (boys e clientelas eleitorais) mesmo quando as tecnologias favoreciam o contrario, como sucedeu com os diversos sectores privados (banca e seguros, comércio, etc.)
    - O Sócrates fará sempre parte do problema. E o Cavaco com o discurso da tomada de posse e esta suposta recomendação para não se auditarem as contas públicas, também parece não querer ser parte da solução.

    Para concluir, entendo que o grande problema de fundo está na falta de transparência na gestão pública, particularmente nas contas do Estado, com a galopante desorçamentação e outras formas de contabilidade criativa que foge ao escrutínio do Tribunal de Contas e de todos os portugueses.

    À esquerda e á direita têm de se resolver este e outros problemas, enquanto os portugueses não souberem quanto pagam, porque pagam e como vão pagar, não legitimo pedir-se-lhe sacrifícios, nem se pode montar uma estratégia de crescimento e desenvolvimento económico que crie riqueza para todos, sem a qual o nosso pais não resolverá os problemas da crise que hoje o afectam.

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  9. Amigo e companheiro Jorge Ferreira, boa noite.
    Respigo do teu comentário:
    “À esquerda e à direita têm de se resolver este e outros problemas, enquanto os portugueses não souberem quanto pagam, porque pagam e como vão pagar, não é legítimo pedir-se-lhe sacrifícios, nem se pode montar uma estratégia de crescimento e desenvolvimento económico que crie riqueza para todos, sem a qual, o país, não resolverá os problemas da crise que hoje o afectam.”
    Companheiro,
    É isso mesmo, com um pequeno senão.
    Os portugueses sabem quanto pagam.
    Só não sabem para e porque é que pagam.
    E, muito em breve, não sabem como é que hão-de pagar.
    E não há forma de meter na cabeça daquelas alminhas que gravitam em “Lisboa” que não há riqueza para distribuir se ela não for gerada.
    Que Deus os ilumine, para bem do povo que “governam”.

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  10. Boa noite companheiros,

    João, bem sei que o erro faz parte do exercício da decisão, mas o facto é que chegamos a um ponto que temos de fazer reformas bem mais profundas dos que as maquilhagens dos PEC. A questão que se coloca é muito simples: quem fez este caminho até aqui fará parte da solução? Consegue jogar muita da sua teoria da governação para o lixo e, de repente, ir buscar outra, e colocá-la no terreno (leia-se país) como se fosse o seu método convicto de governação? Não acredito! Sei que os partidos são plurais, mas sinceramente não reconheço tanta pluralidade/disparidade ideológica no PS. Mais grave ainda: tenho visto muitos debates e, tanto à esquerda como à direita, não encontro soluções economicamente viáveis para resolver o problema do país, o que muito sinceramente me assusta!

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  11. João

    Sem sombra de dúvida que tem que se ir mais longe. Mas no cenário em que tudo agravou a crise política (onde Sócrates forçou o jogo nitidamente), que, como alguém bem disse, começou com a maioria relativa em 2009, impunha-se realismo, tal como Luís Amado lembrou recentemente. E o PS tinha a obrigação moral, no mínimo, de contribuir para uma solução em que o realismo imperasse. Também o PR tinha a obrigação de explorar essa hipótese. Tratava-se exactamente de uma solução abrangente que permitisse o início das reformas estruturais de que tanto precisávamos para depois desembocar naturalmente em eleições.

    A pluralidade ideológica do PS, como em qualquer partido que está no poder, é a que é, infelizmente, ou seja, afunilada no sustento do poder.

    Conheci aquela casa durante quase duas décadas e muitas da diferenças que existiam foram esbatendo-se (algumas pela evolução normal do paradigma político - a cristalização do pós-guerra que herdámos após o 25 de Abril deixou de fazer algum sentido -, outras pela inevitável ascensão de muitos oportunistas que ainda barram o caminho àqueles que genuinamente se preocupam mais com a coisa pública). Lembro-me da altura de uma discussão sobre os Estatutos (penso) em que se discutia o que era ser socialista (ou social-democrata, classificação bem mais apropriada, mas que em Portugal deu origem a nomenclaturas desajustadas) e se chegou à conclusão que cabia quase tudo. No entanto, quando chega o poder, a ideologia arruma-se bem na gaveta. Já quando não se tem, é bem mais fácil fazê-lo.

    Seja como for, concordo inteiramente com a frase "tenho visto muitos debates e, tanto à esquerda como à direita, não encontro soluções economicamente viáveis para resolver o problema do país, o que muito sinceramente me assusta!". O problema está aí mesmo. Na falta de opções credíveis, de políticas, de pessoas e sobretudo da vontade de cortar a gordura do Estado, a única forma de termos algo funcional que não atropele a iniciativa privada. Há uma relação disfuncional que precisa de ser tratada entre estado e cidadãos e partidos, mas que não o é. E quem disser que actuar sobre isto implica desmantelar parte do aparelho de Estado, o tal que só serve para manter clientelas, que é preciso clientelas, que não pode haver emprego para a vida no Estado, porque a avaliação de desempenho tem que ter consequências, que o custo de alguns serviços deve ser ajustado ao custo real dos mesmos, que noutros, a bem do bem-estar social, o Estado tem que o suportar, que não pode haver subsídios sem contrapartidas, que não pode haver empresas de regime, que o sistema fiscal tem que ser mais simples, que a intervenção do Estado deve ser regular e fiscalizar, não condicionar, que a representação política tem que ser de qualidade, e muito mais, mas que no fundo bata sempre na lógica criar riqueza, produzindo mais do que se gasta e mantendo uma rede social que ajude aqueles que efectivamente querem ser ajudados a recuperar ou aqueles que, infelizmente, precisam de garantir a sua subsistência e comprovadamente não podem.

    Isto na minha opinião, claro. Sendo certo que a incapacidade de se pensar mais longe que ciclos eleitorais, bem como a permanente desresponsabilização de quem toma decisões (de Pombal a Bruxelas), também me preocupa muito.

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  12. Lidos os últimos comentários, parece-me que ninguém acredita que possamos manter o nível de vida ou de esbanjamento e lazer a que nos habituámos à custa do nosso endividamento privado e público. Parece-me também que, agora, nos resta emigrar para outros países melhores ou trabalhar muito e barato e descansar e comer pouco como os chineses.
    Após o 25 de Abril, o “povo” pensou que podia e tinha o direito de ter tudo sem esforço, sem deveres e sem responsabilidade, que podia gastar, que não tinha necessidade de poupar, que o estado tinha o dever de dar tudo, garantindo emprego, saúde, educação etc., mesmo gastando as poupanças do tesouro público, nacionalizando os bens particulares e cobrando impostos cada vez mais pesados aos que produziam riqueza.
    Foi terreno fértil para a maior parte dos políticos que foi semeando ilusões e colhendo, de forma oportunista, os benefícios do poder. Ascenderam ao poder mediante fraude, invocando qualidades, aptidões e formação pessoal e/ou académica que não tinham, apresentaram-se como defensores do “povo”, das “classes trabalhadoras”, dos direitos dos cidadãos e do progresso do país, estabeleceram esquemas para saquearem os recursos públicos ou privados, que denominaram “engenharias financeiras”, criaram instituições sem qualquer utilidade, atribuíram-se grandes remunerações e privilégios em nome da “dignidade” dos cargos, reinventaram o significado de algumas palavras ou passaram a usar neologismos para confundir o “povo”, gastaram mais do que o país produzia, mentiram sobre os estado das finanças públicas e da actividade produtiva privada, levando o país á ruína, censuraram os críticos que apelidaram de miserabilistas ou de inimigos da confiança nas instituições e na economia pública e privada, atribuíram a culpa à crise internacional, aos seus adversários políticos, aos “especuladores”, aos “capitalistas” e a todos os outros “istas”.
    Para terminar, deixo um apelo: vamos trabalhar mais e deixar o lazer e o esbanjamento…

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  13. Amigo e companheiro Dr. José, boa noite.
    Concordo na generalidade.
    Na especialidade nem tanto.
    Vejamos.
    Afirmas:
    “Parece-me também que, agora, só nos resta emigrar para outros países melhores ou trabalhar muito e barato e descansar e comer pouco, como os chineses.”
    A questão, parece-me, não pode ser colocada dessa maneira.
    Os nossos emigrantes, dos anos 60, foram pelo mundo fora, principalmente para a Europa, criar riqueza.
    E a riqueza produzida por eles ficou por lá.
    Os imigrantes que cá temos, agora, estão cá a criar riqueza, que ficará cá.
    Agora se emigrarmos todos, como propões (pareces o Manuel Gonçalves a falar), menos os políticos de alta competição, vamos criar riqueza para outras paragens e os da alta competição ficam sem riqueza para distribuir.
    E isso é mau para Portugal e para as pessoas.
    Estou certo que a saída é recompensar quem trabalha e produz riqueza.
    E o grande problema do país é que muito poucos ganham proporcionalmente ao que produzem e muitos mais recebem muito mais do que aquilo que produzem.
    Chama-lhe justiça social, ou outra qualquer coisa, mas que a coisa está mal, está.
    Tu sabes que a justiça é o ponto de intercepção de duas linhas.
    Em Portugal as linhas são paralelas e só se encontram no infinito, tal como as linhas do caminho de ferro (lê comboio).
    E o comboio descarrilou porque o maquinista não se apercebeu que as linhas se encontraram antes do infinito, para mal dos nossos pecados.
    Com abraço, na certeza de que voltaremos ao assunto e
    com lágrimas de sangue, sou
    A Bem da Nação
    (Oxalá que eu me engane)

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  14. Bom dia!
    Meus Senhores:
    Sem dúvida alguma os emigrantes criam riqueza nos seus locais de trabalho, países de destino, e a mais valia da força de trabalho fica lá, mas importante é que há uma repartição da riqueza por eles criada mais equitativa em todos esses países da Europa que os receberam.

    Em Portugal assistimos à criação de riqueza mas esta não é equitativamente repartida; veja-se as remunerações dos gestores públicos ou semi públicos que estão sempre a aumentar, mesmo que as empresas por eles geridas dêem prejuízo. Argumentam que vão embora, deixem-nos ir há outros gestores melhores e mais novos prontos a desempenhar o seu papel cabalmente.

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  15. Gostei do vídeo. Mas fez-me lembrar mais da situação do Sr. Vítor Leitão do que da situação política nacional.

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  16. Boa noite.
    Meu caro Marques, não sei quem é o Dr.José.
    Estudantes universitários, licenciados, mestres e doutores, todos são Dr.s e Engenheiros. Habituemo-nos a ser só pessoas...
    Por outro lado, meu caro Marques,nós não gostamos de ter de emigrar, não gostamos de tantas coisas, mas muitos de nós vamos ter de emigrar e todos nós vamos ter de suportar muitas coisas de que não gostamos.
    Muitos portugueses já estão a emigrar e muitos outros já estão a passar por muitas privações. O pior ainda não veio. Como pensas que se poupou tanto ouro para os democratas do 25 de Abril, os pais da liberdade e os Dr.s esbanjarem?

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  17. José, o Senhor anda equivocado e, possivelmente, mal informado. Desculpe, o 25 de Abril foi o melhor que aconteceu a este pais nos últimos 50 anos. Se olhar bem, verá que grande parte dos infortunios porque este pais passa últimamente têm os mesmos responsáveis do Estado Novo e seus continuadores. Os emigrantes do passado, que tanta riqueza trouxeram para o pais e para Pombal são a demonstração disso. Apesar das condições miseráveis em que se vivia, nem liberdade tinham para imigrar.Pergunte à geração dos seus avós como é que eles viviam, em que condições tinham de trabalhar, porque é que "uma sardinha dava para três", o que foi "o tempo da fome", porque é que nos chamavam "ratinhos" nas zonas mais a sul do pais, em que camas se deitavam? Acha que um concelho que perde em menos de 10 anos anos 60)quase metade da população é sinal de riqueza e de uma política dignificadora das populações? Faça estas perguntas sem falar se o Salazar era bom ou mau, porque isso inquina as respostas, o efeito da propaganda produziu os seus efeitos e dirão logo que aquele tempo é que era bom( resposta natural porque eram jovens) falarão no ouro, no respeito, na segurança, mas verá que ninguém gostaria de voltar a viver como nesse tempo.Emigraram porque queriam deixar de ser miseráveis. Hoje, apesar de tudo,esse miserabilismo acabou, e esperemos não volte.

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  18. Meu caro Jorge.
    A verdade às vezes fere, sobretudo as pessoas demasiado apegadas a dogmas políticos ou religiosos. Não gostas da verdade, mas a verdade é que o povo português e os políticos não souberam viver em liberdade. Fizeram e viveram o elogio infantil das utopias políticas, desbaratando os recursos económicos e a confiança nas instituições democráticas. Agora, vão ter de saber viver sem liberdade (económica. A liberdade é o bem fundamental mas a fome é a barbárie.

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